quinta-feira, 20 de outubro de 2016

DAVI ENUMERA O POVO

"Por que Deus não gostou que Davi numerasse o povo?"
O fato é contado de maneira judicial em 2 Samuel 24.1, e de maneira pragmática
(segundo o pensamento religioso), em 1 Crônicas 21.1.

 No primeiro caso, o ato seria uma permissividade de Deus para dar oportunidade a Davi de retroceder do seu intento, mas sem interromper a sua decisão, ainda que tivesse depois que puni-lo. No segundo caso, o ato é tido como indução de força maior, alheia à vontade de Davi.

O rei estaria sendo coagido por uma tentação irresistível, mas também passível de punição. Em ambos os contextos teríamos o orgulho de Davi em querer conhecer o poderio militar de que poderia dispor e tranqüilizar-se quanto aos efetivos, em caso de guerra contra outras nações.

 A idéia subjetiva é que Davi fugiu da dependência divina, tentando resolver os casos do povo pela confiança em carros e cavalos (SI 20.7), deixando de honrar a Jeová como "socorro bem presente na angústia", SI 46.1. Dessa forma ele teria mudado "a verdade de Deus em mentira e honrado mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém", Rm 1.25.

Se a primeira citação em 2 Samuel 24.1 é uma transigência do texto, Davi se torna desculpável era 1 Crônicas 21.1, pois estaria sendo tentado. De qualquer modo ele incorreria no castigo, porque "ceder é pecar".

Ainda mais quando admoestado pelo seu próprio general, Joabe, de que o seu esforço era supérfluo, senão desnecessário.
O oficial fêz-lhe ver que todo o acervo material e humano da nação havia sido colocado por Deus ao seu dispor, como a um despenseiro fiel, para os casos de necessidade e não de usufruto e vaidade.


Na sua misericórdia, Deus lhe deu três opções, numa das quais o rei se incluiu como culpado principal, disposto a sofrer sozinho o castigo: 1 Cr 21.17. Mas o povo era também conivente com ele, pois aceitou passivamente que Deus fosse como que posto de lado. De qualquer maneira, a escolha de Davi foi sábia: "Fiquemos debaixo da mão de Deus. pois são grandes as suas misericórdias". 1 Pe 5.6.

A PAZ DO SENHOR

"Saudar com 'a paz do Senhor' está certo? Desde quando é usada essa saudação?"

A origem dessa saudação é bíblica. Remonta ao Antigo Testamento, quando os judeus se diziam: "Shalon". Com o advento do Cristianismo. Jesus nos deu a "sua paz".
(Leia-se João 20.15,21,26.) Paulo adotou essa saudação em suas epístolas: Rm 1.7: 1 Co-1.3, etc. Quanto ao uso específico da saudação "A paz do Senhor", as Assembléias de
Deus usam-na, e ela pode ser usada por qualquer denominação ortodoxa reconhecidamente evangélica. Cada pastor local nesse assunto tem o direito de agir segundo a sua própria consciência ministerial.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

QUEM APARECEU A SAUL?

"Quem foi que apareceu a Saul em 1 Samuel 28.7-25?"
Preliminarmente, ressaltamos, que o capítulo 28 de 1 Samuel, a começar do seu
versículo 7 até o 25, foi escrito por uma testemunha ocular; logo, por um dos servos de
Saul que o acompanhou à necromante: vv.7,8. Freqüentemente, esses servos eram
estrangeiros e quase sempre supersticiosos, crentes no erro - razão por que o seu estilo é tão convincente. Esta crônica que é parte da história de Israel, pela determinação divina, entrou no Cânon assim como os discursos dos amigos de Jó (42.7), as afirmações do autor de "debaixo do sol" (Ec 3.19) e a fala da mulher de Tecoa (2 Sm 12.2-21), que são palavras e conceitos meramente humanos. A confusão gerada pelo assunto exposto no texto é porque foi analisado o ponto de vista do servo de Saul. Todavia, sobre a questão se Samuel falou ou não com Saul, a Bíblia é bem clara e tem argumentos definidos para desmentir todas e quaisquer afirmações hipotéticas e asseverações parapsicológicas a seu respeito. Examinaremos alguns desses argumentos e veremos a impossibilidade de ter sido Samuel a pessoa com quem falou Saul:

1. Argumento gramatical (v.6): "... o Senhor... não lhe respondeu". O verbo
hebraico é completo e categórico. Na condição que Saul estava, Deus não lhe
responderia e não lhe respondeu. O fato é confirmado pela frase: "... Saul... interrogara e consultara uma necromante e não ao Senhor...", 1 Cr 10.13,14.

2. Argumento exegético: v.6. Nem por Urim - revelação sacerdotal (w.14,18),
nem por sonhos - revelação pessoal, nem por profetas - revelação inspiracional da parte
de Deus. Fosse Samuel o veículo transmissor, seria o próprio Deus respondendo, pois
Samuel não podia falar senão por inspiração. E, se não foi o Senhor, não foi Samuel.

3. Argumento ontológico. Deus se identifica como Deus dos vivos: de Abraão,
de Isaque, de Jacó: Êx 3.15; Mt 22.32. Nenhum deles perdeu a sua personalidade e sua
integridade. Seria Samuel o único a poluir-se, contra a natureza do seu ser, contra Deus
e contra a doutrina que ele mesmo pregara (1 Sm 15.23), quando em vida nunca o fez?
Impossível.

4. Argumento escatológico. O pecado de Samuel tomar-se-ia mais grave ainda,
por ter ele estado no "seio de Abraão", tendo recebido uma revelação superior e conhecimento mais exato das coisas encobertas, e não tê-las considerado, nem obedecido às ordens de Deus: Lc 16.27-31. Mas Samuel nunca desobedeceu a Deus: 1 Sm 12.3,4.

5. Argumento doutrinário. Consultar os "espíritos familiares" é condenado pela
Bíblia inteira. Logo, aceitando a profecia do pseudo-Samuel, cria-se uma nova doutrina, que é a revelação divina mediante pessoas ímpias e polutas. E, além disso, para serem aceitas as afirmações proféticas como verdades divinas, é necessário que sejam de absoluta precisão; o que não acontece no caso presente.

6. Argumento profético: Dt 18.22. As profecias devem ser julgadas: 1 Co 14.29.
E essas do pseudo-Samuel não resistem ao exame. São ambíguas, imprecisas e infundadas.

Vejamos: a) Saul não foi entregue nas mãos dos filisteus (1 Sm 28.19), mas se
suicidou (1 Sm 31.4) e veio parar nas mãos dos homens de Jabes-Gileade: 1 Sm
31.11,13. Infelizmente, o pseudo-Samuel não podia prever este detalhe; b) não
morreram todos os filhos de Saul ("... tu e teus filhos", 1 Sm 28.19) como insipua essa
outra profecia obscura. Ficaram vivos pelo menos três filhos de Saul: Isbosete (2 Sm
2.8-10), Armoni e Mefibosete: 2 Sm 21.8. Apenas três morreram, como anotam clara e
objetivamente as passagens seguintes: 1 Sm 31.26 e 1 Cr 10.2-6; c) Saul não morreu no dia seguinte ("... amanhã... estareis comigo", 1 Sm 28.19). Esta é uma profecia do tipo délfico, ambígua. Saul morreu cerca de dezoito dias depois: 1 Sm 30.1,10,13,17; 2 Sm 1.13. Afirmar que a palavra hebraica "mahar" (amanhã), aqui, é de sentido indefinido, é torcer o hebraico e a sua exegese, pois todos vão morrer mesmo, em "algum dia" no futuro, isto não é novidade; d) Saul não foi para o mesmo lugar que Samuel ("... estareis comigo", 1 Sm 28.19). Outra profecia inversossímil: interpretar o "comigo" por simples "além" (Sheol), é tergiversar. Samuel estava no "seio de Abraão", sentia isso e sabia a diferença que existe entre um salvo e um perdido. Jesus também o sabia, e não disse ao ladrão que estava na cruz: "Hoje estarás comigo no além (Sheol)", mas sim no "Paraíso". Logo, Samuel não podia ter dito a Saul que este estaria no mesmo lugar que ele: no "seio de Abraão". Porque com o ato abominável e reprovado de Saul em consultar uma feiticeira e não ao Senhor, foi completamente anulada a sua possibilidade de ir para o mesmo lugar de Samuel - o "seio de Abraão".
Ainda notamos este absurdo, analisando a palavra "médium" (heb), que é
traduzida em outras versões por "espírito adivinhador" ou "espírito familiar" e no texto
grego (LXX) por "engastrimuthos", que significa ventríloquo, isto é, um de fala
diferente, palavra que indica a espécie de pessoa usada por um desses espíritos.
Assim concluímos que:
• Não foi Samuel quem apareceu e falou com Saul, mas sim um espírito demoníaco.
• Nenhum morto por invocação humana pode aparecer ou falar com alguém, e
quanto mais Samuel.
• Todas as predições do pseudo-Samuel estavam deturpadas. Nada se cumpriu.
Isto é um verdadeiro contra-senso, visto que, Samuel quando em vida, "nenhuma só das suas palavras caiu por terra". 1 Sm 3.19.
• Quem pratica tais coisas, a saber, invoca os mortos, consulta necromantes, está
sendo logrado pelas artimanhas de Satanás.
• Deus é Deus dos vivos e não dos mortos: Mt 22.32. Assim, aqueles que
invocam os mortos estão indo de encontro a essa lei básica e bíblica.
• Não existe, portanto, neste trecho nenhuma similaridade ou abertura para
supostos fundamentos de doutrinas heréticas. Ademais, todos esses argumentos provam categoricamente a impossibilidade de tais pensamentos. A Bíblia é a verdade.


Extraído do livro A Bíblia responde, CPAD.