sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Os Primeiros Discípulos



Texto: João 1.35-42



Introdução

O apóstolo João declara o propósito de escrever seu evangelho: “Listes, porem, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, c para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20.31). João transmite-nos todo o volume de testemunho que o convenceu, c a outros da sua geração, quanto à divindade de Cristo, e tem confiança de que outros, igualmente, serão inspirados com a mesma convicção.

O apóstolo apresenta três séries de testemunhos: 1) Os milagres de Cristo, que chama de “sinais”, porque demonstram a divindade de quem os opera. Quantos milagres operados antes da crucificação João registra no seu livro? 2) As asseverações de Jesus quanto à sua natureza e missão. Note quantas vezes João registra as reivindicações de Jesus, que começam com as palavras “eu sou”. 3) João registra os testemunhos de outras pessoas - de João Batista, dos primeiros discípulos c daqueles que receberam a cura da parte de Jesus.





Este trecho c um exemplo da terceira série de evidencias. Citam-se aqui os testemunhos de João Batista c André, irmão de Pedro.

Quando Jesus emergiu da vida particular para entrar no ministério público, não tinha nenhum adepto ou seguidor. Deus, porém, enviara um profeta para preparar o caminho diante dele - João Batista, para “preparar ao Senhor um povo bem disposto” (Lc 1.17). Foi no meio dos convertidos de João Batista que Jesus recebeu seus primeiros discípulos. Nosso trecho bíblico conta como três desses discípulos (inclusive o discípulo não mencionado pelo nome) deixaram a escola preparatória de João Batista para se tornarem estudantes da escola superior de Jesus.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

IV - Ensinamentos Práticos

1. Cristo, a nossa Vida. “Nele estava a vida”. Cristo é a verdadeira fonte de vida espiritual. “Eu vim para que tenham vida, e a tenham cm abundância” (Jo 10.10). Para esta finalidade o Filho de Deus tornou-se Filho do homem: a fim de que os filhos dos homens possam ser feitos filhos de Deus. “Quem tem o Filho, tem a vida”.
Esta vida de Cristo cm nós precisa tomar a primazia; enquanto subjugamos pela Fonte a vida do próprio-eu, sustentamos a vida de Cristo em nós; quanto mais alimentamos cm nossa vida a de Cristo, a vida do próprio-eu vai passando fome. Miquelângelo, o grande escultor, dizia das lascas de mármore que iam caindo em grandes quantidades no chão do seu estúdio: “Enquanto o mármore vai se desgastando, a estátua vai crescendo.” Enquanto nós, mediante a abnegação, tiramos lascas da nossa velha natureza, a vida de Cristo se torna manifesta cm nossos corpos mortais.
Cristo, para ilustrar esta verdade, fez alusão à prática da poda: “Toda vara cm mim que não dá fruto, a lira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto” (Jo 15.2). O objetivo da poda c canalizar a vida de partes inúteis para partes úteis. A parte da planta que antes monopolizava o vigor da planta sem dar resultados, de repente c cortada, a fim de que a seiva vital passe de modo ativo às partes frutíferas. A abnegação c um tipo de poda espiritual mediante a qual as energias antes malbaratadas em atividades pecaminosas ou sem proveito são postas a serviço da vida espiritual.
Enquanto conservarmos nosso contato com Cristo, que é a nossa vida, temos a vida abundante. Se deliberadamente nos separamos dele, perdemos esta vida. A árvore não se alastra da folha; é a folha que cai da árvore. Cristo não abandona ninguém; são os homens que o abandonam.


Como nutrir a vida divina que há em nós? Pela leitura da Palavra, pela oração, observando diligentemente todos os meios da graça.
2. Cristo, nossa Luz. “Ali estava a luz verdadeira, que alumia a todo o homem que vem ao mundo” (Jo 1.9). Por que Jesus é comparado à luz?
2.7. A luz é pura. Brilha nos lugares mais imundos sem perder sua pureza. Cristo foi chamado “o amigo dos pecadores”, sem que a mínima mancha de pecado lhe tenha maculado o caráter. A luz brilhou nas trevas, sem nunca por elas ser vencida, obscurecida. Longe de afastá-lo dos pecadores, sua pureza fez com que sentisse simpatia por eles. Os verdadeiros homens de Deus sempre demonstram ternura pelas pessoas que caíram cm erros.
2.2. A luz é meiga. A luz pode tocar numa teia de aranha sem fazer tremer um único fio. Cristo sempre demonstrava meiguice ao tocar vidas quebradas, para sarar e não para esmagar (cf. Mt 12.20). Todos os verdadeiros cristãos são pessoas meigas, pacíficas (Tg 3.17). Muitas vezes o conceito de poder se confunde com o da violência; a meiguice, porem, é um poder construtivo.
2.3. A luz. revela. Quão grande é o alívio para o viajante tateando na noite escura, quando rompe a aurora! Quão grande a alegria para o peregrino nas sendas desta vida quando a luz da revelação divina esclarece os problemas da vida! “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8.12).
3. “O homem, este desconhecido". Foi este o título que o cirurgião c cientista Dr. Alexis Carrel, de renome mundial, deu a um livro seu que teve enorme aceitação. Nele, indica que as dificuldades pelas quais a humanidade passa são devidas ao fato de que o homem, sábio quando se trata de invenções, é proporcional mente ignorante quanto à natureza do seu próprio ser. Há algum tempo, um notável biólogo fez uma declaração semelhante. Expressou o receio de que a nossa civilização esteja caminhando para a ruína porque o homem, com tantos conhecimentos quanto ao emprego dos objetos materiais, ainda permanece sendo um “mistério biológico”.
A razão por que o homem não conhece a si mesmo é não conhecer o seu Criador. Assim como João escreveu: “Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, c o mundo não o conheceu” (Jo 1.10). Jesus “sabia o que havia no homem” (Jo 2.25). Sabe, também, o que é melhor para o homem. Seu jugo é suave porque, diferentemente do jugo do pecado, se adapta à alma.
4. Deus manifestado na carne. Narra-se a história de um culto hindu, que, passeando despreocupadamente, foi olhar de perto um formigueiro. Quando se abaixou, sua sombra assustou as formigas e elas correram em todas as direções. Tendo uma natureza simpática, o hindu pensou consigo mesmo: “Gostaria de poder conversar com estas pequenas criaturas, para dizer-lhes que não quero lhes fazer nenhum mal”. Mais uma vez, aproximou-se delas, e elas, como da primeira vez, se amedrontaram. Quando ele recuou um pouco, recomeçaram as atividades do formigueiro. Sua mente, como que brincava com o incidente: “Gostaria de poder falar àquelas criaturinhas”, voltou a pensar. Então ocorreu-lhe o pensamento: “Não poderia falar com elas mesmo se possuíssem inteligência; ainda que possuíssem uma língua, c que eu pudesse aprender tal língua, não conseguida me comunicar com elas, porque os meus pensamentos não são os pensamentos delas. Meus termos de expressão não seriam compreensíveis a elas.” Sua imaginação continuou trabalhando: “Se eu pudesse vir a ser uma formiga como elas, c ainda reter minha própria personalidade c consciência, então, vivendo entre elas, conseguida comunicar-me, e elas entenderiam pelo menos alguma coisa dos meus pensamentos”. O seguinte pensamento raiou- lhe de súbito: “E exatamente isto que estes ensinadores cristãos querem nos dizer: que Deus se fez homem a fim de revelar se a nós c salvar-nos”. E, assim, sob a influência da própria ilustração que ele mesmo viu, o hindu veio a aceitar a fé cristã.

A encarnação c um mistério que desafia a lógica. Para nossa fé, porém, basta sabermos que Deus se revelou por meio de Cristo, a fim de abrir-nos o caminho da salvação.

Ill - A Aceitação do Verbo (Jo 1.12-14)

1. O dom da filiação. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos dc Deus; a saber: aos que crêem no seu nome”. Estes vieram a ser filhos de Deus, não por serem descendentes de Abraão (“não nasceram do sangue”), nem por geração natural (“nem da vontade da carne”), nem pelos seus próprios esforços (“nem da vontade do varão”). Sua adoção na família divina foi um dom gratuito c sobrenatural da parte de Deus, mediante uma nova vida implantada neles pelo Espírito Santo, como será explicado adiante na entrevista de Jesus com Nicodemos, no capítulo 3.
2. A visão da glória. “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós”. Literalmente: “E o Verbo foi feito carne, e tabernáculo entre nós”. O Filho de Deus habitou num tabernáculo (“tenda”) entre nós, o tabernáculo sendo seu próprio corpo (cf. Jo 2.19; 2 Co 5.1,4; 2 Pe 1.13,14). Assim como a glória de Deus habitava no Tabernáculo antigo, assim também, quando Cristo nasceu neste mundo, sua divina natureza habitava no seu corpo como num templo.
“E vimos a sua glória” (caráter divino), não meramente a glória externa revelada na transfiguração (2Pc 1.16,17), mas, também, o esplendor do seu divino caráter. Não era uma glória refletida, como a glória de um santo, e sim a “glória do unigenito do Pai”. Um filho participa da mesma natureza do pai; Cristo, como Filho de Deus, tem a própria natureza de Deus. Este divino caráter estava “cheio de graça e de verdade”. A graça é o favor divino, o amor inabalável de Deus, a misericórdia divina, c a verdade não somente é a fala leal, sincera c veraz, como também a conduta à altura.

Por qual ato, ou meio, o Filho dc Deus veio a ser Filho do homem? Qual milagre poderia trazer ao mundo “o segundo homem”, que é o Senhor do Céu (1 Co 15.47)? A resposta é que o Filho de Deus entrou no mundo, como Filho do homem, por meio da concepção no ventre de Maria mediante o Espírito Santo, independentemente de pai humano. No fato do nascimento virginal baseia-se a doutrina da encarnação (Jo 1.14).