sábado, 25 de fevereiro de 2017

(Subsídio Teológico Lição 9/ 1º Trim 2017) Fidelidade versus Idolatria e Heresias

Quando o cristão tem uma fé verdadeira, não se perde pelo caminho da vida, nem é iludido pelas coisas deste mundo, e nunca anda para trás, só para a frente. A fé do
cristão o faz esperar em Deus, depender dEle em tudo, mesmo que as circunstâncias sejam contrárias. A fé que o cristão tem lhe dá uma visão além das coisas desta vida, de uma realidade melhor que a do momento presente. A fé que o cristão tem é uma fé que acredita no poder de Deus que é capaz de criar tudo outra vez, não importa o cenário que se apresente.

Quando o cristão acredita que Deus é fiel, ele recebe a aprovação divina. Quando o cristão vive pela fé, quer oferecer a Deus o melhor, ele leva a sério as advertências divinas, o medo não faz parte de sua vida; ele coloca de lado os riscos e se entrega aos cuidados do Pai. Quando o cristão vive pela fé, acredita que ela é o seu poder bélico capaz de destruir qualquer muralha, gigante, nações. A todos que vivem pela fé Deus honra concedendo vitórias.

A Fidelidade de Deus
Pistós é aplicado a Deus para mostrar que Ele é fiel, isso é maravilhoso porque sabemos que servimos a um Deus digno de confiança, imutável (Ml 3.6). Nas muitas cartas de Paulo, ele destacou com mestria o quanto Deus é fiel, santo, justo, verdadeiro, que cumpre o que promete e jamais abre mão de sua fidelidade
(ICo 1.9; 1 Ts 5.24; 2Ts 3.3; 2.13).

Precisamos confiar em Deus a todo momento, pois Ele jamais abandona os seus (Hb 10.22). Ainda que tudo pareça contrário a nós, devemos sempre colocar nEle nossa esperança, sempre com paciência, pois Ele ouvirá o nosso clamor (SI 40.1).

A Fé no Contexto Bíblico de Hebreus 11
Nesse capítulo, o autor está respondendo a alguém mostrando que é possível viver na fé. Como prova disso ele apresenta algumas pessoas que viveram as oposições da vida, suas circunstâncias adversas, mas conseguiram sair vitoriosos.

O autor procura dar uma definição da fé, não de modo teológico, filosófico; antes, o seu conceito sobre a fé é descrito da seguinte maneira: “Ela faz o cristão enxergar aonde os olhos carnais não podem ver”. Como prova dessa definição, o autor
apresenta os personagens do Antigo Testamento. Tais homens puderam viver confiando no que não enxergavam, mas tinham plena certeza, do grego hypóstasis, uma certeza absoluta de que os fatos que se não veem, palavra que no grego é pragmáton, tornar-se-iam realidade.

Uma expressão que sempre está presente no texto épísteinooümen — por fé entendemos. Por meio de um ato de fé, os servos de Deus tomavam conhecimento do Deus que criou o mundo pela sua Palavra. Todos os homens de Deus que aparecem nas páginas do Antigo Testamento agiram por meio da fé.

O propósito do autor dessa carta é incentivar a nova geração a avançar também por meio dessa fe, acreditando nas promessas de Cristo Jesus.

Os Protagonistas da Fé (Hb 11.4-40)
Vamos agora analisar a vida de fé dos homens de Deus e o que eles conseguiram por meio dela.

Abel
O seu sacrifício perfeito por meio da fé foi um sacrifício de sangue. Assim, simbolicamente, ele estava dando início a uma vida de fé. O cristão só pode viver uma vida de fé se acreditar no poder do sangue de Jesus. É por meio do seu sangue que temos uma nova vida. E por essa razão que o sangue de Abel ainda fala.

Enoque
Por meio desse homem, aprendemos que é possível viver uma vida piedosa neste mundo e estar preparado para uma vida melhor com Deus no céu, mas é necessário viver pela fé, pois sem ela ninguém poderá agradar a Deus.

Noé
Por meio da fé, esse homem pôde perceber que Deus julgaria a terra. Assim, ele foi incentivado pela fé a viver em Deus e trabalhar na construção da arca. Sem uma verdadeira fé, o cristão jamais se colocará a trabalhar ativamente para Deus. A fé
de Noé lhe deu duas coisas: a primeira, confiança para trabalhar cumprindo o propósito divino; em segundo lugar, ele foi livrado do grande Dilúvio.
Os que vivem pela fé não produzem nada de si mesmos, pois a fé tem a sua própria justiça. Agora o autor cita mais seis nomes de pessoas que irão desempenhar um trabalho não isolado, mas que alcançará a vida de muitas pessoas na terra. São eles: 

Abraão,
Sara, Isaque, Jacó, José e Moisés. Esses homens cumpriram os propósitos de Deus na terra. Vamos analisar como isso foi possível: 

Abraão
Por meio da fé, ele e Sara conseguiram ser obedientes. Deixouo seu conforto material e sua residência fixa passando a ser um peregrino, vivendo em tendas e correndo os riscos da vida no mundo. Obedeceu quando Deus solicitou que seu filho fosse entregue.
Confiança, imutável (Ml 3.6). Nas muitas cartas de Paulo, ele destacou com mestria o quanto Deus e fiel, santo, justo, verdadeiro, que cumpre o que promete e jamais abre mão de sua fidelidade (ICo 1.9; 1 Ts 5.24; 2Ts 3.3; 2.13).

Precisamos confiar em Deus a todo momento, pois Ele jamais abandona os seus (Hb 10.22). Ainda que tudo pareça contrário a nós, devemos sempre colocar nEle nossa esperança, sempre com paciência, pois Ele ouvirá o nosso clamor (SI 40.1).

A Fé no Contexto Bíblico de Hebreus 11
Nesse capítulo, o autor está respondendo a alguém mostrando que é possível viver na fé. Como prova disso ele apresenta algumas pessoas que viveram as oposiçÕes da vida, suas circunstâncias adversas, mas conseguiram sair vitoriosos.

O autor procura dar uma definição da fé, não de modo teológico, filosófico; antes, o seu conceito sobre a fé é descrito da seguinte maneira: “Ela faz o cristão enxergar aonde os olhos carnais não podem ver”. Como prova dessa definição, o autor apresenta os personagens do Antigo Testamento. Tais homens puderam viver confiando no que não enxergavam, mas tinham plena certeza, do grego hypóstasis, uma certeza absoluta de que os fatos que se não veem, palavra que no grego é pragmáton, tornar-se-iam realidade.

Uma expressão que sempre está presente no texto épísteinooümen — por fé entendemos. Por meio de um ato de fé, os servos de Deus tomavam conhecimento do Deus que criou o mundo pela sua Palavra. Todos os homens de Deus que aparecem nas páginas do Antigo Testamento agiram por meio da fé.

O propósito do autor dessa carta é incentivar a nova geração a avançar também por meio dessa fé, acreditando nas promessas de Cristo Jesus.

Sabemos que todo o futuro da vida de Abraão estava em seu filho Isaque. Paulo descreve muito bem como foi a fé de Abraão e Sara (Rm. 4.20). Por meio dessa fé, eles viram que nada iria servir de barreira para que eles alcançassem a promessa, nem mesmo a morte era um temor para eles.
Nós aprendemos com Abraão que a vida de fé é uma peregrinação neste mundo, e que às vezes é preciso morrer por essa fé. Nada nesse mundo deve mudar o curso da nossa caminhada, pois entendemos que temos uma melhor pátria, o maior tesouro
(Mt 6.19-22; SI 16.2; Jo 14.1,2),

Isaque
Por meio da fé, ele pôde abençoar os seus filhos, acreditando nas promessas que Deus tinha feito a Abraão.

Jacó e José .
Nesses dois patriarcas nós temos exemplo de fé viva, pois Jacó perpetua a promessa que foi feita a Abraão e a seus filhos, e não somente isso, mas ele prova que era obediente e submisso a Deus. José demonstra a sua verdadeira fé quando perto da sua morte pediu que seus ossos não fossem deixados no Egito, pois Deus certamente os visitaria. Essa atitude expressava o nível de fé que esse homem tinha nas promessas de Deus feita ao seu pai.

Moisés
A fé de Moisés começa primeiramente com os seus pais, que não temeram as imposições ilegais de Faraó (Ex 1.16-22). A expressão “formoso” aplicada a Moisés já carregava algum presságio, ou melhor, que o povo de Deus seria abençoado por
intermédio de sua vida.

A fé desse homem levou-o a fazer escolhas certas na vida, pois mesmo sendo príncipe preferiu sofrer com o povo de Deus. Moisés tinha conhecimento das promessas de Deus, e que elas carregavam também muitas aflições e perigos. Ainda assim, optou por ficar do lado da fé.

Moisés se torna o homem das grandes esperanças de um povo sofrido. A fé não somente fez Moisés ter boas escolhas, ser o homem de esperança dos judeus escravizados, rejeitar os prazeres supérfluos do mundo, mas ele aceitou o opróbrio, que fala dos sofrimentos que Cristo sofreu. Sem dúvida alguma, pela fé esse homem já antevia os sofrimentos de Cristo, mas preferiu ficar desse lado.

Por meio da fé, Moisés praticou muitas coisas: deixou o Egito, que foi a terra do seu nascimento, que lhe oferecia grandes oportunidades na vida, como poder, fama, riqueza, prestígio; realizou a Páscoa, deixando claro que Deus libertaria o seu povo,
isso por meio do sangue; viu o Mar Vermelho se abrir e o povo passar vitorioso.

A fé de Josué, Israel e Raabe Por meio da fé de Josué e Israel, Jericó teve que tombar. A fé de Raabe deu a ela o direito de participar das bênçãos que eram destinadas aos judeus (Mt 1.5).

O autor responde às pessoas que pediam prova de que era possível alguém viver na fé, mas note que a lista é muito grande. Ela envolvia juízes, reis e profetas, todos eles viveram por meio da fé. Pela fé eles conseguiram ser fortes, firmes, corajosos, perseverantes.
O escritor estava dizendo aos seus leitores o seguinte:
Se vocês desejam que alguns fatos da vida se tornem valorosos, vivam por meio da fé”.

Mais uma coisa interessante encontramos nesse texto: o autor diz que, mesmo eles tendo experimentados muitas bênçãos, não conseguiram tomar conhecimento das bênçãos da comunhão e do perdão de todos os seus pecados, por meio do sacrifício de Jesus no calvário. Esses homens viveram em uma perspectiva totalmente diferente da qual a Igreja vive hoje, pois eles estavam ainda dentro da velha aliança, mas conseguiram viver de modo positivo por meio de sua fé em Deus.

O autor mostra que Deus já tinha preparado uma nova aliança que possibilitaria a velha e a nova geração viverem desfrutando de todas as suas bênçãos. Isso aconteceria por meio da morte de Cristo no calvário.

A geração passada foi aperfeiçoada — no grego é teleiothôsm, perfeitos, completos — no sacrifício de Jesus. Os cristãos tinham que deixar de lado o legalismo mosaico e viver pela fé no Cristo vivo e ressuscitado, pois Ele é o grande exemplo de vida para todos.

A Fé como Virtude do Fruto do Espírito na Vida do Crente
Expusemos acima a fé no seu aspecto de confiança, especialmente na pessoa de Jesus Cristo, nosso Salvador. Essa fé pode ser chamada de teológica, mas a fé fruto do Espírito Santo é uma virtude cristã. Mais do que se tratar de um relacionamento com Deus, ela envolve nossa atitude para com o próximo.

Quando a fé como virtude do fruto do Espírito habita no crente o que realmente marca sua vida é a fidelidade, ou seja, ele é uma pessoa confiável, leal. Alguns teólogos têm questionado o porquê de a ênfase sobre a fé ter sido mais teológica do que como virtudes éticas. Posso dizer que isso se deve ao seguinte fato: um crente que de fato aceitou a Jesus pela fé, tendo o Espírito Santo produzindo o caráter de Cristo em sua vida, com certeza não precisará de tantos argumentos para que seja uma pessoa sincera, digna de confiança.

No Comentário Bíblico Beacon, falando da fé como aspecto do fruto do Espírito Santo está escrito: 
Fidelidade não diz respeito somente a manter-se fiel a Deus diante das provas e coações, mas também a ser leal ao próximo. O elogio de Paulo aos seus colaboradores fieis (1 Co 4.17; Ef 6.21), e aos santos fiéis (Ef 1.1; Cl 1.2), certamente
engloba tais confianças nas relações humanas. 
Muito corretamente, a fidelidade representa o nível mais alto de responsabilidade entre o marido e mulher (cf. 1 Tm 3.11).
“Não há igreja ou casamento que permaneça, a menos que esteja fundamento na lealdade”, é mais que virtude humana, é fruto do Espírito. (BEACON, 2006, p. 76)

Em umas poucas passagens do Novo Testamento, a fé como fidelidade e virtudes éticas são mencionadas. Elas aparecem em Mateus 23.23. Com esse sentido, ela é vista também em Tito 2.10, e tratando da fidelidade de Deus, como uma pessoa confiável, o apóstolo Paulo cita Romanos 3.3. No livro do Apocalipse, a fé aparece como fidelidade, pois em meio às perseguições, idolatrias e ameaças, os servos de Deus permaneceram incólumes, sem negar a fé (Ap 2.13).

É fácil exibir uma fé emocional, a fé que busca milagres, a fé que expõe belas verdades teológicas, mas a fé que requer de nós sacrifício, testemunho, compromisso, fidelidade, essa não é fácil. Louvamos a Deus porque ainda temos no mundo cristãos que sofrem e são mortos devido à fidelidade para com Cristo, mas, por outro lado, é triste dizer que ainda há muitos crentes que não mantêm sua sinceridade e lealdade a Cristo porque falta a fé que vem do fruto do Espírito.
A fé como uma qualidade de vida confiável é apresentada muitas outras passagens do Novo Testamento:

a) O mordomo fiel (Mt 24.45).
b) Os servos fiéis nos talentos (Mt 25.21).
c) Fidelidade para com o que é dos outros (Lc 16.1-12).
d) Fidelidade dos ministros da obra de Deus (1 Co 4.1).
e) Paulo entendeu que Jesus o achou fiel (lTm 1.12).
f) Os homens de Deus precisam ser fieis nos ensinos (2Tm
2.2). v
g) Os ajudadores dos pastores ou líderes precisam ser fiéis
(ICo 4.17; Ef 6.21; IPe 5.12).
h) Fidelidade nas esposas (lTm 3.11).

Os homens de negócios procuram pessoas capazes, inteligentes, que saibam se relacionar bem, mas, acima de tudo, eles querem em suas empresas pessoas confiáveis. Ora, se os homens, que são falhos, desejam assim, e Deus? Não se pode colocar na obra do Senhor pessoas que não sejam dignas de confiança, que não sustentem suas palavras, pois sempre irão envergonhar o nome de Jesus Cristo. Onde não há sinceridade, fidelidade, não tem como os relacionamentos serem firmados; o filho precisa ser fiel, o empregado precisa ser fiel, o marido precisa ser fiel, a esposa precisa ser fiel, o pastor precisa ser fiel, o membro precisa ser fiel. Se isso de fato acontecer, não haverá espaço para desconfiança, dúvidas. Está escrito na Palavra que os salvos em Cristo, a despeito de qualquer vicissitude, devem sempre permanecer fiéis a Cristo (Ap 2.10).

Nosso maior exemplo de fidelidade é Jesus, Ele foi fiel na missão para a qual o Pai o tinha enviado (Hb 3.2,5) e jamais deixou de cumprir toda a sua vontade. Isso mostra para nós que Ele é confiável. João apresenta Jesus como a testemunha fiel (Ap 1.5).

Idolatria: Desvio da Adoração do Verdadeiro Deus
A palavra idolatria fala de se prestar culto a um ídolo, essa definição pode ser tirada da própria formação da palavra no grego, eidolon é ídolo, latreuein é adorar, mas, de modo geral, idolatria é tudo aquilo que usurpa o lugar de Deus.

Todo homem é sujeito à idolatria — seu dinheiro pode se tornar um deus, sua posição pode ser idolatrada. Por isso, precisa constantemente da orientação da Palavra e da ajuda do Espírito Santo para vencer essa tentação, que se manifesta de diversas formas (Cl 3.5). O grande mal da idolatria é que ela desvia o homem do
verdadeiro Deus, pois, cego pelo pecado, ele adora qualquer coisa ou objeto como se fosse o Deus verdadeiro (Rm 1.21,25).

Em muitas nações primitivas, segundo os antropólogos, a idolatria começa de uma forma, mas no seu transcurso vai se processando até que fica purificada, mas o certo é que se não houver uma orientação realmente bíblica, o homem continuará a adorar deuses falsos como se fossem verdadeiros. Muitos não sabem, mas na adoração de muitos ídolos o que está presente é o poder demoníaco (ICo 10.20), que o homem natural não compreende. A história mostra imoralidades, abusos sexuais, alcoolismo, sacrifícios de infantes, tudo relacionado a deuses, como se realmente fosse algo normal. Por isso Deus enviou seus profetas, autorizando seus servos a destruírem todos, e os povos que tiveram que ser expulsos de Canaã era devido a tais práticas absurdas (Dt 7.1-5; 12.2,3).

Precisamos entender que nem sempre qualquer imagem pode ser considerada uma idolatria. Salomão fez imagens de querubins, mas elas não eram adoradas (2Cr 3.7,10). Um quadro, uma foto, pode apenas representar as qualidades boas de alguém, sem que seja adorado, porém, quando qualquer objeto passa a ser venerado, de imediato deve ser eliminado, pois nada pode tomar o lugar de Deus.

O pão e o vinho da Santa Ceia são símbolos que relembram a morte de Jesus Cristo, que nos concedeu perdão dos nossos pecados, mas Paulo deixa claro que eles são memoriais, jamais devem ser cultuados (ICo 11.24).

O grande mal da idolatria é que ela tira o homem do foco do Deus verdadeiro, por diversas vezes na Bíblia vemos pessoas adorando os astros, inclusive reis de Israel fizeram isso. Essa prática era muito comum na Babilônia e no Egito, onde as pessoas
olhavam para certos objetos ou astros e os consideravam deuses, afirmando que neles havia espíritos divinos.

A Bíblia é clara em dizer que o sol e a lua foram feitos para desempenharem apenas um papel relacionado com a natureza, jamais para produzirem orientações espirituais, como creem os astrólogos (Gn.1.14; SI 136.7; 104.9).
De modo enfático, a Bíblia é terminantemente contra a idolatria. Ela já começa sua narrativa descartando as ideias panteístas e panenteístas,1 pois apresenta Deus como o Criador de todas as coisas. Por isso Moisés, logo no segundo mandamento, proíbe qualquer tipo de adoração a qualquer outro deus (Êx 20.3-5).

Deus abomina qualquer tipo de idolatria e ídolos. Estas passagens bíblicas revelam como ela é vista na visão divina:

a) Abominável (Dt 7.25).
b) Odiosa para Deus (Dt 16.22).
c) Tola e sem sentido (SI 115.4,8).
d) Não tem proveito algum (Is 46.7).
e) Despreza a razão (Rm 1.21,23)
f) É contagiosa (Ez 20.7).
g) E pedra de tropeço (Ez 14.3).
h) São impotentes (1 Co 8.4; Hb 10.5).

Como Adorar o Deus Verdadeiro?
Lendo João 1.6-18, observa-se que ele fala da luz verdadeira.
O evangelista deixa bem claro a todos que João Batista não era a luz, isso no sentido de ele ser a verdade absoluta, certa; sua missão era apenas falar da verdadeira luz. Era essa luz que iluminaria a todos os homens. Todos quantos recebessem essa luz, ou seja, as verdades de Deus — que é por meio dela que o homem encontra a vida —, se tornariam filhos de Deus.

Somente a Palavra de Deus é que pode recriar um novo homem para a sua glória, a capacidade humana, a vontade humana não pode formar o homem que Deus deseja. É a razão do verbo ter se encarnado, passando a viver entre os homens, revelando a graça, a verdade e a glória do Pai que o homem pode nascer de novo.

João prossegue sua mensagem fazendo um contraste entre ele e Jesus. Primeiramente ele diz que não é a luz; depois afirma que Jesus é antes dele. Além disso, nem mesmo Moisés pôde trazer o que a humanidade necessitava, ele apenas escreveu a Lei, mas a graça e a verdade somente vieram por Jesus Cristo. Esses
versículos apresentam o testemunho que João estava falando a todos a respeito do verbo para que as pessoas viessem a crer em Jesus como luz. João diz que Jesus é a verdadeira luz, ou seja, um sol, e não uma vela. Jesus como luz iria fazer um contraste entre a sua verdade e a “verdade” dos homens, iria mostrar quem estava
com a verdade. Anteriormente, o homem recebeu a revelação de Deus por meio da natureza, da lei, só que o Verbo traria uma maior revelação a toda a humanidade.

Quando essa luz se manifestou, nem todos se voltaram para ela; antes, foram contra ela, pois não foram capazes de discernir entre as ditas revelações do passado com o que agora estava sendo revelado em Cristo.

Cristo veio como uma bênção para todos os homens. Aqueles que o receberam passaram a ter direito à herança divina, visto que agora foram feitos filhos de Deus, tudo porque creram no seu nome, ou seja, na sua pessoa. Esse nascimento não vem por meio dos processos humanos: sangue e carne, que é vontade natural, que no caso João usou aqui a palavra marido (Andrós — normalmente um adulto, varão, marido ICoríntios 13.11; Atos 8.3,12;
Marcos 10.2), mas esse novo nascimento aconteceria por meios sobrenaturais. E não somente isso, agora essa nova família iria carregar o nome de Deus, e não um nome de uma família da terra.

João mostra que a encarnação do Verbo foi de grande importância, pois Deus já tinha se revelado ao homem pela natureza e na sua própria consciência, mas era preciso algo revelado, um objeto próprio para o homem neje colocar a sua fé. Por isso o Verbo se fez carne. Daquele momento em diante, o homem não teria mais do que se queixar, se o mundo natural o levasse a adorar qualquer deus, se a sua consciência estava corrompida, com a revelação do Verbo, a encarnação de Jesus, ele poderia alcançar uma verdadeira fé. Desse modo estaria livre do panteísmo, do
gnosticismo.

É em Jesus Cristo que se encontra a graça e a verdade. Ele faz oposição a todo e qualquer ensinamento errado. Jesus é a glória de Deus que habita entre os homens. Era isso que João queria dizer quando declarou que o Verbo se fez carne, fazendo
ligação com o que Moisés escreveu no uso da palavra tenda, do hebraico 'ohel (Êx 40.34), que fala de armar a barraca, acampar (Gn 13.12,18; Is 13.20). Na encarnação de Cristo, Ele se torna o Deus conosco, aquEle que armou sua tenda entre os homens (Mt 1.23).

João Batista trouxe ao mundo a melhor mensagem, pois mesmo que Moisés tenha o seu lugar como uma pessoa usada por Deus, como um grande homem no meio dos israelitas, ele apenas falou de uma Lei, mas que não podia salvar, mas condenar. João
Batista foi um grande homem usado por Deus, mas sua missão era apenas falar da pessoa do Messias. Cada um trouxe algo de Deus para a humanidade, mas somente Jesus pôde se revelar ao mundo como as verdades de Deus e a vida verdadeira para o homem.

Quando Jesus Cristo se manifesta, as teofanias bíblicas deixam de ter a sua importância, pois mesmo que tais aparições tivessem sua canonização elas jamais poderiam revelar a Deus em sua essência. E isso que João quer dizer quando afirma: “Ninguém jamais viu a Deus, em se tratando da natureza real dEIe”.

Quando Jesus passa a viver no meio da humanidade, Ele se torna a Palavra em essência para nós, Ele é o hermeneuta do Pai, pois Jesus veio ao mundo para declarar a vontade do Pai. Por isso Ele disse: “Quem vê a mim vê o Pai” (Jo 14.9). Como diz certo teólogo, Jesus interpretou Deus ao homem.

Heresias: A Quebra da Comunhão
Haireses fala de escolha, é tomar algo para si. No seu aspecto negativo, fala de pessoas que tomam uma doutrina errada, então tal grupo passa a ser denominado de seita. Primariamente, haireses não tem um sentido negativo, pois apenas quer dizer escolha ou partido. Posteriormente essa palavra passou a ser vista de modo negativo, apontando para uma deterioração da boa doutrina.
Haireses passou a ser descrita como alguém que cria levante, contrariando a opinião do grupo naquilo que se acredita. Na Coleção de Ensinos Teológicos, o pastor José Apolônio diz:

A palavra “Heresiologia” deriva-se do vocábulo grego “hairesia”, que significa opinião escolhida, seleção preferência, e “logia” — tratado ou estudo. Assim a palavra exprime:

Estudo sobre opinião escolhida, em oposição a uma disciplina aceita, acatada. É, pois, uma doutrina falsa. (2006, p. 11)
Nas diversas definições para a palavra heresia, seguindo a Septuaginta, podemos dizer que ela pode ser conceituada deste modo:

a) Escolha voluntária para se fazer ou ofertar algo (Lv 22.18).
b) Opiniões escolhidas para destruir algo (2Pe 2.1).
c) Partidos que têm suas opiniões próprias (At 5.17; 24.14; 28.22).

Falamos anteriormente que a palavra seita não carregava doutrinariamente um aspecto negativo e, historicamente, Eusébio falava da igreja como sendo uma santíssima heresia, isto é, um grupo que aceitou a doutrina e optou por viver nela.

Mas baireses como obra da carne aparece no contexto bíblico no sentido de facção, especialmente nos textos de 1 Coríntios 11.19 e Gálatas 5.20, que fala das dissidências de opiniões entre os cristãos. Entendemos, então, na referência que Paulo faz de
heresias como obra da carne, que seu propósito é destacar não a questão doutrinária, mas sim o espírito de partidarismo e facção entre os crentes, as opiniões carnais que dividiam o corpo de Cristo.

O apóstolo Pedro, falando da heresia em seu aspecto negativo que depois passou a invadir a comunidade de salvos, diz:
E também houve entre o povo falsos profetas, como entre ' vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. (2 Pe 2.1)

Um crente que não tem base bíblica, estrutura, deixa-se facilmente dominar por tais heresias, mas Deus pesará a sua mão contra os mesmos, e contra os falsos mestres, Pedro enumera no capítulo citado acima quatro informações sobre os falsos mestres:

 a) Eles entram na igreja dissimuladamente. Eles não agem de supetão; começam nas casas, nas portas das cozinhas, em reuniões particulares, em movimentos espirituais isolados, em montes.
São os clandestinos do Reino. Eles estavam presente nos dias de Paulo (2Tm 3.6).

b) A mensagem deles. Atacam a Bíblia, a Cristo, fazem isso mostrando que têm grande espiritualidade. Assim, passam a renegar ao Senhor. Eles tomam o lugar da Palavra em suas mensagens, não procuram dar valor à revelação bíblica; antes, forjam histórias, contam curas que nunca aconteceram, milagres quando nunca sucederam, seus ensinos são pervertidos, e envenenam a vida dos que ouvem, isto é, se não tiver estrutura, conhecimento da Palavra de Deus. As mensagens deles são difíceis de serem identificadas, visto que eles não fazem isso logo de início e publicamente. Eles pervertem os bons costumes, vendem uma vida de ilusão, prometem liberdade, mas é um tipo de liberdade que escraviza.

c) Eles são movidos pelo dinheiro. Seus corações são dominados pelo desejo de ter muito mais dinheiro. São como Geazi: estão dispostos até a mentir em troca de terem o que o seu coração deseja (2 Rs 5.20-27). São dominados pelo desejo de terem fama, nome, posição. Assim, conforme falou Paulo, a piedade deles é disfarçada. Eles são semelhantes a ovelhas, todavia, são lobos devoradores (Jo 10.11-13).

d) O fim deles. Pedro diz que tais mestres não ficarão impunes, eles serão julgados pelo Senhor por causa de suas heresias. Pedro faz um apanhado histórico, cita os anjos que se rebelaram contra Deus e foram punidos, cita o Mundo Antigo, que também foi punido com o Dilúvio, escapando apenas Noé e sua família. Cita Sodoma e Gomorra, que foram destruídas com fogo e enxofre, e mostra que Deus livrou a Ló, e que Ele livra os seus servos, pois sabe como socorrer o justo na hora da provação.

As heresias ensinadas pelos falsos mestres e doutores são perigosíssimas, pois levam pessoas a negarem o Senhor, visto que seu alvo é arrebatar pessoas para si com o intento de formar seus próprios partidos. Na obra Heresias e Modismos, do pastor
Esequias Soares, ele fala desses heresiarcas assim:

[...] Os heresiarcas são fundadores e líderes de seitas ou movimentos heterodoxos. Eles são contra tudo aquilo que cremos e pregamos desde o princípio e procuram contestar com argumentos ardilosos, sofismas e persuasão. As principais doutrinas da teologia cristã: a Bíblia, a doutrina de Deus, a identidade de Cristo e a sua obra, o homem e o seu destino são os pontos mais atacados por tais líderes. Esses pontos foram atacados desde a era apostólica. (SOARES, 2006, p. 28, 29)

O grande mal da heresia, conforme Paulo e Pedro mencionam, como obra da carne, é quando ela dá origem a partidos dentro da igreja destruindo sua unidade, harmonia, gerando uma má conduta entre os membros. E isso que Paulo diz dos cristãos de Corinto. Eles deixaram a comunhão, a festa agápe, e passaram a formar pequenos partidos, os quais já não participavam dos mesmos ideais, antes eram egoístas e presunçosos, excluindo algumas pessoas e fazendo preferências por outras.

Entendemos então que o haireses é uma obra perigosa da carne, pois seu propósito é dividir, estragar a unidade que foi formada por Cristo Jesus (Jo 17.21). A essência do verdadeiro cristianismo não é a formação de grupinhos, não eleva um e rebaixa o outro. Caso algum membro da igreja esteja dominado por esse sentimento maléfico, não estava vivendo a verdadeira comunhão com Jesus.

O pastor, como servo de Cristo, tem a responsabilidade de vigiar o rebanho e lutar pela sua unidade. Não é seu dever de imediato expulsar alguém que talvez esteja sendo seduzido por algum tipo de heresia. Paulo, em seu ministério, teve que enfrentar muitos heréticos, os quais buscavam sempre causar divisão, mas ele procurou ensinar sobre a verdade em Cristo Jesus, e para os que eram facciosos, ensinavam vãs filosofias, falava que eles deveriam ser admoestados pelos menos três vezes. Caso não atendessem, logo deveriam ser evitados (Tt 3.10).

O combate que Paulo fazia contra os hereges é porque ele sabia que seus ensinos errados tanto criavam facções como perturbavam a paz da igreja. Um ensino errado que Paulo e João tiveram que combater fortemente foi o gnosticismo.
Para o teólogo William S. Smith, o gnosticismo era caracterizado por um aspecto filosófico cristão, pois ensinava que a salvação deste mundo mau acontecia por meio de um conhecimento (gnosis), nesse caso o gnosticismo era uma filosofia.
O gnosticismo cristão afirmava que o Deus sublime, não o Deus inferior que criou o mundo, enviou Cristo para salvar o espírito do homem deste mundo mau, por seu ensino e exemplo. Na visão desse gnosticismo cristão, Jesus seria apenas um pedacinho de Deus.

Os defensores do gnosticismo diziam que o mundo existente era resultado de sucessivas criações. Tudo funcionava mais ou menos assim: alguma coisa criou certo mundo, e do mundo criado veio outro mundo até surgir a humanidade.
No pensamento gnóstico, o homem estava em uma posição inferior, pois ele era um resultado último de várias sucessões, por isso não poderia se aproximar de Deus.

E a partir desse momento que os gnósticos dizem que o homem precisava de seres angelicais, intermediários espirituais, emanações diversas que entrassem em contato com os deuses. Esses seres espirituais precisavam ser cultuados, reverenciados e adorados.

Crê-se que as cartas pastorais foram escritas para combater esse ensino errado, essa heresia (2 Tm 2.23; 3.1), as quais eram ensinadas e espalhadas pelos falsos mestres. Observe bem, no contexto de 1 Coríntios 11.19, as facções surgem por causa de preferências por pessoas, as quais eram muito estimadas; já no contexto de 2 Pedro 2.1, a divisão acontece por meio dos ensinos heréticos.

 Portanto, o ensino de Paulo sobre como tratar os hereges, é que eles primeiramente devem ser advertidos, e caso não aceitem a correção então devem ser ignorados, pois é necessário que haja separação dos tais (2 Tm 3.5; 1 Tm 5.8; Tt 1.16; 2 Ts 3.6). Jamais devemos agir como no passado, em que a igreja católica montou o tribunal de inquisição, matando muitos cristãos, ou agir como João Calvino, que em Genebra, Suíça, matou mais de sessenta pessoas, isso sem contar com as prisões.

FONTE:
Livro de apoio 1º Trimestre de 2017
As Obras da Carne e o Fruto do Espírito
Escrito por: Osiel Gomes.
Osiel  Gomes é pastor, formado em Teologia, Filosofia, Direito, Pedagogia, Psicanálise e pós--graduado em Docência do Ensino Superior.

Preside a Igreja evangélica Assembleia de Deus - Campo Tirirical, em São Luis, Maranhão

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Lição 9 - Fidelidade, Firmes na Fé

A lição nove aborda sobre a oposição entre fidelidade x idolatria e heresia. O tema é bem contemporâneo, pois nunca estivemos diante de tantas invencionices em nome da pessoa do Senhor Jesus. São doutrinas, estratégias evangelísticas e músicas que nada têm a ver com o Evangelho do nosso Salvador. Por isso, é importante compreendermos bem o primeiro termo de nossa lição: fidelidade.
O significado da palavra fidelidade, conforme se encontra na epístola de Paulo aos Gálatas, se refere a lealdade. Mas é importante ressaltar que, na epístola aos Gálatas, mais precisamente no capítulo quatro e no versículo seis, aparece uma queixa de Paulo pela falta de fidelidade dos gálatas em relação ao Evangelho. Lembre que o apóstolo iniciou a carta lamentando a atitude dos crentes da cidade de Gálatas: “Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo” (Gl 1.6,7). Logo, podemos afirmar que o apóstolo Paulo está recomendando fidelidade e lealdade dos gálatas a Deus e sua vontade. Ora, a vontade de Deus é revelada em sua Palavra. Esta nos dá o norte, a direção e a orientação para vivermos abundantemente na presença dEle.
A idolatria conforme está posta na carta aos Gálatas não se refere somente à adoração de imagens, mas a qualquer prática condenatória em relação aos ídolos. Um exemplo é o que está relacionado em 1 Coríntios 10.14-16 e Colossenses 3.5, onde o apóstolo recomenda a não participarmos de um banquete oferecido aos ídolos. Entretanto, a recomendação aos Colossenses aprofunda mais ainda a questão, trazendo à tona a avareza, isto é, o apego ao dinheiro e às coisas materiais como idolatria. Isto vai à contramão da lealdade ao Senhor. Acompanhada da idolatria, vem a heresia. Heresia representa assumir um postulado de ensino totalmente oposto ao que você recebeu outrora, ou seja, o Evangelho de Jesus Cristo recebido pelo Espírito Santo, por intermédio da tradição dos santos apóstolos. Aqui, a nossa fidelidade e lealdade para com Deus, o nosso Pai, também são testadas.
Portanto, após expor o conceito desses três termos – Fidelidade, Idolatria e Heresia – faça uma reflexão com os alunos a respeito da fidelidade ao Evangelho do Senhor Jesus Cristo. Encoraje-os a perseverarem no ensino do Evangelho! Boa aula!


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

(Subsídio Teológico Lição 8/ 1º Trim 2017) A BONDADE QUE CONFERE VIDA

Bondade versus Homicídio
     Facilmente podemos dizer que a palavra bondade fala de alguém que é indulgente, benevolente, de bom caráter, mas essa definição seria simplista demais e não esgotaria a realidade da palavra bondade. E difícil conceituar a palavra bondade, isso porque ela tem diversos sentidos. Posso falar de bondade no sentido de qualidade e capacidade; existem pessoas que são boas em algumas coisas, outras não; uns são bons no trabalho, igreja,
mas não em casa com sua família. Para não complicar a situação, o melhor é saber que a bondade perfeita está em Deus, enquanto no homem sua bondade é relativa, uma vez que pode ser a carne ou o Espírito que esteja no controle.

     O pastor Stanley Horton, falando sobre a bondade escreve:
A bondade dá a ideia do desenvolvimento de um caráter bom, reto, fidedigno, sem deixar de ser generoso e amigável com o próximo. E isso que nos transforma na nobreza de Deus.
A melhor maneira de descrevê-lo é sermos semelhante a   Jesus. (Ele incorporou todo o fruto do Espírito e, sua vida e ministério). (HORTON, 1993, p. 194)

     Analisando duas virtudes do fruto do Espírito a benignidade e bondade, notamos que há muita semelhança entre ambas. No entanto, podemos fazer distinção entre essas duas palavras da seguinte maneira: a benignidade está relacionada com a qualidade, com o sentimento.

     Bondade aponta para a vida prática. A benignidade fala de um cristão que tem um coração puro, sempre deseja fazer o bem, e no momento em que ele põe em prática o que há no coração, está praticando bondade. Para entendemos melhor essa colocação, veja o que diz o Dicionário Bíblico Wycliffe: BONDADE. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, dois elementos aparecem em particular: uma bondade que se baseia na misericórdia (hesed, chrestotes), e uma que se baseia na bondade moral de Deus (tob, agathosune). Desta maneira, em algumas ocasiões, a bondade de Deus é manifesta:  “A terra está cheia da bondade do Senhor” (SI 33.5, cf. SI 52.1; 107.8); “Desprezas tu as riquezas de sua benignidade
[bondade]... ignorando que a benignidade de Deus leva ao arrependimento?” (Rm 2.4). Em outras ocasiões, a perfeição e a bondade de Deus vêm à tona (Nm 10.32; SI 16.2; 23.6; Gl 5.22; 2 Ts 1.11). Um dos frutos do Espírito é a bondade (iagathosune) no sentido de santidade e da justiça cristã (Gl
5.22). Isso está de acordo com o objetivo da nossa vida cristã, que é o de sermos semelhantes ao nosso Pai Celestial,tanto em caráter quanto em atitude, assim como Cristo nos ensinou no Sermão do Monte (Mt 5.48). (2009, p. 322)

     Na praticidade existente entre benignidade e bondade, uma  apontando para o coração, emoção, sentimento em querer o bem, elas estiveram presentes no ministério de Jesus Cristo, em sua ação prática em querer zelar a casa de Deus Ele evidenciou bondade (Mt 21.13), mas mostrou um coração benigno ao perdoar a pecadora (Lc 7.37.50).

     A palavra bondade {agathosune) aparece poucas vezes no Novo Testamento, apenas três vezes, no grego clássico nenhuma vez. Podemos dizer que a palavra grega agathosune, ainda com seu pouco aparecimento, fala de bondade, que pode ser entendida no seu aspecto geral como aquilo que é bom, fazendo oposição ao que é ruim, mau.

     Dentro do Antigo Testamento, seguindo a Septuaginta, a bondade é descrita da seguinte maneira: a) Oposição entre o mal (SI 52.3).
b) Prosperidade nesta vida (Ec 7.15).
c) Benefício para a vida (Ec 4.8).
d) Generosidade divina (Ne 9.25.35).

     Nas páginas do Novo Testamento temos que recorrer ao que Paulo escreveu sobre bondade. Primeiramente, ele fala da bondade assim:

1 - Como virtude do fruto do Espírito
Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.(G1 5.22)

Com essa virtude do fruto do Espírito na vida, o cristão tem uma dívida para a prática do bem para com as pessoas. Ele pode agir dessa maneira porque está livre da Lei, das obras da carne e vive dominado pelo Espírito Santo, de maneira que seu desejo é expressar o caráter de Deus que é bom (Rm 3.21; 7.12).

2 - Bondade como boa Palavra
Console os vossos corações, e vos conforte em toda a boa palavra e obra. (2Ts 2.17)

Nesse versículo Paulo se preocupa com estado interior de cada crente, por isso encoraja a todos a serem sinceros em tudo, inclusive no comportamento. Esses crentes deveriam agir dessa forma por intermédio da boa Palavra de Deus, procurando corresponder
com ela, expressando santidade adequada à vocação da vida espiritual.

3 - 0 fruto do Espírito como bondade, justiça, verdade
Porque o fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça e verdade. (Ef 5.9)

     Aqui, Paulo está dando ênfase aos resultados que aparecem na vida daqueles que tem o Espírito Santo de Deus, que ja foram iluminados por Jesus Cristo, todos produzirão o seu caráter. A justiça e a verdade são oriundas da comunhão com Jesus (Rm 6.21; Fp 1.11), e a verdade é uma ação constante que busca promover o bem a todo tempo.

Para um entendimento melhor desse versículo, veja o que fala o teólogo Francis Foulkes, no seu Comentário Bíblico de Efésio:

[...] Paulo não deve ter pensado conscientemente na luz como uma semente plantada na vida, que no devido tempo dá o seu fruto, mas sim nos resultados que devem aparecer, o tipo de caráter que deve ser visto na pessoa que foi iluminada por Cristo. Em muitas passagens, justiça refere-se ao fruto da vida em Cristo Jesus (Hb 12.11). Nada do que é corrupto e injusto nos relacionamentos do homem para com seu semelhante (veja comentário sobre 4.24) deve existir. Então, em vez de “toda malícia” (4.31), deve haver toda bondade, a procura ativa pelo bem em cada área da
vida. Há uma distinção muito instrutiva entre “bondade” e “justiça” em Romanos 5.7, mostrando que a primeira, além da ideia de retidão moral e integridade, expressa também a força atrativa de um belo caráter. E terceiro, quando as trevas da ignorância, cegueira, erro e engano se vão (4.14, 17,22), surge a verdade como fruto da luz que Cristo traz.
(FOULKES, 1993, p. 120)

4 - A bondade presente na vida de cada crente
Eu próprio, meus irmãos, certo estou, a respeito de vós, que vós mesmos estais cheios de bondade, cheios de todo o conhecimento, podendo admoestar-vos uns aos outros. (Rm 15.14)

Quando a virtude da bondade está presente na vida do crente, ele expressa a boa qualidade de vida que tem, sempre deseja coisas boas para as outras pessoas e desenvolve um padrão ético e moral, pois é guiado por esse fruto da luz (Ef 5.9). Paulo orava pelos crentes para que todos produzissem o fruto do Espírito, especialmente o da bondade (2Ts 1.11,12).

     A bondade na vida do crente é como uma fonte de água cristalina, sempre irá jorrar só aquilo que é bom e perfeito, já que seu alvo é ser como Deus e dEle nunca vem coisa ruim (Tg 1.17). Quando há a virtude da bondade na vida do cristão seu amor é constante, sua justiça é posta em prática sempre querendo fazer o que é certo.

     Não há passos errados nem ações desairosas para quem tem a vida guiada pelo Espírito Santo, mas, sim, gentileza, comedimento, visto que o aspecto da bondade domina seu ser, e o que a caracteriza fortemente é a generosidade, que concede ao homem o que ele nunca poderia ter por merecimento.

     O homem, por mais sincero e verdadeiro que seja não pode produzir o padrão de bondade conforme Paulo descreve, pois, seu amor é sempre falho (Os 6.4), entretanto, quando a virtude da bondade está em sua vida, vindo do Espírito de Deus, ele pode produzir uma vida de qualidade e um amor verdadeiro.

Uma Análise Geral sobre o Homicídio na Concepção Bíblica e Jurídica
     O primeiro homicídio do mundo foi praticado por um homem, que matou seu irmão, Caim (Gn 4.8), a origem desse homicídio estava pautada na inveja, que é uma das obras da carne (GI 5.21). João diz que Caim era do Maligno e suas obras estavam influenciadas por ele (ljo 3.12).

     Todo o ódio de Caim para com Abel é porque Deus recebeu as suas ofertas, porque as obras de Abel eram boas; já quanto a Caim, Deus o rejeitou porque as suas obras eram más (1Jo 3.12). O mundo rejeitou a Cristo porque as suas obras eram um aguilhão que penetrava na consciência daqueles que viviam praticando obras más.

     • A Bíblia condena todo e qualquer tipo de homicídio (Êx 20.13), e até no ensino de Jesus sobre o amor, Ele condenou o homicídio. Deus criou o homem para viver, então, quando alguém cometia  homicídio, sua ordem era para que o tal fosse morto também (Nm 35.31), pois somente Deus é quem tem o poder de dar e tirar a vida (lSm 2.6).

     Primeiramente, vamos começar esse assunto fazendo uma definição da palavra homicídio, observe que ela é composta: homo--homem, cedere- matar ou cortar. E claro que a palavra homicídio pode ser entendida também como a morte de um animal, todavia, para os seres racionais essa palavra tem o sentido de matar um ser criado por Deus.

0 homicídio pode ser classificado em duas categorias:

1 - Homicídios que podem ser justificados
Está escrito no Antigo Testamento que alguns homicídios eram justificáveis, a lista é bem extensa, vejamos:

a) Os que praticassem adultério (Lv 20.10).
b) Os que praticassem incesto (Lv 20.11).
c) Que praticassem sexo com animal (Lv 20.16).
d) Aqueles que não respeitassem os pais (Ex 21.17; Dt 21.18-21).
e) Os que praticassem a feitiçaria (Ex 22.18).
f) Aqueles que matasse ao seu próximo (Lv 24.17).
g) Os que praticassem a idolatria (Dt 13.6-9).
h) Quem blasfemasse do nome de Deus (Lv 24.16).
i) Quem praticar roubo (Ex 21.16).
j) Que cometesse estrupo (Dt 22.25).

     0 nosso Código Penal fala de alguns crimes que hoje podem ser justificáveis, ou melhor, que excluem a criminalidade. No artigo 23 do Código Penal está escrito: “Não há crime quando o agente pratica o fato”:

1 - Em estado de necessidade;
II - Em legítima defesa;
III - Em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício de direito.

     Para entender melhor cada uma das três colocações mencionadas acima, explicaremos cada uma delas. Primeiro,  estado de necessidade que configura a ação de alguém que, frente a uma grande necessidade, age devido a um grande perigo, que não foi provocado por sua própria vontade, e que não lhe dá outra opção. Um exemplo que se pode dar é: Duas pessoas que estão em alto-mar, mas há apenas um salva-vidas no barco, de modo que um lutará para se salvar, condenando o outro à morte.

     Segundo, em legítima defesa, podemos citar o pai que mata o ladrão que entra em sua casa armado para praticar algum crime.
Terceiro, no cumprimento do dever legal, quando o soldado mata o inimigo no campo de batalha; isso lhe é permitido por lei.
Portanto, seguindo o princípio bíblico, vemos que existem os crimes que podem ser justificáveis, dentre esses, ainda queremos citar os acidentais, que são aqueles em que a pessoa não tinha a intenção de matar. No Direito esse crime é chamado de homicídio culposo.

2 - Homicídios injustificáveis
     No homicídio culposo a morte se dá por falta de prudência, descuido, mas não existe qualquer intenção de praticar um crime. No caso do homicídio injustificável, que também pode ser denominado premeditado, em que alguém age de modo bem planejado querendo realmente pôr fim à vida de uma pessoa, sua mente arquiteta tudo e seu coração está cheio de ódio, por isso
parte para a execução desse projeto satânico.

     0 homicídio injustificável é chamado no Direito de doloso, quando há intenção de matar, de fato, a pessoa assume o risco de que esse feito possa ser realizado. Na questão do crime doloso, este pode ser dividido em duas partes, isso na questão da prática criminosa:

1 - Dolo Direto. Nessa conduta a pessoa está decidida deliberadamente
a cometer o crime: matar.
2 - Dolo Eventual. Nesse caso a pessoa pode prever um determinado resultado criminoso, por causa de sua conduta sem se preocupar se sua atitude pode prejudicar alguém. Um exemplo bem prático que podemos dar para a conduta eventual é quando um rapaz toma uma arma, coloca apenas uma bala, a brincadeira chamada “roleta russa”, e aponta para alguém disparando, caso aconteça a morte foi praticado um crime doloso, de natureza com dolo eventual.

     O homicídio que vem dominado pelo ódio, que é planejado, que é passional, isto é, suscetível de paixão, e aquele surge de uma briga ou discussão. Intencional ou não todo homicídio é condenado pela Palavra de Deus.

     O homicídio é uma obra puramente da carne. Por isso os que são comandados pela carne estão prontos para fazer de tudo para acabar com aquelas pessoas que odeiam ou para tomar posse de alguma coisa.
Um homicídio pode ser cometido por vários motivos:

a) Inveja, como aconteceu com Caim (Gn 4.8).
b) Sede pelo poder: Abimeleque (Jz 9.5).
c) Para satisfazer os desejos de Alguém: Jezabel (1 Rs 21.10).
d) Para não perder o trono: Herodes (Mt 2.16).
e) Desejo para ter dinheiro: Judas (Mt 27.4).

O que Jesus Falou sobre o Homicídio?
     Jesus não tratou do homicídio apenas como o ato em si, mas da ira que pode levar a matar. Quanto à expressão “sem motivo”, ela não consta nos melhores manuscritos, a ira tem suas restrições, conforme falou Paulo (Ef 4.26).

     Pelas palavras de Jesus, observe que tudo o que Ele ensinava estava fundamentado no que Deus já havia dito: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo” (Mt 5.21).

     Em Mateus 5.21, Jesus estava se voltando para a Lei judaica, Ele não arquiteta nada, mas cheio do Espírito Santo revelar com tonicidade aguda as verdades que estavam na Palavra de Deus.
Todo estudioso da Palavra deveria proceder como Jesus, como Bom Mestre Ele era fiel, não adulterou em nada as Escrituras, antes foi fiel a ela em tudo. Jesus Cristo soube tirar da porção do Antigo Testamento coisas velhas e novas (Mt 13.52).

     No tocante à expressão “não matarás”, ela está restrita ao que a Lei estava dizendo, Jesus não está aqui abordando o assunto de modo global, mas em sua ênfase dirige-se para a própria natureza do homem, pois é de dentro de um coração não transformado e pecaminoso que brota o homicídio.

      Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição,   furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. (Mt 15.19)

     O homicídio não vem logo de imediato, mas ele é precedido pelo ódio e pela raiva, e sem a ajuda do Espírito Santo de Deus ninguém poderá controlá-lo. As palavras que ferem são pronunciadas pela raiva; a expressão aramaica raca, que quer dizer vazio, oco e apontava para alguém que age em desrespeito ao outro.

     As duas palavras raca e louco podem ter o mesmo significado, e podemos pensar que pelo uso que Jesus fez delas, talvez quisesse referir-se ao crime de calúnia e difamação.
Porque só mesmo uma pessoa vazia e sem caráter é que pratica tais crimes. A injúria ataca o caráter da pessoa, sempre procurando depreciá-la, e a calúnia baseia-se em uma falsa acusação, as duas são crimes contra a honra. A difamação segue quase a mesma conotação de calúnia, só que com uma diferença, a conduta praticada por quem é ofendido não é descrita como
um crime na lei.

     Na comunidade de Qumran, quando alguém ofendia outro com palavra, sua comida era reduzida durante um ano, ele ficava isolado das pessoas, e, às vezes, até era excomungado do meio social. Palavras duras acompanhadas de ódio causam feridas grandiosas, e muitas delas provocam o homicídio, por
isso é bom evitar as ofensas, as calúnias e difamações, especialmente
o crime de racismo. Deixemos que a Palavra de Deus limpe os nossos corações, e que o amor divino permeie todo o nosso ser, desse modo não pronunciaremos palavras duras, pelo contrário, teremos uma língua erudita para dizer palavras que produzam vida (Is 50.4).

Os que São Nascidos de Deus
     João diz que o nascido — uma ação que começou no passado, mas que tem resultado no presente — jamais vive na prática do pecado, porque foi regenerado (2Pe 1.4). Só existem dois tipos de filho: um é de Deus e o outro do Diabo, portanto, ou você é filho de Deus, nascido por meio da ação do Espírito Santo de Deus (Jo 1.11-13), ou, então, é filho do Diabo (At 13.10. Ef 2.3).

     Caim era da família do Diabo, por isso matou seu irmão.
Atente para a palavra grega ésphakse, matar, assassinar. Esse verbo
expressa uma brutalidade tremenda, mostrando que esse ato é de alguém totalmente maligno.

     Como o mundo está no poder do Maligno, os cristãos não deveriam ficar admirados quando forem odiados. Quem não tem o verdadeiro amor de Deus no coração está cheio de ódio, mas o verdadeiro amor sempre luta pela vida, o ódio sempre luta pelo mal (Mt 5.21,22). Uma pessoa que tem o coração cheio de animosidade terá as mesmas atitudes de Caim: inveja e ódio.

     No amor de Cristo temos o exemplo para sermos amorosos com os outros, nos sacrificando para que a vida seja vivida por outros. A ênfase desse versículo não está na palavra morrer, mas, sim, no ato de partilhar com os outros para que também vivam bem.

FONTE:
Livro de apoio 1º Trimestre de 2017
 As Obras da Carne e o Fruto do Espírito
Escrito por: Osiel Gomes.
Osiel  Gomes é pastor, formado em Teologia, Filosofia, Direito, Pedagogia, Psicanálise e pós--graduado em Docência do Ensino Superior.