domingo, 23 de julho de 2017

“ SUBSIDIO TEOLÓGICO LIÇÃO 05 Adulto 3º Trim 2017” - Sobre o Espirito Santo

O Antigo Testamento manifestou claramente o Pai e, obscuramente, o Filho. O Novo manifestou o Filho e, obscuramente, indicou a divindade do Espírito Santo.
Hoje, o Espírito habita entre nós e se dá mais claramente a conhecer” (Gregório de Nazianzo). Embora o Credo Niceno termine com as seguintes palavras: “Cremos também em um só Espírito Santo”, não há informações sobre a identidade do Espírito Santo. Segundo Gregório de Nazianzo, a revelação das três Pessoas da Trindade foi gradual. Uma vez definida a cristologia em Niceia, faltava agora definir a doutrina da terceira Pessoa da Trindade. Esse tema só foi concluído depois da segunda metade do século IV.

            Segundo Stanley M. Horton, a doutrina do Espírito Santo nunca havia recebido um tratamento justo nos tratados de teologia antes do Avivamento da Rua Azusa: “Os antigos compêndios de teologia sistemática, em sua maioria, não possuem nenhum capítulo sobre pneumatologia” (HORTON, 2001, p. 9). Eruditos, durante e depois do Avivamento da Rua Azusa, empreenderam vários estudos sobre o Espírito Santo, sobre o batismo no Espírito Santo, sobre a glossolalia e sobre os dons do Espírito Santo.
Obtiveram avanços significativos. A erudição não anula o fervor espiritual da fé cristã pentecostal.
            É o Senhor Jesus o centro da mensagem pregada pelas Assembleias de Deus. Ainda há entre os evangélicos quem diga que a ênfase é o Espírito Santo acima de Jesus. O Pr. George Wood, presidente da Convenção Americana das Assembleias de Deus, numa entrevista à revista Christianity Today, edição de 29 de junho de 2015, fala em quatro grandes erros a respeito das Assembleias de Deus: 1) a crença no Cânon aberto, 2) a ênfase do Espírito Santo acima de Jesus, 3) a prática espiritual elitista e 4) a teologia da prosperidade. Ele rebate cada ponto explicando a fé assembleiana.

O ESPÍRITO SANTO NAS ESCRITURAS SAGRADAS
Sua divindade
O Espírito Santo é chamado de Senhor nas Escrituras Sagradas:
“Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está Espírito do Senhor, aí há liberdade” (2 Co 3.17 – ARA). Os nomes Deus e Espírito Santo aparecem alternadamente na Bíblia: “Porque encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? ... Não mentiste aos homens, mas a Deus” (At 5.3, 4). Veja que Deus e o Espírito Santo aqui são uma/mesma divindade. Primeiro o apóstolo Pedro diz que Ananias/mentiu ao Espírito Santo, e depois o mesmo Espírito é chamado/de Deus. O apóstolo Paulo também emprega esse tipo de/linguagem: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o/Espírito de Deus habita em vós?” (1 Co 3.16). Isso vem desde o/Antigo Testamento: “O Espírito do SENHOR falou por mim, e a sua/palavra esteve em minha boca. Disse o Deus de Israel, a Rocha de/Israel a mim me falou” (2 Sm 23.2, 3). Da mesma forma o Espírito/Santo é chamado de “Javé” ou “SENHOR” nas nossas versões de/Almeida. Compare ainda Juízes 15.14; 16.20 e Números 12.6; 2/Pedro 1.21.
Jesus prometeu dar aos seus discípulos “outro Consolador” (Jo/14.16). A palavra “outro” aqui corresponde ao original grego//allos, que significa “outro”, mas da mesma natureza, da mesma/espécie e da mesma qualidade. Segundo A. T. Robertson, “outro/da mesma classe (allon, não héteron)” (ROBERTSON, vol. 5,1990, p. 279). O termo grego para “Consolador” é paráklētos, que significa “ajudador”, “alguém chamado para auxiliar”, um “advogado”. Essa mesma palavra aparece em 1 João 2.1 com este significado: “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis: e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo”. Em outras palavras, Jesus dizia aos seus discípulos que estava voltando para o Pai, mas que continuaria cuidando da Igreja, pelo seu Espírito Santo, seu Paraklētos, um como ele, que teria o mesmo poder para preservar o seu povo.
São inúmeras as obras de Deus efetuadas pelo Espírito Santo.
         Ele gerou a Jesus Cristo (Lc 1.35), dá a vida eterna (Gl 6.8) e guia o seu povo (Is 63.14; Rm 8.14; Gl 5.18), pois é o Senhor da igreja (At 20.28) e o santificador dos fiéis (1 Pe 1.2). O Espírito habita nos crentes (Jo 14.17), é autor do novo nascimento (Jo 3.5, 6), dá a vida (Ez 37.14; Rm 8.11), regenera (Tt 3.5) e distribui os dons espirituais (1 Co 12.7-11).
         A divindade do Espírito Santo é revelada na Bíblia, por meio de seus atributos divinos, como acontece com o Senhor Jesus Cristo.
Ele é onipotente (Rm 15.19) e fonte de poder e milagres (Mt 12.28; At 2.4; 1 Co 12.9-11). A onipresença é outro atributo incomunicável de Deus presente na terceira Pessoa da Trindade, o que mostra ser ele onipresente (Sl 139.7-10). Por ser onisciente, Ele conhece todas as coisas, até as profundezas de Deus (1 Co 2.10, 11), o coração do homem (Ez 11.5; Rm 8.26, 27; 1 Co 12.10; At 5.3-9) e o futuro (Lc 2.26; Jo 16.13; At 20.23; 1 Tm 4.1; 1 Pe 1.11). Possui também o atributo da eternidade, pois é chamado de “Espírito eterno” (Hb 9.14). A palavra asseidade advém do latim aseitatis, que vem de dois termos – a se significa “por si” ou “autocausado”, ou seja, diz respeito à existência por si mesmo e serve para designar o atributo divino segundo o qual Deus existe por si próprio. Assim como o Pai e o Filho, o Espírito Santo é autoexistente, ou seja, não depende de nada fora de si para existir. Ele sempre existiu. É o Criador do homem e do mundo (Jó 26.13; 33.4; Sl 104.30) e, também, o Salvador (Ef 1.13; 4.30; Tt 3.4, 5).
         A Palavra de Deus apresenta, de igual modo, seus atributos comunicáveis, como a santidade, pois o Espírito Santo é santo (Rm 15.16; 1 Jo 2.20). Essa santidade do Espírito é única e real, absoluta e perfeita; não se trata, pois, de uma santidade cerimonial, mas de algo inerente à sua natureza. Ele é a verdade (1 Jo 5.6), é sábio (Is 11.2; Jo 14.26; Ef 1.17), bom (Ne 9.20; Sl 143.10) e verdadeiro (Jo 14.17; 15.26; 16.13; 1 Jo 5.6).


Sua personalidade
         A personalidade do Espírito Santo está presente em toda a Bíblia de maneira abundante e inconfundível e tem sido crença da Igreja desde o princípio. Há nele elementos constitutivos da personalidade, como o intelecto; ele penetra todas as coisas (1 Co 2.10, 11) e é inteligente (Rm 8.27). Ele tem emoção, sensibilidade (Rm 15.30; Ef 4.30) e vontade (At 16.6-11; 1 Co 12.11). As três faculdades – intelecto, emoção e vontade – caracterizam a personalidade.
Os substantivos gregos apresentam três gêneros: masculino, feminino e neutro. O termo grego pneuma, usado amplamente no Novo Testamento para “espírito”, é substantivo neutro. O pronome demonstrativo na frase: “aquele Espírito da verdade” (Jo 15.26; 16.13) e o pessoal, em “Ele me glorificará” (Jo 16.14) estão no masculino. Isso revela a personalidade do Espírito Santo. Outra prova da personalidade do Espírito Santo é que ele reage a certos atos praticados pelo homem. Pedro obedeceu ao Espírito Santo (At 10.19, 21); Ananias mentiu ao Espírito Santo (At 5.3); Estêvão disse que os judeus sempre resistiram ao Espírito Santo (At 7.51); o apóstolo Paulo nos recomenda não entristecer o Espírito Santo (Ef 4.30); os fariseus blasfemaram contra o Espírito Santo (Mt 12.29-31); os cristãos são batizados em seu nome (Mt 28.19).
         A Bíblia revela os atributos pessoais do Espírito Santo. Ele ensina (Jo 14.26), fala (Ap 2.7, 11, 17), guia (Rm 8.14; Gl 5.18), clama (Gl 4.6), convence (Jo 16.7, 8), testifica (Jo 15.26; Rm 8.16), escolhe obreiros (At 13.2; 20.28), julga (At 15.28), advoga (Jo 14.16; At 5.32), envia missionários (At 13.2-4), convida (Ap 22.17), intercede (Rm 8.26), impede (At 16.6, 7), se entristece (Ef 4.30) e contende (Gn 6.3).
         O Espírito é do Pai (1 Co 2.12; 3.16) e do Filho (At 16.7; Gl 4.6). Filioque é um termo latino que significa literalmente “e do filho”, usado em teologia para indicar a dupla processão do Espírito Santo, do Pai e do Filho (Jo 15.26; 20.22). A divindade possui uma só essência ou substância indivisível, e Pai, Filho e Espírito Santo são três hipóstases, ou seja, “forma de existir”.
Usa-se comumente na teologia o termo “Pessoa” por falta de uma palavra mais precisa na linguagem humana para descrever cada uma dessas identidades conscientes. Quando se fala a respeito do Espírito Santo como terceira Pessoa da Trindade, isso não significa terceiro numa hierarquia, mas porque aparece em terceiro lugar na fórmula batismal: “batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19). As três hipóstases ou Pessoas são iguais em poder, glória e majestade, e não há entre elas primeiro e último.

HISTÓRIA DA DOUTRINA PNEUMATOLÓGICA
Período Pré-niceno
         O capítulo 3, sobre a Santíssima Trindade, explica por que o tema pneumatológico foi deixado de lado antes do Concílio de Niceia. A discussão era centrada em Jesus e a sua identidade, e a doutrina sobre o Espírito Santo raramente entrava nos debates.
São escassas as informações a respeito da identidade e das obras do Espírito Santo nos primeiros pais da Igreja.
         As discussões no final do segundo século e no século seguinte giravam em torno da identidade do Logos, e isso envolvia o Espírito Santo como a terceira Pessoa da Trindade. O tema dos grupos adocionistas e modalistas era sobre Deus e o monoteísmo, e nesses debates o Espírito Santo estava presente, mas sem aprofundamento acerca de sua natureza. A cristologia ocupou praticamente os debates dos séculos 3 e 4 e quase não sobrou espaço para a pneumatologia. Não houve discussão a respeito do Espírito Santo em Niceia.
         Orígenes, como visto no capítulo anterior, defendia uma Trindade influenciada pelo neoplatonismo: “O Filho é coeterno com o Pai, mas seu poder de ser é pouco inferior ao do Pai. É a mais alta das realidades geradas, mas menor do que o Pai. O mesmo se diz do Espírito Santo que age nas almas dos santos” (TILLICH, 2004, pp. 76, 77). No seu comentário sobre o evangelho de João 1.3, ele afirma que o Espírito Santo é criatura do Logos.
Não há muita coisa sobre o Espírito Santo nos séculos 2 e 3, e de tudo o que existe, há problemas e, em Orígenes em especial, mais erros do que acertos.

Depois de Niceia
         As controvérsias arianas continuaram. Ário negava a eternidade do Logos, defendia sua existência antes da encarnação, como as atuais testemunhas de Jeová, mas negava que ele fosse eterno com o Pai, insistia na tese de que o Verbo havia sido criado como primeira criatura de Deus. A palavra de ordem dos arianistas era:
“Houve tempo em que o Filho não existia”. Ário considerava também o Espírito Santo como criatura, embora esse tema estivesse fora das discussões na época e o os debates se concentrassem no Filho. Alexandre, bispo de Alexandria, se limitava a manter a antiga afirmação de que o Espírito Santo inspirou os profetas e apóstolos. Eusébio de Cesareia emprega a exegese de Orígenes, colocando o Espírito Santo em terceira categoria, como “um terceiro poder” e como uma das coisas que vieram à existência por meio do Verbo, na interpretação origeneana sobre João 1.3 (Preparatio Evangelica, 11.21).
         Não existia consenso sobre o Espírito Santo no Oriente nas primeiras décadas depois do Concílio de Niceia. Havia diversas interpretações. Uns diziam que as Escrituras Sagradas eram vagas sobre o assunto e por isso preferiam não se pronunciar; outros achavam que Ele era criatura; outros diziam que era um anjo; e outros, que era um espírito intercessor entre o Senhor Jesus e os anjos. Havia até triteístas entre eles.
Cirilo de Jerusalém apresenta alguns lampejos em favor da ortodoxia. Ele escreveu no ano 348 o seguinte: “O Espírito Santo é um e o mesmo; vivente e subsistente e que sempre está presente com o Pai e o Filho” (Catequese XVII.5). Cirilo diz ainda que o “Espírito Santo que é honrado com o Pai e o Filho e que no momento do santo batismo é simultaneamente incluído na Trindade Santa” (Catequese XVI.4).
         Na carta enviada a Serapião, bispo de Tmuis, cidade do Baixo Egito, Atanásio expõe o seu pensamento a respeito do Espírito Santo, afirmando que Ele partilha da mesma substância do Pai e do Filho: “O Espírito Santo é um, as criaturas são muitas e os anjos muitos. Que semelhança há entre o Espírito e as criaturas?
         Está claro, portanto, que o Espírito não é uma das muitas criaturas, nem tão pouco é um anjo. Mas porque ele é um, e ainda mais por que ele pertence ao Verbo que é um, ele pertence a Deus que é um, e um consubstancial com ele [homooúsion]” (Carta a Serapião I.27.3). Aqui Atanásio está dando uma resposta aos tropicianos. Ele refuta os arianos, os tropicianos e os pneumatomacianos. É claro e direto ao afirmar que o Espírito Santo é consubstancial com o Pai e com o Filho. “Em 362, entretanto, por ocasião do Concílio de Alexandria, Atanásio conseguiu aceitação para a proposição de que o Espírito não é uma criatura, mas pertence à substância do Pai e do Filho, sendo inseparável dela” (KELLY, 2009, p. 195).

Os pais capadócios
         Basílio de Cesareia, nos primeiros anos de sua pesquisa, era amigo e aliado de Eustáquio de Sebaste, líder dos pneumatomacianos. Contudo, depois de um exame mais preciso sobre o assunto, ele se encontrou com Eustáquio em Sebaste no ano de 372 e depois voltou a se encontrar com ele no ano seguinte, mas Eustáquio não concordou com a ideia de Basílio.
         Essa ruptura aconteceu em 373. Basílio a essa altura defendia a ortodoxia nicena e passou a combater os pneumatomacianos. Ele emprega cerca de 460 passagens bíblicas, sem contar as repetições, em seus escritos. O seu epistolário conta com 366 epístolas. Quem examinou todos os seus escritos afirma que “em lugar algum o Espírito Santo é chamado Deus, nem Sua consubstancialidade é afirmada explicitamente” (KELLY, 2009, pp. 196, 197). Mas, segundo Timothy P. McConnell, em sua obra Illumination in Basil of Caesarea’s Doctrines of the Holy Spirit (2004), Basílio dispensa a filosofia e evita termos filosóficos na teologia, preferindo a linguagem próxima da Bíblia.
         Basílio defende a divindade do Espírito Santo sem o uso desses termos: “Glorificamos o Espírito com o Pai e o Filho porque cremos que Ele não é estranho à natureza divina” (Epístola 159.2); “Quanto às criaturas, recebem de outrem a santificação, os pneumatomacianos. Ele escreveu com elegância e clareza sobre a Trindade e, especialmente, sobre o Espírito Santo por meio de epístolas, poemas e sermões, sendo as Orações ou Discursos Teológicos cincos sermões, numerados de 27 a 31.
         Ele foi o mais ousado dos três capadócios. Diz abertamente em alto e bom som que o Espírito Santo é Deus e consubstancial: “Então o quê? O Espírito é Deus? Sim, de fato é Deus. Então ele é consubstancial? Sim, é verdade, pois ele é Deus” (Discurso 31.10). Ele afirma no quinto Discurso Teológico: “Se houve tempo em que Deus não existia, então houve um tempo em que o Filho não existia. Se houve um tempo no qual o Filho não existia, então houve um tempo no qual o Espírito não existia. Se um existiu desde o começo, logo os três também existiram” (Discurso 31.4).
Foram os pais capadócios que definiram de uma vez para sempre a doutrina da Trindade aceita e ensinada pelos principais ramos do cristianismo. Eles completaram a tarefa de Atanásio. A partir deles, ficou esclarecida a verdadeira identidade do Espírito Santo; no entanto, a processão ainda está em aberto. Em Gregório de Nazianzo encontra-se sua extraordinária contribuição para a vitória final da fé nicena. Ele organizou os dados da revelação divina, registrados nas Escrituras, e afirmou categoricamente que o Espírito Santo é Deus. O Concílio de Constantinopla, 381, descreveu o Espírito como Deus e como “o Senhor e provedor da vida, que procede do Pai e é adorado e glorificado com o Pai e com o Filho”.
         Está claro nas Escrituras que ele é o Senhor e provedor da vida: “O Senhor é o Espírito” (2 Co 3.17); “Porque a lei do Espírito de vida” (Rm 8.2); “O Espírito é o que vivifica” (Jo 6.63); “e o Espírito vivifica” (2 Co 3.6); que ele procede do Pai (Jo 15.26); “o Espírito que provém de Deus” (1 Co 2.12); e que falou pelos profetas (2 Pe 1.21).
         O que parece crucial nessa declaração é o fato de o Espírito Santo ser adorado com o Pai e com o Filho. A frase “adorado e glorificado com o Pai e com o Filho” vem de Atanásio ao afirmar que o Espírito Santo: “está unido ao Filho, como está unido ao Pai, ele que é glorificado com o Pai e o Filho é chamado Deus com o Verbo, e realizando o que o Pai faz mediante o Filho” (Carta a Serapião I.25.2). E Basílio de Cesareia diz: “... e constrói as igrejas que confessam a sã doutrina em que o Filho é reconhecido ser da mesma substância do Pai, e o Espírito Santo é considerado e adorado com a mesma igualdade de honra” (Epístola, 90.2).
         Há uma única passagem nas Escrituras que fala diretamente sobre a adoração do Espírito Santo: “Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne” (Fp 3.3). O verbo “servir” aqui é latreuo, e em o sentido de prestar, culto, adorar, serviço sagrado. A construção grega aqui ficou ambígua e Agostinho de Hipona afirma que as gerações de cristãos antes dele adoravam o Espírito Santo com base nessa passagem paulina:
O Espírito Santo não é criatura. Ele, ao qual todos os santos prestam culto, no dizer do apóstolo: Os verdadeiros circuncidados somos nós, que servimos ao Espírito de Deus (Fl 3,3). E em grego estão designados pelo termo latreuontes.
         Em muitos exemplares de mesmo nos latinos assim se lê: Que servimos ao Espírito de Deus; assim se encontra também na maioria ou quase em todos os códices gregos. Em algumas cópias latinas, porém, o texto não é: Servimos ao Espírito de Deus, mas: Servimos a Deus, no Espírito (A Trindade, Livro I, 13).
         A cláusula grega para “somos nós, que servimos a Deus no Espírito”, em grego, hoi pneumati theou latreuontes, é ambígua porque a terminação –ti, no substantivo pneuma,“espírito”, significa tanto “no Espírito” como também “ao Espírito”, ou ainda “pelo Espírito” e também “com o Espírito”. A ausência de uma preposição em pneumati deixa o assunto em aberto naquilo que a gramática grega chama de caso dativo, caso locativo ou caso instrumental. Se é dativo, a frase significa “nós que adoramos/servimos/prestamos culto ao Espírito de Deus”. A. T. Robertson reconhece essa possibilidade: “Caso instrumental, ainda o caso dativo como o objeto de latreuō também tem bom sentido (adorando ao Espírito de Deus)” (ROBERTSON, tomo 4, 1989, p. 600).
         Há absoluta igualdade dentro da Trindade e nenhuma das três Pessoas está sujeita à outra, como se houvesse uma hierarquia divina. Existe, sim, uma distinção de serviço, e o Espírito Santo representa os interesses do Pai e do Filho na vida da Igreja na terra (Jo 16.13, 14). O Espírito Santo dá prosseguimento ao plano de salvação idealizado pelo Deus Pai e executado pelo Deus Filho.

As três Pessoas estão presentes, atuando cada uma na sua esfera de atuação, em perfeita harmonia e perfeita unidade.


Extraído do livro A razão de nossa fé: assim cremos, assim vivemos / Esequias Soares.
Casa Publicadora das Assembleias de Deus.



Subsídio Lição 05 Jovens 3º Trim 2017 - ANSIEDADE, A ANTECIPAÇÃO DO TEMPO


“Nossa ansiedade não esvazia os sofrimentos do amanhã, mas apenas esvazia as forças de hoje.”

— Charles H. Spurgeon

A ansiedade, esse estado emocional que atinge milhões de pessoas ao redor do mundo, já foi denominada de “a emoção oficial da nossa época”, o “mal do século”, “o fenômeno mais penetrante do nosso tempo”, dentre outros. O fato é que qualquer pessoa pode padecer de ansiedade.
Os estudos sobre isso são abundantes. Mas o que pode ser considerado ansiedade? O conceito mais admitido na atualidade é de autoria do psiquiatra australiano Aubrey Lewis, que, em 1967, aduziu a ansiedade como “um estado emocional com a qualidade do medo, desagradável, dirigido para o futuro, desproporcional e com desconforto subjetivo”.

O século XXI, inequivocamente, pode ser considerado como a era da ansiedade. Os homens fazem a antecipação do futuro, de maneira irracional, cheios de medos, mesmo não existindo um fato contundente objetivo iminente que arrime tal receio.

Esse medo irracional, essa preocupação exacerbada, marca notadamente as pessoas que não têm intimidade com Deus, pois está escrito que “no amor não há medo, mas o perfeito amor lança fora o medo [...]” (1 Jo 4.18, TB10). Assim, conhecendo a Deus, que é Amor, a pessoa excluirá o medo, e não haverá espaço para brotar a ansiedade.

O sentimento de medo é uma das armas poderosas que Satanás utiliza para desestabilizar e destruir as pessoas. C. S. Lewis, com perspicácia contumaz, expõe os conselhos de um velho demônio (Fitafuso) ao seu 1 REVISTA SUPERINTERESSANTE. Sobre a Ansiedade. Disponível em: <http://super.abnl. com.br/ciencia/sobre-a-ansiedade >. Acesso em: 9/8/2016.


sobrinho (Vermebile), desnudando a estratégia do inferno, o qual arrazoa que “nada é mais eficaz que o suspense e a ansiedade para proteger a mente de um ser humano contra o Inimigo (neste caso, Deus). [...] nossa tarefa (a dos demônios) é fazê-los pensar constantemente sobre o que lhes poderá acontecer”. Mais adiante, Fitafuso conclui a abordagem dizendo que “é fácil manipular o medo quando os pensamentos do paciente são desviados da causa do seu medo para o medo em si [,..]”.Que coisa interessante! C. S. Lewis compreendeu que os demônios sugerem que as pessoas vivam em contínuo medo, como se isso fosse um estado de espírito, ou a própria cruz que cada um tem de carregar, e dessa forma o indivíduo não lutará contra tal sentimento, tornando-se prisioneiro na masmorra da emoção.

Esse é o ponto perigoso. O medo, como um estado de espírito, funcionará como uma arma autodestrutiva, que se tornará mais relevante que o amor e a fé. Um impedimento ao crescimento espiritual. Um obstáculo às mudanças vindas de Deus. Por isso, o medo como estado de espírito pode arruinar todos os sonhos, destronar todos os ideais, apequenar a alma.

Morrie Schwartz, no final da vida, demonstrou que entendeu corretamente como se relacionar com o medo, esse inconveniente “visitante” que recorrentemente retorna, mas que nunca pode ser levado em consideração, nem jamais deve assumir o controle da situação. Ele disse:
“Se deixarmos o medo lá dentro, se o vestirmos como quem veste uma camisa, podemos dizer: ‘Muito bem, é só medo, não vou deixar que ele me domine. É só medo e nada mais’”.3 Assim, o professor Morrie Schwartz descreveu corretamente o modo como enfrentar os temores diários. “É só medo e nada mais”. Vida que segue. Ademais, como dizia Charles Spurgeon, “nossa ansiedade não esvazia os sofrimentos de amanhã, mas apenas esvazia as forças de hoje”.

Por isso, a ansiedade, esse deplorável “estado emocional” caracterizado, sobretudo, pela presença do medo quanto ao futuro, não é compatível com quem está cheio do Espírito Santo. Jesus, por exemplo, sempre enfrentou os maiores obstáculos corajosamente, sem temer, pois confiava em Deus, que expulsa todo o medo. Ele disse aos discípulos: “Eu afirmo a vocês, meus amigos: não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas depois não podem fazer mais nada” (Lc 12.4, NTLH).
Dessa forma, o Senhor estava blindando seus seguidores da ansiedade, pois ela só sobrevive na ambiência do medo. A situação é tão séria, que a Bíblia diz que os “medrosos” não entrarão no Reino de Deus.

Nesse"sentido, o Senhor ainda contou a parábola em que um homem, por medo, enterrou os talentos emprestados pelo seu patrão (Mt 25.24,25), sendo por tal razão severamente punido. Assim, Jesus estava outorgando aos discípulos a visão correta... Nutrindo-os da ousadia do Espírito Santo para enfrentar os desafios da vida cristã. Ele estava incutindo-lhes esperança e fé. Uma linguagem própria do Espírito Santo.
Nunca desanime, pois sempre haverá um final feliz para quem confia em Deus! Não temas. Dias melhores virão.

I. 0 Drama da Ansiedade

Um discurso sobre a ansiedade

A ansiedade é, sem dúvida, o mais irracional dos sentimentos. Ela torna a pessoa inquieta, antecipando a dor de uma “esperança demorada”, tornando fraco o coração (Pv 12.25; 13.12;), sem saber, sequer, se o episódio receado acontecerá. O pastor Claudionor Andrade assim define ansiedade: “[Do lat. ansietatem, aflição, inquietação, preocupação] Estado de angústia que induz os seres humanos a projetar — no futuro — perigos irreais, nascidos, via de regra, das interrogações do dia a dia”.

Esse sentimento de antecipação dos fatos da vida está presente em muitas pessoas, trazendo sérios efeitos colaterais, por não gerenciarem eficazmente seus pensamentos, permitindo que o medo conquiste todo o território emocional, somando sensações muito desagradáveis. O psicanalista Augusto Cury corrobora que “há muitas pessoas que sofrem por antecipação. Imaginam problemas que não aconteceram e sofrem como se já tivessem acontecido. Não sabem gerenciar sua ansiedade e pensamentos antecipatórios”.

Entretanto, para quem vive intimamente com Deus, a ansiedade não tem vez. Observe-se o exemplo de um grande homem de Deus chamado George Müller, o qual realizou uma obra extraordinária na Inglaterra no século XIX, cuidando de milhares de órfãos sem nunca pedir nenhum recurso financeiro a qualquer pessoa. Confiava todas as suas necessidades pessoais e do orfanato tão somente a Deus, buscando-o constantemente em oração. Nos últimos dias de sua vida de fé, Müller pregou um sermão em março de 1896, baseado no Salmo 77, abordando a crise de incredulidade do salmista. Nessa pregação expositiva, trouxe à tona o tema “ansiedade”, mencionando que ela fez o salmista perder o sono, não lhe permitindo ter “repouso do coração”. Por fim, o salmista, no clímax da angústia, disse Müller, observou que o problema estava nele e não em Deus, daí porque reconheceu: “Esta é a minha enfermidade”.

George Müller, ao longo da vida, nunca permitiu que essa doença da alma denominada ansiedade lhe roubasse o “repouso do coração”.
Sempre navegou pelas águas das incertezas da vida terrenal com uma sólida fé em Deus. Sua alma não se angustiou por antecipação, mas vivia um dia de cada vez, durante mais de sessenta anos em que manteve, pela fé, um orfanato que chegou a ter mais de duas mil crianças.

Sem dúvida, é preciso cada ser humano travar uma árdua batalha em sua própria alma, cotidianamente, para conseguir viver acima das circunstâncias, descansando nos braços eternos do Altíssimo.

Causas
Jesus identificou que a causa primacial da ansiedade é a falta de confiança em Deus, ao mencionar (Mt 6) que é preciso confiar em Deus como fazem os pássaros e os lírios do campo, e abandonar o hábito, como fazem os que não conhecem a Deus, de querer “antecipar o tempo” — ansiedade. Assim, a partir da falta de uma fé sólida, a ansiedade pode ser o ponto alto das emoções, e isso será terrível. Um grande mal a tirar o “repouso do coração”.

Nesse sentido, R. N. Champlin concorda, ao afirmar que a ansiedade “pode ser evitada pela fé” e que ela “não se coaduna com a vida cristã, porque nega essencialmente o poder da providência divina”.7 Dessa forma, a ansiedade tem origem numa espiritualidade rasa. A partir daí, ou seja, partindo dessa realidade, a psicologia poderá elencar as causas dessa terrível enfermidade da alma.

O pastor Wagner Gaby concorda que a falta de fé abre as portas para a ansiedade e que, para ninguém sofrê-la, basta somente confiar decisivamente em Deus, nos moldes de Mateus 6.33. Ele apresenta, ainda, como causas para a ansiedade “os acontecimentos veementes e pavorosos” que ocorrem em toda a parte, as necessidades financeiras, o medo de enfermidades, medo de rejeição, medo de desemprego, falta de autoestima,
dentre outras.8 Sem dúvida, as causas detectáveis são abundantes e podem variar de pessoa para pessoa. Uma coisa, porém, é certa: quem confia e espera em Deus, não busca viver uma antecipação do tempo, mas vive um dia de cada vez, experimentando o maravilhoso cuidado do Salvador.

Consequências

São inúmeras as consequências da ansiedade, as quais variam em cada indivíduo, de acordo com a intensidade do drama emocional.
Podem ser elencadas: estresse, estafa, fraqueza, desânimo, perda do apetite, gula, insônia, ataque de nervos, palpitações cardíacas, náuseas, sudorese, perda de memória... É possível também identificar como sintomas atrelados à ansiedade condutas como roer unhas, bater os pés, mexer as mãos constantemente e, inclusive, o aparecimento do excesso de peso, pois quando uma pessoa está ansiosa costuma comer constantemente, mesmo sem sentir fome. Além do mais, a ansiedade pode gerar, em longo prazo, até problemas físicos, as doenças psicossomáticas, que são “curadas” à proporção que a ansiedade desaparece!
Os danos causados pela ansiedade, portanto, podem ter consequências bastante amplas e graves.

Os estudiosos dividem a ansiedade em várias categorias: normal e neurótica, moderada e intensa, aguda e crônica. Ainda são considerados como tipos de ansiedade o Transtorno de Estresse Pós-Traumático e a Síndrome do Pânico, essa última, segundo estudos recentes, recebe a influência de aspectos psicológicos e também biológicos. Entretanto, aqui, não será abordada cada segmentação, com conceitos e individualizações, dessa “síndrome da antecipação do tempo” — a ansiedade. O foco será conhecê-la de uma forma geral, saber do que se trata e levar o leitor a encher-se de fé, a fim de que não reproduza o padrão de pensamento do mundo, que tanto danifica o funcionamento da “máquina humana”, o templo do Espírito Santo.

II. Um Jeito de Ver a Vida

A filosofia do mundo

A ansiedade é a filosofia do mundo. Por meio, dela as pessoas declaram, ainda que inconscientemente, que Deus não é o Sumo Bem.
Com a ansiedade, os momentos de oração rareiam, a leitura da Bíblia torna-se menos atrativa e até a frequência aos cultos pode diminuir.
Tudo isso são efeitos colaterais desse grande mal.

Não é à toa que Matthew Henry argumenta:

Dificilmente há um pecado contra o qual o nosso Senhor Jesus advirta mais ampla e intensamente os seus discípulos, ou contra o qual Ele os arme com maior variedade de argumentos, do que o pecado de cuidados que perturbam, distraem e trazem a desconfiança em relação às coisas da vida. Esta ansiedade é um mau sinal, que indica que o tesouro e o coração de uma pessoa estão na terra [,..]”.9

Assim, a ansiedade, a filosofia do mundo, apresenta-se completamente antagônica aos postulados da Bíblia, os quais ensinam que o Senhor cuida do seu povo e, por tal razão, centenas de vezes o Altíssimo disse aos seus filhos: “não temas”, porque é o Senhor quem provê até os mínimos detalhes da vida de cada pessoa que lhe serve. Nesse diapasão, C.S. Lewis diz que “quando ensinamos uma criança a escrever, seguramos-lhe a mão, ajudando-a a desenhar as letras. Ou seja, ela só pode formar as letras porque nós as formamos. Nós amamos e raciocinamos porque Deus ama e raciocina e, enquanto isso, segura a nossa mão”.10 11

Assim, seguindo o entendimento do excelente professor irlandês, Deus interage com os homens, segurando-os, ensinando-os, amando-os; todavia, a ansiedade surge a partir de ideias distintas, decorrentes de atribuir a Deus, supostamente, falta de interesse pela vida dos seres humanos. Dessa forma, ao utilizar esses raciocínios típicos do mundo, o povo de Israel fez um bezerro de ouro (Êx 32.1), Saul sacrificou precipitadamente (1 Sm 13.8-10), os amigos de Davi queriam apedrejá-lo (1 Sm 30.6) e Marta reclamou com Jesus (Lc 10.40,41).

O Príncipe da Paz, ao palmilhar por este mundo, preveniu fortemente seus discípulos contra essa sensação interna de apreensão, mencionando o termo “estar inquieto/preocupado” por seis vezes em dez versículos (Mt 6.25-34), descrevendo que homens que não conhecem ao Eterno sofrem ansiedade sobre a fome, sede e a falta de roupas (vv. 25,31,32).
A Bíblia, porém, orienta que ninguém esteja ansioso por coisa alguma (Fp 4.6) e que a ansiedade, como um manto velho, deve ser lançada aos cuidados de Deus (1 Pe 5.7) — o verbo usado significa literalmente lançar, jogar fora, no mesmo sentido das palavras do SI 55.22). Deus sempre tranquiliza seus filhos dizendo: “não te deixarei, nem te desampararei” (Dt 31.8; Js 1.5; Hb 13.5).

A filosofia dos passarinhos

Diferentemente do jeito de pensar daqueles que não conhecem ao Senhor, os pássaros, conforme disse Jesus em Mateus 6.26, ainda que não possuam qualquer garantia de sobrevivência no futuro, não encaram a vida “se preocupando com provisões, como as pessoas se preocupam”.
Ninguém precisa lhes explicar que “Deus os sustenta”.11 Eles não têm a menor dúvida quanto a isso!

É maravilhoso observar que os passarinhos utilizam a filosofia do Reino de Deus para viver. Como bem disse Martin Luther King, “mesmo as noites totalmente sem estrelas podem anunciar a aurora de uma grande realização”; e os pássaros parecem entender isso. Talvez, por tal razão, eles voem e cantem livremente, a qualquer tempo, pois nunca estão desmotivados em seguir adiante, visto que não possuem nenhum obstáculo psicológico que os deixe aprisionados no cárcere das emoções negativas. Voam e cantam porque não receiam os fatos do amanhã, nem buscam antecipá-los. Vivem um dia de cada vez. Eles têm paz.

Ao que tudo indica, Jesus estava utilizando a filosofia mencionada por Jó: “[...] pergunta agora às alimárias, e cada uma delas to ensinará; e às aves dos céus, e elas to farão saber” (Jó 12.7). Assim, o Senhor mandou seus discípulos analisarem como os pássaros vivem, explicando que as aves não plantam, não colhem e nem estocam, porém nunca se ouviu falar que sequer uma delas, em seu habitat, tenha morrido de fome! Os pássaros livres na natureza morrem por causa de predadores, doenças, idade avançada, mas não por falta de comida. Está escrito que o Senhor “dá aos animais o seu sustento e aos filhos dos corvos, quando clamam” (SI 147.9). É possível, por isso, parafrasear o rei Davi (SI 37.25), ao dizer “sou velho, já fui moço, mas nunca vi um pássaro desamparado, nem seus filhotes morrerem por falta de pão”.

Os pássaros cumprem o propósito para o qual o Criador os fez e sabem que, com isso, terão provisões diárias. Simples assim. E qual é o papel deles? Talvez, secundariamente, equilibrar o ecossistema evitando a proliferação de parasitas e ampliar a disseminação de espécies da flora, mas a função primordial, sem dúvida, é louvar a Deus! Não existe algo mais nobre. Eles são os cantores do Reino, não obstante todos os seres também louvem ao Senhor (SI 150.6).

Embora os pássaros sejam exímios cantores, não é deles que Deus extrai o perfeito louvor, mas dos homens que, como criança, aproximam-se do Todo-Poderoso (Mt 21.16). Assim, os pássaros, e consequentemente o louvor que eles entoam, não são tão importantes quanto os servos de Deus e os louvores que eles cantam. Diante disso Jesus questionou: “Vocês não valem muito mais que pássaros?”. Que argumento poderoso!
O Senhor estava dizendo: “Comparem, reflitam... Vale a pena confiar em mim, como fazem os passarinhos”.


A filosofia dos lírios do campo

Jesus determinou que os discípulos meditassem também sobre os lírios do campo, porque a filosofia de vida deles era extraordinária e tinha muito a ensinar. Eles, diferentemente dos pássaros, viviam poucas horas e não ofereciam nenhum louvor audível, sequer trabalhavam, porém Deus lhes concedia crescimento exuberante para embelezar os campos e exalar fragrância agradável. Uma vida curta, porém com propósito impressionante. Nessa rápida existência, Deus os vestia com uma roupa tão especial que nem mesmo o rei Salomão igualava-se a eles em nobreza (Mt 6.28-30).

Matthew Henry, ao se referir à filosofia dos lírios do campo, assim se pronuncia:

Considere como os lírios são frágeis; eles são a erva do campo. [...] são livres de preocupação; eles trabalham não como os homens, para conseguir a roupa, mas como servos, para ganharem a sua aparência característica. [...] São belos e finos; como eles crescem... Confie naquele que veste os lírios, para lhe prover o que você vestirá. [...] Se Ele veste a erva que vive tão pouco tempo, muito mais vestirá você que foi criado para a imortalidade.

Os lírios do campo, mesmo frágeis, fininhos e sem proteção, não ficam atormentados quanto ao futuro, pois eles são alimentados por Deus através do maravilhoso processo da fotossíntese. Ademais, o Senhor provê para eles uma roupa especial, que os mantém com uma dignidade e elegância tais nos prados como nenhum governante humano jamais conseguiu ostentar. Deus escolhe as coisas fracas do mundo para confundir as fortes! Ele capricha nos mínimos detalhes na vida animal e vegetal para ensinar aos homens uma faceta do seu maravilhoso caráter:
é um Pai cuidadoso que sustenta todas suas criaturas. Não importa o tempo de vida do projeto, Deus o fará crescer, e Ele mesmo cuidará dos detalhes (Mt 6.30), providenciando o que há de melhor. Quem anda com Deus, portanto, não tem motivos para cometer o pecado da ansiedade.


III. A Terapia de Deus

Dependência de Deus

O Salmo 23 apresenta a terapia de Deus para combater a ansiedade. Começa dizendo que “o Senhor é meu pastor, nada me faltará. Deitar- -me faz [...]” (SI 23.1,2). Com esse pensamento, o medo do futuro cai por terra e é possível descansar em Deus, que se torna a suficiência da alma sedenta. O salmista, ao cantar esse louvor, lançava fora “toda a ansiedade, porque Ele tem cuidado [...]” (1 Pe 5.7).

Com isso, exercita-se na dependência do Senhor, como fazem as aves e os lírios do campo, que é a primeira atitude exigida nessa terapia divina.
Por essa estrada caminharam todos os grandes heróis da fé mencionados na Bíblia, os quais viveram dependentemente do cuidado divino.

Enfrentando os medos

Após estar envolvido pelo terno amor do Salvador, cujo cuidado é perene, o segundo passo é enfrentar os seus medos. “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria [...]” (SI 23.4). O vale da sombra da morte é um lugar comum para todos os viajantes cristãos. É lá onde os receios são enfrentados e vencidos, porque o Senhor caminha junto ao crente. Isso fica claro quando o salmista diz que o medo não pode prevalecer, porque “Tu estás comigo”. Na ambiência do amor, o medo não prevalece (1 Jo 1.4).

Observe-se que aqueles que estão aprimorados em amor e fé, ao serem confrontados com seus medos, criam novas forças, porém os que vivem uma crença superficial fogem. Prova disso é o episódio de Israel contra os midianitas, na época de Gideão (Jz 6—7). Deus disse
que os covardes e medrosos (Jz 7.3) não fossem à batalha. Ao serem confrontados com o maior medo deles — o exército midianita —, 22 mil israelitas desistiram de lutar. Depois, 9.700 outros homens foram dispensados e só permaneceram trezentos fiéis com Gideão — homens de fé, os quais, diante do grave perigo, perderam o medo... Encurralados pelas circunstâncias, permaneceram firmes. Era desses que o Senhor precisava, pois sabia que eles dariam o melhor de suas forças naquela conquista. Interessante que, antes de serem confrontados, os trezentos, durante anos, nada fizeram contra os midianitas que os oprimiam. Mas, agora, livres do medo, tornaram-se campeões de Jeová!

Surpresas de Deus

No contexto do Salmo 23, por fim, encerrando a terapia, o Senhor assegura que o futuro dos seus filhos será muito feliz, pois eles terão “bondade e misericórdia” na Casa de Deus por longos dias. Não há, pois, o que temer. O próprio Deus estará com eles constantemente (Mt 28.20). Na presença do Altíssimo, dias melhores virão.


Corrie Ten Boom, uma cristã holandesa que ficou prisioneira em campo de concentração alemão durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), afirmava: “Não tenha medo de confiar um futuro desconhecido a um Deus conhecido!” Com essa fé, ela sobreviveu ao Holocausto e, encerrada a guerra, pregou em mais de sessenta países falando sobre a experiência de enfrentar o horror da morte pelos nazistas e ser surpreendida, cotidianamente, com a forte presença de Deus ao seu lado. Ela descansou no Senhor estando no mais profundo poço de sofrimento e foi salva da morte iminente na década de 1940, sendo recolhida ao celeiro celestial somente em 1983, aos 91 anos.


Fonte:  LIVRO TEMPO PARA TODAS AS COISAS
Aproveitando as Oportunidades que Deus nos dá
REYNALDO ODILO

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Sábado - At 1.9 - Jesus subiu aos céus.

E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos.

Neste domingo estaremos estudando na E.B.D .a respeito  de Jesus  Cristo , o nosso senhor e salvador.  Os versículos aqui comentado são retirado do livro comentário bíblico  aplicação pessoal, aprovado pelo conselho de doutrinas das Assembleias de Deus.

At. 1.9 Depois de dar esta importante missão, Jesus foi elevado às alturas, vendo-o eles, e uma nuvem o recebeu. Esta nuvem simbolizava a glória de Deus. No Antigo Testamento, lemos que uma nuvem guiou os israelitas pelo deserto (Êx 13.21,22), e que Deus tornou a sua presença conhecida ao povo aparecendo numa nuvem (Êx 16.10; 19.9,16; 24.15-18; 33.9,10; 34.5; 40.34,35).
Uma nuvem também envolveu Jesus e três dos seus discípulos na Transfiguração (Lc 9.34,35) como um símbolo visível da presença de Deus. Assim, quando Jesus voltou para a glória, Ele voltou numa nuvem.
         Os discípulos precisavam ver Jesus fazer esta transição. A ascensão confirmaria para eles que Jesus era verdadeiramente Deus.

Além disto, eles testemunharam o fato que Ele tinha deixado a terra fisicamente, e tinha voltado ao seu lar celestial; assim, o trabalho remanescente seria feito pelas testemunhas que Ele tinha deixado na terra, operando com o poder do prometido Espírito Santo.