segunda-feira, 7 de agosto de 2017

João Wesley Tocha tirada do fogo- Heróis da Fé

João Wesley
Tocha tirada do fogo
(1703-1791)
imagem da internet

O céu, à meia-noite, era iluminado pelo reflexo sombrio das chamas que devoravam vorazmente a casa do pastor Samuel Wesley. Na rua, ouviam-se os gritos: "Fogo! Fogo!" Contudo, a família do pastor continuava a dormir tranquilamente, até que os escombros ardentes caíram sobre a cama de uma filha, Hetty. A menina acordou sobressaltada e correu para o quarto do pai. Sem poder salvar coisa alguma das chamas, a família foi obrigada a sair casa a fora, vestindo apenas as roupas de dormir, numa temperatura gélida.
            A ama, ao ser despertada pelo alarme, arrebatou a criança menor, Carlos, do berço. Chamou os outros meninos, insistindo que a seguissem, desceu a escada; porém, João, que então contava cinco anos e meio, ficou dormindo. Três vezes a mãe, Susana Wesley, que se achava doente, tentou, debalde, subir a escada. Duas vezes o pai tentou, em vão, passar pelo meio das chamas, correndo. Sentindo o perigo, ajuntou a família no jardim, onde todos caíram de joelhos e suplicaram a favor da criança presa pelo fogo. Enquanto a família orava, João acordou e, depois de tentar descer pela escada, subiu numa mala que estava em frente a uma janela, onde um vizinho o viu em pé. O vizinho chamou outras pessoas e conceberam o plano de um deles subir nos ombros de um primeiro enquanto um terceiro subia nos ombros do segundo, e alcançaram a criança. Dessa maneira, João foi salvo da casa em chamas, apenas instantes antes de o teto cair com grande fragor. O menino foi levado, pelos intrépidos homens que o salvaram, para os braços do pai. "Cheguem, amigos!", clamou Samuel Wesley, ao receber o filhinho, "ajoelhemo-nos e agradecemos a Deus! Ele me restituiu todos os meus filhos; deixem a casa arder; os meus recursos são suficien- tes." Quinze minutos depois, casa, livros, documentos e mobiliários, não existiam mais. Anos depois, em certa publicação, apareceu o retrato de João Wesley e embaixo a representação de uma casa ardendo, com as palavras: "Não é este um tição tirado do fogo?" (Zacarias 3.2).
            Encontra-se nos escritos de Wesley, a seguinte referência interessante, desse histórico sinistro: "Em 9 de fevereiro de 1750, durante um culto de vigília, cerca das onze horas da noite, lembrei-me de que era esse o dia e a hora, havia quarenta anos, em que me tiraram das chamas. Aproveitei-me do ensejo para relatar a maravilhosa providência. Os louvores e as ações de graças subiram às alturas e grande foi o regozijo perante o Senhor". Tanto o povo, como João Wesley, já sabiam naquele tempo porque o Senhor o poupara do incêndio.
            O historiador Lecky, nomeia o Grande Avivamento como sendo a influência que salvou a Inglaterra de uma revolução, igual à que, na mesma época, deixou a França em ruínas. Dos quatro vultos que se destacaram no Grande Avivamento, João Wesley era o maior. Jônatas Edwards, que nasceu no mesmo ano de Wesley, faleceu trinta e três anos antes dele; Jorge Whitefield, nascido onze anos depois de Wesley, faleceu vinte anos antes dele; e Carlos Wesley continuou o seu itinerário efetivo somente dezoito anos, enquanto João continuou durante meio século.
            Mas a biografia deste célebre pregador, para ser completa, deve incluir a história de sua mãe, Susana. De fato, é como certo biógrafo escreveu: "Não se pode traçar a história do Grande Avivamento do século passado (1700), na Inglaterra, sem dar uma grande parte da herança merecida à mãe de João e Carlos Wesley; isso não somente por causa da instrução que inculcou profundamente aos filhos, mas por causa da direção que deu ao avivamento."
            A mãe de Susana era filha de um pregador. Esforçada na obra de Deus, casou-se com o eminente ministro, Samuel Annesley. Dos vinte e cinco filhos deste enlace, Susana era a vigésima quarta. Durante a vida, seguiu o exemplo da sua mãe, passando uma hora de madrugada e outra à noite, orando e meditando sobre as Escrituras. Pelo que ela escreveu certo dia, vê-se como se dedicava à oração: "Que Deus seja louvado por todos os dias em que nos comportamos bem. Mas estou ainda descontente, porque não desfruto muito de Deus; sei que me conservo demasiada- mente longe dele; anseio ter a alma mais intimamente ligada a Ele pela fé e amor".
            João era o décimo-quinto filho dos dezenove filhos de Samuel e Susana Wesley. O que vamos transcrever, escrito pela mãe de João, mostra como ela era fiel em "ordenar a seus filhos e a sua casa depois" dela (Gênesis 18.19): "Para formar a mente da criança, a primeira coisa é vencer-lhe a vontade. A obra de instruir o intelecto leva tempo e deve ser gradual, conforme a capacidade da criança. Mas o subjugar-lhe a vontade deve ser feito de uma vez, e quanto mais cedo tanto melhor... Depois, pode-se governar a criança pela razão e piedade dos pais, até chegar o tempo de a criança poder, também exercer o raciocínio."
            Acerca de Samuel e Susana Wesley e seus filhos, o célebre comentador da Bíblia, Adão Clark, escreveu: "nunca li nem ouvi falar duma família; não conheço e nem existe outra, desde os dias de Abraão e Sara, de José e Maria de Nazaré, à qual a raça humana deve tanto."
            Susana Wesley acreditava que "aquele que poupa a vara, aborrece a seu filho" (Provérbios 13.24), e não consentia que seus filhos chorassem em voz alta. Assim, apesar de a casa estar repleta de crianças, nunca havia tempos tristonhos nem balbúrdia no lar do pastor. Um filho jamais ganhou coisa alguma chorando, na casa de Susana Wesley.
            Susana marcava o quinto aniversário de cada filho como o dia em que deviam aprender o alfabeto; e todos, a não ser dois, cumpriram a tarefa no tempo marcado. No dia seguinte, a criança que completava cinco anos e aprendia o alfabeto, começava o estudo da leitura, iniciando-o com o primeiro versículo da Bíblia.
            "Os meninos no lar de Samuel Wesley aprenderam o valor que há em observar fielmente os cultos. Não há em outras histórias fatos tão profundos e atraentes como o que consta acerca dos filhos de Samuel e Susana Wesley, pois antes de saberem ajoelhar-se ou falar, eram instruídos a dar graças pelo alimento, por meio de acenos apropriados. Logo que aprendiam a falar, repetiam a Oração Dominical de manhã e à noite; e eram ensinados, também, a acrescentar outros pedidos, conforme o seu desejo... Ao chegarem à idade própria, um dia da semana era designado a cada filho, para conversar sobre as 'dúvidas e dificuldades'. Na lista aparecem os nomes de João, para quarta-feira, e o de Carlos, para o sábado. E para os filhos, o dia de cada um tornou-se precioso e memorável... É comovente ler o que João Wesley, vinte anos depois de sair da casa paterna disse à sua mãe: "Em muitas coisas a senhora tem intercedido por mim e tem prevalecido. Quem sabe se agora também, na intercessão para que eu renuncie inteiramente o mundo, terá bom êxito?... Sem dúvida será tão eficaz para corrigir o meu coração, como era então para formar o meu caráter."            Depois do espetacular salvamento de João do incêndio, sua mãe, profundamente convencida de que Deus tinha grandes planos para seu filho, resolveu firmemente criá-lo para servir e ser útil na obra de Cristo. Susana escreveu estas palavras nas suas meditações particulares: "Senhor, esforçar-me-ei mais definitivamente em prol desta criança, a qual salvaste tão misericordiosamente. Procurarei transmitir-lhe fielmente ao coração os princípios da tua religião e virtude. Senhor, dá-me a graça necessária para fazer isso sincera e sabiamente, e abençoa os meus esforços com grande êxito!"
            Ela era tão fiel, em cumprir sua resolução, que João foi admitido a participar da Ceia do Senhor, com a idade de oito anos.
            Nunca se omitia o culto doméstico do programa do dia, no lar de Samuel Wesley. Fosse qual fosse a ocupação dos membros da família, ou dos criados, todos se reuniam para adorar a Deus. Na ausência do marido, Susana, com o coração aceso pelo fogo dos céus, dirigia os cultos. Conta-se que, certa vez, quando ele prolongou a ausência mais do que de costume, trinta e quarenta pessoas assistiram aos cultos no lar dos Wesley e a fome pela Palavra de Deus aumentou, a ponto de a casa ficar repleta das pessoas da vizinhança que assistiam aos cultos.
            A família do pastor Samuel Wesley vivia rodeada de pobreza, mas pela influência do Duque de Buckinghan, conseguiram um lugar para João na Charterhouse, em Londres. Assim, o menino, antes de completar onze anos, deixou a atmosfera fragrante de oração ardente, para enfrentar as porfias de uma escola pública. Contudo, não cedeu ao ambiente de pecado de que estava rodeado. Conservava, também, as suas forças físicas, obedecendo fielmente o conselho de seu pai, que corresse três vezes, de madrugada, em redor do grande jardim da Charterhouse. Tomou como regra da sua vida, dali em diante, manter o vigor do corpo. Aos 80 anos, apesar de seu físico franzino, considerava coisa insignificante andar de pé uma légua e meia, para pregar.
            Conta-se um exemplo da influência que João exercia sobre seus colegas de Charterhouse. Certo dia o porteiro sentiu falta dos meninos no terraço de recreio e foi achá-los em uma das salas, congregados em redor de João. Este contava-lhes histórias instrutivas, as quais atraíam mais do que o recreio.
            Acerca deste tempo, João Wesley escreveu: "Eu participava de várias coisas que reconhecia como sendo pecado, embora não fossem escandalosas aos olhos do mundo. Contudo, continuei a ler as Escrituras e a orar de manhã e à noite. Baseava a minha salvação sobre os seguintes pontos:1) Não me considerava tão perverso como o próximo. 2) Conservava a inclinação de ser religioso. 3) Lia a Bíblia, assistia aos cultos e fazia oração".
            Depois de estudar seis anos na Charterhouse, Wesley cursou em Oxford, tornando-se proficiente no latim, grego, hebraico e francês. Mas seu interesse principal não era o intelecto. Sobre esse assunto ele escreveu: "Comecei a reconhecer que a religião verdadeira tem a sua fonte no cora- ção... reservei duas horas, todos os dias, para ficar sozinho com Deus. Participava da Ceia do Senhor de oito em oito dias. Guardei-me de todo o pecado, quer de palavras, quer de atos. Assim, na base das boas obras que praticava, eu me considerava um bom crente".
            João se esforçava para levantar-se todos os dias às quatro horas. Por meio de anotações que escrevia diariamente de tudo que fazia durante o dia, conseguia dar conta de seu tempo para não desperdiçar um momento. Continuou a observar esse costume até quase o último dia da sua vida.
            Certo dia, quando ainda jovem, assistiu a um enterro em companhia de um moço, e conseguiu levá-lo a Cristo, ganhando, assim, a primeira alma para seu Salvador. Alguns meses depois, com a idade de 24 anos, e depois de um período de oração, foi separado para o diaconato.     Enquanto estudava em Oxford, ajuntava-se ali um pequeno grupo dos estudantes para orar, estudar as Escrituras juntos diariamente, jejuar às quartas e sextas-feiras, visitar os doentes e encarcerados e confortar os criminosos na hora da execução. Todas as manhãs e todas as noites cada um passava uma hora orando sozinho em oculto. Nas orações paravam de vez em quando para observarem se oravam com o devido fervor. Sempre oravam ao entrar e ao sair dos cultos na igreja. Três dos membros desse grupo, mais tarde tornaram-se famosos entre os crentes: 1) João Wesley, que talvez tenha feito mais que qualquer outro para aprofundar a vida espiritual, não somente de então, mas também de nosso tempo; 2) Carlos Wesley, que chegou a ser um dos mais espirituais e famosos escritores de hinos evangélicos; e 3) Jorge Whitefield, que se tornou o comovente pregador ao ar livre.
             Naquele tempo, sentia-se a influência de João Wesleyem muitas partes das Américas, e hoje ainda é sentida. Contudo, passou menos que dois anos neste continente, e isto durante o período da sua vida, quando se achava perturbado por causa de dúvidas. Aceitou a chamada para pregar o Evangelho aos silvícolas na colônia de Geórgia, desejoso de ganhar sua salvação por meio de boas obras. Pensou que vaidade e ostentação mundana não se encontrariam nas matas da América.
            Como era característico em sua vida, a bordo do navio em viagem à América do Norte, observava, com outros de seu grupo, um programa para não desperdiçar um momento durante o dia; levantava-se às quatro horas e deitava-se depois das vinte e uma. As primeiras três horas do dia eram dedicadas à oração e estudo das Escrituras. Depois de cumprir tudo que estava indicado no programa do dia, o cansaço era tanto que, não obstante o bramido do mar e o balanço do navio, dormiam sem perturbação, deitados sobre um cobertor estendido no convés.
            Na Geórgia, a população inteira afluía à igreja para ouvir a sua pregação. A influência de seus sermões foi tal que, depois de dez dias, uma sala de baile ficou quase inteiramente abandonada, enquanto a igreja se enchia de pessoas que oravam e eram salvas.
            Whitefield, que desembarcou na Geórgia alguns meses depois de Wesley voltar à Inglaterra, assim descreveu o que viu: "O êxito de João Wesley na América é indizível. Seu nome é precioso entre o povo, onde lançou os alicerces que nem os homens nem os demônios podem abalar. Oh! que eu possa segui-lo como ele seguiu a Cristo!" Contudo, a Wesley faltava uma coisa muito importante, conforme se vê pelos acontecimentos que o levaram a sair da Geórgia, como ele mesmo escreveu:
            "Faz dois anos e quase quatro meses que deixei a minha terra natal para pregar Cristo aos índios da Geórgia; entretanto, o que cheguei eu â saber? Ora, vim a saber o que eu menos esperava: fui à América para converter outros, mas nunca fora realmente convertido a Deus."
            Depois de voltar à Inglaterra, João Wesley começou a servir a Deus com a fé de um filho e não mais com a fé dum simples servo. Acerca desse assunto, eis o que ele escreveu:"Não reconhecia que esta fé era dada instantaneamente, que o homem podia sair das trevas para a luz imediata- mente, do pecado e da miséria para a justiça e gozo do Espírito Santo. Examinei de novo as Escrituras sobre este ponto, especialmente Atos dos Apóstolos. Fiquei grandemente surpreendido ao ver quase que somente conversões instantâneas; quase nenhuma tão demorada como a de Saulo de Tarso". Desde então começou a sentir mais e mais fome e sede de justiça, a justiça de Deus pela fé.
            Fracassara na sua primeira tentativa de pregar o Evangelho na América, porque, apesar de seu zelo e bondade de caráter, o cristianismo que possuía era uma coisa que recebera por instrução. Mas a segunda etapa de seu ministério destacou-se por um êxito fenomenal. E porque o fogo de Deus ardia na sua alma, chegara a ter contato direto com Deus por uma experiência pessoal.            Relatamos aqui, com suas próprias palavras, a sua experiência na qual o Espírito testificou ao seu espírito que era filho de Deus. Essa experiência transformou completamente a sua vida.
            "Eram quase cinco horas, hoje, quando abri o Novo Testamento e encontrei estas palavras: 'Ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas para que por elas fiqueis participantes da natureza divina" (2 Pedro 1.4). Antes de sair, abri mais uma vez o Novo Testamento para ler estas outras palavras: 'Não estás longe do reino de Deus...' (Marcos 12.34). À noite, senti-me impelido a assistir em Aldersgate... Senti o coração abrasado; confiei em Cristo, somente em Cristo, para a salvação: foi-me dada a certeza de que Ele levara os meus pecados e de que me salvara da lei do pecado e da morte. Comecei a orar com todas as minhas forças... e testifiquei a todos os presentes do que sentia no coração."
            Depois dessa experiência em Aldersgate, Wesley aspirava a bênçãos ainda maiores do Senhor, conforme ele mesmo escreveu: "Eu suplicava a Deus que cumprisse todas as suas promessas na minha alma. O Senhor honrou este anelo, em parte, não muito depois, enquanto eu orava com Carlos, Whitefield e cerca de sessenta outros crentes em Fetter Lane". São de João Wesley também estas palavras: "Cerca das três horas da madrugada, enquanto perseverávamos em oração (Romanos 12.12), o poder de Deus nos sobreveio de tal maneira, que bradamos impulsionados de grande gozo e muitos caíram ao chão. A seguir, ao passar um pouco o temor e a surpresa que sentimos na presença da majestade divina, rompemos em uma só voz: 'Louvamos-te, ó Deus, aceitamos-te como Senhor'".
            Essa unção do Espírito Santo dilatou grandemente os horizontes espirituais de Wesley; o seu ministério tornou-se excepcionalmente frutuoso e ele trabalhou ininterruptamente durante 53 anos, com o coração abrasado pelo amor divino.
Um pastor prega, em média, cem vezes por ano, mas João Wesley pregou cerca de 780 Vezes por ano, durante 54 anos. Esse homenzinho, com a altura de apenas um metro e sessenta e seis centímetros e pesando menos de sessenta quilos, dirigia-se a grandes multidões e sob as maiores provações. Quando as igrejas lhe fecharam as portas, levantou-se para pregar ao ar livre.
            Apesar de enfrentar a apatia espiritual quase geral nos crentes, a par de uma onda de devassidão e crimes no país inteiro, multidões de 5 mil a 20 mil afluíam para ouvir seus sermões. Tornou-se comum, nesses cultos, os pecadores acharem-se tão angustiados, que gritavam e gemiam. Se célebres materialistas, tais como Voltaire e Tomaz Paine, gritaram de convicção ao se encontrarem com Deus no leito de morte, não é de admirar que centenas de pecadores gemessem, gritassem e caíssem ao chão, como mortos, quando o Espírito Santo os levava a sentir a presença de Deus. Multidões de perdidos, assim, tornavam-se novas criaturas em Cristo Jesus, nos cultos de João Wesley. Muitas vezes os ouvintes eram levados às alturas de amor, gozo e admiração; recebiam também visões da perfeição divina e das excelências de Cristo, até ficarem algumas horas como mortos. (Ver Apocalipse 1.17.)
            Como todos que invadem o território de Satanás, os irmãos Carlos e João Wesley, tinham de sofrer terríveis perseguições. Em Moorfield os inimigos do Evangelho acabaram com o culto, destruindo a mesa em que João subira para pregar e o insultaram e maltrataram. Em Sheffield, a casa foi demolida sobre a cabeça dos crentes. Em Wednesbury, destruíram as casas, roupas e móveis dos crentes, deixando-os desabrigados, expostos à neve e ao temporal. Diversas vezes João Wesley foi apedrejado e arrastado como morto, na rua. Certa vez foi espancado na boca, no rosto e na cabeça até ficar coberto de sangue.
            Mas a perseguição da parte da igreja decadente era a sua maior cruz. Foram denunciados como "falsos profetas", "paroleiros", "impostores arrogantes", "homens destros na astúcia espiritual", "fanáticos", etc. Ao voltar para visitar Epworth, onde nascera e se criara, João assistiu, no domingo, ao culto da manhã e ao culto da tarde, na igreja onde seu pai fora fiel pastor durante muitos anos, mas não lhe foi concedida a oportunidade de falar ao povo. Às dezoito horas, João, em pé, sobre o monumento, que marcava o lugar em que enterraram seu pai, ao lado da igreja, pregou ao maior auditório jamais visto em Epworth - e Deus salvou muitas almas.
- Qual a causa de tão grande oposição? Entre os crentes da igreja dormente , alegava-se que eram as suas pregações sobre a justificação pela fé, e a santificação. Os descrentes não gostavam dele porque "levou o povo a se levantar para cantar hinos às cinco da madrugada."
            João Wesley não somente pregava mais que os outros pregadores, mas os excedia como pastor, exortando e confortando os crentes, e visitando de casa em casa.
             Nas suas viagens, andava tanto a cavalo, como a pé, ora em dias ensolarados, ora sob chuvas, ora em temporais de neve. Durante os 54 anos do seu ministério, andou, em média, mais de 7 mil quilômetros por ano, para alcançar os pontos de pregação.
             Esse homenzinho que andava 7 mil quilômetros por ano, ainda tinha tempo para a vida literária. Leu não menos de 1.200 tomos, a maior parte enquanto andava a cavalo. Escreveu uma gramática hebraica, outra de latim, e ainda outras de francês e inglês. Serviu durante muitos anos como redator dum jornal de 56 páginas. O dicionário completo que compilou da língua inglesa era muito popular, e seu comentário sobre o Novo Testamento ainda tem grande circulação. Revisou e republicou uma biblioteca de cinqüenta volumes, reduzindo-a para trinta volumes. O livro que escreveu sobre a filosofia natural teve grande aceitação entre o ministério. Compilou uma obra de quatro volumes sobre a história da Igreja. Escreveu e publicou um livro sobre a história de Roma e outro sobre a da Inglaterra. Preparou e publicou três volumes sobre medicina e seis sobre música para os cultos. Depois da sua experiência em Fetter Lane, ele e seu irmão Carlos, escreveram e publicaram 54 hinários. Diz-se que ao todo escreveu mais que 230 livros. Esse homem de físico franzino, ao completar 88 anos, escreveu:
            "Durante mais de 86 anos não experimentei qualquer debilidade de velhice; os olhos nunca escureceram, nem perdi o meu vigor". Com a idade de 70 anos, pregou a um auditório de 30 mil pessoas, ao ar livre, e foi ouvido por todos. Aos 86 anos fez uma viagem à Irlanda, na qual, além de pregar seis vezes ao ar livre, pregou cem vezes em sessenta cidades. Certo ouvinte assim se referiu a Wesley: "Seu espírito era tão vivo como aos 53 anos, quando o encontrei pela primeira vez".
            Atribuiu a sua saúde às seguintes regras: 1) Ao exercício constante e ar fresco. 2) Ao fato de nunca, mesmo doente ou com saúde, em terra ou no mar, haver perdido uma noite de sono desde o seu nascimento. 3) À habilidade de dormir, de dia ou de noite, ao sentir-se cansado. 4) Ao fato de observar a regra por mais que sessenta anos de se levantar às 4 horas da manhã. 5) Ao costume de sempre orar às 5 da manhã, durante mais que cinqüenta anos. 6) Ao fato de quase nunca sofrer de dor, desânimo ou cuidado durante a vida inteira.
            Não nos devemos esquecer da fonte desse vigor que João Wesley manifestava. Passava duas horas diariamente em oração, e muitas vezes mais. Iniciava o dia às quatro horas. Certo crente que o conhecia intimamente, assim escreveu acerca dele: "Considerava a oração a coisa mais importante da sua vida e eu o tenho visto sair do quarto com a serenidade de alma visível no rosto até quase brilhar".
            A qualquer história da vida de João Wesley faltará o ponto principal, se não se fizer menção dos cultos de vigília que se realizavam uma vez por mês entre os crentes. Esses cultos se iniciavam às 20 horas e continuavam até depois da meia-noite - ou até cair o Espírito Santo sobre eles. Baseavam tais cultos sobre as referências no Novo Testamento, de noites inteiras passadas em oração. Foi assim que alguém se referiu ao sucesso: "Explica-se o poder de Wesley pelo fato de ele ser 'homo unius libri', isto é, um homem de um livro, e esse Livro é a Bíblia".
            Pouco antes da sua morte, escreveu: "Hoje passamos o dia em jejum e oração para que Deus alargasse a sua obra. Só encerramos depois de uma noite de vigília, na qual o coração de muitos irmãos foi grandemente confortado".
            No seu diário, João Wesley escreveu, entre outras coisas, sobre oração e jejum, o seguinte: "Enquanto cursava em Oxford... jejuávamos às quartas e às sextas-feiras, como faziam os crentes primitivos em todos os lugares. Escreveu Epifânio (310-403): 'Quem não sabe que o jejum das quartas e das sextas-feiras é observado pelos crentes do mundo inteiro?"' Wesley continuou: "Não sei porque eles guardavam esses dois dias, mas é boa a regra; se lhes servia, também me serve. Contudo, não quero dar a entender que o único tempo de jejuar seja esses dois dias da semana, porque muitas vezes é necessário jejuar mais do que dois dias. É necessário permanecer sozinho e na presença de Deus, enquanto jejuamos e oramos, para que Deus possa mostrar-nos a sua vontade e dar-nos direção. Nos dias de jejum devemos afastar-nos, o mais possível, de todo serviço, de fazer visitas e das diversões, apesar dessas coisas serem lícitas em outras ocasiões".
            Seu gozo em pregar ao ar livre não diminuiu na velhice: Em 7 de outubro de 1790, pregou pela última vez fora de casa, sobre o texto: "O reino de Deus está próximo, arrependei-vos, e crede no Evangelho". "A palavra manifestou-se com grande poder e as lágrimas do povo corriam em torrentes".
            Um por um, seus fiéis companheiros de luta, inclusive sua esposa, foram chamados para o descanso, mas João Wesley continuava a trabalhar. Com a idade de 85 anos, seu irmão, Carlos, foi chamado pelo Senhor e João sentou-se perante a multidão, cobrindo o rosto com as mãos, para esconder as lágrimas que lhe corriam pelas faces. Seu ir-mão a quem amava tanto durante tão longo tempo, partira e ele, agora, tinha de trabalhar sozinho.
            Em 2 de março de 1791, com a idade de quase 88 anos, completou a sua carreira terrestre. Durante toda a noite anterior, não cessaram em seus lábios o louvor e a adoração, pronunciando estas palavras: "As nuvens distilam a gordura". Sua alma saltou de alegria com a antecipação das glórias do lar eterno e exclamou: "O melhor de tudo é que Deus está conosco". Então, levantando a mão, como se fosse o sinal da vitória, novamente repetiu: "O melhor de tudo é que Deus está conosco". Às 10 horas da manhã, enquanto os crentes rodeavam o leito, em oração, ele disse: "Adeus!", e assim passou para a presença do Senhor.
            Um crente que assistiu à sua morte, assim relatou o ato: "A presença divina pairava sobre todos nós; não existem palavras para descrever o que vimos no seu semblante! Quanto mais o fitávamos, tanto mais víamos parte dos indizíveis céus". Calcula-se que dez mil pessoas em desfile passaram diante do ataúde para ver o rosto que ainda retinha um sorriso celestial. Por causa das grandes massas que afluíram para honrá-lo, foi necessário enterrá-lo às cinco horas da manhã.

            João Wesley nasceu e criou-se em um lar onde não havia abundância de pão. Com a venda dos livros da sua autoria ganhou uma fortuna, com a qual contribuía para a causa de Cristo; ao falecer, deixou no mundo "duas colheres, uma chaleira de prata, um casaco velho" e dezenas de milhares de almas, salvas em épocas de grande decadência espiritual. A tocha em Epworth foi arrebatada do fogo, em Aldersgate e Fetter Lane começou a arder intensamente, e continua a iluminar milhões de almas no mundo inteiro.


Retirado do livro :  Heróis da Fé
Vinte homens extraordinários que incendiaram o mundo.
Orlando S. Boyer
Biografias cristãs CPAD – Casa Publicadora das Assembléias de Deus Rio de Janeiro, RJ .

sábado, 5 de agosto de 2017

JOÃO BATISTA PREPARA O CAMINHO PARA JESU S / 3.1-12

Quando João Batista apareceu pregando (3.1) o povo ficou entusiasmado. Eles consideravam João um grande profeta, e estavam certos de que a tão esperada era do Messias havia chegado. João falava como os profetas de antigamente, dizendo que o povo devia abandonar o pecado, evitar o castigo e voltar-se para Deus a fim de experimentar sua misericórdia e aprovação. Essa é uma mensagem que serve para todos os tempos e lugares, entretanto, estava sendo transmitida com uma urgência particular porque João estava preparando o caminho para o Messias e o seu Reino. Você tem um senso de urgência em relação àqueles que ainda precisam ouvir a mensagem?

3.1 E, naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia. Nessas poucas palavras Mateus faz um resumo da história que Lucas, por sua vez, iria registrar com muitos detalhes (veja Lc 1.5-25; 39-45,57-80). João apareceu pregando uma mensagem de arrependimento. A palavra traduzida como “pregar” vem de uma palavra grega que significa “ser um mensageiro, proclamar”. Mateus descreveu João como um mensageiro que proclamava notícias sobre o futuro Rei, o Messias. O título “Batista” servia para diferenciar esse João de muitos outros homens que tinham o mesmo nome, e o batismo era uma parte importante do seu ministério (3.6).
A mãe de João, Izabel, era prima de Maria, mãe de Jesus, portanto Jesus e João Batista eram primos distantes. E possível que se conhecessem, mas provavelmente João não sabia que Jesus era o Messias até o momento de batizá-lo (veja 3.16,17).

3.2 Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus. A pregação de João Batista estava dirigida principalmente a essa mensagem - preparar os corações para a vinda do Messias. Mas essa preparação só aconteceria através do arrependimento. João exortou o povo a arrepender-se dos seus pecados e se voltar para Deus. Para alcançar o verdadeiro arrependimento, as pessoas precisavam fazer as duas coisas. João pregava que as pessoas não podiam afirmar que criam para depois viverem da maneira que  desejassem (veja 3.7,8). O pecado é errado, e as pessoas precisavam mudar a sua atitude e também a sua conduta.
Por que precisavam dessa mudança tão radical? Porque é chegado o Reino dos céus.
Essa frase indica uma realidade presente e uma esperança para o futuro. Atualmente, Jesus Cristo reina no coração dos crentes, mas o Reino do Céu não se realizará plenamente até que todo o mal do mundo seja castigado e eliminado. Cristo veio à terra, primeiro como um Servo Sofredor, mas virá novamente como Rei e Juiz para reinar vitoriosamente sobre toda a terra.

3.3 Isaías mencionou João quando disse que ele era a Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. Isaías foi um dos maiores profetas do Antigo Testamento e um dos que mais foram citados no Novo. Isaías registrou a promessa de Deus de trazer de volta os exilados na Babilônia. Ele também escreveu sobre a vinda do Messias e a pessoa que iria anunciar essa vinda, João Batista (Is 40.3). Como Isaias, João era um profeta que exortava as pessoas a confessar seus pecados e viver para Deus. A palavra preparai refere-se a aprontar alguma coisa, e a palavra caminho também pode ser traduzida como estrada. Esse quadro pode ter sua origem num antigo costume do oriente médio de enviar primeiro os servos de um rei para nivelar e limpar as estradas e deixá-las prontas para serem percorridas por ele na sua viagem. O povo de Israel precisava preparar sua mente para, ansiosamente, aguardar seu Rei, o Messias.

3.4 João tinha a sua veste de pêlos de camelo e um cinto de couro em tomo de seus lombos. Sua roupa era parecida com a do profeta Elias (2 Rs 1.8), também considerado um mensageiro que ia preparar o caminho para Deus (veja Ml 3.1; 4.5). A notável semelhança de João com o profeta Elias reforçava sua surpreendente mensagem e servia para diferenciá-lo dos líderes religiosos cujas vestes esvoaçantes refletiam o grande orgulho que sentiam pela sua posição (12.38,39). Tendo se afastado do mal e da hipocrisia dos seus dias, João vivia de forma diferente das outras pessoas para mostrar que a sua mensagem era nova. Seus alimentos, gafanhotos e mel silvestre eram muito comuns para a sobrevivência nas regiões do deserto.

3.5 Então, ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão. João atraía tantas pessoas porque era o primeiro profeta verdadeiro depois de quatrocentos anos. Sua explosão contra Herodes e os líderes religiosos era um ato de coragem que fascinava muitos dentre o povo.
Mas João também tinha palavras fortes para outras pessoas da sua audiência, pois também eram pecadores e precisavam se arrepender. Sua mensagem era poderosa e verdadeira.

3.6 Confessando os seus pecados. A confissão é mais que um simples reconhecimento dos próprios pecados; ela representa uma aceitação do veredicto de Deus sobre o pecado, e é a expressão do desejo de se livrar deles e viver para Deus. Confessar significa mais que uma resposta verbal, uma afirmação ou louvor.
Significa concordar em mudar para passar a viver uma vida de obediência e serviço. Depois disso, eram por João batizados no rio Jordão. Quando você lava as mãos sujas, o resultado pode ser visto imediatamente. Mas o arrependimento acontece no interior da pessoa, com uma purificação que não pode ser vista naquele momento. Portanto, João usou um ato simbólico que as pessoas podiam ver: o batismo. Para batizar, João precisava de água e ele usou a água do rio Jordão.

3.7 João batizava alegremente todas as pessoas arrependidas que o procuravam, confessando seus pecados e desejando viver para Deus. Mas quando João viu muitos fariseus e saduceus ele teve uma explosão de ira por causa da hipocrisia desses líderes religiosos. Os fariseus haviam se afastado de tudo que fosse não judeu e obedeciam cuidadosamente as leis do Antigo Testamento e as tradições orais transmitidas através dos séculos. Os saduceus acreditavam que somente o Pentateuco (Gênesis - Deuteronômio) representava a palavra de Deus. Mas João os denunciou exclamando: Raça de víboras. João havia criticado os fariseus dizendo que eram legalistas e hipócritas por obedecerem minuciosamente à lei, mas ignorando o seu verdadeiro propósito.
Ele havia criticado os saduceus por usarem a religião para melhorar sua situação política.
Obviamente, ele duvidava da sinceridade do seu desejo de serem batizados. João os chamou de raça de víboras (Jesus também usou esse termo - ver 12.34; 23.33), denunciou que eram perigosos e astutos e sugeriu que eram filhos de Satanás (veja Gênesis 3; João 8.44).
Sua pergunta tinha um sarcasmo agudo: Quem vos ensinou a fugir da ira futura? Os líderes religiosos sempre haviam considerado a ira futura como um castigo para os gentios. João aplicou o mesmo procedimento aos líderes religiosos e a razão da sua rispidez está revelada nas suas palavras seguintes.

3.8 O verdadeiro arrependimento é visto através dos atos e do caráter que ele produz. Os fariseus e saduceus acreditavam que monopolizaram a justiça. Mas a maneira como viviam revelava o seu verdadeiro caráter. Portanto, João disse: Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento. João Batista exortava as pessoas a praticar mais que palavras ou rituais; ele pedia que mudassem seu comportamento. Se realmente abandonamos o pecado e nos voltamos para Deus, nossas palavras e atividades devem refletir aquilo que dizemos. Deus julga as nossas palavras pelos atos que as acompanham. Será que os seus atos combinam com as suas palavras?

3.9 João continuou: E não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão.
Isso não prova nada. Com o passar dos anos, os judeus haviam erroneamente decidido que a promessa feita aos patriarcas era uma garantia a todos os seus descendentes, não importava a maneira como agiam ou aquilo em que acreditavam. João explicou, entretanto, que o fato de confiar em Abraão como ancestral não qualificava ninguém para o Reino de Deus.
Provavelmente, João apontou as pedras no leito do rio e disse: Mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão. Mais tarde, o apóstolo Paulo iria explicar isso aos romanos: “Nem todos os que são de Israel são israelitas; nem por serem descendência de Abraão são todos filhos... mas os filhos da promessa são contados como descendentes” (Rm 9.6-8).

3.10 E também, agora, está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo. A mensagem de Deus não mudou desde o Antigo Testamento. As pessoas continuarão a ser julgadas pelas suas vidas improdutivas. Assim como a árvore frutífera deve produzir frutos, o povo de Deus deve produzir uma colheita de boas ações (3.8). João comparou as pessoas que afirmam crer em Deus, mas não vivem para Ele, a árvores improdutivas que deverão ser cortadas. O machado está à raiz das árvores, a postos e pronto para cortar essas árvores que não produzem bons frutos. Elas não serão somente cortadas, mas lançadas no fogo, o que significa uma completa destruição. As pessoas que se intitulam cristãs, mas que nada fazem a esse respeito, deixam de desfrutar a preciosa comunhão com Deus.

3.11 Eu vos batizo com água para o arrependimento. João explicou que o batismo demonstrava arrependimento. Esse era o começo de um processo espiritual. O batismo era um sinal “exterior” de comprometimento.
Para ser eficiente, devia ser acompanhado de uma mudança “interior” de atitude que levasse a uma mudança de vida. O batismo de João não trazia a salvação, mas preparava a pessoa para receber a vinda do Messias, a sua mensagem e o seu batismo.
João sabia que o Messias iria chegar depois dele. Embora João Batista fosse o primeiro profeta genuíno depois de quatrocentos anos, Jesus Cristo, o Messias, seria infinitamente maior do que ele - “não sou digno de levar as suas sandálias”. João estava mostrando como era insignificante comparado Àquele que estava prestes a se manifestar, e disse: “E necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30). Aquilo que João começou, Jesus terminou. O que João preparou, Jesus realizou.
A afirmação de João: “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” revelava a identidade daquele que é mais poderoso do que o próprio João. Todos os crentes, aqueles que mais tarde irão a Jesus para a salvação, receberão o batismo com o Espírito Santo e o fogo da purificação (um artigo precede estas palavras, indicando que não se tratava de dois batismos separados, ‘ mas do mesmo e único batismo).
A experiência não era exatamente a mesma registrada em Atos 2, mas o resultado seria o mesmo. Esse batismo iria purificar a aperfeiçoar cada crente.

3.12 Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará. Debulhar era o processo de separar os grãos de trigo da sua casca exterior chamada joio. Isso era feito normalmente numa grande área chamada eira, muitas vezes sobre uma colina onde o vento podia soprar o joio mais leve para longe quando o agricultor sacudisse o trigo no ar. A pá era um forcado usado para lançar o trigo ao ar a fim de separá-lo do joio.
O trigo era recolhido e o joio era queimado.
João falava sobre o arrependimento, mas também falava sobre o castigo para aqueles que se recusavam a arrepender-se.


Este material foi extraído deste livro abaixo👇.




Todos os direitos reservados. Copyright © 2009 para a língua portuguesa da Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.
Título do original em inglês: Life Application New Testament Commentary
Editora: Tyndale House Publishers
Primeira edição em inglês: 2001
Tradução: Degmar Ribas
Preparação dos originais: Anderson Grangeão e Miriam Liborio
Revisão: César Moisés e Zenira Curty
Capa: Josias Finamore
Projeto gráfico e Editoração: Natan Tomé
CDD: 220 — Comentário Bíblico
ISBN: 978-85-263-0978-4





O RETORNO A NAZARÉ / 2.19-23


Deus protegeu cuidadosamente a vida do seu Filho, guiando José quando partiram de Israel para fugirem do perigo que estavam correndo, e no seu retorno a Israel quando já não havia mais perigo. Deus estava realizando o seu plano de salvação em nosso beneficio.
Os crentes devem ler essa história com admiração e respeito, à medida que observam Deus trabalhando por detrás dos cenários para proteger a vida de Jesus Cristo na terra.

2.19-21 O anjo do Senhor havia  prometido informar a José quando não houvesse mais perigo para que ele e sua família retornassem a Israel (2.13). O anjo instruiu José dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel, porque já estão mortos os que procuravam a morte do menino. Portanto, José retornou imediatamente a Israel com Jesus e sua mãe. Não se sabe quanto tempo eles permaneceram no Egito, mas quando o anjo ordenou sua volta, José não hesitou em obedecer.

2.22 Herodes havia dividido seu reino em três partes, uma para cada filho.
Arquelau recebeu a Judéia, Samaria e Iduméia, e reinava sobre toda a Judéia.
Sendo um homem violento, começou seu reinado mandando matar três mil pessoas influentes. Ele mostrou ser um governante tão ruim que foi deposto no ano 6 d.C.
José havia ouvido falar sobre Arquelau e receou voltar a Belém, que era um distrito da Judéia. Mais uma vez, Deus guiou José, prevenindo-o em sonhos para que não fosse à região desse rei cruel, mas que se dirigisse à Galiléia.

2.23 José retornou à sua cidade, Nazaré (Lc 2.4), que estava localizada no sul da Galiléia, perto do cruzamento das rotas das grandes caravanas. O destacamento romano encarregado da Galiléia estava acampado nesse lugar.
O Antigo Testamento não registra especificamente a declaração, Ele será chamado Nazareno. Mateus pode estar se referindo a Isaías 11.1 onde a palavra hebraica para “rebento” (netser) é semelhante à palavra usada para “nazareno”. Outros dizem que ele pode estar se referindo a uma profecia não mencionada na Bíblia ou a uma combinação de profecias.
Mateus pintou um quadro de Jesus como o verdadeiro Messias anunciado por Deus através dos profetas. Jesus, o Messias, teve um começo extremamente humilde e seria desprezado por aqueles para quem viera, exatamente como o Antigo Testamento havia predito.

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Projeto gráfico e Editoração: Natan Tomé
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ISBN: 978-85-263-0978-4