sexta-feira, 15 de setembro de 2017

(SUBSÍDIO TEOLÓGICO) CAPÍTULO 12 - O MUNDO VINDOURO

              
O mundo vindouro é parte da escatologia bíblica, uma doutrina da teologia sistemática. O presente estudo trata do que acontecerá após a vinda do Senhor Jesus em glória, que é a segunda fase da segunda vinda de Cristo, conforme estudado no capítulo anterior. Os eventos que se seguirão a esse retorno de Cristo à terra são o Milênio, a ressurreição dos mortos, o Juízo Final e o destino dos injustos, a Nova Jerusalém e o destino dos justos.

O MILÊNIO
         A palavra “milênio” não aparece no Novo Testamento. O termo vem do latim mille, “mil”, e annus, “ano”, portanto “mil anos”; é uma referência aos mil anos mencionados em Apocalipse 20.1-7. Esse período tem ralação direta com Isaías 11 e Miqueias 4. O período se inicia com a vinda de Cristo em glória, ocasião em que um anjo vai amarrar e prender a Satanás por mil anos (Ap 20.1).
         Essa prisão impedirá que ele engane as nações (v. 2). É o período da paz universal, o governo de justiça e paz anunciado pelos profetas (Is 2.3-5; 9.7; 11.1-10; 65.20-25; Mq 4.1-5). A sede desse governo é Jerusalém: “E virão muitos povos e dirão: Vinde, subamos ao monte do SENHOR, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine o que concerne aos seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém, a palavra do SENHOR” (Is 2.3). O poder daquele que causa todos os males e as desgraças estará neutralizado nesse período. É a restauração do reino de Davi em Jerusalém (Am 9.11; Zc 8.20-22).
         Sob o governo de Jesus Cristo, haverá saúde nas nações: “E morador nenhum dirá: Enfermo estou; porque o povo que habitar nela será absolvido da sua iniquidade” (Is 33.24). Os cegos, surdos, mudos e paralíticos serão curados (Is 35.5, 6). A morte terá seu efeito reduzido ao máximo (Is 65.20), e a longevidade humana voltará à terra (Is 65.22). A segurança será perfeita, sem assalto, roubo, furto ou violência (Is 65.21-23); as indústrias bélicas serão transformadas em fábricas de instrumentos agrícolas (Is 2.4), e a produção do campo será uma bênção (Am 9.13). Até mesmo entre os animais ferozes e perigosos haverá harmonia (Is 11.6-9; 65.25). Trata-se de um período em que “a terra se encherá do conhecimento do SENHOR, como as águas cobrem o mar” (Is 11.9), e as orações de seus moradores serão atendidas antes mesmos de concluídas com o “amém” (Is 65.24).
         Mas ainda não será a consumação dos séculos; será, na verdade, um período probatório até que o plano de Deus seja totalmente concluído, quando o Senhor Jesus, depois de ter o domínio sobre todas as coisas, entregará o Reino ao Pai (1 Co 15.24-28).
         A terra virá a ser um paraíso sob o governo de Cristo, e os seus santos reinarão com ele: “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a quem foi dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos” (Ap 20.4). Aqui estão incluídos os santos do Antigo Testamento e todos os crentes provenientes da era da Igreja, os quais serão investidos de poder para governar a terra (Ap 2.26, 27; 3.21). Os doze apóstolos governarão sobre as doze tribos de Israel (Mt 19.28; Lc 22.30) juntamente com os santos do Antigo Testamento (Lc 13.28, 29). Integrarão o grupo dos súditos de Cristo os mártires da Grande Tribulação (Ap 6.911).
“Julgar” ou “julgamento” aparece na Bíblia com o sentido de governar ou governo (1 Sm 4.18; 2 Rs 23.22; 2 Cr 1.11). Esse parece ser o significado aqui.

O DESTINO DOS INJUSTOS
         É sensato imaginar que tudo na vida tem seu lado positivo e seu lado negativo. Assim, como há o bem, há também o mal; como há galardão, há castigo; como há amigos, há inimigos; como há bênção, há maldição; como há verdadeiro, há mentiroso; como há justo, há injusto; como há vida, há morte; assim também, como há céu, há inferno. Como pode um Deus benigno e tão cheio de amor condenar alguém? Os nossos sentimentos ou pensamentos nada têm que ver com os de Deus. Quem contesta o inferno tem opinião contrária à de Deus. A doutrina do inferno, conforme ensina a Bíblia e conforme nós cremos, não neutraliza o amor de Deus, porque não pode haver amor sem justiça (Na 1.3). Deus não tem prazer em condenar ninguém, por isso “quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2.4). O profeta Ezequiel diz que Deus não tem prazer na morte do ímpio (Ez 18.23). A prova do amor de Deus está no Calvário: Ele deu o seu Filho Unigênito para que pudéssemos ser salvos (Jo 3.16) e franqueou a todas as pessoas a sua salvação: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11); “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam” (At 17.30).
         Cada pessoa será responsável por seus atos diante de Deus. Trata-se de uma realidade baseada nos princípios básicos da moral. O castigo eterno dos ímpios é uma vindicação da lei e a manifestação da santidade de Deus, pois o pecado não significa apenas um só ato, mas diz respeito a uma condição da alma, a um estado impuro.
         O castigo divino é escalonado; cada um recebe de acordo com a sua obra: “E o servo que soube a vontade do seu senhor e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites. Mas o que a não soube e fez coisas dignas de açoites com poucos açoites será castigado. E a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá” (Lc 12.47, 48). Jesus disse que haverá menos rigor para Sodoma do que para Cafarnaum (Mt 11.24). O apóstolo Paulo afirma que cada um receberá o castigo conforme a sua obra (Rm 2.5, 6; 2 Tm 4.14).
         O destino dos injustos é o inferno ardente, um lugar de suplício eterno dos ímpios. Esse lugar aparece nas Escrituras Sagradas com diversos nomes, tais como: abismo, literalmente “lugar sem fundo, insondável, profundeza”, a tradução da palavra grega ábyssos (Lc 8.31; Ap 9.2-4); fornalha de fogo, lugar onde “haverá pranto e ranger de dentes” (Mt 13.50); trevas exteriores, outra expressão para designar o inferno como lugar de maldição eterna, e “ali, haverá pranto e ranger de dentes” (Mt 22.13); fogo eterno (Mt 25.41); tormento eterno (Mt 25.46) ou “suplício eterno” (TB); vergonha e desprezo eterno (Dn 12.2).
         A palavra “inferno” vem do latim infernus, que significa “lugar inferior”. Foi usada por Jerônimo, na Vulgata Latina, para traduzir do hebraico a palavra she’ôl, no Antigo Testamento que significa, “o mundo invisível” (Sl 89.48) e o seu equivalente grego na Septuaginta e no Novo Testamento é a palavra hades. O “Hades é a região dos mortos” (Lc 1623-, 24). Jerônimo translitera os termos geenna (Mt 5.22, 29, 30) e tártaro (2 Pe 2.4). Geena é o inferno, o lago de fogo apocalíptico (Ap 19.20; 20.10, 14, 15). Tártaro significa “lançar ao inferno; prender no inferno”.

A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS
         A morte é uma das consequências primárias do pecado, sua punição e castigo. Por essa razão, o mundo inteiro tem de experimentar esse terrível golpe: “Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo” (Hb 9.27). Esse é o resultado do pecado original de Adão (Rm 5.12, 17). A morte é inevitável, mas temos promessas de Deus, desde o Antigo Testamento, da nossa libertação desse veredicto: “Deus remirá a minha alma do poder da sepultura, pois me receberá” (Sl 49.15).
         A ressurreição de Jesus é a garantia de que seremos ressuscitados. O nosso Salvador é vivo. Jesus disse: “Porque eu vivo, e vós vivereis” (Jo 14.19). O apóstolo Paulo ensina que: “Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele” (1 Ts 4.14), e isso vincula a nossa ressurreição à de Cristo.
O verbo grego mais usado para “ressuscitar”, no Novo Testamento, é egeiro, “despertar, levantar” e o segundo, anístemi, “levantar, levantar-se, ressuscitar”. O substantivo é anástasis, “ressurreição”; de aná, “acima”, e hístemi, “pôr em pé”. Ressuscitar, portanto, significa “levantar dentre os mortos”, isso é voltar a viver no mesmo corpo, em uma ressurreição corporal: “Aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo também vivificará o vosso corpo mortal, pelo seu Espírito que em vós habita” (Rm 8.11).
         A Bíblia fala em duas ressureições – a dos justos e dos injustos: “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna e outros para vergonha e desprezo eterno” (Dn 12.2); “Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação” (Jo 5.28, 29); “Há de haver ressurreição de mortos, tanto dos justos como dos injustos” (At 24.15). A ressurreição dos justos se dará por ocasião do arrebatamento da Igreja: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Ts 4.16, 17). A ressurreição dos santos é também conhecida como primeira ressurreição (Ap 20.5, 6). Ela inclui ainda a ressurreição do salvos que foram mortos por causa do testemunho que deram de Jesus no período da Grande Tribulação (Ap 20.4). Na linguagem do profeta Daniel e até mesmo na do Senhor Jesus Cristo e do apóstolo Paulo, parece ser simultânea a ressurreição dos justos e injustos. Mas o contexto mostra que se trata de duas ressurreições num intervalo de mais de mil anos entre elas. Isso só vai acontecer depois do Milênio: “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram” (Ap 20.5). Essa ressurreição é para o Juízo Final e inclui todos os incrédulos desde o princípio do mundo (Ap 20.12, 13).

O JUÍZO FINAL
         O Juízo Final é conhecido também como o Juízo do Grande Trono Branco e aparece no Novo Testamento como “o dia do juízo” (Mt 11.22, 24; 12.36; 2 Pe 3.7) ou, simplesmente, “o juízo” (Hb 9.27). O Juiz é o Senhor Jesus Cristo: “O Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo” (Jo 5.22). Assim, Deus executará esse juízo por meio de Jesus Cristo (At 10.42; 2 Tm 4.1).
          E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. 12 E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. 13 E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. 14 E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. 15 E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo (Ap 20.11-15).
         Esse julgamento não é o mesmo mencionado pelo Senhor Jesus em Mateus 25.31-46, pois Ele estava falando a respeito do julgamento das nações, no vale de Josafá, em Jerusalém, no final da Grande Tribulação (Is 3.13; Jo 3.12). O juízo aqui não é em Jerusalém: “de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles” (v. 11), não será na terra; e se trata de pessoas individuais (vv. 12, 13), não de nações; não há presença de vivos, mas somente mortos; nem há menção de salvos, só de condenados (v. 15). Não é o que ocorre no julgamento das nações.
         Os “grandes e pequenos” (v. 12) não se referem a adultos e crianças, mas aos poderosos da terra e aos cidadãos comuns. A “morte e o Hades” (v. 13 – TB) são termos sinônimos aqui. Já foi mostrado que Sheol e Hades aparecem com o sentido de morte.
         Assim, o Hades devolverá todos os mortos incrédulos para o julgamento segundo as obras de cada um deles. O destino final dos injustos é o lago de fogo, e não o Hades, por isso os mortos precisam se apresentar diante de Deus para ser julgados. Tudo o que alguém faz na vida é escrito nesses livros, por isso cada um é julgado segundo as coisas que estão escritas neles. O livro da vida está presente nesse julgamento para mostrar que o nome desses réus não consta ali.
         A própria morte será lançada no lago de fogo (v. 14). É a derrota da morte; ela terá fim um dia, e o dia é esse. É cumprimento da promessa divina (Os 13.14; 1 Co 15.54, 55). O lago de fogo é a Geena, cuja definição foi dada anteriormente. Ele é descrito como “lago de fogo e enxofre”, no qual serão lançados vivos a besta e o falso profeta (Ap 19.20) e, mil anos depois, o diabo será também lançado nesse mesmo lugar (Ap 20.10). É, de fato, como o Senhor Jesus disse, “o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41). E para esse mesmo lugar irão os perdidos da terra (v. 15).
         A expressão “segunda morte”, ho thanatos ho deuteros, em grego, significa a condenação eterna. A palavra grega, aqui, para “morte” é thanatos, que traz a ideia de “separação”, e não “extinção”. Na morte física, a alma e espírito separam-se do corpo. Essa é a primeira morte. Aqui, é a pessoa que será separada de Deus, banida da sua glória para todo o sempre, para nunca mais ver a luz. E essa separação é chamada de “segunda morte” (2 Ts 1.9), em que “de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre” (Ap 20.10).

O DESTINO DOS JUSTOS
         Depois do Juízo Final, Deus cumprirá a sua promessa de criar um novo céu e uma nova terra desde o Antigo Testamento:
“Porque eis que eu crio céus novos e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão” (Is 65.17). A partícula “mas”, no versículo seguinte (18), uma enfática conjunção adversativa hebraica ki-im, “mas antes, contudo”, mostra que a promessa divina de criar os novos céus e a nova terra não anula o seu compromisso com Jerusalém sobre as bênçãos para o Milênio. A promessa de novos céus e nova terra é reiterada mais adiante: “Porque, como os céus novos e a terra nova que hei de fazer estarão diante da minha face, diz o SENHOR” (Is 66.22). Jesus também ensinou sobre o assunto quando disse: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar” (Mt 24.35). A declaração bíblica de que a terra durará para sempre (Ec 1.4) é a garantia divina de que sempre haverá uma terra, mas isso não significa necessariamente a mesma terra.
         Tudo isso aqui já está extremamente contaminado pelo pecado, e o universo físico não suportará o esplendor da santidade, da pureza da glória de Deus. O céu e a terra desaparecerão da presença daquele que está assentado sobre o Grande Trono Branco (Ap 21.11). “E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (Ap 21.1). Na visão do apóstolo João, os céus e a terra de hoje serão substituídos. O universo físico que vemos hoje não será transformado; Deus vai criar tudo novo. A frase “o mar já não existe” mostra uma nova ordem, pois “os oceanos são necessários à oxigenação da atmosfera na terra. A falta de mares, portanto, sugere que toda a economia da nova terra será
diferente” (HORTON, 1995, p. 304).
         Que o céu e a terra que conhecemos vão desaparecer, isso é anunciado desde o Antigo Testamento (Sl 102.25, 26; Is 51.6). A profecia do Salmo 102 é citada no Novo Testamento (Hb 1.10-12). Essa terra e esse céu estão reservados para o fogo: “Mas o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há se queimarão. Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato e piedade, aguardando e apressando-vos para a vinda do Dia de Deus, em que os céus, em fogo, se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?” (2 Pe 3.10-12). Os sistemas teológicos, em geral, dão pouca importância aos temas escatológicos ou espiritualizam demais essas profecias forçando a exegese, principalmente os que criticam o sistema dispensacionalista. Não há exagero algum na interpretação literal e futurista desses fatos.

A NOVA JERUSALÉM
         Depois da visão do novo céu e da nova terra, João viu a nova Jerusalém: “E eu, João, vi a Santa Cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido” (Ap 21.2). Ela é a nossa pátria, como disse o apóstolo Paulo: “Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3.20).
         Há diversas descrições da nova Jerusalém na literatura apocalíptica do período interbíblico e nos pseudoepígrafos (como o Testamento de Dã 5.12; 2 Baruque 32.2-4; 2 Esdras 7.26; 10.49). É bom lembrar que o evento aqui é o pós-milênio. A Jerusalém do Milênio é em Israel, portanto, na terra (Is 2.2-3; 65.18-20), mas a nova Jerusalém, o apóstolo a viu descendo do céu; ela é celestial, e seu arquiteto e construtor é Deus (Hb 11.10). Não é ela a mesma do Milênio. Não é essa a primeira vez que ela é mencionada no Novo Testamento: “Mas a Jerusalém que é de cima é livre, a qual é mãe de todos nós” (Gl 4.26); “Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos” (Hb 12.22). É a cidade que esperamos (Hb 13.14), a cidade de Deus (Ap 3.12).
         A descrição da cidade é incompatível com a do Milênio, e as características são completamente fora de qualquer realidade terrena. Deus habitará com o seu povo: “Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus” (Ap 21.3). O tabernáculo foi construído no deserto porque é a vontade de Deus habitar no meio do seu povo: “E me farão um santuário, e habitarei no meio dele” (Êx 25.8). Era a presença de Deus no meio dos filhos de Israel (Lv 26.11; Ez 37.27). Em Cristo, “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14). O verbo grego para “habitar” aqui é skênoô, que significa “habitar em tenda” ou “em tabernáculo”; isso fala de habitação temporária, mas o substantivo para “tabernáculo” é skênê. Do verbo skênoô. A presença de Deus é contínua na Igreja, a sua habitação (1 Co 3.16; Ef 2.22). Mas, na nova Jerusalém, o “mesmo Deus”, ou seja, o próprio Deus estará com os salvos, homens e mulheres, de forma literal (1 Jo 3.2). Trata-se da eterna morada dos santos.
         As palavras “E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap 21.4), mostram que os benefícios aqui transcendem a qualquer período da história e até mesmo do Milênio. Trata-se de uma nova ordem de coisas, por isso a profecia diz que o sofrimento é coisa do passado, pois Satanás e a morte já estão definitivamente fora de ação, vencidos e para sempre no lago de fogo e enxofre.
         Depois da descrição externa da nova Jerusalém, do formato e dimensão, dos muros e portões, e do material de construção (Ap 21.9-21), temos a informação de que a cidade não necessita de sol e nem de lua, pois a glória de Deus a alumia e o Senhor Jesus é a sua lâmpada (Ap 21.23). Essa declaração mostra que aqui já estamos na eternidade. A presença de nações e “reis da terra” fora da Jerusalém celestial depois do Juízo Final (vv. 24-26) tem levado muita gente a confundir o mundo vindouro dos santos com o Milênio. Na verdade, há certo paralelismo entre os benefícios e as bênçãos do Milênio com o lar eterno e definitivo dos santos do Senhor. Mas isso são prenúncios da bênção vindoura e não significam dois períodos.

EXTRAÍDO DO LIVRO CUJA INFORMAÇÕES ABAIXO.

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quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Sábado - Ap 22.3-5LBA Uma amostra da glória do lar dos santos.

E ali nunca mais haverá maldição contra alguém; e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão.

A    expressão     “nunca   mais  haverá maldição contra alguém” pode significar que nada amaldiçoado estará na presença de Deus. Isto cumpriria
Zacarias 14.11. Muito provavelmente, isto refere-se a Deus anulando a maldição que tinha sido  colocada no Éden (Gn 3.17,18). A expressão “o trono de Deus e do Cordeiro” indica a unidade de Deus  e do Cordeiro, como também a presença de Deus exatamente entre o seu povo, e eles verão o seu rosto. O rosto de Deus não tinha sido visto por ninguém desde que Adão e Eva pecaram. Mesmo Moisés, o grande legislador que subiu ao monte para se encontrar com Deus, só pôde ver Deus de costas (Êx 33.20). Aqui no céu, entretanto, o povo de Deus o verá face a face (1 Jo 3.2).  Poder ver o rosto de Deus sugere um relacionamento pessoal e íntimo.
Além disto,  o povo  de  Deus  terá o  seu nome escrito na sua testa. Isto indica a propriedade de Deus. O povo de Deus tinha sido “assinalado” (7.3), e este selo tinha sido previamente descrito como tendo a forma do nome de Deus Pai (14.1). A questão é que este é o mesmo grupo —Deus trará os seus em segurança ao seu reino eterno.

Extraído do livro Comentário bíblico novo testamento aplicação pessoal.


Sexta - Ap 20.1-3LBA O Milênio será instaurado por ocasião da vinda de Cristo em glória.

E vi descer do céu um anjo que tinha a chave do abismo e uma grande cadeia na sua mão.
Um anjo veio do céu com a chave do abismo e uma grande cadeia na sua mão. Em 9.1-12, um anjo tinha vindo com a chave do abismo e tinha libertado os gafanhotos como parte do quinto julgamento das trombetas. Este pode ser o mesmo anjo.

20.2,3 Diversos nomes são usados aqui para o mesmo ser - o dragão, a antiga serpente, o diabo, e Satanás (veja também 12.9, para outra lista destes nomes). O anjo prendeu Satanás, amarrou-o, e lançou-o no abismo, trancando a porta. Satanás foi aprisionado e não poderia sair até que Deus decidisse deixá-lo sair. A soberania de Deus é enfatizada novamente.
Isto descreve uma situação diferente daquela em 12.7-13. O capítulo 12 descreve a queda de Satanás do céu e a sua liberdade para vagar pela terra (12.17).
 O capítulo 20 descreve Satanás sendo removido da terra por um determinado período para que ele não engane mais as nações. Deus não prendeu o dragão como punição - algo que iria acontecer mais tarde (20.10) -, mas para impedir que ele continuasse enganando as nações. Mas, quem são “as nações”?  Parece que, na batalha do Armagedom (16.14-16; 19.19), só foram destruídos a besta, o falso profeta, os reis das nações, e os seus exércitos. A batalha do Armagedom não matou toda a população da terra. Portanto, alguns incrédulos ainda estariam vivos (os crentes estariam com Cristo, pois eles tinham feito parte do seu exército, 19.14). Satanás estará amarrado por mil anos.
Seja simbólico ou literal, este período de tempo do aprisionamento de Satanás corresponde ao período do reinado de Cristo (20.4-6).

Extraído do livro Comentário bíblico novo testamento aplicação pessoal.