terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Auxílio Classe Adulto - Cristo é superior a Arão e a ordem Levítica.



Extraído do livro: A supremacia  de Cristo , Fé, esperança  e ânimo na carta aos Hebreus.
José Gonçalves.


Comentário de Hebreus 5.1-14

No capítulo 4.14-16, o autor introduziu o assunto da doutrina do sacerdócio. Aqui, ele tecerá mais detalhes da ordem sacerdotal levítica para contrastar posteriormente com o sacerdócio de Cristo, que é de outra ordem e superior ao levítico. A ideia do autor ao detalhar as qualificações exigidas do Sacerdócio Aarônico tem o propósito de mostrar, em primeiro lugar, que Jesus preenchera esses qualitativos. É bom ter sempre em mente que o autor já havia mostrado Jesus como sendo o Filho de Deus, fato esse que o identifica com a raça humana e o qualificaria para ministrar como Sumo Sacerdote.
"Porque todo sumo sacerdote, tomado dentre os homens, é constituído (do a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados" (v. 1). O autor de Hebreus revela que a primeira condição para alguém exercer o sacerdócio é que esse alguém tenha sido tomado dentre os homens. Somente um homem que possui a mesma natureza de outro homem poderia oficiar como sacerdote. Nos primeiros capítulos de sua carta, o autor expusera uma farta argumentação em favor da humanidade de Jesus. Esses fatos agora se tomam de grande relevância quando ele apresenta-o como um Sumo Sacerdote constituído em favor dos homens. O sacerdote tinha como dever apresentar dons e sacrifícios. Alguns comentaristas, como, por exemplo, Robert Gundry (nascido em 1932), entendem que a expressão "dons e sacrifícios" é usada como sinônimo.• Por outro lado, muitos outros eruditos, como Donald Guthrie (1916-1992), entendem que os sentidos desses termos devem ser mantidos distintos. Guthrie observa, por exemplo, que, nesse caso, os dons (dôra) são uma referência às ofertas de cereais, e os sacrifícios (thysias) às ofertas de sangue.2 Isso parece ser confirmado pelo uso do verbo grego prosphero (oferecer), que ocorre 19 vezes nessa carta e que mantém esse sentido de apresentar ofertas e sacrifícios diante de Deus. O sacerdote, portanto, deveria ser alguém que se identificasse com seus semelhantes.
"E possa compadecer-se temamente dos ignorantes e errados, pois
também ele mesmo está rodeado de fraqueza" (v. 2). O termo grego  metriopathein, traduzido como "compadecer", tem o sentido de alguém que consegue moderar suas paixões e sentimentos. Alexander Balmain  Bruce (1831-1899) destaca que esse vocábulo

"Significa sentir-se com outro, mas sem abster-se de sentir
contra ele; ser capaz de ter antipatia. Foi usado por Philo para descrever o sofrimento sóbrio de Abraão sobre a perda de Sara e a paciência de Jacó sob aflição. Aqui, parece ser empregado para denotar um estado de sentimento em relação ao ignorante e errado, com equilíbrio entre a severidade e indulgência excessiva".

O sacerdote lidava com todos os tipos de desvios, erros e pecados cometidos pelo povo. Nessa teia de relacionamentos, ele via a fragilidade humana, o fracasso e o desespero. Sendo um homem colocado por Deus para representar os homens, o sacerdote sentia na sua própria alma o peso da miséria humana. Por outro lado, ele tinha diante de si a palavra de Deus, que o instruía a dar ao pecado o tratamento adequado, mesmo que o remédio fosse amargo. Era nesse momento que ele precisava agir com metripatheia, isto é, com compaixão!
"E, por esta causa, deve ele, tanto pelo povo como também por si mesmo, fazer oferta pelos pecados" (v. 3). O sacerdote da antiga aliança vivia um dilema: ele necessitava fazer expiação não apenas pelos erros dos outros, mas também pelos seus. O sumo sacerdote deveria oferecer sacrifício primeiramente por si e, depois, pelo povo. "Depois, Arão oferecerá o novilho da oferta pela expiação, que será para ele; e fará expiação por si e pela sua casa" (Lv 16.6). Samuel Pérez Millos destaca que, na cerimônia da expiação dos sacerdotes e do povo, observam-se dois aspectos: primeiramente, o sacerdote, por uma questão do direito divino natural que lhe competia, deveria purificar-se de toda imundície pessoal, uma vez que isso tomava a oferta imunda e impossibilitava-o de ministrar diante de Deus. Por outro lado, o direito positivo prescrevia-lhe essa obrigação (Lv 4.3; 9,7; Hb 7.27; 9.7). Essa limitação, observa Millos, não é vista em Jesus Cristo, o Eterno Sumo Sacerdote, que não teve necessidade de purificar-se, visto ser imaculado e santo.4 "E ninguém toma para si essa honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão" (v. 4). O autor usa a palavra grega timê, traduzida aqui como honra, para destacar a natureza do sacerdócio. O sacerdote era alguém chamado por Deus, e não pelos homens. Nos dias do Novo Testamento, o sistema sacerdotal corrompeu-se e tomou-se um cargo político, não mais sendo observadas as prescrições divinas para o exercício desse ofício ( x 28.1; Lv 8.1; Nm 16.5; Sl 105.26). Todavia, como observa Craig S. Keener (nascido em 1960), o texto sugere que o autor refere-se ao sistema sacerdotal veterotestamentário, onde as exigências da Lei acerca do sacerdócio eram cumpridas, para contrastar com o sacerdócio de Jesus Cristo.
"Assim, também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei" (v. S). O autor mostra que Jesus cumpriu completamente todas as prescrições exigidas para o exercício do sacerdócio. Ele não se autoglorificou, constituindo-se a si mesmo como sacerdote. O léxico grego de Walter Bauer expressa bem o sentido do texto: "Ele não se elevou à glória do sumo sacerdócio".  No versículo 4, o autor fala da honra que Arão teve ao ser escolhido como sumo sacerdote; todavia, quando ele fala do sacerdócio de Jesus, mostra que o sacerdócio era algo inseparável de sua natureza. Deus testemunho de Jesus dizendo: "Tu és meu Fílho".  Essa atribuição foi-lhe dada por Deus. Embora o autor não entre em de­ talhes sobre o momento no qual Jesus teria sido constituído sacerdote, os comentaristas destacam que a cristologia de Hebreus revela que Jesus é o Filho de Deus desde a eternidade (Hb 1.1,2; 5.8) e que foi vocacionado pelo Pai para ser Sumo Sacerdote.  Nesse aspecto, a vocação aconteceu antes da encarnação, entrando, contudo, em vigor na  paixão e morte, obtendo sua confirmação na ressurreição e ascensão.9
"Como também diz noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque" (v. 6). É no capítulo 7 que a relação entre o sacerdócio de Jesus e Me]quisedeque será explorada com maior profundidade pelo autor.10 Aqui, o comentarista bíblico Henry Orton Wiley mostra o que a analogia do sacerdócio de Melquisedeque revela em relação ao de Cristo.

1.  Melquisedeque era sacerdote por seu próprio direito, e não em virtude de sua relação com os outros;
2.  Era sacerdote para sempre, sem substitutos, sem sucessor;
3.  Ele não foi ungido com óleo, mas com o Espírito Santo, como sacerdote do Altíssimo;
4.  Não ofereceu sacrifícios de animais, mas pão e vinho, símbolos da Ceia, que, depois, Cristo instituiu;
5.  E (talvez o principal pensamento na mente do escritor da Epístola) ele uniu as funções sacerdotais e reais, coisa estritamente proibida em Israel, mas a ser manifesta em Cristo, Sacerdote no seu trono (Zc 6.13).11

"O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia" (v. 7). A intercessão, característica de todo sumo sacerdote legitimamente constituído por Deus, é aplicada a Jesus de uma forma vívida e dramática pelo autor. A expressão "nos dias de sua carne" é uma referência à vida humana de Jesus. A humanidade de Jesus é sempre lembrada pelo autor de Hebreus como algo imprescindível para o exercício do sacerdócio. A expressão "grande clamor e lágrimas, orações e súplicas" não é encontrada nos evangelhos, mas aproxima-se dos acontecimentos que narram a agonia de Jesus no Getsêmani.

"E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito. Então, lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até à morte; ficai aqui e vigiai comigo. E, indo um pouco adiante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres" (Mt 26.37-39).

A tradução "tendo sido ouvido por causa da sua piedade" (ARA) é preferível a "foi ouvido quanto ao que temia" (ARC), já que o termo grego eulabeia mantém o sentido no Novo Testamento de "temor de Deus" e "reverência",
destacando o aspecto da vida piedosa.12 Em que sentido Jesus teria sido ouvido? Ao longo da história da interpretação, pelo menos três formas de entendimentos desse texto têm-se destacado. Uma interpretação é que Jesus teria sido ouvido com base na sua piedade. Nesse aspecto, Jesus orou ao Pai para que este o livrasse da morte; todavia, orou também para que a vontade do Pai prevalecesse. Essa era a opinião de João Crisóstomo, de vários escritores medievais e dos comentaristas protestantes James Moffat, Franz Delitzsch e Wescott. Esses autores observam que a oração de Jesus foi ouvida por ter sido feita com temor reverente, e, assim, a vontade do Pai efetivou-se. Uma segunda interpretação é que Jesus teria orado para livrar-se do medo da morte. Essa interpretação foi seguida por João Calvino, Teodoro de Beza, Hugo Grócio, Johann Albrecht Bengel, Milligan e Mi­ chel. Trata-se de uma interpretação inusitada, mas não parece natural e nem de acordo com o contexto desse capítulo. Uma terceira interpretação entende que Jesus foi ouvido e foi libertado da morte através da ressurreição." Esse entendimento segue a antiga tradução dada pela Peshitta, que data do segundo século. A tradução da Peshitta diz: "E quando este estava vestido de carne, ofereceu petição e súplica com intenso clamor e lágrimas àquEle que podia ressuscitá-lo da morte, e foi ouvido". 14 Em uma nota de rodapé da versão em espanhol da Peshitta, está a explicação: "Essa expressão é fiel ao cumprimento de que o Pai não o abandonaria no Seol, aparte de que o Senhor sabia de antemão que havia vindo para morrer na cruz. O texto grego diz livrá-lo da morte".  O erudito W. F. Mouton, um dos defensores dessa interpretação, destaca: "Estamos convencidos de que a oração não foi para que a morte fosse evitada, mas que houvesse segurança de libertação da mesma".16 F. F. Bruce argumenta que o contexto de Hebreus 5, que é Salmos 22, favorece esse entendimento.
"Mas enquanto o Getsêmani provê a 'ilustração mais vívida' das palavras de nosso autor, elas têm uma referência mais geral ao curso da humilhação e paixão de nosso Senhor. Mais ainda: Foram influenciadas pela linguagem do Salmo 22, um salmo cuja frequência como testemunium  cristão já temos assinalado. 'Grande clamor e lágrimas' é a súplica e queixa da primeira parte do salmo , enquanto a afirmação de que Cristo foi 'ouvido por causa de seu temor reverente' faz eco do Salmo 22.24: 'Quando ele clamou, o ouviu'. Na interpretação cristológica desse salmo, essas palavras entendem-se como uma referência a ressurreição de Cristo".
"Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu" (v. 8). Sendo o verbo de Deus encarnado, Jesus viveu nas mesmas condições nas quais viveram os demais homens, exceto o pecado. Na sua humanidade, Ele também precisou exercitar a vida de obediência. O sentido dado pela tradução americana New English Bible (NEB) é que Jesus aprendeu na escola do sofrimento.
"E, sendo ele consumado, veio a ser a causa de eterna salvação para todos os que lhe obedecem" (v. 9). A expressão "sendo ele consumado" é traduzido na Almeida Revista e Atualizada como "tendo sido aperfeiçoa­ do". Esse vocábulo é o particípio aoristo passivo de teleioô, significando: executar plenamente, consumar, acabar, a perfeiçoar. 18 Adam Clarke traduz como "havendo terminado tudo", significando "havendo morto e ressuscitado".19 O texto, portanto, não está sendo usado no sentido de que Jesus era imperfeito e precisava aperfeiçoar-se, mas, sim, no sentido de completude, isto é, que Ele completou a obra da Salvação. Em seu antigo comentário à carta aos Hebreus, Teodoreto de Cirro (393-457 d.C) destacou este sentido: "Com a expressão 'chegou à perfeição' refere-se à ressurreição e à imortalidade, que são o cumprimento da economia da salvação".20 O texto mostra que o plano da Salvação é para todos os homens (Jo 1.29; 3.16; 2 Pe 3.9; 1 Jo 2.2), mas ela só se efetiva naqueles que a recebem. Somente aqueles que recebem a Cristo e obedecem a Ele serão salvos. O autor conclui seu raciocínio dizendo que, tendo terminado o sacrifício do Calvário, Deus proclamou a Jesus Cristo, na sua ressurreição, Sumo Sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque.
"Chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque" (v. 10). Ele voltará a tratar esse assunto com profundidade no capítulo 7; todavia, aqui, o autor introduz um parêntese exortativo, como ele já fizera em outros lugares.
"Do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação, porquanto vos fizestes negligentes para ouvir" (v. 11). A doutrina do sacerdócio de Cristo é de suma importância para a vida cristã; o autor, todavia, observou que seus leitores davam sinais de arrefecimento na fé. Eles negligenciaram o aprendizado, sendo tardios para ouvir, e, como consequência, não estavam crescendo em maturidade espiritual. O autor tem consciência de que, quando voltar a tratar do assunto do sacerdócio de Cristo (no capítulo 7), seus leitores terão dificuldades de assimilar o seu ensino. O perfeito do indicativo ativo do verbo grego ginomai mostra que seus leitores nem sempre foram assim. Era hora de acordá-los novamente!


"Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos tome a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite e não de sólido mantimento" (v. 12).
 A censura do autor é forte: eles deveriam ser mestres; no entanto, ainda se encontravam no jardim de infância da fé. Eles estavam atrasados na escola da fé e necessitavam refazer novamente as lições que já deveriam ter aprendido. O crescimento espiritual tem sua analogia no crescimento natural. A criança ainda não tem seus órgãos plenamente desenvolvidos; por isso, ela deve sofrer restrições quanto a determinados tipos de alimentos. Ela necessita de leite, que é necessário e adequado para esse estágio da vida. Para um adulto, porém, somente esse tipo de alimento não é suficiente. Os hebreus ainda estavam bebendo leite!
"Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino" (v. 13). A criança alimenta-se de leite, e o adulto de comida sólida. O autor sabe que a doutrina do sacerdócio exige uma maior dificuldade de compreensão - ela é para os que já são graduados.
"Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal" (v. 14). Os cristãos maduros, que cresceram na fé, são aqueles aos quais o autor tem como "adequadamente treinados".

sábado, 27 de janeiro de 2018

Lição 4 Primários - Os Anjos Anunciam o Nascimento de Jesus aos Pastores .

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Lucas 2.8-20



Grande Alegria (Lc 2.8-12)
Não apareceram os anjos a orgulhosos fariseus, nem a saduceus mundanos, nem a formais escribas, mas a humildes pastores. Os pastores frequentemente aparecem na Bíblia. Moisés e Davi receberam sua vocação enquanto cuidavam de ovelhas. Uma das mais belas descrições de Deus é a de Pastor (SI 23). O Salvador do mundo é comparado ao bom pastor que deixa noventa e nove ovelhas no curral para procurar uma que se perdeu. Portanto, nada mais apropriado fosse o anúncio do nascimento do Cordeiro de Deus feito a pastores.
Mas, por que a estes pastores especificamente? Sem dúvida, havia virtude de caráter nestes homens, porque, na
Bíblia, v1soes e revelações usualmente são concedidas a pessoas preparadas. Certamente eram homens tementes a Deus. O anjo encontrou-os ocupados. Deus manifesta-se às pessoas que diligentemente cumprem os seus deveres.
1.    A confiança outorgada. "Não temais". O anjo tranquilizou os pastores a fim de que pudessem escutar com calma a mensagem. O homem enche-se de terror diante do sobrenatural - medo às vezes inspirado pelo sentimento de culpa. Cristo, porém, veio libertar-nos de nossos medos. O medo escondido no fundo do ser é removido na Encarnação. O sorriso de Jesus dissipava os temores dos homens, fazendo-os desaparecer em risos. Era sua exortação comum: "Não temais". Ele veio ao mundo dissipar o abatimento, o desânimo, o pessimismo e o terror. Ainda hoje, fala à alma perturbada: "Não tema".
2.    A explicação. "Eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo". É bom exortar pessoas a não terem medo; melhor ainda é dar-lhes razão para não temer. Os pastores não deviam temer, porque a mensagem do anjo não era aterrador juízo, mas boas novas - literal­ mente "evangelho" - de Deus.
Ameaças de juízo são necessárias aos que não se arre­ pendem; mas lembremos ser o Evangelho acima de tudo boas novas - o perdão gratuito oferecido por Deus. Estas boas novas trazem "grande alegria" a todos os povos. É lastimável a idéia de que o Evangelho torna as pessoas tristes e sombrias. Cristo veio ao mundo para trazer a alegria de viver - a vida abundante.
3.    A declaração. "Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor". Salvador, Messias e Senhor são os nomes dados ÀquEle tão esperado por Israel.
3.1.    Salvador. Judeus esclarecidos esperavam fizesse o Messias dupla libertação: uma espiritual, com o perdão dos
pecados (Ez 36.25-29), e outra política, com a restauração
nacional (Ez 27.22-28). Esta esperança vinculava-se ao Menino nascido da casa de Davi (Is 9.6,7), e cumpriu-se quando o anjo anunciou a José: "E dará à luz um filho e chamarás o seu nome Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles" (Mt 1.21). "Jesus" quer dizer "salvação".
1.1.     Cristo (ou Messias). Cristo é o Ungido de Deus: Profeta para iluminar o povo, Sacerdote para purificá-lo e Rei para governá-lo. As esperanças de libertação do peca­ do, sofrimento e opressão reúnem-se em torno da palavra "Messias".
1.2.      Senhor. Esta palavra descreve o Menino recém­ nascido como aquEle diante de quem se curvará todo joelho, e toda língua confessará Senhor (Fp 2.9-11). Chamá-lo Senhor é atribuir-lhe divindade (1 Co 12.3; cf. Mt 16.16,17).
4. O sinal. "E isto vos será por sinal: achareis o menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura". A cena incomum de um recém-nascido deitado numa manjedoura confirmaria a mensagem do anjo. Tal lugar era impressionante contraste à declarada glória do Menino.

. Grande Paz (Lc 2.13,14)
"E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens". Quadros há que representam os anjos flutuando, mas é possível que tivessem formado fileiras em torno dos pastores para cantar.
Era natural fosse o advento de Cristo acompanhado por anjos. Estes seres celestiais interessam-se pela história e bem­ estar da raça humana. Eles inquirem com celestial curiosidade acerca do relacionamento entre Deus e o homem (1 Pe 1.12), admiram a sabedoria com que Ele o trata (Ef 3.10), regozijam-se quando as pessoas se arrependem (Lc 15.10) e
ministram a elas em suas necessidades (Hb 1.14). Assim
como cantavam e se regozijavam na criação do mundo (Jó 38.7), regozijam-se agora com a esperança da redenção.
"Glória a Deus nas alturas, paz na terra". As hostes celestiais louvam a Deus pelo maravilhoso amor dedicado à humanidade, e proclamam os resultados do advento de Cristo:
1.    Glória a Deus. Cristo glorificará a Deus no grau máximo ao dar ao mundo a grande manifestação da sua natureza (Jo 1.1,14; 2 Co 4.6).
2.   Paz na terra. Centenas de anos antes, o profeta anunciara o título de "Príncipe de Paz" àquEle que haveria de ser o Salvador do mundo. Cristo veio estabelecer a paz entre o homem e Deus, entre homem e homem, e do homem consigo mesmo. Assim, restaurou os relacionamentos
estragados pelo pecado (Ef 2.14).

Comentário extraído do livro:  Lucas, O Evangelho do Homem Perfeito.../
Myer  Pearlman.

Pecado Original?- Lição 04 - Juvenis.


O que é o pecado?

     Teologicamente, a doutrina do pecado é identificada como Hamartiologia. Essa palavra deriva de dois termos da língua grega, língua do Novo Testamento: “hamartia” e “logos”, que significam juntas “estudo acerca do pecado”. O termo “hamartia” tem, na sua etimologia grega, o sentido de “errar o alvo”. Portanto, o estudo acerca do pecado, como ato, estado ou condição, sugere que o pecado é “um desvio do fim (ou modo) estabelecido por Deus”.

     Na Teologia Cristã, a doutrina do pecado ganha espaço porque o cristianismo representa a possibilidade de redenção do estado pecaminoso do homem. Três grandiosas doutrinas bíblicas ganham espaço na vida do homem, as quais são: a Doutrina de Deus, a Doutrina do Pecado e a Doutrina da Redenção. Existe uma relação essencial entre essas três doutrinas de tal modo que é impossível tratar do pecado sem tratar da Redenção e, naturalmente, ao tratar sobre Redenção, inevitavelmente a relacionamos com a sua fonte, que é Deus.

    A questão do mal é tratada na Bíblia a partir do relato do livro de Gênesis sobre a Queda do homem. Esse relato descreve o princípio da tentação do homem e a sua concessão ao pecado, trazendo maldição à sua vida pessoal e a toda a Terra.

    Para entendermos a relação do pecado com o homem, devemos considerar a definição de pecado. Tanto, no Antigo quanto no Novo Testamentos, a palavra “pecado” é sinônima de muitas outras palavras que são usadas na Bíblia e indicam conceitos distintos sobre a mesma. São vários termos que amplificam o conceito de “pecado” nas suas várias manifestações. Entretanto, usaremos apenas um termo hebraico e outro grego, línguas originais da Bíblia, os quais apresentam definições relativas que podem ilustrar o significado da palavra “pecado”.

     No Antigo Testamento, o vocábulo hebraico “chata’th” aparece cerca de 522 vezes. O seu termo correlato no Novo Testamento é “hamartia”, e ambos sugerem a idéia de “errar o alvo” ou “desviar-se do rumo”, como o arqueiro antigo que atira suas flechas e erra o alvo. Os termos sugerem e indicam também alguém que erra o alvo propositadamente, ou seja, que atinge outro alvo intencionalmente. Não se trata de uma idéia passiva de erro, mas implica numa ação propositada. Significa que cada ser humano foi criado com um alvo definido diante de si para alcançá-lo. Denota tanto a disposição de pecar como o ato resultante. Em síntese, o homem não foi criado para o pecado e, se pecou, foi por seu livre-arbítrio, sua livre escolha (Lv 16.21; Sl 1.1; 51.4; 103.10; Is 1.18; Dn 9.16; Os 12.8; Rm 5.12; Hb 3.13).

     A palavra “hamartia”, no grego do Novo Testamento, já foi citada em correlação com “chata’a” do Antigo Testamento. Entretanto, ambas as palavras, cujo sentido é “errar o alvo”, “perder o rumo ou fracassar”, indicam que o primeiro homem, no princípio, perdeu o rumo de sua vida e fracassou em não atingir o padrão divino estabelecido para a sua vida. Na linguagem do Novo Testamento, a palavra “hamartia” tem ainda um sentido mais forte que a ideia de “fracasso” ou de “transgressão”. A palavra tem o sentido de “poder de engano do pecado”, como em Romanos 5.12 e Hebreus 3.13. Portanto, pecado é mais que um fracasso; é uma condição responsável que implica culpabilidade.

     O pecado é um ato livre e voluntário do homem, porque ele é um ser moral, dotado da capacidade de perceber o certo e o errado. O homem é um agente moral livre para decidir o que fazer da sua vida (Ec 11.9).

     O pecado é um tipo de mal, porque nem todo mal é pecado. Existem males físicos conseqüentes da entrada do pecado no mundo. Na esfera física, temos um tipo de mal que se manifesta nas doenças. Entretanto, na esfera ética, o mal tem um sentido moral. É nessa esfera moral que se manifesta o pecado. Os vários termos hebraicos e gregos das línguas originais da Bíblia, quando falam do pecado, apontam para o sentido ético, porque falam da prática do pecado, ou seja, dos atos pecaminosos.

     O pecado é, de fato, uma ativa oposição a Deus, uma transgressão das suas leis, que o homem, por escolha própria (livre), resolveu fazer (Gn 3.1-6; Is 48.8; Rm 1.18-22; 1Jo 3.4).

     Outra verdade acerca do pecado é o fato de que o pecado tem caráter absoluto. Esse conceito é bíblico e correto. É difícil se fazer distinção ou graduação entre o bem e o mal, porque o caráter de uma pessoa tem um sentido qualitativo. Uma pessoa boa não se torna má porque tenha diminuído sua bondade, mas ela se torna má quando se deixa envolver pelo o pecado. Essa é uma questão de qualidade, e não de quantidade. O pecado não pode ser tratado como um grau menor de bondade, porque o pecado é algo sempre negativo e absoluto. Do ponto de vista bíblico, não há neutralidade quanto ao bem ou ao mal. O que é mal não é mais ou menos mal. Ou se está do lado justo e certo ou se está do lado injusto e errado.

      O pecado não é apenas a prática de um ato errado. Como dizia o teólogo Louis Berkhof, “o pecado não consiste apenas em atos manifestos”. O pecado não é apenas aquilo que se pratica erradamente, mas é algo entranhado na natureza pecaminosa adquirida da raça humana. É um estado pecaminoso que desenvolve hábitos pecaminosos os quais se manifestam na vida cotidiana. Todas aquelas tendências e propensões pecaminosas típicas da natureza corrompida de cada um de nós demonstram o estado pecaminoso do ser humano. A Bíblia denomina “carne” a este estado que pode ser controlado por uma vida regenerada (2Co 5.17).

      Indiscutivelmente, o pecado trouxe graves conseqüências ao universo, especialmente à vida na terra. A Bíblia faz várias declarações a respeito da universalidade do pecado. Por exemplo, temos no Antigo Testamento alguns exemplos, tais como “não há homem que não peque” (1Rs 8.46) e “porque à tua vista não há justo nenhum vivente” (Sl 143.2). Paulo, na Carta aos Romanos, disse: “Não há um justo, nenhum sequer; não há quem faça o bem, nenhum sequer”, Rm 3.10-12; “Pois todos pecaram e carecem da gloria de Deus”, Rm 3.10-12. O apóstolo João afirma: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós” (1Jo 1.8).

     Se morte física significa separação de corpo e alma e é parte da pena do pecado, entendemos que, de modo nenhum, a morte física significa a penalidade final. Nas Escrituras, a palavra “morte” é frequentemente usada com sentido moral e espiritual. Isso significa que a verdadeira vida da alma e do espírito é a relação com a presença de Deus. Portanto, a pena divina contra o pecado do homem no Éden foi a separação da comunhão com o Criador.

A morte espiritual tem dois sentidos especiais: um sentido é negativo e o outro é positivo. Em relação à vida cristã, todo crente está morto para o pecado, porque a pena do pecado foi cancelada e ele está fora do domínio do pecado. Trata-se da separação da vida de pecado depois que se aceita a Cristo e é expiado por Ele. Porém, em relação ao futuro, o crente terá a vida eterna, isto é, terá a redenção plena do corpo do pecado (Ap 21.27; 22.15).

O sentido negativo de morte espiritual refere-se à morte no pecado. O crente está morto para o pecado, mas o ímpio está morto espiritualmente no pecado. Significa que o pecador vive em um estado de vida separado de Deus e de sua comunhão. Significa estar “debaixo do pecado” e estar sob o seu domínio (Ef 2.1,5). O efeito desses dois sentidos é presente e temporal. O pecador sem Deus, no presente, está numa condição temporal de excomunhão com Deus, mas, pela graça de Deus, poderá sair desse estado e morrer para o pecado (Ef 4.18; Gn 2.17).

       A punição final do pecado é a morte eterna, ou seja, o juízo contra o pecado (Hb 9.27). A morte eterna é a culminância e complementação da morte espiritual. Diz respeito à repugnância da santidade divina que requer justiça contra o pecado e contra o pecador impenitente. Significa a retribuição positiva de um Deus pessoal, tanto sobre o corpo como sobre a sua alma e espírito (Mt 10.28; 2 Ts 1.9; Hb 10.31; Ap 14.11).

     Uma das grandes verdades acerca do castigo do pecado é que a justiça de Deus o exige a fim de que ninguém o acuse de injustiça. Ele é o Senhor que pratica a misericórdia, juízo e justiça na terra (Jr 9.24). A questão do pecado encontra resposta e solução quando encontramos na Bíblia a declaração de Paulo de que Deus propôs Jesus Cristo como a propiciação pelo seu sangue, para receber toda a carga da ira de Deus contra o pecado (Rm 3.25). Significa que a cruz foi a forma pela qual Deus castiga o pecado. O próprio Deus, perfeito em justiça, tornou possível a expiação dos pecados por Aquele que se fez nosso justificador completo – Jesus (Rm 3.26).

    A Salvação está quando entregamos a nossa vida por inteiro ao Senhor Jesus, reconhecendo, arrependidos, os nossos pecados; e também reconhecendo o sacrifício de Cristo como suficiente para a nossa expiação, procurando agora vivermos sempre conforme a Sua vontade, expressa na Sua Palavra, a Bíblia Sagrada.

    * Texto extraído do site CPADNEWS, disponível em: http://www.cpadnews.com.br/blog/elienaicabral/fe-e-razao/1/a-doutrina-do-pecado.html%3E acessado em 27/01/2018.