sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

AUXÍLIO JOVENS- L 06 - OS DISCÍPULOS SÃO COMISSIONADOS POR JESUS

Mateus 10.1-15
10.1 Jesus tinha muitos discípulos (aprendizes), mas Ele indicou doze a quem deu autoridade e treinamento especial. Estes homens eram o seu círculo mais íntimo de amigos, e receberam o treinamento mais intenso. Podemos ver o impacto destes homens por rodo o restante do Novo Testamento. Eles iniciaram a igreja cristã. Os Evangelhos chamam estes homens de "discípulos" ou os "Doze"; o Livro de Aros os chama de "apóstolos".
A escolha de doze homens é altamente simbólica. O número 12 corresponde às doze tribos de Israel (19.28), e mostra a continuidade entre o antigo sistema religioso e o novo, baseado na mensagem de Jesus. Estes homens eram os justos remanescentes (os crentes fiéis do Antigo Testamento que nunca abandonaram a Deus nem à sua lei) que realizariam o trabalho que as doze tribos tinham sido escolhidas para realizar-construir a comunidade de Deus. O número era tão importante que, quando Judas Iscariotes se suicidou, os discípulos escolheram outro homem para substituí-lo (veja At 1.15-26).
Aqui está registrada a primeira vez em que Jesus enviou estes discípulos sozinhos. Estes doze homens tinham o poder de Jesus sobre as forças malignas. Jesus capacitou os seus discípulos para expulsarem os espíritos imundos. Jesus também deu aos seus discípulos o poder para curar toda enfermidade e todo mal. Era importante que eles tivessem tais poderes, porque Jesus estava estendendo a sua missão por meio deles. Jesus confronta diretamente os demônios e as doenças. Os discípulos deram prosseguimento ao propósito de Jesus, e também à expressão do Seu poder.
10.2-4 No versículo 1, estes homens são chamados de "discípulos"; aqui, a palavra apóstolos é usada para ressaltar o seu papel de mensageiros - "os enviados".

O primeiro nome registrado foi Simão, a quem Jesus deu o nome de Pedro (veja João 1.42). Pedro tinha sido um pescador (4.18). Ele se tornou um dos três no círculo mais íntimo de Jesus entre os discípulos. Ele também admitiu que Jesus era o Messias (16.16). Embora mais tarde Pedro tenha chegado a negar ter conhecido Jesus, no final ele se tornaria um líder na igreja de Jerusalém, escreveria duas cartas que constam na Bíblia (1 e 2 Pedro) e seria crucificado pela sua fé.

André era irmão de Pedro e também um pescador (4.18). Ele tinha sido um discípulo de João Batista, e tinha aceitado o testemunho de João de que Jesus era o "cordeiro de Deus". Ele tinha deixado João para seguir a Jesus. André e João foram os primeiros discípulos de Jesus Jo 1.35-40). André trouxe Pedro a Jesus Jo 1.41,42).
Tiago e João também tinham sido pescadores (4.21). Tiago se tornaria o primeiro apóstolo a ser martirizado (At 12.2). João escreveria o Evangelho de João, as três cartas de João e o livro do Apocalipse. Os irmãos podem ter sido parentes de Jesus (primos distantes); em certa ocasião, sua mãe pediu lugares especiais para eles no Reino de Cristo (20.20-28).

Filipe foi o quarto a encontrar Jesus Jo 1.43). Filipe então trouxe Bartolomeu (Jo 1.45). Filipe provavelmente conhecia André e Pedroporque eles eram da mesma cidade, Betsaida (Jo 1.44). A opinião de muitos estudiosos é que Bartolomeu e Natanael são a mesma pessoa. Bartolomeu era um homem honesto (Jo 1.47).

Frequentemente nos lembramos de Tomé como o "Tomé que duvida', porque ele duvidou da ressurreição de Jesus (Jo 20.24,25). Mas ele também amava ao Senhor, e era um homem de grande coragem (Jo 11.16). Quando Tomé viu e tocou o Cristo vivo, o Tomé que duvidava tornou-se o Tomé que acreditava.

Mateus, o autor deste Evangelho, descreveu a si próprio mencionando a sua antiga profissão, provavelmente para mostrar a diferença que Jesus fez na sua vida. Também conhecido como Levi, ele tinha sido um publicano [ou coletor de impostos] (9.9). Desta forma, ele tinha sido uma pessoa desprezada, mas tinha abandonado esse corrupto (embora lucrativo) meio de vida, para seguir a Jesus.

Tiago é designado como filho de Alfeu para diferenciá-lo do Tiago de 10.2.

Tadeu também é chamado "Judas, filho de Tiago" (veja Lc 6.16; At 1.13).

Simão provavelmente não era um membro do grupo dos zelotes, pois esse partido político não apareceu até 68 d.C. É muito provável que a palavra zelote indique zelo pela honra a Deus, e não um nacionalismo extremo. Este era um apelido afetuoso.

Judas Iscariotes. O nome "Iscariotes" é provavelmente um nome composto, que significa "o homem de Queriote". Assim, a pátria de Judas era Queriote, na parte sul da Judéia (veja Js 15.25), fazendo dele o único dos Doze que não era da Galiléia. Foi Judas, filho de Simão Iscariotes (Jo 6.71), que mais tarde traiu Jesus entregando-o aos seus inimigos. Depois cometeu suicídio (27.3-5; Lc 22.47,48).

10.S,6 Jesus deu instruções específicas, entretanto, com respeito ao foco do seu ministério: Não ireis pelo caminho das gentes [ou gentios], nem entrareis em cidade de samaritanos. Um "gentio" era qualquer pessoa que não fosse um judeu. Os "samaritanos" eram uma raça que resultou de casamentos entre judeus e gentios depois do cativeiro no Antigo Testamento (veja 2 Rs 17.24). Isto não queria dizer que Jesus se opusesse à evangelização de gentios ou samaritanos; na verdade, Mateus já descreveu um encontro positivo entre Jesus e gentios (8.28-34) e João 4 narra a sua conversa com uma mulher samaritana. A ordem de Jesus de ir, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel significa que os discípulos deveriam passar o seu tempo entre os judeus (veja também 15.24). Estas palavras restringiam a missão "de curto prazo" dos discípulos. Jesus veio não somente para os judeus, mas "primeiro" para os judeus (Rm 1.16). Deus os escolheu para contar ao resto do mundo sobre Ele. Mais tarde, estes discípulos receberiam a comissão de fazer discípulos de todas as nações (28.19). Os discípulos e apóstolos judeus pregaram o Evangelho do Cristo ressuscitado por todo o império romano e em breve os gentios estavam afluindo à igreja. A Bíblia ensina claramente que a mensagem de salvação de Deus é para todos os povos, independentemente de raça, sexo ou nacionalidade (Gn 12.3; Is 25.6; 56.3-7; MI 1.11; At 10.34,35; Rm 3.29,30;Gl 3.28).

10.7,8 Jesus enviou os seus discípulos para pregar dizendo que o Reino dos céus estava próximo. Jesus estava falando de um reino espiritual. O reino ainda está "próximo" (versão RA). Jesus, o Messias, já começou o seu Reino na terra, nos corações dos seus seguidores. Um dia o Reino estará plenamente aparente.
Os discípulos também deveriam usar a autoridade e o poder que Jesus lhes tinha dado (10.1). Ele deu aos discípulos um princípio para guiar os seus atos quando ministrassem a outros: de graça recebestes, de graça dai. Os discípulos tinham recebido a salvação e o Reino sem nenhum custo; eles deveriam dedicar o seu tempo segundo o mesmo princípio. Uma vez que Deus derramou suas bênçãos sobre nós, nós devemos dar generosamente aos outros o nosso tempo, onosso amor e as nossas posses.

10.9,10 Estas instruções parecem, a princípio, serem contrárias a planos de viagem normais, mas elas simplesmente revelam a urgência da tarefa e a sua natureza temporária. Jesus enviou os discípulos em pares (Me 6.7), esperando que eles retornassem com um relatório completo. Esta era uma missão de treinamento; eles deveriam partir imediatamente e não levar bagagem, levando somente o mm1mo necessário. Eles deveriam depender de Deus e do povo ao qual ministrassem (10.11). Os discípulos deveriam partir imediatamente, sem grandes preparativos, confiando no cuidado de Deus e não nos seus próprios recursos. Jesus disse digno é o operário do seu alimento, querendo dizer que aqueles que mm1stram devem receber sustento daqueles a quem estão ministrando (veja Lc 10.17; 1 Tm 5.18). As instruções de Jesus estão relacionadas somente com esta missão em particular. Diferentes épocas e ocasiões pediriam medidas diferentes, mas os obreiros cristãos ainda podem revelar a simplicidade de Cristo quando cumprem o ministério sem excessivas complicações mundanas.

10.11   Cada par de discípulos deveria entrar em uma cidade ou aldeia e hospedar-se na casa de quem fosse digno (isto é, a casa de um crente que os tivesse convidado para se hospedarem ali durante o seu ministério). A instrução de permanecer ali até deixar a cidade os aconselhava a não ofender o seu anfitrião procurando uma acomodação "melhor" numa casa mais confortável ou socialmente importante. A permanência em uma casa não seria um peso para o seu proprietário, porque a estadia dos discípulos em cada comunidade seria breve. Os "dignos" eram aqueles que reagiriam positivamente à mensagem do Evangelho, crendo nela.

10.12 ,13 Quando os discípulos entrassem nalguma casa, eles deveriam saudá-la, ou seja, abençoá-la. Naquela época, as pessoas acreditavam que as bênçãos poderiam ser dadas e igualmente retiradas. Se a casa for digna (isto é, aceitando a eles e à sua mensagem), que a bênção da paz desça sobre ela. Mas se a casa não aceitasse a sua mensagem, então os discípulos deveriam tomar de volta a paz. A paz retirada daquela casa também indicava o julgamento futuro (1O.15). Aqueles que recebessem os discípulos também receberiam o Messias. Aqueles que cuidassem dos emissários de Deus receberiam bênçãos em retribuição (10.40).

10.14    Os discípulos também iriam passar por rejeição, tal como Jesus tinha enfrentado em Decápolis (8.34). Desta maneira, Jesus também os instruiu que se em uma cidade ninguém os recebesse (isto é, os hospedasse), e até mesmo se recusassem a ouvi-los, então eles deveriam sacudir o dos pés ao sair dali.
Sacudir o pó que estava acumulado nas sandálias mostrava extremo desprezo por uma região e seu povo, e também a determinação de não mais se envolver com eles. Sacudir o pó dos pés era um gesto de completo repúdio. Sacudir o pó de um lugar, disse Jesus, seria um testemunho contra o povo. As suas implicações eram claras e tinham consequências eternas. Jesus estava deixando claro que os ouvintes eram responsáveis pelo que faziam com o Evangelho. Enquanto os discípulos tivessem apresentado a mensagem cuidadosamente e fielmente, eles não seriam culpados quando os outros a rejeitassem. Da mesma maneira, nós não somos responsáveis quando outros rejeitam a mensagem de Cristo, mas temos a responsabilidade de transmitir o Evangelho claramente e fielmente.

10.15 Deus tinha destruído o país de Sodoma e Gomorra com o fogo do céu por causa das suas iniquidades. Para os judeus, o julgamento destas cidades foi uma lição não somente de punição de um grande mal, mas também com a finalidade de um julgamento divino. Aqueles que rejeitarem o Evangelho estarão, no Dia do Juízo, em uma situação muito pior do que as pessoas pecadoras daquelas cidades destruídas, que nunca chegaram a ouvir o Evangelho.

RETIRADO DO LIVRO COMENTÁRIO BÍBLICO NOVO TESTAMENTO APLICAÇÃO PESSOAL.

AUXÍLIO CLASSE DE ADULTO – L 06 Comentário de Hebreus 6.1 -20 .

Extraído do livro: A supremacia  de  Cristo , Fé, esperança  e ânimo na carta aos Hebreus.
José Gonçalves.
Os versículos 11-14 do capítulo 5 retratam os cristãos hebreus como estando ainda na infância da fé. Aqui, o autor vê a urgência de fazê-los avançar nesse processo, pois ele quer tratar sobre a doutrina do sacerdócio de Cristo no capítulo 7. Ele tem consciência de que não será uma tarefa fácil fazer com que seus leitores assimilem o que ele está prestes a ensinar. O autor tem plena convicção de que a doutrina do sacerdócio de Jesus Cristo é de suma importância para O viver vitorioso. Todavia, para que os seus pressupostos e princípios fossem apreendidos, seria necessário ir além dos rudimentos da fé.
“Pelo que, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus" (v. 1). A expressão “deixando os rudimentos da doutrina de Cristo’’ não é um convite ao desprezo dos fundamentos da fé. As bases da fé são necessárias; são, porém, os primeiros degraus a serem escalados numa longa escada da vida cristã. Não devem ser o ponto final, mas, sim, o ponto de partida. Esse fato fica demonstrado com o intenso desejo que o autor tem em conduzir seus leitores à perfeição cristã. A palavra grega teleiotês (perfeição) é descrita no léxico de Bauer com o sentido de “maturidade em contraste com o estágio do conhecimento elementar".' Embora o teólogo Henry Orton Wiley veja, nessa palavra, uma referência à doutrina da perfeição cristã ensinada por John Wesley, o contexto favorece o alcance de uma maturidade espiritual em Cristo nesta vida, e não que possamos chegar à perfeição completa que é reservada para o outro lado da eternidade.  O sentido de obras mortas (v.l) deve ser o mesmo de Hebreus 9.14, que é o de uma consciência limpa e que é alcançada através do arrependimento, enquanto a fé em Deus é uma referência à fé cristã como o ingresso na comunidade dos salvos.
 “E da doutrina dos batismos, e da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno" (v. 2). Em vez de terem crescido em conhecimento espiritual, os crentes hebreus estacionaram. Eles não passaram nem mesmo dos primeiros passos da iniciação à vida cristã. O conhecimento deles limitava-se a um entendimento básico de algumas doutrinas elementares da fé. O autor tinha por certo que seus leitores estavam completamente familiarizados com os rituais por ele descritos. A palavra "batismo” está no plural; sendo assim, é possível que o autor tivesse em mente os vários rituais judaicos de lavamento cerimonial, e não apenas a prática do batismo cristão.4 Tratando-se de uma comunidade formada por judeus cristãos, não seria incomum haver entre eles quem estivesse disposto a querer saber mais sobre esses rituais. O teólogo britânico F. F. Bruce, por exemplo, observa que, em vez de usar o termo grego baptisma, comumente usado para referir-se ao batismo cristão, o autor optou por usar o termo grego baptismos. O léxico grego de Bullinger traduz o termo baptismos como o ato de lavar, ablução, com. especial referência à purificação.  Esse mesmo termo aparece em Hebreus 9.10 e é traduzido pela Nova Versão Internacional como “cerimônias de purificação com água" e “lavar as mãos cerimonialmente" em Marcos 7.4. No contexto do Novo Testamento, a referência à imposição das mãos está associada ao recebimento do Espírito Santo (At 19.6) e à ordenação de obreiros (1 Tm 4.14). Por outro lado, a ressurreição de mortos e o juízo vindouro são doutrinas de natureza escatológica e, por certo, cridas e aceitas por seus leitores.
        “E isso faremos, se Deus o permitir" (v. 3). O autor não nega a importância desses ensinos, e sim os vê como os "fundamentos”, e não como todo o edifício doutrinário. Era, portanto, mister avançar no seu doutrinamento.
        "Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo” (v. 4). O tom exortativo da carta aos Hebreus chega a seu ápice aqui, no versículo quatro deste capítulo. Com a palavra "impossível” (gr. adynatos), o autor dá início a uma argumentação que culmina no versículo 6. Dentro desse contexto, o termo “impossível” é usado em relação àqueles que caíram e não mais podem ser restaurados ao arrependimento. Mas que tipo de queda o autor está-se referindo? Não há dúvida de que não se trata de um desvio qualquer, mas, sim, daquilo que o próprio autor já se referira em Hebreus 3.12 — o pecado da apostasia. A interpretação que afirma que, aqui, o autor se estaria referindo a uma mera hipótese, sem possibilidade de realização, não consegue ser convincente. Da mesma forma, a interpretação que tenta transformar "os iluminados" que "provaram o dom celestial" e que se "tomaram participantes do Espírito Santo” em descrentes ou crentes salvos, porém não regenerados, não se sustenta por razões contextuais, gramaticais e léxicas!
1. O termo "iluminado” é usado tanto no contexto do Novo Testamento como aqui em Hebreus como se referindo a pessoas salvas (Hb 10.32; Jo 8.12; 2 Pe 1.19).
2. A palavra grega dorea, traduzida aqui como "dom”, é usada em outras passagens no Novo Testamento. É usada em referência a Cristo, o Espírito Santo ou alguma coisa dada por Cristo. Esse texto, portanto, fala daqueles que experimentam o dom do Filho (Jo4.10; Rm 5.15,17; 2 Co 9.15; E f 4.7) e do Santo Espírito (At 2.28; 8.20; 10.45; 11.17) e que posteriormente caíram.
3. A expressão “participantes do Espírito Santo” só tem sentido em relação a crentes (Rm 8.9). Hal Harless destaca que os que caíram foram, de uma vez por todas, feitos participantes (metochous genêthentas) do Espírito Santo (Hb 6.4). Esse particípio passivo mostra que Deus fez que eles participassem do Espírito Santo e que isso não partiu deles mesmos. O termo grego metochos significa:  (1) "compartilhando/participando". (2) "negócios”, “parceiro”, "companheiro”. O particípio acompanhante favorece o primeiro. Eles participam do Espírito Santo, então eles são regenerados (Rm 8.9, Tt 3.5-7).
“E provaram a boa palavra de Deus e as virtudes do século futuro” (v. 5). Os crentes a quem o autor fez referência no versículo 4 também provaram "a boa palavra de Deus” e os "poderes do século vindouro". Esse versículo também só tem sentido quando visto em referência a crentes. Eles já haviam sido iluminados, provado do dom celestial e participado do Espírito Santo. Agora, é mostrado que eles também provaram da palavra de Deus e conheceram as virtudes do século vindouro. Eram, portanto, crentes de verdade.
“E recaíram sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus e o expõem ao vitupério” (v. 6). O autor alertará que a queda na fé é uma possibilidade real e que, nesse aspecto, a apostasia é um caminho sem volta. Aqui, ele mostra a causa dessa tragédia espiritual. Tanto Bruce como Hughes destacam que o particípio anastaurountas (crucificar de novo) aqui é causal, indicando a impossibilidade de o apóstata arrepender-se e recomeçar de novo. Fritz Rienecker (1897-1965) destaca que o particípio paradeigmatizontas (expor à desgraça) soa como um alerta aos leitores para que o mesmo apóstata não volte ao judaísmo, pois, se ele assim o fizesse, não haveria mais condições de refazer sua vida espiritual. Esse fato requereria uma re-crucificação de Cristo e a exposição dEle à vergonha pública.9 William Barclay vê a apostasia aqui como um fato concreto, porém entende que a mesma acontecia no contexto de uma perseguição onde o cristão era desafiado a negar sua fé. Ainda segundo Barclay, o autor queria mostrar que “era a terrível seriedade de escolher a sobrevivência neste mundo à custa da lealdade a cristo. O autor de Hebreus, na continuação, diz uma coisa terrível. Os que cometem apostasia crucificam a Cristo outra vez”. (veja o Apêndice, posto logo após o capítulo 14 deste livro). “Porque a terra que embebe a chuva que muitas vezes cai sobre ela e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada recebe a bênção de Deus” (v. 7). O versículo 7 ilustra a vida frutífera do cristão que cresce diariamente na graça e no conhecimento do Senhor.
“Mas a que produz espinhos e abrolhos é reprovada e perto está da maldição; o seu fim é ser queimada” (v. 8). Entretanto, por outro lado, o versículo 8 representa a vida do apóstata que produz mau fruto.
“Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores e coisas que acompanham a salvação, ainda que assim falamos” (v. 9). Alguns comentaristas usam esse versículo para tentar provar que a apostasia não passa de uma mera possibilidade e que nunca ocorrerá, de fato, com um cristão. Isso, no entanto, é ir além do que o texto está afirmando. Para o expositor bíblico Charles A. Trenthan, o autor precisou usar um tom duro, dando uma sacudida nas convicções de seus leitores, pois observou que eles estavam considerando consigo a possibilidade de apostatar. Trenthan observa que o autor "acrescenta uma palavra de certeza confortante. Ele usa um termo de carinho e encorajamento e chama-os de amados. Essa é a única vez que ele usa esse termo. Não há romantismo sentimental neste escritor. Contudo, as fortes palavras de advertência agora são suavizadas pela certeza de que, embora eles estivessem pensando em afastar-se de Jesus, na verdade não o fizeram. Não caíram, embora tivessem se demorado demais na cartilha cristã."
“Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra e do trabalho de amor que, para com o seu nome, mostrastes, enquanto servistes aos santos e ainda servis" (v. 10). O autor reconhece que esses crentes tinham serviços prestados na comunidade e envia-lhes uma palavra pastoral ao mostrar o cuidado que Deus tinha por eles. Entretanto, a vida cristã é uma caminhada que requer perseverança; por isso, são encorajados a irem até o fim.
“Mas desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado até ao fim, para completa certeza da esperança” (v. 11). Essa perseverança tem em vista a promessa da vida eterna, que é herdada por aqueles que imitam quem andou na senda da fé.
“Para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que, pela fé e paciência, herdam as promessas” (v. 12). O autor lembra o testemunho de Abraão, conforme registrado em Gênesis 22.16-17, quando este ofertou seu filho a Deus.
“Porque, quando Deus fez a promessa a Abraão, como não tinha outro maior por quem jurasse, jurou por si mesmo” (v. 13). Sabendo que os juramentos são importantes para os homens, Deus, por meio de juramento, garantiu a Abraão que ele herdaria as promessas. Essa promessa envolvia a bênção da multiplicação.
 “Dizendo: Certamente, abençoando, te abençoarei e, multiplicando, te multiplicarei" (v. 14). Nesse contexto, essa promessa transcende o aspecto físico e alcança todos aqueles que são descendentes de Abraão pela fé. Quando as promessas foram feitas a Abraão, ele teve que esperar com paciência. Quando Deus fez a promessa de uma grande posteridade a Abraão, este estava com 75 anos. Vinte e quatro anos depois, veio-lhe a promessa de um filho, que foi cumprida um ano depois.
“E assim, esperando com paciência, alcançou a promessa" (v. 15). O hebreu Abraão era um exemplo de ânimo, fé e esperança para os crentes hebreus. Pela fé, ele alcançou a promessa e viveu na expectativa daquelas que ficaram para serem realizadas.
 “Porque os homens certamente juram por alguém superior a eles, e o juramento para confirmação é, para eles, o fim de toda contenda" (v. 16). Deus deu a Abraão uma garantia legal de que sua palavra seria cumprida.
“Pelo que, querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do seu conselho aos herdeiros da promessa, se interpôs com juramento” (v. 17). Neil R. Lightfoot observa que a intenção do autor é mostrar que a promessa de Deus não vacila. Ela é sólida, irrevogável. Mas, para mostrar a Abraão que, de fato, a sua promessa seria cumprida, deu a sua palavra como garantia “Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta” (v. 18). Se Deus prometera, Ele cumpriria. Se Ele jurara, seu juramento seria mantido. Esse era o fundamento de quem firma sua esperança em Deus.
“A qual temos como âncora da alma segura e firme e que penetra até ao interior do véu" (v. 19). A esperança do cristão é como uma âncora que está aportada no interior do santuário celestial, isto é, além do véu onde Jesus encontra-se.
“Onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque” (v. 20). Cristo adentrou primeiramente nesse santuário celestial porque ele é o Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque.


Extraído do livro: A supremacia  de  Cristo , Fé, esperança  e ânimo na carta aos Hebreus.
José Gonçalves.


sábado, 3 de fevereiro de 2018

Classe Primários - Os Sábios visitam Jesus.

Retirado  do livro =  Comentário Bíblico de Aplicação Pessoal da CPAD.
2.1 Tendo nascido Jesus em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes. A pequena cidade de Belém ficava cerca de oito quilômetros ao sul de Jerusalém. Segundo a previsão do profeta Miquéias, o Messias nasceria naquela cidade (Mq 5.2). Para distinguir essa cidade de outras, com o mesmo nome, Mateus acrescentou da Judéia. A terra de Israel estava dividida em quatro distritos políticos e inúmeros territórios menores. A Judéia também chamada de Judá) estava no sul, Samaria no meio, Galiléia no norte, e Iduméia no sudeste. Jerusalém também estava na Judéia e era a sede do governo do rei Herodes. Embora muitos Herodes sejam mencionados na Bíblia, esse era Herodes, o Grande, que governou de 37 a.C. até 4 d.C.
Nesta época, chegaram a Jerusalém alguns sábios vindos das terras do oriente e pouco se sabe a respeito deles. Também chamados de magos, eles podem ter pertencido a uma casta sacerdotal da Pérsia, mas não eram reis. A tradição diz que eram homens de elevada posição na Pártia, perto do local da antiga Babilônia (o livro de Daniel faz referência aos sábiosda Babilônia; veja Dn 2.12,18; 4.6,18).
A opinião tradicional de que havia três sábios [ou magos] vem dos três presentes que foram dados a Jesus (2.11), mas a Bíblia não diz quantos sábios vieram.
2.2 Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos a adorá-lo. Os magos disseram que haviam visto a estrela de Jesus.
No Antigo Testamento, através de um homem chamado Balaão, Deus havia se referido a “uma estrela” que procedeu de Jacó (Nm 24.17). Como esses homens sábios souberam que a estrela representava o Messias, aquele que era o recém-nascido rei dos judeus? (1) Eles podem ter sido judeus que permaneceram na Babilônia depois do Exílio e conheciam as profecias do Antigo Testamento sobre a vinda do Messias. (2) Eles podem ter sido astrólogos orientais que estudaram os manuscritos do Antigo Testamento.  Por causa do exílio, acontecido séculos antes na Babilônia, uma grande população de judeus ainda permanecia lá e eles podem ter tido cópias do Antigo Testamento. (3) Eles podem ter recebido uma mensagem especial de Deus, que os levou diretamente ao Messias.
Mateus estabelece um ponto significativo ao realçar a adoração desses homens sábios, em contraste com os líderes religiosos judeus que conheciam as Sagradas Escrituras e não precisavam viajar muito longe para encontrar o seu Messias. Esses líderes judeus orientaram os homens sábios até Belém, mas eles mesmos não foram (2.4-6).

2.3 Herodes, ouvindo isso, perturbouse.  As notícias dos magos perturbaram profundamente Herodes porque ele sabia que o povo judeu estava aguardando um Messias que estava para chegar (Lc 3.15). A maioria dos judeus esperava que o Messias fosse um grande libertador militar e político, como Judas Macabeu ou mesmo Alexandre, o Grande. Mas Herodes ficou obviamente perturbado por diversas razões:
• Herodes não era o herdeiro legítimo do trono de Davi; ele reinava por indicação de Roma. Muitos judeus odiavam Herodes por ser um usurpador. Se esta criança fosse realmente o legítimo herdeiro do trono, Herodes iria certamente enfrentar problemas com os judeus.
• Herodes era cruel e por causa dos seus inúmeros inimigos suspeitava que alguém pudesse tentar derrubá-lo do trono.
• Herodes não queria que os judeus, que eram um povo religioso, se reunissem em volta de um personagem religioso.
• Se esses sábios fossem de origem judaica, e se tivessem vindo da Pártia (a região mais poderosa depois de Roma), eles ficariam contentes em receber um rei que poderia desequilibrar o poder longe de Roma. O fato de toda a Jerusalém ter ficado preocupada, junto com o rei Herodes, indica que os líderes religiosos e os leigos também se preocupavam com a notícia do nascimento de uma criança da linhagem real judaica, da linhagem de Davi. Todos aqueles que conheciam a crueldade de Herodes temiam que as suas suspeitas tivessem sido despertadas.

2.4 Herodes precisava de alguns conselhos dos entendidos, portanto convocou uma reunião com todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo. A maioria dos príncipes dos sacerdotes era formada por saduceus, enquanto os escribas [também chamados “mestres da lei”] eram principalmente fariseus.  Esses dois grupos não se entendiam bem por causa das grandes diferenças existentes no seu credo a respeito da lei. Os saduceus acreditavam que somente o Pentateuco (os primeiros cinco livros do Antigo Testamento) representava a palavra de Deus; os fariseus e os mestres da lei eram os intérpretes profissionais da lei, os especialistas legais da época de Jesus. Entre esses homens Herodes esperava encontrar alguém que pudesse explicar onde havia de nascer o Cristo.

2.5,6  Sete séculos antes o profeta Miquéias havia dado a exata localização do nascimento do Messias (Mq 5.2), e Mateus citou várias vezes os profetas do Antigo Testamento para mostrar que Jesus cumpria perfeitamente as profecias a respeito do Messias. Os líderes religiosos judeus entendiam que o Messias iria nascer em Belém da Judéia e esse era um fato muito conhecido de todos os judeus (Jo 7.41,42). Ironicamente, quando Jesus nasceu, esses mesmos líderes religiosos se tornaram o Seu maior inimigo. Quando o Messias, por quem tinham estado esperando finalmente chegou, eles não quiseram reconhecê-lo.

2.7 Herodes chamou novamente os magos para que respondessem a sua pergunta (2.2).  Entretanto, ele também precisava saber a idade desse “rei”. Herodes deduziu que se soubesse exatamente acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera ele saberia a idade da criança.
Como a estrela havia aparecido dois anos antes, Herodes logo mandou matar todos os meninos que tivessem dois anos ou menos (veja 2.16).

2.8 Herodes enviou os magos a Belém dizendo: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino, e, quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore. Herodes não podia deixar que o boato sobre um futuro rei ficasse sem a devida verificação. Mas ele não queria adorar a Jesus, queria matá-lo.

2.9 Tendo sido informado de que a criança iria nascer em Belém, os magos partiram; e eis que a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles enquanto estavam a caminho de Belém. Depois, a estrela se deteve sobre o lugar onde estava o menino.  Mateus não conta como era essa estrela, como se movia, ou como os magos encontraram a criança desde o momento em que a estrela começou a se mover até o momento em que ela parou. Mas Mateus deixou claro que Deus havia mandado propositadamente essa estrela para guiar esses homens até o seu Filho.

2.10 E, vendo eles a estrela, alegraram-se muito com grande júbilo. O movimento da estrela tinha sido visível a esses homens que estudavam o céu e observavam as estrelas. Eles haviam acompanhado essa estrela por milhares de quilômetros e não tinham encontrado a criança num palácio em Jerusalém como haviam esperado. Portanto, embora cansados, continuaram seu caminho, seguindo novamente o movimento da estrela.
Não é de admirar que, ao ver a estrela parar, eles se alegraram muito, com grande júbilo.

2.11 Jesus tinha provavelmente um ou dois anos de idade quando os magos o encontraram.
Nessa época, Maria e José estavam vivendo numa casa. Os magos deram presentes preciosos que eram dignos de um futuro rei.
Ouro era o presente para um rei (SI 72.15); incenso, uma resina perfumada e brilhante obtida da casca de certas árvores, era o presente para uma divindade (Is 60.6); e a mirra, uma valiosa e perfumada especiaria que também vinha das árvores, era usada para embalsamar, portanto era um presente para uma pessoa que ia morrer (Mc 15.23; Jo 19.39). Esses presentes teriam certamente oferecido os recursos financeiros para a viagem de ida e volta de José e Maria até o Egito (2.13-23).
Esses magos, astrólogos do oriente, prostraram-se e adoraram o jovem rei dos judeus, indicando o cumprimento de mais uma profecia (SI 72.10-19).


2.12 E, sendo por divina revelação avisados em sonhos para que não voltassem para junto de Herodes, partiram para a sua terra por outro caminho. Se voltassem através de Jerusalém seria impossível evitar Herodes, portanto os magos partiram de Belém tomando outra direção. Nessa história, Deus revela todo cuidado por seu Filho porque o mundo hostil já estava tentando tirar a vida da pequena criança. A intervenção divina representa um tema importante no Evangelho de Mateus. Ele mostra como Deus cuidou da vida de Jesus a fim de realizar seu plano divino.