quinta-feira, 4 de agosto de 2016

“Subsídio Teológico” A Evangelização dos Grupos Desafiadores

 
I. Galhos Secos, o Desafio de Pregar aos Viciados

1. O desafio de todos nós. O envolvimento das Assembleias de Deus na evangelização de dependentes químicos é bem recente. Salvo casos excepcionais, passamos a cuidar desse problema espiritual  e social somente a partir dos anos 1970.

Uma das primeiras reportagens sobre o tema chegou aos leitores do jornal   em 1989, quando o pastor Nemuel  Kessler
visitou o Desafio Jovem de Piracicaba, no interior paulista, para noticiar o mil agre ocorrido na vida da jovem Leia de Oliveira.
A moça fora um dos primeiros casos de cura da AIDS em nossa igreja — comprovando o imenso interesse de Deus na alma dos viciados.
O responsável  por aquele trabalho era o evangelista Vanderlei Guidelli, que já tivera a sua própria experiência de libertação.
 Uma vez liberto, ele abraçou como poucos o desafio e, amorosamente, tem-se dedicado a cuidar das almas destruídas pelos vícios. Depois de Piracicaba, o pastor Vanderlei foi transferido para Cravinhos, e agora se acha em Sertãozinho. Por onde
passou, ele fundou trabalhos para a recuperação de dependentes químicos.
Eu gostaria de poder dizer que a dedicação desse servo de Deus levou toda a igreja a interessar-se e envolver-se nesta causa, mas, infelizmente, testemunhos como o dele são pontos fora da curva, exceções que confirmam uma triste regra: como Noiva do Cordeiro, reconhecemos o valor da alma dos viciados; como instituição, escolhemos concentrar-nos em irrelevâncias.



2. Encarando com amor esse grupo desafiador.  O maior desafio para evangelizar os grupos desafiadores está em nós mesmos. Nossa agenda está sempre repleta de eventos extenuantes e onerosos, enquanto famílias perdem tudo, inclusive a si mesmas, para as drogas. Embora o vício, para alguns, não seja contagioso, a sua destruição o é. Parecem-lhe fortes e provocativas estas palavras? Eu alertei, no início do capítulo, que a evangelização tem a peculiaridade de constranger-nos em virtude de sua prioridade e urgência.
Clássicos como , do saudoso evangelista David Wilkerson, ou , de Nick Cruz, deixam claro que somente a salvação em Cristo,
incluindo a experiência pentecostal , possibilita uma vitória retumbante sobre o vício.
Nas casas de desintoxicação particulares e estatais, os internos são tratados apenas clinicamente; espiritual mente, não recebem qual quer assistência. Seus curadores acham que qual quer tratamento para a alma serve. Dessa forma, igualam o evangelho de Cristo ao espiritismo, ao islamismo ou a outra manifestação religiosa qual quer. Conclui-se, pois, que não podemos ausentar-nos das clínicas onde são tratados os viciados em drogas.



3. Galhos secos à procura de vida. Nos anos 1970, ainda adolescentes, os irmãos Osny (falecido em 2007) e Osvary Agreste compuseram uma canção chamada “Galhos Secos”. Por algum motivo, o hino tornou-se o cântico das casas evangélicas de recuperação de drogados. De norte a sul , onde houver um centro cristão de recuperação de viciados, a música é
entoada pelos internos com a pouca força que lhes restou após anos de destruição. Diz a inspirada e doce composição:

Nos galhos secos de uma árvore qualquer
Onde ninguém jamais pudesse imaginar
O Criador vê uma flor à brotar

Olhai, olhai, olhai
Os lírios cresceram no campo
E o Senhor nosso Deus
Os têm alimentado para nossa alegria

Para nossa alegria


Os irmãos Agreste não sabiam que a experimentação musical  da sua puberdade era quase profética, pois descreve o sentimento de homens e mulheres que, num último ato de coragem e lucidez, buscam reaver o que  Satanás lhes roubou pelo vício. Nas UTIs espirituais, que são as casas cristãs de reabilitação, os dependentes passam os dias entre cultos, recreações e crises de abstinência, sentindo-se lenhos secos, onde só o Criador consegue enxergar vida. Mas as ores têm brotado, para nossa
alegria. E, também, para nossa vergonha, pois as libertações ocorridas nesses lugares fazem lembrar algo que muitos crentes já esqueceram: a Palavra tem poder para transformar o pior dos pecadores, o mais destruído dos seres humanos.
É desafiador falar de Cristo aos drogados? Sem dúvida. Mas é também surpreendentemente recompensador, porque onde o pecado abundou, a graça superabundou. Para nossa alegria.


II. Tempos Trabalhosos, a Evangelização de Homossexuais
1. Um tempo de grandes provações. Na década de 1980 — anos que conduziram meus olhos à adolescência, havia uma doce inocência nos jovens. Nas palestras sobre namoro, noivado e casamento, não se falava em homossexual ismo. Não era necessário. Mas o tempo passou, levando consigo toda a ingenuidade. Um novo tempo chegou e, com ele, veio a primeira geração da história a querer fazer da exceção a regra, do esdrúxulo a norma, do estranho a lei.
O homossexual ismo, que a pós-modernidade teima em taxar de homossexual idade, tem uma história tão longa quanto a queda do ser humano. Haja vista as cidades de Sodoma e Gomorra. Homossexuais são contados entre filósofos e soldados da civilização greco-romana. Tal prática, porém, nunca foi considerada digna de ser equiparada ao matrimônio, pois ninguém jamais duvidou de que o casamento tem a ver com espécie, gênero e número. Só há casamento entre seres humanos (espécie). Bichos formam pares; seres humanos, casais. E só se forma casal com homem e mulher (gênero), pois é do que se precisa: um macho e uma
fêmea. Exatamente dois; este é o número. Basta dizer “casal ” para que, instintivamente, nosso cérebro visualize um homem e uma mulher.
Portanto, a lógica gay é contrária ao casamento instituído pelo Criador.

2. O pior dos tempos. O movimento gay assumiu uma tática que vai muito além da tradicional  “luta pelos direitos dos homossexuais”. Nessa guerra contra a família tradicional , eles querem  a sociedade à força. Um dos melhores trabalhos já escritos a respeito do assunto é o do pastor Louis Sheldon. No livro , ele conta como os líderes gays têm atiçado suas hostes contra as famílias, as igrejas e as crianças (as vítimas mais vulneráveis dessa investida satânica). Em nosso país, o alvoroço homossexual  é incontrolável . Vivemos o pior dos tempos. No entanto, a Igreja de Cristo não cará impassível  ante o desafio da
evangelização dos homossexuais, porque Jesus também morreu por eles.
Em vez de os olharmos com ódio e rancor, devemos expor-lhes o plano da salvação, porque eles não são piores nem melhores do que os demais pecadores. Deus os ama e quer trazê-los ao seu Reino, libertando-os do pecado e da escravidão do Diabo.

3. O desafio da evangelização dos homossexuais. Muitos crentes acreditam que os homossexuais estão sendo usados pelo Diabo para
capitanear uma perseguição sistemática contra a Igreja. Essa, porém, é apenas uma causa secundária. Na verdade, os homossexuais buscam impedir a ação evangelizadora da Igreja, porque não ignoram o evangelho, que é o poder de Deus para a salvação de todo o que crê, seja ele heterossexual , seja ele homossexual. A verdade liberta o homem de todo e qual quer pecado.


A televisão mostra os heróis do universo gay discursando inflamadamente nas comissões do Congresso Nacional . Mas, ao fim de
seus pronunciamentos, deixam rapidamente o plenário, pois recusam ouvir as verdades que tanto os incomodam. Eles fogem dos debates, principal mente quando notam, entre os debatedores, a presença de algum pastor. Isso significa que temem ouvir o evangelho de Cristo, pois diante da mensagem da cruz ninguém há de ficar indiferente.
Por conseguinte, a solução para ganhar os homossexuais para Cristo é uma só: o amor de Deus em nós e por meio de nós. Deus nos ordena que os amemos e que oremos por eles. É... Como tenho dito, a evangelização constrange, pois exige coisas que nem sempre estamos dispostos a dar ou a fazer. Não somos inimigos dos gays. Eles, todavia, nos veem como adversários. Por isso mesmo, devemos mostrar-lhes nosso amor, falando lhes aberta e francamente do evangelho de Cristo. Eles precisam saber que
Jesus também morreu por eles.

III. A Mentira mais Antiga do Mundo e o Desafio de Evangelizar quem se Prostitui

Você já deve ter ouvido alguém dizer que a prostituição é o ofício mais antigo do mundo. Jazem aí duas mentiras. A primeira é factual : o trabalho mais antigo do mundo é a agropecuária, seguida pela indústria de transformação. O segundo erro, pior que o primeiro, é conceitual : prostituição não é profissão, mas ofensa contra Deus.

1. Quem vende sexo não resiste ao amor. No município de Itaperuna, no interior fluminense, havia um prostíbulo explorado por uma cafetina bem folclórica. Numa contingência sofrida por uma família de uma igreja recentemente aberta, o pastor viu-se obrigado a entrar naquele local  de pecado, transgressão e medo. A cena que ele descreveu, ao contar a história, foi de um realismo impressionante. No ambiente sujo e promíscuo, homens e mulheres, seminus, deitavam-se por todos os cantos.
Final mente, alguém observou que ele, definitivamente, não pertencia àquele lugar.
Depois de um reboliço, aparece diante dele uma mulher envelhecida pelo pecado e tornada feia pelo “negócio” que geria. Era a
Valesca, a dona do prostíbulo. De cara fechada, e com um ódio que lhe acentuava ainda mais as bochechas pronunciadas, ela lhe perguntou: “Você veio aqui por quê?” A resposta do pastor foi divina e certeira: “Estou aqui por causa da sua alma!”. Aquelas
palavras penetraram fundo no coração da mulher. A raiva de seus olhos cedeu lugar às lágrimas. O rancor de seus lábios foi
substituído pelos pedidos de desculpas, repetidos à exaustão. Valesca foi tocada pelo evangelho.
Ainda foi necessária alguma insistência e muita oração, até que a velha cafetina se convertesse a Cristo. Mas, em fim, chegou o dia em que ela foi intimada a decidir o que faria de Jesus. O pastor lhe disse: “Eu a quero em nossa igreja, no próximo domingo”. “Não”, retrucou a mulher. “Não posso ir. O que as pessoas vão dizer?” A resposta do amoroso pastor que invadira
o prostíbulo fê-la estremecer: “Se a senhora não for, trarei os irmãos aqui para fazer o culto!” Não foi preciso. A dona do bordel  compareceu à igreja e aceitou Cristo como Salvador. Naquela noite, a cidade descobriu que o verdadeiro nome de Valesca era Maria de Jesus.

2. O desafio de falar de Cristo às prostitutas. O desconforto de falar de Cristo aos que se prostituem é patente e até compreensível , porque nem todos estão aptos a levar adiante tal  ministério. Há, porém, várias associações dedicadas a evangelizar prostitutas e prostitutos. Os melhores exemplos vêm da Europa, onde, em alguns países, os que vivem da prostituição moram todos no mesmo setor da cidade. As organizações cristãs procuram marcar presença nessas local idades, com apoio médico, psicológico e, cl aro, espiritual . Trata-se de um trabalho evangelístico difícil  e que exige amor e muita coragem. Boa parte desses obreiros é
composta por homens e mulheres que já estiveram na prostituição e foram resgatados por Jesus.


Conclusão

Quando falamos na evangelização de grupos desafiadores, imaginamos que o desafio são os grupos. Não é verdade, o desafio está em nós e em nossa resistência em falar-l hes de Cristo. Nós os evitamos, mas nem sempre eles nos rejeitam. Fugimos dos drogados, desprezamos os gays e repudiamos os que se prostituem. Mas, por favor, não apequene meus argumentos concluindo que estou nos auto acusando de preconceito. Isso não é verdade, nem sobre o que digo e nem a respeito de nós. Não temos
preconceito; temos, sim, um conceito muito bem estabelecido do que é certo e do que é errado. Do que é pecado e do que não é. Entretanto, ainda não dominamos a arte espiritual , na qual  Cristo era Mestre: separar o pecado do pecador. E este nem é o maior dos nossos desafios. Pior que este é a apatia em que vivemos. Achamo-nos mergulhados na mesmice. Não nos esforçamos o bastante para fugir à rotina, afim de ganhar uma pessoa para Cristo. A situação complica-se quando essa pessoa é drogada, homossexual  ou vive da prostituição. Evangelizar tais grupos é um trabalho solitário e desafiador.
Leva-nos às ruas vazias e aos becos assustadores. Não é tarefa que requeira igrejas suntuosas, mas demanda instalações adequadas e adaptadas.
Definitivamente, tal  missão não é para obreiros engravatados e com anéis de doutores; é obra para quem não se importa de sujar as roupas e as mãos com o pecador caído na sarjeta. O desafio de ganhar esses grupos para Cristo não será vencido por pregadores de multidões, mas por pescadores de homens.
Este é o nosso trabalho.






sábado, 30 de julho de 2016

Gestos de gratidão a Deus

Para esta reflexão, tomemos como base o texto do Evangelho segundo escreveu o apóstolo Mateus, capítulo 26, versículos de 6 a 13. Desejo falar sobre gratidão. Muitas são as vezes nas quais deveríamos manifestar maior gratidão a Deus pelo que nos concede diariamente, mormente pelo fato de nos redimir e de dar-nos a capacidade de exercitar algo para Ele. Mas, como seres egoístas no qual muitas vezes nos tornamos, desejamos trazer para nós apenas os louros das vitórias e as histórias de sucessos, esquecendo-nos da gratidão. Devemos nos lembrar sempre da verdade de que jamais poderemos pensar em gratidão, a menos que ela envolva mais do que nossas palavras: envolva o nosso ser em todas as suas utilidades nesta vida. No Seu grande Sermão Profético, Jesus definiu claramente no que consiste a verdadeira gratidão: “Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25.34-40). Logo, se conclui que gratidão é o amor em ação. Nessa definição, aprendemos com clareza que gratidão, do ponto de vista de Deus, não consiste apenas em rituais ou um conjunto de palavras, mas naquilo que impele o homem ou a mulher ao trabalho em toda a sua existência. Para compreendermos melhor o que envolve a verdadeira ingratidão, volvamos os olhos para os últimos dias da vida de Jesus na terra. Voltemo-nos agora ao texto de Mateus 26.6-13. A mulher pecadora, com seu ato de gratidão, escolheu um vaso de alabastro para conter o perfume que deveria com ele agradecer a Jesus, como prova da sua afeição e amor que dedicara ao divino Mestre. O alabastro é material translúcido, tipo de mármore e apresenta-se muitas vezes em cores, dando magnífica aparência aos vasos fabricados, usados muitas vezes como acessório de adorno. Contudo, naquele banquete em Betânia, a beleza do vaso não era o presente de maior valor que ela desejava entregar ao Mestre. O vaso possuía dentro de si um nardo preciosíssimo. O mesmo sucede com o ser humano. Ele pode ter boa aparência, pode ocupar uma posição de destaque e/ou ter os maiores títulos acadêmicos ou sociais, porém não terá valor algum se a pessoa não estiver habilitada pela Palavra de Deus e com a compreensão de que deve ser grata a Deus por tudo o que recebe a cada instante em sua vida. Enquanto o vaso estava na mão da mulher, não se podia saber o seu conteúdo. Poderia ser um perfume caro ou um líquido qualquer, sem valor algum. Mas, quando aquele vaso foi quebrado, e o perfume derramado sobre a cabeça de Jesus, toda aquela casa se encheu daquele precioso odor. Observem que quando aprendemos a ser gratos a Deus e úteis em Sua obra, seremos o bom cheiro, nossas vidas serão um precioso perfume, no que diz respeito a um viver baseado na Bíblia. “Como cheiro de vida para a vida”, sua vida não será apenas um nome, não será um título, nem tampouco uma alta posição social ou riquezas acumuladas, mas, uma vida totalmente consagrada para Deus em benefício da obra do Senhor Jesus. Todos nós podemos ser comparados como vasos de alabastros. Devemos derramar o nosso vaso diante do mundo, a fim de que o Evangelho seja difundido. O perfume é também a Palavra de Deus pregada com o poder do Espírito Santo. Neste derramar de nosso vaso de alabastro, teremos lutas e críticas. Muitas vezes até parecerá que a derrota nos atingiu. Por certo, muitas das frias realidades da vida parecem dar-nos a ideia de que fomos derrotados, mas não devemos desanimar. Muitas vezes os duros embates desanimam os fracos, mas aumentam a experiência e a coragem dos fortes. Jesus promete dar força nas lutas a cada um de nós, perseverança nos revezes e ânimo quando a derrota parecer sorrir. Lembremo-nos sempre que para atingirmos o nível que nos levará à vitória e para a sentirmos e demonstrarmos a verdadeira gratidão, só há uma fórmula: Jesus em nossa vida!


Francisca Alves Shéridan tem 87 anos de idade e é membro da Assembleia de Deus em Parauapebas (PA).

O poder restaurador do amor de Deus

Por: Gesiel Pereira
Dos três milagres de Jesus em que Ele esteve ressuscitando pessoas, devolvendo a vida e a alegria, e glorificando o Pai que está nos céus por meio desses milagres, podemos afirmar que o acontecimento narrado pelo evangelista Lucas na cidade de Naim (Lc 7.11-17) foi o mais comovente e deslumbrante. O que nos chama a atenção nas outras ressurreições - a volta à vida da filha de Jairo e a ressurreição de Lazaro - é que, por mais que o poder, o amor e a compaixão de Cristo estejam sendo manifestados, o crer é exigido tanto de Jairo como de Marta e Maria. Nos dois casos, os interessados partem ao encontro de Jesus, ao contrario do milagre acontecido na cidade de Naim, onde Jesus vai ao encontro da viúva. Em Naim, acontecera um milagre subsequente de Jesus, visto que Ele partira a Naim vindo de Cafarnaum (Lc 7.1-10), de um cenário onde “goteja fé”, e muita fé por sinal, pois o próprio Jesus maravilhou-se de não ter visto tanta fé nem mesmo em Israel. Mas, o que levou o Senhor da vida a caminhar aproximadamente cinquenta quilômetros para um lugar onde não havia fé nenhuma naquele momento, quando é a a fé que move todas as coisa e por ela as coisas são estabelecidas? Talvez para conseguir responder isso deveríamos perguntar também. O que levou o Deus eterno a descer dos céus à Terra e torna-se homem? Por que Ele lavou os pés daquele que o trairia? Por que Ele multiplicou pães e peixes para uma grande multidão? Tinha Ele que restaurar a orelha do soldado? Por que na véspera da Sua morte, em vez de se confinar sozinho em algum lugar, Ele resolveu jantar com os seus Seus amigos? Foi por causa de alguma fé que surgiu nesses eventos? De maneira alguma. Foi por causa do seu grande amor e pelo mover de sua íntima compaixão. Foi devido a umde seus atributos: o amor. Jesus é movido pelo Seu amor, e por essa razão vai ao encontro de uma viúva, à qual só restavam as lágrimas. Creio que tudo o que aquela viúva poderia ter feito pelo seu filho ela fez. Provavelmente cumpriu os costumes judaicos, lavou e ungiu o corpo do seu filho, colocou o seu filho em um esquife (uma espécie de maca, e não um caixão fechado) para levá-lo ao sepulcro, adquiriu pelo menos duas flautas e contratou pelo menos uma carpideira para prantear pelo seu filho. O cortejo fúnebre judaico em tudo se diferencia dos cortejos fúnebres ocidentais. A pobre mulher, pela segunda vez provavelmente, fazia o mesmo trajeto, pois já havia sepultado o seu esposo. Ela, mesmo estando viva, puxava o pelotão da morte. A pequena Naim, que significa “agradável”, mais uma vez exalava o odor da morte. Morrer precocemente era pior ainda, pois era considerado um juízo da parte de Deus para a família ou para a pessoa. Nos costumes judaicos, a mulher sempre andava na frente do cortejo, pois, pela tradição rabínica, pela mulher o pecado entrou no mundo e, por esta razão, a mulher teria que estar à frente do cortejo. Para aquela multidão e para a própria viúva, mais uma vez o juízo de Deus é manifesto, visto que, pela desobediência, o pecado surgiu e, pelo surgimento do pecado, o juízo de Deus é exercido pela morte. Entretanto, naquele exato momento, o Deus- -homem, que satisfaz a justiça do Pai, exerce o juízo sobre  a morte e faz a Sua misericórdia triunfar sobre o juízo. Conforme profetizara o profeta Isaias, Ele - o Messias - seria conhecido como homem de dores (Is 53.3), aquele que foi provado até a morte, que em tudo foi tentado, mas nunca pecou. Alguns o chamavam de “santo”, enquanto outros o chamavam de “profano”; uns, por revelação divina, afirmavam ser Ele o Filho do Deus vivo; outros, tomados por completa incredulidade, afirmavam ter Ele demônios. A Sua própria encarnação já se tornara um estado de humilhação; a Sua morte seria um espetáculo e um vitupério ao mesmo tempo. Verdadeiramente, o profeta falou com propriedade: Ele seria um homem de dores. Mas, o profeta continua com sua profecia messiânica e anuncia: “Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si...” (Is 53.4). Quando Jesus, movido pela Sua intima compaixão, se aproxima da viúva e comunica-se com ela, dizendo-lhe “Não chores”, Ele, o homem de dores, conforta aquela pobre viúva, trazendo-a para junto de Seu coração e recebendo em Si mesmo toda dor que pesava na alma daquela mulher. Pessoa alguma que estava com ela conseguira aquietá-la ou fazê-la parar de chorar. Mas, Jesus é diferente. Não deu nem tempo de a viúva lhe dirigir palavra alguma, pois imediatamente o Deus que se comunica com os vivos aliviando as suas dores também é o Deus que se comunica com os mortos. O Mestre da vida, além de falar com o jovem morto, também o toca (ficando assim imundo pela Lei mosaica). O homem de dores, ao receber o choro da viúva, lhe outorga alegria; ao receber a imundícia da morte do jovem, lhe concede o poder de viver novamente, dizendo: “Jovem, a ti te digo: Levanta-te”. E o que fora defunto assentou-se e começou a falar. Não havia fé, não havia esperança, tudo já estava decretado, a sepultura já esperava o seu morto, a morte já cantava o seu cântico, mas Jesus resolveu caminhar cinquenta quilômetros, sem ser convidado, para manifestar o Seu poder e a Sua compaixão. O apóstolo Paulo escreve dizendo que a morte é o último inimigo a ser aniquilado (1Co 15.26). Nas ressurreições realizadas por Jesus, é demonstrada de forma preliminar a vitória dEle sobre a morte, pois com Ele estão as chaves da morte e do inferno (Ap 1.18).



 Gesiel Pereira é evangelista na AD em Balneário Rincão (SC), graduado em Teologia e coordenador teológico da Faculdade FAEST.