Neste trimestre de 2017, estaremos
tratando, na revista de Jovens de Escola Dominical da CPAD, sobre "A
Igreja de Jesus Cristo: sua origem, doutrina, ordenanças, missão e destino
eterno". O tema é bastante pertinente, uma vez que estamos vivendo em
nossos dias o fenômeno dos "evangélicos desigrejados".
Segundo os dados do IBGE de 2010, esse
grupo já é o segundo maior do país. Muita gente diz crer em Deus, em Jesus
Cristo, mas não quer mais saber da igreja como instituição. Os motivos são os
mais variados, porém a igreja não é uma instituição qualquer. Ela não é uma
invenção humana, não tendo sido fundada por nenhum pastor, embora homens
escolhidos por Deus venham dirigi-la. Deus é o seu único dono e Senhor.
Nesse prisma, falaremos, nos primeiros 13
domingos deste ano, sobre a origem e desenvolvimento da Igreja, o real
propósito da Igreja, a organização da Igreja, o Ministério da Igreja, as
Ordenanças da Igreja, o sustento da Igreja, a Igreja na Reforma Protestante, a
Igreja e os dons espirituais, a missão ensinadora da Igreja, a missão social da
Igreja, a Igreja e a política, a Igreja e a salvação dos perdidos, e o que
posso fazer por minha igreja.
O grande motivo pelo qual devemos estudar
sobre a Igreja é que ela foi fundada pelo Senhor Jesus Cristo para expandir o
Reino de Deus na Terra. Todo o Novo Testa- mento destaca a Igreja: os quatro
evangelhos mostram o fundador da Igreja, Jesus Cristo; Atos mostra como a
Igreja nasceu e como foi se desenvolvendo; as Cartas Paulinas foram escritas a
igrejas locais e as pastorais, a pastores de igrejas; as Cartas i Gerais também
foram escritas às igrejas; e o Apocalipse apresenta igrejas recebendo
orientações de Jesus. Temos, portanto, um excelente e farto material bíblico
escrito a respeito da Igreja de Jesus Cristo. Isso deve chamar a nossa atenção
para a importância da Eclesiologia (Doutrina da Igreja), pois a Bíblia confere
muito valor a ela. Além do mais, fazemos parte da Igreja. Logo, estudar a
doutrina da Igreja é tão importante quanto estudar e conhecer as demais
doutrinas bíblicas, pois nós participamos fisicamente dessa doutrina e dessa
instituição.
Jesus é o fundamento da Igreja (At 4.11; Ef
2.20; 1Co 3.11; 10.4). Sem uma base sólida, nenhuma instituição ou construção
consegue se manter de pé. Por isso, o fundamento é tão importante. Outro ponto
importante é o propósito. Toda instituição precisa ter propósitos bem
definidos. A Igreja, como instituição fundada por Deus, tem como seus desígnios
a adoração, a edificação dos crentes e a evangelização.
Toda instituição precisa também ser
organizada, e o mesmo ocorre com a igreja local. Uma igreja deve ser organizada
para receber bem seus membros e visitantes, e ter pessoas responsáveis atuando
nos diversos ministérios e departamentos. Uma igreja desorganizada não reflete
a perfeição do Evangelho. A Igreja do Senhor precisa ter dirigentes que a
conduzam e apascentem, pessoas que entendam que a Igreja de Cristo foi fruto do
amor de Cristo, demonstrado no alto preço que pagou por todos nós que o
recebemos como Salvador (At 20.28).
Quando falamos de Igreja, estamos falando
também de ministério ou serviço, porque ministrar, no contexto bíblico, é
servir. Aquele que ministra o faz porque é servo de Deus em primeiro lugar, e
servo de seus irmãos, pois assim foi comissionado por Deus. Outro tema
importante relacionado à Igreja são as ordenanças. A expressão
"ordenanças" traz a ideia de um grupo de mandamentos específicos, que
devem ser repetidos reiteradas vezes. No caso das ordenanças de Jesus, as quais
são o Batismo e a Santa Ceia, estas devem ser repetidas sempre, para que o povo
de Deus, a Igreja, se lembre não apenas do sacrifício de Cristo, mas igualmente
do seu efeito dele para conosco. Ordenanças, no caso do batismo e da Santa
Ceia, são rituais que exemplificam para a Igreja os últimos momentos de Jesus
com seus discípulos e a ressurreição de nosso Senhor. Jesus deixou claro que
seus discípulos deveriam ensinar, batizar e celebrar a Ceia do Senhor (Mt
22.29; 28.18).
O sustento da igreja também é importante.
Dinheiro é um assunto espiritual. Saber lidar com ele exige sabedoria, e não
são poucos os filhos de Deus que tem dificuldades na área financeira.
Contribuição financeira na igreja , seja dízimo, sejam ofertas, sempre trazem
questionamentos, ainda mais em nossos dias, quando vemos algumas igrejas
fazendo apelos quase que extorsivos para que as pessoas entreguem tudo o que
têm a fim de serem abençoadas por Deus. Entretanto, devemos olhar para o que a
Bíblia diz sobre o assunto. Segundo as Escrituras, dinheiro e finanças são
assuntos espirituais, pois mostram a quem realmente servimos: se a Deus, ou a
Mamom. Devemos contribuir movidos pela gratidão a Deus e a generosidade para
com sua casa, e sabendo que nossa contribuição ajudará no sustento da igreja
local e na expansão do Reino de Deus.
Nos primeiros três séculos da era cristã,
enquanto a igreja não tinha vínculos com o Estado e mantinha sua independência,
foi perseguida, rechaçada e alvo de muitas críticas. Nessa época, ela lutou
internamente contra diversas heresias e sistematizou uma série de doutrinas.
Porém, na medida em que Estado e Igreja foram se aproximando, houve mudanças
que fizeram com que a igreja abandonasse a doutrina dos apóstolos. Os ensinos
de Jesus e a fé genuína em Deus e no Salvador foram, em muitos pontos, deixados
de lado. Tivemos avanços nesse período, como a inicial bonança, pois a igreja
não era mais perseguida e seus verdadeiros membros não eram mais mal vistos
pela sociedade; com Jerônimo completando a tradução da Bíblia para o latim; e
com muitas pessoas passando a professar a fé cristã. Mas, a aproximação entre
igreja e Estado cobrou seu preço.
Foi notório que a igreja daqueles dias
precisava de mudanças drásticas, pois não representava mais o verdadeiro
Evangelho. A igreja estava realmente distante de sua vocação de agência do
Reino de Deus. Era necessário que passasse por um movimento de transformação
que resgatasse os princípios da Igreja Primitiva, que valorizasse as Escrituras
em detrimento da tradição, e que se abstivesse da busca pelo poder terreno. A
Reforma Protestante ocorre com essa intenção.
Outro
tema de destaque sobre a vida da igreja são os dons espirituais. Esse assunto
tem sido alvo de debates principalmente nos últimos 100 anos, por ocasião do
surgimento do Movimento Pentecostal Moderno.
Dons espirituais são poderes ou
capacitações sobrenaturais dados pelo Espírito Santo a pessoas em sua Igreja.
Não são talentos naturais, aprendidos ou aperfeiçoados pelo uso de técnicas humanas.
Essas dotações são divididas entre o povo de Deus pela escolha do Espírito
Santo, que age "repartindo particularmente a cada um como quer" (1Co
12.11). Eles não são um sinal de superioridade espiritual. Os dons dados por
Deus'não se baseiam em um grau d« santidade adquirido por um crente, e sim na
própria vontade de Deus em fazer daquela pessoa alguém que vai ser usada para
determinada atuação dentro do Corpo de Cristo, na igreja local.
A missão da igreja envolve também o social,
mas ela é principalmente espiritual, com foco na salvação do perdido. A
salvação dos perdidos é obra do Espírito Santo. É Ele que convence o homem de
seus pecados e do perdão oferecido por meio do sacrifício de Jesus. A igreja
colabora com o Reino de Deus apresentando a mensagem da salvação a todas as
pessoas, para que tenham chance de ouvir o evangelho e decidir entre aceitar ou
rejeitar a salvação oferecida, fazendo-os entender também as consequências
dessa aceitação ou rejeição. Essa é uma missão urgente para o povo de Deus,
pois ninguém é salvo sozinho. A ordem de Jesus é que transmitamos a todos,
indistintamente, a mensagem a salvação.
Há pessoas que por terem passado por alguma
experiência negativa na igreja local estão a denegrir a imagem e a concepção da
Igreja. Muitos dizem que amam a Jesus, mas não gostam da igreja. Essa é uma
frase que vem sendo constantemente pronunciada por muitos que estão feridos e
magoados com algum crente ou líderes. Só que se amarmos o Noivo, não podemos
deixar de amar a sua Noiva. Deus vê a Igreja como a Noiva de Cristo. Não é
possível dizer que amo a Jesus e não tolerar a Igreja, pois o destino final da
Igreja é estar com Jesus na eternidade.
Eu e você somos parte de um corpo, a igreja
local. E por que ela é tão importante para o nosso crescimento e comunhão?
Porque cada igreja local é uma pequena representação do Reino de Deus. Sejamos,
cada um de nós, agentes desse Reino, vivendo em unidade e comunhão com Cristo e
uns com os outros.
Fonte do Arquivo: Ensinador Cristão nº 69
Por: Alexandre Coelho
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