A FORMAÇÃO DO CARÁTER HUMANO
Todo ser
humano tem seu caráter, seja ele bom ou mau, exemplar, ilibado ou indigno,
pervertido, ímpio ou santo. O caráter depende muito das condições em que a
pessoa é criada, conduzida ou educada. Diz respeito à conduta do indivíduo,
resultante da formação familiar, cívica ou espiritual. ímpios são pessoas de
caráter mau. Há pessoas que cursam todos os níveis de ensino formal, porém seu
caráter é pervertido.
Há, também,
pessoas sem instrução nenhuma, cujo caráter é elevado, digno de ser imitado.
Desse modo, o caráter não depende do grau de instrução, mas, sim, dos
princípios e valores que são incutidos na mente de cada pessoa. Enquanto os
referenciais do mundo são movediços, instáveis e mutantes, ao sabor do tempo e
do lugar, o guia infalível do crente em Jesus é a Palavra de Deus, que é
lâmpada para os pés e luz para o caminho (Sl 119.105). Assim, um crente fiel
não só deve fazer diferença, mas seu comportamento também deve ser referencial
para a sociedade. Grande é a responsabilidade perante Deus, a igreja e o mundo.
I - O CARÁTER NA REALIDADE DO HOMEM
1. O Caráter Humano e seu Significado
Segundo o
Pastor Antonio Gilberto, caráter “É o aspecto psíquico da personalidade. O
caráter é a característica responsável pela ação, reação e expressão da personalidade. É a maneira
própria de cada pessoa agir e expressar-se. Tem a ver com a própria conduta. É
a “marca” da pessoa”1. O caráter faz parte da personalidade; “É adquirido, não
herdado...Resulta da adaptação progressiva do temperamento às condições do meio
ambiente: o lar, a escola, a igreja, a comunidade, o estado socioeconômico...”1
2 (grifos nossos). Sem sombra de dúvidas, o caráter está aliado à ética de cada
pessoa.
2. O
Caráter e a Personalidade
Segundo
Ballone, “A personalidade é formada durante as etapas do desenvolvimento
psicoafetivo pelas quais passa a criança desde a gestação. Para a sua formação,
incluem tanto os elementos geneticamente herdados (temperamento) como também os
adquiridos do meio ambiente no qual a criança está inserida”3. A personalidade
é construída. “A organização dinâmica dos traços no interior do eu, formados a
partir dos genes particulares que herdamos, das existências singulares que
suportamos e das percepções individuais que temos do mundo, capazes de tornar
cada indivíduo único em sua maneira de ser e de desempenhar o seu papel social
(BALLONE, 2003)4.
A
formação da personalidade começa na infância. Dizem os estudiosos que a
personalidade de uma pessoa está definida quando ela completa sete anos de
idade. O que ela aprender e apreender até esta fase comprometerá todo o seu
desenvolvimento psíquico, emocional, afetivo, social, etc. Daí, podemos ver
como é importante
0 papel do
ensino cristão na formação da personalidade das crianças. É, certamente, o que
a Palavra de Deus adverte: “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e,
até quando envelhecer, não se desviará dele” (Pv 22.6 - grifo nosso). Da
formação da personalidade, desenvolve-se o caráter humano através das diversas
experiências da vida. Diz o livro sagrado: “Até a criança se dará a conhecer
pelas suas ações, se a sua obra for pura e reta” (Pv 20.11).
Essas definições de caráter
científico mostram que a personalidade tem componentes genéticos, educacionais,
familiares e psicossociais, em que o indivíduo vai-se tornando “único em sua
maneira de ser e de desempenhar seu papel social”. Em outras palavras, na
formação da personalidade, entram em ação fatores hereditários (herança
genética dos pais: cor da pele, dos olhos, estatura, etc.) e ambientais (formação
familiar, escolar, cultural, moral, ética, espiritual, etc.).
Desse modo, é grande a importância
do ensino cristão através da EBD e dos cultos de doutrina na igreja local; do
culto doméstico nos lares, para a formação da personalidade dos alunos. Os
fatores ambientais podem ser grandemente influenciados pelos princípios
elevados do ensino bíblico. Infelizmente, em muitas igrejas, o ensino da
Palavra está sendo negligenciado. Outras atividades, como o louvor e a parte
social, têm tomado o lugar prioritário da Palavra de Deus. Diz o salmista:
“Lâmpada para os meus pés é tua palavra e luz, para o meu caminho” (SI
119.105). Se uma criança, um adolescente ou um jovem recebem o ensino da
Palavra de Deus em seu lar e na igreja, dificilmente se desviará dos princípios
que lhe são ensinados por seus pais e pelos seus ensinadores na igreja local
(cf. Pv 22.6).
II - A
DEFORMAÇÃO DO CARÁTER HUMANO
1. A
Queda e o Caráter Humano
Deus fez o
homem perfeito em termos espirituais, morais e físicos. Após criar todas as
coisas materiais no universo e na terra, o Criador tomou a decisão de criar um
ser que fosse sua representação na terra. Ele fez esse ser de forma bem
diferente da que usara para criar as coisas e seres nos reinos animal, vegetal
e mineral. Para criar esses reinos, ele usou tão somente o poder sobrenatural
de sua mente divina, expresso pela energia criadora de suas palavras. “Enquanto
os outros seres foram criados sob o impacto do “fiat” (faça-se) de Deus, o homem
teve criação de um modo bem diferente. Deus, Elohim (hb), expressão plural de El
(hb), concretizou o
seu projeto para criar um ser especial, de forma especial, nos atos da criação.
Assim, Ele, em conjunto com os outros componentes de sua Unidade, que se
consubstanciam na Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), de modo solene e
majestático, disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre
o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra. E
criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os
criou” (Gn 1.26,27 - grifo do autor).5 O homem e a mulher foram criados à
“imagem” e “semelhança” do Criador.
2.
Imagem e Semelhança com Deus
A
palavra hebraica para “imagem” é tselem, e a palavra “semelhança” é d'müt, e
ambas referem-se a algo similar ou idêntico à coisa que elas representam, ou
àquilo de que são a “imagem”.
Podemos
dizer que o homem era, no seu estado original, no ato da criação, uma “imagem”
ou representação de Deus, tendo características de Deus em sua pessoa, tais
como pessoalidade, amor, justiça, santidade, retidão, perfeição moral, tudo
isso à semelhança de Deus. Mas o homem não poderia ser “igual” a Deus. Só Jesus
é “o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa” (Hb 1.3); “o
qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” (Cl 1.15).
A
interpretação do que vem a ser a “semelhança” de Deus no homem tem muitas
variantes. Há quem entenda que essa “semelhança” é apenas moral e espiritual.
Outros entendem que é mais ampla, que inclui a essência da divindade do
Criador.6
Na Bíblia de
Estudo Pentecostal, lemos que “Eles tinham semelhança moral com Deus, pois não
tinham pecado, eram santos, tinham sabedoria, um coração amoroso e o poder de
decisão para fazer o que era certo (Ef 4.24). Viviam em comunhão pessoal com Deus, que abrangia obediência moral (2.16,17)
e plena comunhão”7. Na Bíblia de Estudo Pentecostal, também está escrito que
“Adão e Eva possuíam semelhança natural com Deus. Foram criados como seres
pessoais, tendo espírito, mente, emoções, autoconsciência e livre-arbítrio
(2.19,20; 3.6,7; 9.6)”8. Não resta dúvida de que, ao criar o homem à sua
“imagem” e conforme a sua “semelhança”, Deus imprimiu nele marcas de sua
personalidade e do seu caráter divinos.
3. A
Deformação do Caráter Humano
O
homem foi criado perfeito em toda a sua constituição tricotômica, formada de
“espírito, e alma e corpo” (1 Ts 5.23). O livro de Eclesiastes diz: “Vede, isto
tão somente achei: que Deus fez ao homem reto, mas ele buscou muitas invenções”
(Ec 7.29). Nesse texto, o termo “invenções” não se refere às descobertas
científicas ou tecnológicas, que são frutos da inteligência humana. Refere-se,
sim, às mudanças e inovações de caráter moral negativo ou pecaminoso,
contrariando a vontade de Deus. Langston diz:
“O
homem foi criado bom. Todas as suas tendências eram boas. Todos os sentimentos
do seu coração inclinavam-se para Deus, e nisso consistia a sua semelhança
moral com o Criador. As Escrituras ensinam mui claramente que o homem foi
criado natural e moralmente semelhante a Deus, e ensinam também que ele perdeu
essa semelhança moral quando caiu pelo pecado”9.
Esse é um
ponto importante: o homem, quando deu lugar ao Diabo e desobedeceu a Deus,
pecou e, por causa disso, perdeu aquela semelhança moral com o criador.
Ficaram, na verdade, os traços daquela semelhança, distorcida, prejudicada, no
ser humano. Esses traços são o senso de justiça, de ética e da busca por um ser
supremo no âmago de sua consciência. O seu caráter, impresso por Deus em sua
mente, em seu interior, foi deformado pelos efeitos espirituais e morais da Queda. As consequências
do pecado no caráter humano foram trágicas e, ao longo dos séculos, só tem
evoluído para pior.
1) No relacionamento com Deus.
Desde o Éden, o homem tem se afastado progressivamente de Deus em direção à
condenação eterna. Na semelhança com Deus, o homem tinha a glória de Deus em
seu ser como obra-prima da Criação. Mas o pecado desfigurou-o, cortando a
ligação direta com seu Deus (Rm 5.12), ninguém nasce isento da marca da
tragédia espiritual. Mesmo a criança inocente já tem a influência e os efeitos
do pecado original sobre seu ser (SI 51.5). As repercussões e o alcance desse
fato de natureza espiritual têm sido sentidas ao longo da História: Como um
fantoche manipulado pelo Diabo, o homem ímpio pratica violência, injustiças,
mortes, guerras, fomes, idolatria, feitiçaria; e Deus permite (ou provoca) pestes,
tragédias naturais, doenças, e outros males sem conta.
Depois do Dilúvio, Deus disse:
“[...] Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem, porque a
imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice [...]” (Gn 8.21 -
grifo nosso). Pior que todas as tragédias humanas e naturais foi o afastamento
do homem do seu Criador, voltando-se para deuses, criados por sua mente
corrompida ou criados pelo Diabo, em seu plano de destruição da raça humana.
Esse gravíssimo pecado de idolatria foi objeto da Lei de Deus para reconduzir o
homem à adoração verdadeira (Êx 20.3,23; 34.15 e ref.); toda religião que não
tem Deus como o Criador e Jesus Cristo, seu Filho, como Salvador, é instrumento
do Diabo para afastar o homem de Deus.
2) No relacionamento humano. No momento da Queda,
quando Deus quis falar com Adão e perguntou onde ele estava, este respondeu que
estava com medo da voz de Deus; quando o Senhor perguntou se o homem havia
comido da árvore proibida, ele não assumiu a culpa, mas procurou justificar seu
erro acusando a esposa. Quando Deus questionou Eva por que ela fizera aquilo,
ela transferiu a culpa para a serpente (Gn 3.9-13). Foi um impacto terrível na
mente do ser humano. Ali, aflorou a deformação de seu caráter originalmente
puro e santo. Com a Queda, o pecado continuou a expandir-se no meio das
gerações dos descendentes de Adão.
A exemplo de Adão — que ignorou a
voz de Deus e preferiu ouvir a voz do Diabo —, na História, houve homens tão
maus que se tornaram verdadeiros monstros em suas práticas violentas e
sanguinárias. Nos primeiros séculos, Nero e outros imperadores comportaram-se
de forma ditatorial, eliminando milhares de cristãos. Séculos mais tarde, o
comunismo eliminou todos os que não o aceitavam, exterminando mais de 100
milhões de pessoas. O nazismo, sob a liderança de um homem de mente diabólica,
eliminou 6 milhões de judeus e outras minorias, visando implantar o seu império
satânico. Nos dias atuais, os extremistas islâmicos, que degolam pais de
famílias, estupram suas mulheres e vendem crianças como escravas sexuais no
Iraque, na Síria e em outras partes, são evidências de que o caráter maligno do
homem nas mãos do Diabo não tem limites para sua sanha voraz pelo domínio da
humanidade. Essa realidade, entretanto, tem seus dias contados (Is 13.11), (Is
16.4). Essa auspiciosa realidade terá lugar quando Cristo implantar seu reino
milenial sobre a terra.
3) A depravação moral da
sociedade. Os episódios envolvendo os habitantes das cidades de Sodoma, Gomorra
e adjacências revelam o quanto a corrupção espiritual e moral entranhou-se na
natureza do homem caído. Além da idolatria que afrontava a Deus, o homem,
tentado pelo Diabo, resolveu acirrar sua rebelião em total desrespeito ao plano
do Criador para o relacionamento sexual. A depravação do caráter humano
alcançou a baixeza em níveis absurdos. Deus fez o homem na sua conformação
heterossexual: “Macho e fêmea os criou” (Gn 1.27). Os habitantes daquelas
cidades perverteram o uso natural do corpo e passaram a ter relações
homossexuais, homem com homem, mulher com mulher, contrariando o plano de Deus.
Até os anjos enviados para retirar o patriarca Ló
daquele lugar a ser destruído foram alvo da depravação deles, que tentaram
atacar os mensageiros celestiais e ter relações abomináveis, imaginando que
eram apenas estrangeiros atraentes aos seus olhos carregados de concupiscência
carnal (Lv 18.22; 20,13). Eles, no entanto, foram punidos severamente com
cegueira, e as cidades deles foram destruídas por uma catástrofe enviada por Deus. Dali para os dias presentes,
a depravação moral acentua-se cada vez mais, como prova da rebelião do homem
perdido contra seu Criador. Além da homossexualidade, o homem perdido tem
adotado práticas perversas e criminosas contra seu semelhante. A pedofilia, a
bestialidade, o adultério, a fornicação, o travestismo, a transexualidade e
outras abominações são exemplos evidentes da corrupção do caráter humano.
O apóstolo Paulo resumiu a
depravação que havia em seu tempo e que se agravaria no futuro. Sua mensagem
soa grandemente atualizada, face à depravação que domina o caráter do homem nos
dias atuais.
“Porque do céu se manifesta a ira
de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em
injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque
Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do
mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente
se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;
porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram
graças; antes, em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se
obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus
incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de
quadrúpedes, e de répteis. Pelo que também Deus os entregou às concupiscências
do seu coração, à imundícia, para desonrarem o seu corpo entre si; pois mudaram
a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o
Criador, que é bendito eternamente. Amém! Pelo que Deus os abandonou às paixões
infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à
natureza.
E, semelhantemente, também os varões, deixando o
uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os
outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa
que convinha ao seu erro.
E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os
entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém; estando
cheios de toda iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de
inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores,
detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos,
inventores de males, desobedientes ao pai e à mãe; néscios, infiéis nos
contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; os quais,
conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas
praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem” (Rm
1.18-32 - grifos nossos).
4) No relacionamento com a
natureza. O planeta Terra foi preparado para ser o ambiente ideal para o
desenvolvimento da vida do homem e dos animais, como seres vivos, necessitados
de condições ecológicas e ambientais apropriadas para sua existência sadia e
segura. A Terra foi dada por Deus “aos filhos dos homens” (SI 115.16). “E tomou
o Senhor Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar” (Gn
2.15). Além de cuidar do planeta, o homem teria o domínio da Terra, com
autoridade delegada pelo Criador sobre todos os reinos naturais (Gn 1.28).
Todavia, usando mal o seu livre-arbítrio, o homem fracassou em cuidar de si
mesmo e do planeta.
Por causa da Queda, “O planeta Terra, que seria um
'paraíso global’para o habitat do homem, sofreu a maldição de Deus. A ecologia
foi mudada. As condições ambientais foram transformadas. Antes, a terra só
produzia para benefício do homem. Depois, passou a germinar cardos e espinhos.
Isso, sem dúvida, refere-se a tudo o que, na natureza, prejudica o homem. Este
se serve da terra, mas com dor, com sofrimento. Mesmo que use a inteligência e
consiga utilizar os instrumentos materiais para o cultivo da terra, isso tem um
custo muito alto. E os frutos da produção não são acessíveis a todos”10. O mau
uso dos recursos naturais tem provocado verdadeiras catástrofes na natureza.
Tufões, furacões, tornados;
enchentes de um lado e secas de outro; poluição do ar, das águas e do solo;
todos esses são exemplos do fracasso do homem em cuidar de seu habitat
concedido por Deus. Seu caráter deturpado visa mais as riquezas pessoais e
materiais do que uma qualidade melhor de vida. No Apocalipse, há uma mensagem
de profundo sentido ecológico, na restauração do planeta, na volta de Jesus:
(Ap 11.18).
III - A
REDENÇÃO DO CARÁTER HUMANO
1. O
Novo Nascimento e o Caráter Humano
Jesus
veio ao mundo para salvar o homem perdido da tragédia do pecado que separa o
homem de Deus (Is 59.2). No cenário da Queda, por sua misericórdia para com o
homem, Deus prometeu a redenção da raça humana por meio da “semente da mulher”
(Gn 3.15). A miséria humana inclui a deformação do seu caráter. Sem Deus, ele
peca por inclinação, por opção e até por prazer. Crendo ou não, o pecador
torna-se propriedade do Diabo. “Quem comete o pecado é do diabo, porque o diabo
peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer
as obras do diabo” (1 Jo 3.8).
Tudo na vida
do homem, desde seus pensamentos, idéias e ideais, sentimentos e emoções, bem
como suas atitudes e condutas são transformados pelo evangelho, que “[...] é o
poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16). Salvação é
regeneração, é novo nascimento (Jo 3.3,7). A salvação em Cristo faz do homem
uma nova criatura completamente transformada em todas as áreas de seu ser e de
sua vida. Um verdadeiro salvo jamais permanece na condição da velha vida de
pecado. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas
já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17). O caráter do nascido de
novo é poderosamente transformado pelo poder do Espírito Santo. Se ele mentia,
não mente mais; se roubava, não rouba mais; se fornicava, adulterava ou se
prostituía, não pratica mais esses erros em sua vida. O homem regenerado por
Deus passa a adotar uma nova ética. Ele assimila e pratica a
ética cristã, que tem como base a Palavra de Deus (Sl 119.105).
Salvação é conversão, que
significa transformação na vida do servo de Deus. O salvo é filho de Deus e
revestido de nova natureza. “Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo
Jesus; porque, todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de
Cristo” (G1 3.26,27). O salvo é nascido de novo e considerado morto para o
pecado: “[...] sabendo isto: que o nosso velho homem foi com ele crucificado,
para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao
pecado” (Rm 6.6). A mudança provocada pelo poder de Deus através do Espírito
Santo e também pela palavra penetrante do evangelho (Hb 4.12) é tão forte e
eficaz que, escrevendo aos efésios, Paulo enviou uma exortação profunda sobre a
tremenda transformação operada na vida do salvo em Cristo Jesus:
“E digo isto e testifico no
Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na
vaidade do seu sentido, entenebrecidos no entendimento, separados da vida de
Deus, pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração, os quais, havendo
perdido todo o sentimento, se entregaram à dissolução, para, com avidez,
cometerem toda impureza. Mas vós não aprendestes assim a Cristo, se é que o
tendes ouvido e nele fostes ensinados, como está a verdade em Jesus, que,
quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas
concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso sentido, e vos
revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e
santidade” (Ef 4.17-24).
O sentido da nova vida em Cristo é
tão real que Paulo comparava a si mesmo como um “crucificado” ou morto: “Já
estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a
vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se
entregou a si mesmo por mim” (Gl 2.20).
Na formação do bom caráter e da cidadania elevada,
o ensino da palavra de Deus tem grande contribuição. Tendo como base para o
ensino a Palavra de Deus, através das lições ministradas em cada classe, por faixa etária,
a EBD torna-se inestimável por auxiliar na formação do caráter. E fato notório
que a maioria dos líderes das igrejas — os missionários, os dirigentes, os
pastores e outros obreiros — passaram pela Escola Bíblica Dominical. Com raras
exceções, os bons pais e as boas mães de família foram alunos da EBD. Os filhos
dos cristãos, quando levados à EBD todas as semanas, absorvem o ensino
fundamentado na Bíblia, passando, assim, a ter uma conduta pautada nos
princípios elevados da Palavra de Deus. Devemos lembrar, no entanto, que a
Escola Bíblica Dominical não substitui o ensino no lar no culto doméstico. Uma
atividade ajuda a outra na formação do verdadeiro caráter cristão.
2. A
Palavra de Deus Fortalece o Caráter
A
Bíblia tem um poder transformador tão grande na vida do nascido de novo que
todo o seu ser é alcançado pelos seus efeitos benéficos e regeneradores. As
Escrituras dizem: “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante
do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do
espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e
intenções do coração” (Hb 4.12).
1) As
crianças podem ser educadas na Palavra de Deus. “Ponde, pois, estas minhas
palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por sinal na vossa mão,
para que estejam por testeiras entre os vossos olhos, e ensinai-as a vossos
filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te,
e levantando-te” (Dt 11.18,19). “Instrui o menino no caminho em que deve andar,
e, até quando envelhecer, não se desviará dele” (Pv 22.6); Jesus, quando
criança, teve uma educação familiar do mais alto nível espiritual, moral,
intelectual e social: “E o menino crescia e se fortalecia em espírito, cheio de
sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele” (Lc 2.40).
2) Os
adolescentes e jovens podem ser fortalecidos em sua personalidade. Os
adolescentes estão na fase em que buscam a sua identidade; preocupam-se muito
consigo mesmos, reorganizando sua personalidade; fazem questionamentos do tipo
“Quem sou eu?”, “Por
que sou assim?”, “Qual o meu futuro?”, “Meus pais não me entendem”; muitos se
desviam da igreja nessa fase. E necessário muita atenção por parte dos pais e
da igreja na contribuição para a formação da personalidade desses adolescentes.
Os jovens, que enfrentam as turbulências da adolescência, acabam, de uma forma
ou de outravconscientizando-se de seu papel na sociedade. Eles pensam
seriamente nas escolhas: escola, faculdade, profissão, namoro, noivado,
casamento, vida espiritual, etc. Diz a Palavra de Deus: “Como purificará o
jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra” (Sl 119.9); “Foge,
também, dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, a caridade e a paz
com os que, com um coração puro, invocam o Senhor” (2 Tm 2.22).
3) Os adultos são fortalecidos em
sua vida, podendo contribuir para a formação dos mais jovens: “Os passos de um
homem bom são confirmados pelo Senhor, e ele deleita-se no seu caminho” (Sl
37.23). Há adultos que não têm consciência da vida cristã, ou por terem tido
uma formação espiritual deficiente, ou então por só terem aceitado a Cristo na
idade adulta. A igreja, por sua vez, precisa ajudar a lapidar o seu caráter.
Toda a família é beneficiada pela ministração da Palavra de Deus. “Ajunta o
povo, homens, e mulheres, e meninos, e os teus estrangeiros que estão dentro das
tuas portas, para que ouçam, e aprendam, e temam ao Senhor, vosso Deus, e
tenham cuidado de fazer todas as palavras desta Lei” (Dt 31.12).
3. O
Caráter Amoroso e Santo do Cristão
A salvação
propiciada pelo sacrifício expiatório de Cristo abrange todas as áreas ou
estruturas do ser humano: espírito, alma e corpo. Os aspectos fundamentais da
salvação, regeneração, justificação e santificação devem ser vistos em toda a
sua abrangência. A regeneração e a justificação revelam-se como atos próprios e
exclusivos de Deus, em Cristo, na operação do Espírito Santo no íntimo do ser
daquele que aceita a redenção de Deus. Pode-se dizer que o cristão tem a marca
principal do amor a Deus e do amor ao próximo (Mt 22.34-40; Jo 13.34,35). Quem
não ama não é salvo (1 Jo 2.9,11). Ao lado do amor, o salvo tem que viver em santificação. A
santificação, porém, tem seu lado divino executado por Deus, simultaneamente
com a regeneração e a justificação. No seu aspecto progressivo, a santificação
tem a participação e o esforço da parte do homem.
Desse modo, a santificação é um
processo que se desenvolve mediante o poder de Deus e o esforço do crente, a
qual torna o pecador em salvo e o ímpio em um santo. O cristão passa a
experimentar uma vida progressiva de santificação (Hb 12.14), dando testemunho
de sua fé, por suas obras, ou então do que precisa ser demonstrado de modo
prático (Mt 5.16; Ef 2.10). Há crentes que são carnais e que se arriscam a
perder sua posição diante de Deus (1 Co 3.3), e há também os “santificados em
Cristo Jesus, chamados santos” (1 Co 1.2). A santificação progressiva envolve
todas as áreas da vida do cristão: primeiramente, o pensar; depois, as
atitudes, os gestos, as palavras; em seguida, a vida espiritual, a vida
familiar, a vida profissional, a vida moral, a vida financeira; enfim, ele
torna-se santo em toda a maneira de viver (veja 1 Pe 1.15). Sua santificação é
aperfeiçoada “no temor de Deus” (2 Co 7.1). Em suma, a santificação molda o
caráter do crente em seu desenvolvimento espiritual. O salvo tem que se
santificar para que seu caráter seja santo: “Segui a paz com todos e a
santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).
CONCLUSÃO
O caráter do
homem reflete a sua personalidade e demonstra a sua conduta ética e moral.
Revela também princípios e valores de caráter espiritual e humano. O homem
ímpio tem, naturalmente, um caráter deformado pelo efeito do pecado. O homem
salvo e remido pelo Senhor Jesus tem as marcas de Cristo no seu ser e no seu
comportamento, expresso por suas atitudes e ações observáveis no seu cotidiano.
Somente Cristo, através de sua Palavra, pode provocar mudanças radicais na
mente e no comportamento humano, a ponto de termos a certeza de que existe o
novo nascimento espiritual que identifica o salvo em Cristo Jesus.
Fonte :
Livro o Caráterdo Cristão
Moldado pela Palavra de Deus e
provado como ouro
Elinaldo Renovato de Lima
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de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.
Preparação dos originais: Miquéias
Nascimento Capa: Elisangela Santos Editoração: Oséas F. Maciel
CDD: 220 - Comentário Bíblico
ISBN: 978-85-263-1438-2
As citações bíblicas foram
extraídas da versão Almeida Revista e Corrigida, edição de 1995, da Sociedade
Bíblica do Brasil, salvo indicação em contrário.
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1“ edição: Janeiro/2017
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