Gestos de gratidão a Deus

Para esta reflexão, tomemos como base o texto do Evangelho segundo escreveu o apóstolo Mateus, capítulo 26, versículos de 6 a 13. Desejo falar sobre gratidão. Muitas são as vezes nas quais deveríamos manifestar maior gratidão a Deus pelo que nos concede diariamente, mormente pelo fato de nos redimir e de dar-nos a capacidade de exercitar algo para Ele. Mas, como seres egoístas no qual muitas vezes nos tornamos, desejamos trazer para nós apenas os louros das vitórias e as histórias de sucessos, esquecendo-nos da gratidão. Devemos nos lembrar sempre da verdade de que jamais poderemos pensar em gratidão, a menos que ela envolva mais do que nossas palavras: envolva o nosso ser em todas as suas utilidades nesta vida. No Seu grande Sermão Profético, Jesus definiu claramente no que consiste a verdadeira gratidão: “Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25.34-40). Logo, se conclui que gratidão é o amor em ação. Nessa definição, aprendemos com clareza que gratidão, do ponto de vista de Deus, não consiste apenas em rituais ou um conjunto de palavras, mas naquilo que impele o homem ou a mulher ao trabalho em toda a sua existência. Para compreendermos melhor o que envolve a verdadeira ingratidão, volvamos os olhos para os últimos dias da vida de Jesus na terra. Voltemo-nos agora ao texto de Mateus 26.6-13. A mulher pecadora, com seu ato de gratidão, escolheu um vaso de alabastro para conter o perfume que deveria com ele agradecer a Jesus, como prova da sua afeição e amor que dedicara ao divino Mestre. O alabastro é material translúcido, tipo de mármore e apresenta-se muitas vezes em cores, dando magnífica aparência aos vasos fabricados, usados muitas vezes como acessório de adorno. Contudo, naquele banquete em Betânia, a beleza do vaso não era o presente de maior valor que ela desejava entregar ao Mestre. O vaso possuía dentro de si um nardo preciosíssimo. O mesmo sucede com o ser humano. Ele pode ter boa aparência, pode ocupar uma posição de destaque e/ou ter os maiores títulos acadêmicos ou sociais, porém não terá valor algum se a pessoa não estiver habilitada pela Palavra de Deus e com a compreensão de que deve ser grata a Deus por tudo o que recebe a cada instante em sua vida. Enquanto o vaso estava na mão da mulher, não se podia saber o seu conteúdo. Poderia ser um perfume caro ou um líquido qualquer, sem valor algum. Mas, quando aquele vaso foi quebrado, e o perfume derramado sobre a cabeça de Jesus, toda aquela casa se encheu daquele precioso odor. Observem que quando aprendemos a ser gratos a Deus e úteis em Sua obra, seremos o bom cheiro, nossas vidas serão um precioso perfume, no que diz respeito a um viver baseado na Bíblia. “Como cheiro de vida para a vida”, sua vida não será apenas um nome, não será um título, nem tampouco uma alta posição social ou riquezas acumuladas, mas, uma vida totalmente consagrada para Deus em benefício da obra do Senhor Jesus. Todos nós podemos ser comparados como vasos de alabastros. Devemos derramar o nosso vaso diante do mundo, a fim de que o Evangelho seja difundido. O perfume é também a Palavra de Deus pregada com o poder do Espírito Santo. Neste derramar de nosso vaso de alabastro, teremos lutas e críticas. Muitas vezes até parecerá que a derrota nos atingiu. Por certo, muitas das frias realidades da vida parecem dar-nos a ideia de que fomos derrotados, mas não devemos desanimar. Muitas vezes os duros embates desanimam os fracos, mas aumentam a experiência e a coragem dos fortes. Jesus promete dar força nas lutas a cada um de nós, perseverança nos revezes e ânimo quando a derrota parecer sorrir. Lembremo-nos sempre que para atingirmos o nível que nos levará à vitória e para a sentirmos e demonstrarmos a verdadeira gratidão, só há uma fórmula: Jesus em nossa vida!


Francisca Alves Shéridan tem 87 anos de idade e é membro da Assembleia de Deus em Parauapebas (PA).

O poder restaurador do amor de Deus

Por: Gesiel Pereira
Dos três milagres de Jesus em que Ele esteve ressuscitando pessoas, devolvendo a vida e a alegria, e glorificando o Pai que está nos céus por meio desses milagres, podemos afirmar que o acontecimento narrado pelo evangelista Lucas na cidade de Naim (Lc 7.11-17) foi o mais comovente e deslumbrante. O que nos chama a atenção nas outras ressurreições - a volta à vida da filha de Jairo e a ressurreição de Lazaro - é que, por mais que o poder, o amor e a compaixão de Cristo estejam sendo manifestados, o crer é exigido tanto de Jairo como de Marta e Maria. Nos dois casos, os interessados partem ao encontro de Jesus, ao contrario do milagre acontecido na cidade de Naim, onde Jesus vai ao encontro da viúva. Em Naim, acontecera um milagre subsequente de Jesus, visto que Ele partira a Naim vindo de Cafarnaum (Lc 7.1-10), de um cenário onde “goteja fé”, e muita fé por sinal, pois o próprio Jesus maravilhou-se de não ter visto tanta fé nem mesmo em Israel. Mas, o que levou o Senhor da vida a caminhar aproximadamente cinquenta quilômetros para um lugar onde não havia fé nenhuma naquele momento, quando é a a fé que move todas as coisa e por ela as coisas são estabelecidas? Talvez para conseguir responder isso deveríamos perguntar também. O que levou o Deus eterno a descer dos céus à Terra e torna-se homem? Por que Ele lavou os pés daquele que o trairia? Por que Ele multiplicou pães e peixes para uma grande multidão? Tinha Ele que restaurar a orelha do soldado? Por que na véspera da Sua morte, em vez de se confinar sozinho em algum lugar, Ele resolveu jantar com os seus Seus amigos? Foi por causa de alguma fé que surgiu nesses eventos? De maneira alguma. Foi por causa do seu grande amor e pelo mover de sua íntima compaixão. Foi devido a umde seus atributos: o amor. Jesus é movido pelo Seu amor, e por essa razão vai ao encontro de uma viúva, à qual só restavam as lágrimas. Creio que tudo o que aquela viúva poderia ter feito pelo seu filho ela fez. Provavelmente cumpriu os costumes judaicos, lavou e ungiu o corpo do seu filho, colocou o seu filho em um esquife (uma espécie de maca, e não um caixão fechado) para levá-lo ao sepulcro, adquiriu pelo menos duas flautas e contratou pelo menos uma carpideira para prantear pelo seu filho. O cortejo fúnebre judaico em tudo se diferencia dos cortejos fúnebres ocidentais. A pobre mulher, pela segunda vez provavelmente, fazia o mesmo trajeto, pois já havia sepultado o seu esposo. Ela, mesmo estando viva, puxava o pelotão da morte. A pequena Naim, que significa “agradável”, mais uma vez exalava o odor da morte. Morrer precocemente era pior ainda, pois era considerado um juízo da parte de Deus para a família ou para a pessoa. Nos costumes judaicos, a mulher sempre andava na frente do cortejo, pois, pela tradição rabínica, pela mulher o pecado entrou no mundo e, por esta razão, a mulher teria que estar à frente do cortejo. Para aquela multidão e para a própria viúva, mais uma vez o juízo de Deus é manifesto, visto que, pela desobediência, o pecado surgiu e, pelo surgimento do pecado, o juízo de Deus é exercido pela morte. Entretanto, naquele exato momento, o Deus- -homem, que satisfaz a justiça do Pai, exerce o juízo sobre  a morte e faz a Sua misericórdia triunfar sobre o juízo. Conforme profetizara o profeta Isaias, Ele - o Messias - seria conhecido como homem de dores (Is 53.3), aquele que foi provado até a morte, que em tudo foi tentado, mas nunca pecou. Alguns o chamavam de “santo”, enquanto outros o chamavam de “profano”; uns, por revelação divina, afirmavam ser Ele o Filho do Deus vivo; outros, tomados por completa incredulidade, afirmavam ter Ele demônios. A Sua própria encarnação já se tornara um estado de humilhação; a Sua morte seria um espetáculo e um vitupério ao mesmo tempo. Verdadeiramente, o profeta falou com propriedade: Ele seria um homem de dores. Mas, o profeta continua com sua profecia messiânica e anuncia: “Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si...” (Is 53.4). Quando Jesus, movido pela Sua intima compaixão, se aproxima da viúva e comunica-se com ela, dizendo-lhe “Não chores”, Ele, o homem de dores, conforta aquela pobre viúva, trazendo-a para junto de Seu coração e recebendo em Si mesmo toda dor que pesava na alma daquela mulher. Pessoa alguma que estava com ela conseguira aquietá-la ou fazê-la parar de chorar. Mas, Jesus é diferente. Não deu nem tempo de a viúva lhe dirigir palavra alguma, pois imediatamente o Deus que se comunica com os vivos aliviando as suas dores também é o Deus que se comunica com os mortos. O Mestre da vida, além de falar com o jovem morto, também o toca (ficando assim imundo pela Lei mosaica). O homem de dores, ao receber o choro da viúva, lhe outorga alegria; ao receber a imundícia da morte do jovem, lhe concede o poder de viver novamente, dizendo: “Jovem, a ti te digo: Levanta-te”. E o que fora defunto assentou-se e começou a falar. Não havia fé, não havia esperança, tudo já estava decretado, a sepultura já esperava o seu morto, a morte já cantava o seu cântico, mas Jesus resolveu caminhar cinquenta quilômetros, sem ser convidado, para manifestar o Seu poder e a Sua compaixão. O apóstolo Paulo escreve dizendo que a morte é o último inimigo a ser aniquilado (1Co 15.26). Nas ressurreições realizadas por Jesus, é demonstrada de forma preliminar a vitória dEle sobre a morte, pois com Ele estão as chaves da morte e do inferno (Ap 1.18).



 Gesiel Pereira é evangelista na AD em Balneário Rincão (SC), graduado em Teologia e coordenador teológico da Faculdade FAEST.

Convite a um esforço de evangelização no Brasil

Na determinação do querido Mestre Jesus aos seus discípulos, está bem explícita a prioridade da Igreja: “Ide por todo mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15). Este esplendoroso trabalho, a nós confiado, exige dedicação especial.
A Assembléia de Deus é uma Igreja dinâmica, o nosso amor pelas almas nos constrange a evangelizar, ganhar vidas para Cristo e discipular com carinho àqueles que, convencidos pelo Espírito Santo, aceitam a gloriosa salvação de Jesus Cristo. Neste ano em que ela comemora 105 anos, a revista “Lições Bíblicas” do terceiro trimestre de Escola Dominical da CPAD trata exatamente da Grande Comissão. Convidamos aos assembleianos de todo o país a, nesse período, empreenderem um esforço nacional de evangelização em favor do nosso país.
A cada semana, a revista “Lições Bíblicas” tratará de uma área relacionada à evangelização e dicas e orientações serão passadas no sentido de incentivar os irmãos em todo o Brasil a se dedicarem àquela área naquela semana. Será uma excelente oportunidade de nos mobilizarmo de forma especial em prol daqueles que pertencem a vários setores de nossa sociedade e estão afastados de Deus.
 O trabalho do semeador é colocar a semente no solo. Os seguidores de Cristo devem estar pregando, divulgando a Palavra, semeando-a nos corações. Quanto mais ela é plantada nos corações dos homens, maior será a colheita.
Cada conversão é o resultado do assentamento do Evangelho dentro de um coração. A Palavra gera (Tg 1.18), salva (Tg 1.21), regenera (1Pe 1.23), liberta (Jo 8.32), produz fé (Rm 10.17), santifica (Jo 17.17) e nos atrai a Deus (Jo 6.44,45).
Com o poder do Espírito Santo, o semeador testemunha de Cristo, e o Espírito produz nos perdidos a convicção do pecado, da justiça e do juízo. Os efeitos desta verdade se tornarão evidentes naqueles que proclamam com sinceridade a mensagem da Palavra e naqueles que a recebem.
 “Tendo, pois, tal esperança, usamos de muita ousadia no falar” (2Co 3.12). “Então eles, vendo a ousadia de Pedro e João, e informados de que eram homens sem letras e indoutos, maravilharam-se e reconheceram que eles haviam estado com Jesus” (At 4.13). “E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus” (At 4.31). “E por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho” (Ef 6.19).
Para Deus, a salvação de uma alma é muito importante. Disse Jesus: “Há alegria no céu quando um pecador se arrepende” (Lc 15.7). Devemos considerar o valor de uma alma (Mc 8.36), pois ela “vale mais que o mundo inteiro”.
 Deus nos escolheu como atalaias (Ez 3.17,18). Cumpramos nossa missão. Proclamemos o seu Evangelho. Saiamos às ruas, praças, casas, vilas, esquinas e redes sociais para falar do amor de Deus.


Pastor José Wellington Bezerra da Costa é presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) e membro da diretoria do Comitê Mundial das Assembleias de Deus.

(Subsídio Teológico) Lição 5 - A Evangelização Urbana e suas Estratégias

Introdução
Simônides de Céos (556-468 a.C.) afirmou que a cidade é a grande mestra do ser humano. Não sei em que sentido o poeta grego referia-se ao caráter pedagógico da metrópole. Acredito que tanto no bom quanto no mau sentido. Na cidade, apreendemos a fazer o bem e a solidarizar-nos nas emergências e tragédias. Ela, porém, dá-nos a impressão de que jamais deixa de ser emergente e trágica, pois leva-nos a ver o mal em cada uma de suas praças e logradouros.
Que alternativa nos resta? A natureza gregária da alma humana prende-nos ao espírito urbano.
Logo, não podemos fugir à cidade. Se nos voltarmos, porém, à Bíblia Sagrada, constataremos que ainda é possível ser feliz numa megalópole como São Paulo; a bênção divina não cobre apenas o campônio, mas também o citadino. Confortando os israelitas prestes a deixar o nomadismo para se tornarem gregários, promete-lhes o Senhor: “Bendito serás tu na cidade e bendito serás no campo” (Dt 28.3).
O que nos ensina a promessa divina? Antes de tudo, que Deus tem um plano específico para a sua cidade, querido leitor, visando à irradiação do evangelho para regiões longínquas e desconhecidas. A evangelização do mundo, a propósito, teve Jerusalém como ponto de partida. E, centrifugando-se da Cidade Santa, veio a alcançar os confins da Terra.

I. A Cidade e o Instinto Gregário do Ser Humano
Se o mundo é criação divina, a cidade é invenção humana. Ela surgiu da necessidade social de Adão que, embora haja vindo à existência no Éden, logo demandou a presença de um ser que lhe fosse semelhante. Sem Eva, o jardim jamais seria um paraíso. Observando o isolamento do homem, declarou o Pai Celeste que a solidão não é nada boa. Lançava-se, ali, entre os rios Tigre e Eufrates, a semente que germina a família, floresce a cidade e frutifica o Estado.

1. Definindo os limites da cidade. Quando Aristóteles (384-322) afirmou que o homem é um animal político, não se referia apenas à política partidária que, tanto em Atenas quanto em Brasília, divide nossos representantes em agremiações e siglas. A expressão grega zoon polítíkon (animal político) denota, em primeiro plano, o instinto gregário do ser humano; sem a cidade, a política é impossível.
A palavra “cidade” origina-se do vocábulo grego polís. E, deste, provém o nome que, há quase três milênios, emprestamos ao ofício que deveria promover o bem comum de toda a sociedade. Refiro-me à velha e mal compreendida política. Embora ciência e arte, ela não parece, às vezes, nem humana, nem exata e muito menos bela. Por isso, requerem-se, de quem a exerce, algumas virtudes indispensáveis: amor a Deus e ao próximo, moral irretorquível e comprovada vocação para administrar a coisa pública.
Já em latim, a palavra “cidade” vem do vocábulo civitatem , do qual nasceram dois importantes termos que, ainda, não foram devidamente incorporados ao nosso cotidiano: civismo e civilidade. Logo, a vida numa cidade só é possível quando cumprimos nossos deveres e usufruímos dos direitos fundamentais da cidadania.
Urbs é outra palavra latina para cidade. Temos, aqui, um termo que descreve a metrópole não propriamente como fenômeno político, mas como a comunidade racionalmente organizada e sustentável. É por isso que denominamos a ação evangelizadora, na cidade, de evangelismo urbano. Nossa estratégia contemplará a  Urbs de forma racional e planejada, visando à proclamação da Palavra de Deus em todas as estratificações da região metropolitana.

2. A primeira cidade. Arguido por Deus quanto ao assassinato de Abel, seu irmão, supunha Caim restar-lhe apenas uma alternativa: ser um nômade naquela vastidão ainda inexplorada. Por essa razão, queixa-se ao Justo Juiz: “Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei; e serei fugitivo e errante na terra, e será que todo aquele que me achar me matará” (Gn 4.14). Seu impulso gregário, porém, constrange-o a fixar-se em Node, na banda oriental do Éden, onde constrói a primeira cidade humana.
Naquele ermo, não muito longe de Adão, o homicida se casa com uma de suas irmãs, gera filhos e filhas, e dá continuidade à cultura da terra. A expansão de sua família faz surgir uma aldeia, que não demoraria a tornar-se uma cidade dinâmica e produtiva. Em homenagem ao seu filho, chama a iníqua metrópole pelo nome de seu filho, Enoque.
Os enoquianos prosperam, expandem a agropecuária e desenvolvem tecnologias e artes. O autor sagrado, ao denunciar a poligamia de Lameque, sumaria os avanços científicos e artísticos daqueles citadinos: E tomou Lameque para si duas mulheres; o nome de uma era Ada, e o nome da outra, Zilá. E Ada teve a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e têm gado. E o nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão. E Zilá também teve a Tubalcaim, mestre de toda obra de cobre e de ferro; e a irmã de Tubalcaim foi Naamá. (Gn 4.19-22)
Com o avanço da cidade de Enoque, chegam a intolerância e a violência. Numa confissão que mais parece um poema épico, Lameque gaba-se de suas façanhas homicidas às suas esposas: “Ada e Zilá, ouvi a minha voz; vós, mulheres de Lameque, escutai o meu dito: porque eu matei um varão, por me ferir, e um jovem, por me pisar. Porque sete vezes Caim será vingado; mas Lameque, setenta vezes sete” (Gn 4.23,24).
A partir do marco zero daquela cidade, a impiedade alastra-se por toda a sociedade adâmica e contamina, inclusive, os descendentes de Sete que, ao contrário dos filhos de Caim, ainda porfiavam em buscar o Senhor. Mas, àquela altura, a metrópole caimita já estava condenada a desaparecer nas águas do Dilúvio.

3. A última cidade. Desde a cidade de Enoque, muitas metrópoles surgiram e desapareceram. Algumas, como Babilônia, fizeram-se orgulhosas e imperiais. Outras, à semelhança de Nínive, tornaram-se sanguinárias e genocidas. Mas, uma a uma, vêm caindo diante do Senhor de toda a Terra. Até a capital do Império Romano, que está para ressurgir, experimentou a derrota, a vergonha e a humilhação.
Na consumação da História e do Tempo, o Senhor revelará a Jerusalém Celeste, na cronologia divina, derradeira. Ela, porém, já existia em seu espírito antes que o universo fosse criado. Na ilha de Patmos, o evangelista João veio a contemplá-la como que descendo de Deus, para inaugurar o Novo Céu e a Nova Terra. Como descrevê-la? Perseveremos até o fim, para que entremos por seus átrios com louvor e ações de graças. Esta é a Cidade de Deus.

II. Cidade, um Lugar Estratégico
As cidades sempre foram estratégicas à obra de Deus. Ele usou até mesmo a capital do Império Romano para expandir o seu Reino. Por essa razão, trabalhemos o evangelho de Cristo urbanisticamente, visando alcançar o mundo através de nossas metrópoles.

1. Babel, a cidade do antievangelho.
Após o Dilúvio, repete Deus a Noé a ordem que, no princípio, dera a Adão: “Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gn 9.1). Os filhos do patriarca, todavia, ao deixarem a região do Ararate, concentraram-se na planície de Sinear, e, ali, puseram-se a construir uma cidade à prova d’água, cuja torre haveria de arranhar o céu. Por isso, o Senhor resolve confundir a língua da segunda civilização humana (Gn 9.7).
Daquela cidade, que entraria para a História Sagrada como sinônimo de apostasia e confusão, os descendentes de Noé são espalhados pelos mais distantes e desconhecidos continentes. Agrupando-se de acordo com seus troncos linguísticos, os jafetitas concentram-se na Europa, os camitas, na África e partes de Canaã, e os semitas, desde Aram, espraiam-se pelo Oriente Médio.
Ao dispersar a raça a partir de Sinear, o Senhor preservou-nos a espécie, pois nenhum ajuntamento, quer humano quer animal, sobrevive fechando-se em guetos. Se aqueles antigos pretendiam, com a sua torre, arranhar o céu, vieram a tocar os alicerces do inferno.
A lição de Babel é emblemática e não será ignorada pela Igreja. A ordem de Cristo é que, a partir da cidade, alcancemos as regiões mais remotas da Terra. Se a Igreja é a assembleia de Deus chamada para fora de suas paredes, não haverá de concentrar-se em torres. Concentrando-se, jamais arranhará os céus. Mas, saindo de seu comodismo, andará com o Senhor nas regiões celestiais.
Não são poucas as igrejas que, hoje, extinguem-se em confusões e desinteligências, pois já não saem a evangelizar, pois querem evangelizar sem sair. A evangelização, contudo, é dinâmica. Evangelizar e sair são verbos geminados. Quem evangeliza, sai; quem sai, evangeliza. Por isso, a ordem do Senhor é clara: “Ide”. Ela também poderia ser traduzida como “indo”. O evangelista jamais deixa de ir; sai dia e noite, pois a sua sementeira não conhece tempo nem estação. Faça como o evangelista da parábola. Jesus garante que ele saiu, mas não diz se ele voltou.

2. Jericó, a cidade das grandes conquistas.
Josué foi divinamente inspirado a iniciar a conquista de Canaã a partir de Jericó (Js 2.1). Ele poderia ter escolhido outra cidade, quer aquém, quer além do Jordão, mas nenhuma era tão estratégica a Israel como a metrópole das palmeiras.
Subjugando-a, os israelitas teriam condições de neutralizar as demais vilas e aldeias de Canaã.
Josué, como servo do Senhor dos Exércitos, iniciou a sua campanha justamente por Jericó. E, dali, teve condições de manter uma guerra sem quartel nem trégua, até que o povo de Deus estivesse instalado segura e confortavelmente naquela terra boa e ampla.
De igual modo, agirá a Igreja em sua obra evangelizadora. Não podemos simplesmente comissionar evangelistas e missionários, sem dispormos de um plano mestre de evangelismo e missões. É urgente conhecermos o tempo, o terreno a ser conquistado e a estratégia a ser empregada num empreendimento evangelístico.
A obra evangelizadora assemelha-se a uma operação de guerra. Por esse motivo, precisamos da ajuda do Senhor dos Exércitos. Aquele que ajudou Josué a sitiar e a tomar Jericó não nos faltará com o seu auxílio num momento de tanta urgência como este.

3. Jerusalém, a cidade da grande comissão.
Se o Reino de Jesus fosse secular e mundano, teria Ele ordenado a construção de igrejas e catedrais, para eternizarem-lhe a mensagem e a obra. Uma igreja imortalizar-lhe-ia o primeiro milagre; outra, o Sermão do Monte; e, ainda outra, a multiplicação dos pães. Em Jerusalém, mandaria erguer pelo menos quatro catedrais. A primeira lembraria a sua entrada triunfal na cidade, a segunda recordaria o seu julgamento diante de Pilatos, a terceira evocar-lhe-ia a morte vicária e a quarta, mais imponente e grandiosa, haveria de perenizar-lhe a ressurreição dentre os mortos.
O Reino de Deus não necessita de palácios e castelos para firmar-se. A evangelização é suficiente para espalhá-lo de um hemisfério a outro. Por isso mesmo, o Senhor Jesus ordenou aos seus discípulos que iniciassem a conquista do mundo, tendo como marco zero Jerusalém: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). A Cidade Santa, por conseguinte, apesar de todo o seu significado para a História Sagrada, não era o objetivo final de Jesus, mas o ponto de partida, por meio do qual seus discípulos, já devidamente instruídos, chegariam aos confins da Terra.
De igual modo, a cidade onde nos congregamos não pode ser considerada a meta derradeira de nossas atividades evangelísticas. Nela, e através dela, estabeleçamos um plano de ação que inclua, desde as áreas mais carentes até os avanços transculturais mais ousados. Que a igreja local seja vista como um quartel-general, de onde são elaboradas estratégias, para se proclamar o evangelho de Cristo até a última fronteira do planeta.

4. Antioquia, a igreja missionária.
Jerusalém é a cidade da Grande  Comissão, mas Antioquia, a cidade missionária por excelência. Se nos valermos do registro de Lucas, constataremos que a congregação antioquina estava mais do que aparelhada para avançar evangelisticamente além de suas fronteiras nacionais e culturais. Entre os seus ministros, havia apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (At 13.1,2). Era um rebanho agraciado com todos os dons do Espírito Santo. Além dos espirituais, dispunha dos ministeriais e de serviço.
Lucas, o maior historiador de seu tempo, assim descreve o dinamismo da igreja síria: Na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo. E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. (At 13.1,2)  Qual o segredo de Antioquia? Na verdade, não havia segredo algum entre os crentes daquela cidade, pois eles, desde o princípio, sempre porfiaram por uma vida espiritual de comprovada excelência. Mas se precisamos de algum mistério que estimule uma igreja local a universalizar-se, apontaremos alguns fatores que levarão também a sua igreja, querido leitor, ao mesmo patamar da congregação antioquina.
Antes de tudo, considere o ensino persistente da Palavra de Deus. Os que evangelizaram os crentes antioquinos cuidaram também de seu discipulado. Firmados na doutrina dos apóstolos, os novos convertidos logo amadureceram na fé, e passaram a andar como Jesus andava. Eles eram tão parecidos com Cristo, que não demoraram a ser conhecidos como cristãos (At 11.26). Aliás, foi a primeira vez que os seguidores de Jesus eram assim chamados; nem mesmo os crentes de Jerusalém obtiveram tal honra. Portanto, o segundo fator de excelência da igreja em Antioquia era o testemunho vivo e contagiante, que insta toda a cidade a ver, em cada cristão, o rosto de Cristo.
O terceiro fator do padrão de excelência de Antioquia era a sua vida de profunda comunhão com Deus: “Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram” (At 13.3). Mesmo ouvindo a voz do Espírito Santo, por meio de uma profecia, a congregação antioquina pôs-se a orar e a jejuar até que o Senhor confirmasse a chamada de Paulo e Barnabé.
As demais igrejas sírias, a exemplo de Antioquia, eram realçadas pela excelência. Por essa razão, o Senhor enviou para lá o iracundo Saulo, que, compungido pela visão celestial, ficou sob os cuidados de Ananias (At 9.10-18). Não temos muitas informações acerca desse obreiro que, na História Sagrada, é chamado simplesmente de discípulo. Todavia, era alguém capacitado, inclusive, para instruir o apóstolo que, em breve, seria conhecido como o doutor dos gentios.
O que mais diremos de Antioquia? Era uma igreja tão excelente, que não precisou de nenhuma carta de exortação ou de correção doutrinária. À semelhança de Bereia, era fortemente comprometida com a Palavra de Deus.

5. Filipos, a pioneira da Europa.
Deus jamais deixou de ser o Senhor dos Exércitos. Se no Antigo Testamento, instruiu Josué a conquistar as terras de Canaã, em o Novo Testamento, suas estratégias continuam infalíveis. Por isso, impulsionou os apóstolos e evangelistas a irem de cidade em cidade até que fossem alcançados os limites mais extremos daquele mundo. O trabalho evangelístico semeado em Jerusalém e florescido em Antioquia frutificaria, agora, em terrenas europeias. Essa importantíssima fase da obra missionária da Igreja Cristã teve início com uma visão.
Paulo encontrava-se em Trôade, região ocupada hoje pela Turquia, quando teve uma visão. Eis que lhe aparece um varão macedônio, rogando-lhe com insistência: “Passa à Macedônia e ajuda-nos” (At 16.9). O apóstolo entendeu imediatamente a urgência do chamamento divino, pois não se tratava apenas da evangelização de uma cidade, ou de uma região, mas de um novo continente.
À equipe de Paulo, junta-se Lucas. A missão seria árdua, desafiadora e crivada de provações. O Médico Amado fala do espírito voluntário da equipe paulina: “E, logo depois desta visão, procuramos partir para a Macedônia, concluindo que o Senhor nos chamava para lhes anunciarmos o evangelho” (At 16.10).
Deixando Trôade, que alguns imaginam ser a Troia de Eneias, Paulo ruma em direção ao Ocidente. Atravessando a Samotrácia e Neápolis, a equipe apostólica chega a Filipos, a principal cidade da Macedônia. Ao contrário de Eneias que, segundo Virgílio, fundara a cidade que deu origem ao Império Romano, o apóstolo tem uma tarefa mais ousada e duradoura. Agora, fundaria as bases de uma obra evangelística que, tendo como base a Macedônia, chegaria a Roma, atravessaria o canal da Mancha, enfrentaria o Atlântico até alcançar a mim e a você, querido leitor.
As dificuldades, em Filipos, não foram pequenas. O apóstolo foi preso, sua equipe dispersou-se e a nova igreja não pôde ser devidamente doutrinada. Não obstante, aqueles aparentes fracassos redundariam, mais tarde, num avanço extraordinário do Reino de Deus por toda a Europa.
Filipos entraria à História Sagrada como a igreja mantenedora, por excelência, do ministério paulino, conforme ressalta o apóstolo: “Porque os irmãos que vieram da Macedônia supriram a minha necessidade; e em tudo me guardei de vos ser pesado e ainda me guardarei” (2 Co 11.9).
Portanto, se Antioquia envia e Filipos sustenta, a cidade de Jerusalém dedica-se, agora, à intercessão. Em Atos, por conseguinte, há um plano divinamente estabelecido para se evangelizar o mundo a partir de cidades chave.

6. Roma, o escritório missionário de Paulo.
 Se o apóstolo Paulo foi chamado à obra missionária por meio de uma profecia, e se necessitou de uma visão para evangelizar a Europa, agora, será levado a Roma às expensas imperiais. Ao apelar para César, o apóstolo garantia uma viagem gratuita e até certo ponto, segura, à capital do Império Romano. Levando-se em conta as dificuldades e provações que lhe marcariam a trajetória de Cesareia, na Judeia, à presença de César, em Roma, o Senhor o assistiu em todas as coisas. Essa foi, sem dúvida, a sua última e mais importante viagem missionária registrada na Bíblia.
Nesse sentido, Cesareia pode ser apontada como uma das cidades mais estratégicas na evangelização do mundo subjugado pelo Império Romano.
Já em Roma, Paulo desenvolve um ministério diferente, mas de igual modo dinâmico e eficaz. Em vez de ir às pessoas, as pessoas iam até ele, para ouvir o evangelho de Cristo. Da casa que alugara, evangelizava, discipulava, escrevia e testemunhava acerca da ressurreição de Cristo. Foi nessa cidade, sob a vigilância romana, que o apóstolo completou a sua obra teológica, solidificando as igrejas, quer ocidentais, quer orientais, na Palavra de Deus.
Sua detenção em Roma foi divina e providencial. Doutra forma, não acharia tempo para escrever as cartas que viriam a ser conhecidas como as epístolas da prisão. Quem trabalha sob a orientação do Espírito Santo, ainda que detido, livremente evangeliza. Na obra de Deus, nem sempre atividade representa produtividade. Às vezes, corremos de um lado para o outro sem qualquer objetivo. Por isso, estejamos atentos à voz do Mestre.
Se a coluna de fogo se detiver, não continuemos; humilde e obedientemente, recolhamo-nos. Quando ela se puser em movimento, prossigamos. Até mesmo para uma pausa requer-se uma cidade estratégica.
Antioquia enviou o apóstolo às missões. Filipos manteve-o no campo missionário. Quanto a Roma, deu-lhe a tranquilidade necessária para que doutrinasse as igrejas de Deus e, ali, testemunhasse sem impedimento algum.

7. Belém do Pará, as Boas-Novas vêm do Norte.
Divinamente orientados, Daniel Berg e Gunnar Vingren escolheram a cidade de Belém, no Pará, como ponto de partida para a sua missão no Brasil. Logo em sua chegada, em 19 de novembro de 1910, constataram que a capital paraense era geograficamente estratégica para se alcançar o país em todas as direções.
No livro As aventuras de Daniel Berg na Selva Amazônica Marta Doreto destaca como o trabalho foi executado pelos missionários suecos na capital paraense, e como, de lá, saíram a evangelizar outras cidades e regiões: A dupla de missionários achava-se em Belém havia cerca de dois anos, e cada rua já fora percorrida por Daniel Berg. Cada morador já tivera a oportunidade de comprar uma Bíblia e ouvir as boas novas da salvação. No coração daqueles que aproveitaram a oportunidade, a semente da Palavra estava germinando e crescendo. Eles já haviam batizado nas águas quarenta e um novos convertidos, e quinze deles já tinham recebido o batismo no Espírito Santo.
Percebendo que o seu trabalho de distribuir Bíblias em Belém chegara ao fim, o jovem Daniel sentiu que deveria semear, agora, noutros campos. Enquanto Gunnar Vingren ficaria pastoreando a igreja na cidade, ele seguiria a Estrada de Ferro Belém-Bragança, vendendo Bíblias nas cidadezinhas do interior. [...] Levando nas mãos a mala de Bíblias, e no coração a chama pentecostal, o missionário encaminhou-se ao primeiro povoado à beira da ferrovia. [...] de longe, Daniel Berg avistou o teto das primeiras casas de Bragança. Seus pés cansados retomaram o ritmo acelerado, e seus lábios rachados pelo sol votaram a murmurar a canção: ‘A semente é boa para semear. A semente boa, não pode falhar. A semente e boa, foi Deus quem mandou. Vamos irmãos, unidos, trabalhar para o Senhor!’.
A cidade de Bragança era a última etapa da longa jornada de semeadura da Palavra de Deus. Em toda cidadezinha ou vila por onde Daniel passara, havia pelo menos um novo convertido lendo a Bíblia e ajudando a espalhar a boa semente.
A partir de Belém do Pará, o evangelho não demorou a chegar a outras regiões e estados da federação brasileira. Por essa razão, escolhamos com muito cuidado a cidade a partir da qual planejamos evangelizar um país, ou mesmo um continente. Daniel Berg e Gunnar Vingren, orientados pelo Espírito Santo, souberam como chegar aos confins de nosso país. Foram do Norte ao Sul, sem impedimento algum, apesar dos desafios que encontravam pelo caminho.

III. Os Desafios da Evangelização Urbana
Na evangelização urbana, há desafios e imprevistos que podem ser convertidos em oportunidade.

1. Incredulidade e perseguição.
Num tempo em que o evangelho é desgastado por falsos pregoeiros, anunciemos a Cristo com sabedoria, poder e eficácia (2 Tm 4.17). Nossa mensagem não pode ser confundida com a dos mercenários e falsos profetas (Rm 6.17). Preguemos a mensagem da cruz na virtude do Espírito Santo (1 Co 1.18). Se formos perseguidos, não desistamos. Jesus também o foi em sua própria cidade, mas levou a sua missão até o fim (Lc 4.28-30).

2. Enfermos.
As áreas urbanas acham-se tomadas de enfermos e doentes terminais. No tempo de Jesus, não era diferente. Ao entrar em Jericó, Ele deparou-se com um cego que lhe rogava por misericórdia (Lc 18.35). E, às portas de Naim, encontrou o féretro do filho único de uma viúva (Lc 7.11-17). Ungido pelo Espírito Santo, curou o primeiro e ressuscitou o segundo.
Só o evangelho genuinamente pentecostal para impactar as cidades (Mc 16.15-18). Desenvolva a capelania hospitalar; não deixe de visitar os enfermos e moribundos.

3. Endemoninhados.
Quem se dedica à evangelização urbana deve estar preparado, também, para casos difíceis de possessão demoníaca. Muitos são os gadarenos espalhados pela cidade (Mt 8.28-34). Então, ore, jejue e santifique-se (Mc 9.29). Não faça da libertação dos oprimidos um espetáculo. Mas, no poder do Espírito Santo, cure, ressuscite os mortos e liberte os cativos de Satanás (Mt 10.8).

IV. Como Fazer Evangelismo Urbano
A evangelização urbana só será bem-sucedida se tomarmos as seguintes providências: treinamento da equipe, estabelecimento de postos-chave, acompanhamento do trabalho, e estabelecimento de círculos e núcleos evangelizadores.

1. Treinamento da equipe.
Antes de chegar à Macedônia, o apóstolo Paulo já podia contar com uma equipe altamente qualificada para implantar o evangelho na Europa. Primeiro, tomou consigo a Silas e, depois, o jovem Timóteo (At 15.40; 16.1,2). Acompanhava-os, também, Lucas, o médico amado (At 16.11). Com esse pequeno, mas operoso grupo, o apóstolo levou o evangelho a Filipos, a Tessalônica e a Bereia, até que a Palavra de Deus, por intermédio de outros obreiros, chegasse à capital do Portanto, forme a sua equipe com oração e jejum (Lc 6.12,13). Se souber como treiná-la, o êxito da evangelização urbana não será impossível.

2. Estabelecimento de postos-chave.
 Sempre que chegava a uma cidade gentia, Paulo buscava uma sinagoga, de onde iniciava a proclamação do evangelho (At 17.1-3). Embora o apóstolo, na maioria das vezes, fosse rejeitado pela comunidade judaica, a partir daí expandia sua ação evangelística urbana até alcançar os gentios.
Encontre os postos-chave para a evangelização urbana. Pode ser a casa de um crente, ou a de alguém que está se abrindo à Palavra de Deus (At 16.15; Fm 1.2). Na evangelização, as bases são muito importantes.

3. Acompanhamento do trabalho.
 Finalmente, acompanhe o progresso da nova frente evangelística. Ao partir para uma nova área urbana, deixe alguém responsável pelas igrejas recém-implantadas, como fazia o apóstolo Paulo (At 17.14). E, periodicamente, visite-as até que amadureçam o suficiente para caminhar por si próprias (At 18.23). Não descuide dos novos convertidos. Fortaleça-os na fé, na graça e no conhecimento da Palavra de Deus. Quem se põe a evangelizar as áreas urbanas deve estar sempre atento. Por isso mesmo, tenha uma equipe amorosa, competente e disponível.

4. Estabelecimento de círculos e núcleos evangelizadores.
A verticalização das metrópoles impede-nos que evangelizemos de porta em porta, como acontecia há 50 ou 60 anos. Por isso, crie um círculo de relacionamentos. Não podemos entrar em um condomínio, mas um novo convertido que ali reside há de estabelecer um núcleo de evangelização, por meio do qual alcançaremos outras famílias.
O evangelho de Cristo não muda. Todavia, os métodos de evangelização devem ser periodicamente avaliados, para que o nosso trabalho não se torne improdutivo. Use as redes sociais. Seja criativo. Não desperdice oportunidade alguma.

Conclusão
A Igreja de Cristo nasceu na Cidade Santa. De lá, espalhou-se por todas as regiões do globo. Por esse motivo, sejamos prudentes e sábios na escolha das áreas metropolitanas que pretendemos evangelizar, pois, se estratégicas e bem localizadas, teremos condições de atingir não só um distrito, mas todo um país. Nenhuma cidade será esquecida de nossa ação evangelística, pois o Senhor Jesus nos ordena que alcancemos a todos, em todo o tempo e lugar, por todos os meios. Todavia, consideremos a estratégia em cada plano evangelístico e missionário que estabelecermos.

Que Deus nos ajude. Ele quer abençoar-nos tanto na cidade como no campo em nossos empreendimentos evangelísticos.

Subsídio Lição 5 - A Evangelização Urbana e suas Estratégias

No século 21, há um desafio imenso para a Igreja de Cristo: evangelizar a sociedade urbana. Por isso, é importante, a partir da lição estudada, nós refletirmos sobre as razões de uma evangelização de grande porte numa sociedade urbana e o meio de evangelização.
A mensagem de Jesus deve ser apresentada a todos
Um dos requisitos necessários à evangelização é a capacidade de quem evangeliza compartilhar, publicar, espalhar e anunciar uma notícia boa e nova para todo o ser humano, declarando que ela é relevante e verdadeira. A boa nova é a mensagem de nosso Senhor. Ela foi anunciada ontem pelos santos apóstolos, é anunciada hoje pela igreja visível do Senhor e, até a vinda de Jesus Cristo, será anunciada sempre.
O conteúdo da mensagem
O que pregar na evangelização? Ora, o conteúdo da mensagem de quem evangeliza passa inevitavelmente pelo tema da salvação, que é o anúncio de que Deus está consertando alguma situação destruída ou completamente equivocada. Imediatamente esse processo pode ser descrito pela Perdição, ou seja, o ser humano não sabia que algo de errado havia acontecido com ele, mas que por intermédio da encarnação de Jesus Cristo, da crucificação de nosso Senhor e a da ressurreição do nosso Rei, o ser humano teve o caminho livre para adentrar, pelo nome de Jesus, ao “Trono da Graça de Deus”.
Portanto, salvação e perdição, vida e morte, resgate e pecado são temas recorrentes da verdadeira mensagem do Evangelho passando inevitavelmente pelo acontecimento temporal e atemporal da encarnação, crucificação e ressurreição de nosso Senhor.
Os meios de Evangelização
Esta é uma questão importantíssima, pois a despeito da urgência e da necessidade de comunicarmos o Evangelho para uma sociedade urbana, os fins não podem justificar os meios da evangelização. Há algumas práticas inaceitáveis: usar assistência social como “isca”; pressões psicológicas numa “evangelização” centrada nos benefícios da fé; promessas falsas e utópicas para o fim do sofrimento. Estes são exemplos do que não se pode ser feito em nome da “urgência evangelística”. Por isso, os meios de evangelização devem ser usados da maneira mais natural possível. Os instrumentos mais atuais e disponíveis são a mídia eletrônica, impressa, artísticas e o mais poderoso de todos: o relacionamento pessoal.
Que Deus use sua Igreja para discernir o melhor meio de comunicar o Evangelho!



"SUBSÍDIO TEOLÓGICO" O Trabalho e Atributos do Ganhador de Alma


Introdução
O evangelista é um precioso dom de Cristo à sua Igreja. Sem o ministério da proclamação, o evangelho teria morrido em Jerusalém. Mas,por intermédio de obreiros como Filipe, a mensagem da cruz,ultrapassando as fronteiras da Judeia, chegou a Samaria. E, desse recanto gentio tão desprezado, as Boas-Novas não demoraram a chegar aos confins da Terra.
O evangelista assemelha-se ao bandeirante que, jamais temendo o desconhecido, sai a falar de Cristo aos povoados mais remotos e estressantes. O seu retorno, porém, é jubiloso. De maneira sacrifical, apresenta preciosas almas ao Senhor. Seja falando a uma única pessoa, seja pregando às multidões, o seu amor pelos que perecem é o mesmo.
Proclamar o evangelho é a sua missão.
Neste capítulo, enfocaremos o evangelista como o agente das Boas- Novas. Veremos que ele é essencial à expansão do Reino de Deus. Paulo destaca o seu ministério como um dos mais importantes da Igreja. Ele é o semeador que saiu a semear.

I. Evangelista, um Dom de Deus
Leighton Ford, ao descrever a chamada do evangelista, afirmou:“Devemos evangelizar não porque seja agradável, fácil, ou porque podemos ter sucesso, mas porque Cristo nos chamou. Ele é o nosso Senhor.
Não temos outra escolha senão obedecer”. O ministério evangelístico não se limita a uma opção pessoal; firma-se numa intimação do próprio Cristo.

1. Evangelista, uma feliz definição. A palavra “evangelista” provém do vocábulo grego euggelistês , e significa aquele que traz boas-novas.
Trata-se de um termo que, usado na Grécia Clássica, designava o que portava uma notícia agradável. Em suma, era o mensageiro do bem. A partir da fundação da Igreja de Cristo, no Pentecostes, a palavra passou a designar aquele que proclama o evangelho.
A palavra “evangelista” é constituída por dois vocábulos gregos: , bom, e ággelos , anjo ou mensageiro Se considerarmos a sua etimologia, concluiremos que o evangelista, sendo o “anjo” do bem, tem de estar
sempre a postos a transmitir a Palavra de Deus. Eis porque, no Apocalipse, os responsáveis pelas igrejas da Ásia Menor foram assim nomeados pelo Senhor. Enquanto pastores, eram compelidos pelo Espírito Santo a fazer o
trabalho de um evangelista.

2. Evolução do ministério evangelista. Se o ministério diaconal foi constituído formalmente por um concílio, o evangelístico não precisou de formalidade alguma para sobressair. Os dois primeiros evangelistas da
Igreja Primitiva, a propósito, surgiram dentre os sete diáconos. Logo após ser consagrado ao diaconato, Estêvão começou a destacar-se como evangelista. Sua palavra fez-se tão irresistível, que levou o clero judaico a condená-lo à morte traiçoeiramente (At 8.1,2).
Estêvão morreu, mas a evangelização reavivou-se com as incursões de Filipe. Ao deixar Jerusalém, proclamou, entre os gentios de Samaria, um evangelho autenticamente pentecostal. Sua palavra era acompanhada de milagres, sinais e maravilhas; era simplesmente irresistível. Lucas bem que poderia ter cognominado o capítulo 8 de seu segundo livro como “Atos de Filipe”.
Mais tarde, quando da conclusão da terceira viagem missionária de Paulo, encontraremos novamente Filipe, dessa vez em Cesareia. Lucas, que fazia parte da equipe do apóstolo, reconhece-lhe o ministério, tratando-o
como evangelista. Era a primeira vez na História da Igreja Cristã que um obreiro recebia semelhante distinção.

3. Mais que um título, um dom. Em algumas igrejas, o evangelista é visto mais como investidura eclesiástica do que, propriamente, como dom ministerial. Vejamos, porém, o que diz Paulo acerca desse tão importante ofício sagrado:
E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da
fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo. (Ef 4.11-13)
Conclui-se que somente deve ser reconhecido como evangelista o que foi agraciado com semelhante dom. Doutra forma, teremos um clero inflado de evangelistas que, em vez de ganhar almas para Cristo,  desgastam-se emocional e espiritualmente, aguardando uma eventual promoção ao pastorado. A hierarquização eclesiástica, nesse sentido,  é mais do que nociva ao crescimento saudável do corpo de Cristo; é deletéria e mortal. Que sejamos criteriosos na escolha daqueles que sairão pelo mundo a proclamar a mensagem do evangelho.

II. O Evangelista no Antigo Testamento
Embora constituído para apregoar o conhecimento de Deus entre os gentios, Israel recolheu-se em seu legado sacerdotal e real, descumprindo a sua missão evangelística.

1. Os patriarcas evangelizam. Abraão foi o primeiro santo do Antigo Testamento a ser agraciado com o título de profeta (Gn 20.7). Apesar de não possuir o encargo de Isaías, nem a missão de Ezequiel, o patriarca, por
meio de um testemunho corajoso e monoteísta, mostrou aos cananeus a realidade do Deus Único e Verdadeiro.
Em suas peregrinações, quer entre os egípcios, quer entre os filisteus, o pai de Israel evidenciava a todos que, longe de ser um nômade aventureiro, era o amigo de Deus. Informalmente, esse mensageiro do Senhor espalhou
a esperança messiânica entre os antigos. Somente a eternidade para revelar quantas almas o crente Abraão conduziu ao Reino dos céus. O mesmo diremos de Isaque e de Jacó. Quanto a José, o que acrescentar?
Administrando uma das crises mais agudas de todos os tempos, mostrou a todo o Oriente que o Deus de seus pais sabe como intervir tanto na História Universal quanto na biografia de cada uma de suas criaturas morais.

2. Os profetas evangelizam. Ainda que Isaías seja cognominado o evangelista do Antigo Testamento, quem mais se aproximou do exercício desse ministério foi Jonas. Intimado por Deus a proclamar um severíssimo juízo contra Nínive, o profeta, apesar de sua relutância inicial, fez-se evangelista e missionário. Ao chegar à grande cidade, percorreu-a durante todo um dia, com uma mensagem simples, mas eficaz: “Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida” (Jn 3.4).
O sermão de Jonas não parece teológico, nem profético. Isolado, é matemático, geográfico e meteorológico. Evoca um número, uma cidade e uma situação. Mas, no contexto do juízo divino, é mais do que teológico; é intensamente profético. Em sete palavras, descreve rigorosamente a justiça divina. Apesar de não mencionar o arrependimento, leva o Império da Assíria a curvar-se diante do Deus de Israel. Em nenhum momento, exorta aqueles impenitentes a jejuar. Mas, diante da urgência e da gravidade de
sua proclamação, todos, do rei ao mais humilhado dos súditos, abstêm-se de pão e de água.
Se Jonas saiu a evangelizar, Isaías evangelizou sem sair. De sua amada Jerusalém, o profeta descreveu o Messias com detalhes surpreendentes e impressionantes. Ele falou de sua concepção virginal, de sua morte vicária
e de seu Reino glorioso. Se alguém pretende fazer o retrato falado de Jesus, basta ler em voz alta o capítulo 53 de Isaías. Ali, em cores fortes, está o Cristo de Deus, entregando-se por mim e por você.

3. Os reis evangelizam. Apesar de nem todos os reis de Israel serem recomendáveis, alguns deles, como Davi, Salomão e Ezequias, muito fizeram pelo anúncio da Palavra de Deus entre os gentios. Nos dias de Salomão, muitos potentados estrangeiros deixavam suas terras para ouvir o
sapientíssimo rei de Israel. E, ali, na corte hebreia, glorificavam o Poderoso de Jacó. Haja vista a rainha de Sabá, que, do extremo sul do continente, veio constatar não só a glória de Salomão, mas a presença divina na terra que manava leite, mel e a sabedoria divina.
Salomão, porém, não demorou a desprezar a glória do Senhor. Em vez de comissionar sacerdotes a apregoar a verdadeira fé entre os gentios, envia sua frota mercante a trazer, de Társis, pavões e macacos (1 Rs 10.22).
Apesar de tantos desencontros com a sua real vocação, Israel logrou cumprir a parte essencial de sua missão, pois legou-nos os profetas, as alianças, as Sagradas Escrituras e o Salvador do mundo.

III. A Missão do Evangelista
O evangelista George Sweazey afirmou com muito acerto: “A
evangelização é uma tarefa sempre perigosa, embora não seja tão perigosa como a falta de evangelização”. O que teria levado o irmão Sweazey a chegar a tal conclusão? Provavelmente, referia-se à tarefa do evangelista
que, ao contrário do que muita gente supõe, é desafiadora e complexa, mas sempre gloriosa.

1. Proclamar o evangelho. Para se proclamar o evangelho de Cristo com eficácia, requer-se, antes de tudo, uma experiência real e marcante com o Cristo do evangelho. Além disso, deve o evangelista aprofundar-se
no conhecimento de Deus, a fim de apresentar em sua inteireza, tanto ao mundo quanto à Igreja, todos os desígnios divinos. Foi o que Paulo declarou ao presbitério de Éfeso: “Portanto, no dia de hoje, vos protesto
que estou limpo do sangue de todos; porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus” (At 20.26,27).
O evangelista, embora proclame uma mensagem simples e direta, não há de conformar-se com uma teologia rasa. Antes, aprofundar-se-á na Palavra da Verdade, para que venha a manuseá-la com destreza e oportunidade. Ao jovem Timóteo, recomenda Paulo: “Procura apresentarte
a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15). Sua mensagem, portanto, será simples, mas jamais simplória, porquanto Deus o chamou a falar a judeus e a gregos, a sábios e a ignorantes, a servos e a livres.
Quem ouve Billy Graham, observa duas coisas em seus sermões: simplicidade e profundidade. Munido dessa fórmula, saiu ele a pregar nos países mais distantes e escondidos, mostrando a todos a eficácia da mensagem da cruz. Em seus livros, porém, deparamo-nos com um teólogo
que nada fica a dever à academia mais exigente. À semelhança de Paulo, o evangelista americano nada se propunha saber, a não ser Cristo e este crucificado.
Então, que o evangelista se empenhe por manusear, destramente, a Palavra da Verdade, pois quem ganha almas sábio é. Não é nada fácil desconstruir as mentiras de Satanás, no coração do pecador. Mas o verdadeiro evangelista, com sabedoria e paciência, reconstrói na alma
impenitente a verdade que liberta, salva e leva para o céu. O que o mensageiro de Deus obtém, nenhum filósofo, pedagogo ou psicólogo logra conseguir. Estes falam apenas à razão, mas aquele brada ao coração, à alma e até mesmo à mente menos razoável.

2. Fortalecer a Igreja. O evangelho não deve ser pregado apenas ao mundo. Às vezes, temos de anunciá-lo também à Igreja. Era o que Paulo pretendia fazer, ao anunciar a sua visita aos romanos: “E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a vós que
estais em Roma” (Rm 1.15). Depreende-se que os irmãos de Roma, apesar de sua sinceridade, ainda não haviam compreendido, plenamente, a origem, o processo e a efetivação da fé salvadora em Jesus Cristo. Por isso,
era urgente que o apóstolo descesse aos alicerces do Plano da Salvação, para que eles viessem a subir aos andares mais elevados do conhecimento divino.
Assim como o pastor tem de fazer o trabalho de um evangelista, deve o evangelista, por seu turno, empenhar-se pastoralmente na edificação doutrinária das ovelhas. Hoje, mais do que ontem, os evangélicos, até mesmo os de igrejas tradicionais e históricas, carecem de fundamentos
doutrinários. Ora, que firmeza terão os crentes se boa parte dos pastores acham-se firmados em teologias movediças?
É chegado o momento de evangelizarmos também os que, presumindo-se evangélicos, acham-se tão distantes do evangelho quanto os católicos.
Se estes têm ídolos, aqueles possuem deuses. Não raro, nossos deuses são mais deletérios do que os ídolos. Pelo menos, os ídolos católicos têm boca, mas nada falam, ao passo que os deuses evangélicos abrem a bocarra para
dizer o que Deus jamais diria. Se os ídolos romanos levam para o inferno, os deuses do evangelho midiático a ninguém conduz para o céu. Que todos saibam que somente o Senhor Jesus salva.

3. Fazer discípulos de Cristo. O trabalho de um evangelista não se resume em trazer alguém à luz de Cristo, mas também acompanhar o novo crente, até que este venha a iluminar o mundo com o seu testemunho. Se,
num primeiro momento, o evangelista é o amoroso obstetra, no seguinte, ele haverá de ser o pediatra atento à evolução do convertido.
O objetivo principal do discipulado é formar autênticos seguidores de Cristo. A partir daí, teremos cristãos testemunhais e exemplares. Mas, se não dermos importância à formação espiritual dos que recebem a Cristo,
encheremos a igreja de crentes vazios, deficientes e rasos na fé. É o que vem ocorrendo em muitos arraiais que, tidos como evangélicos, das ovelhas querem apenas a gordura e a lã.
A essa altura, uma pergunta ganha pertinência: “Até quando deve durar o discipulado?” Se levarmos em conta as reivindicações apostólicas, o discipulado, na vida de um crente, inicia-se com a sua conversão, e há de perdurar até que seja ele recolhido pelo Senhor. Quanto ao discipulado do novo convertido, em si, que persista até que ele venha a parecer-se em tudo com Jesus Cristo. Somente um discipulado genuinamente bíblico fará a
diferença entre o cristão e o não cristão.

4. Defender o conhecimento divino. Escrevendo aos filipenses, Paulo abre-lhes o coração, e mostra-lhes ter sido chamado não somente a proclamar o evangelho, como também a defendê-lo: “Como tenho por justo sentir isto de vós todos, porque vos retenho em meu coração, pois
doutrinária das ovelhas. Hoje, mais do que ontem, os evangélicos, até mesmo os de igrejas tradicionais e históricas, carecem de fundamentos doutrinários. Ora, que firmeza terão os crentes se boa parte dos pastores
acham-se firmados em teologias movediças?
É chegado o momento de evangelizarmos também os que, presumindo-se evangélicos, acham-se tão distantes do evangelho quanto os católicos.
Se estes têm ídolos, aqueles possuem deuses. Não raro, nossos deuses são mais deletérios do que os ídolos. Pelo menos, os ídolos católicos têm boca, mas nada falam, ao passo que os deuses evangélicos abrem a bocarra para
dizer o que Deus jamais diria. Se os ídolos romanos levam para o inferno, os deuses do evangelho midiático a ninguém conduz para o céu. Que todos saibam que somente o Senhor Jesus salva.

3. Fazer discípulos de Cristo. O trabalho de um evangelista não se resume em trazer alguém à luz de Cristo, mas também acompanhar o novo crente, até que este venha a iluminar o mundo com o seu testemunho. Se,
num primeiro momento, o evangelista é o amoroso obstetra, no seguinte, ele haverá de ser o pediatra atento à evolução do convertido. O objetivo principal do discipulado é formar autênticos seguidores de Cristo.
A partir daí, teremos cristãos testemunhais e exemplares. Mas, se não dermos importância à formação espiritual dos que recebem a Cristo, encheremos a igreja de crentes vazios, deficientes e rasos na fé. É o que vem ocorrendo em muitos arraiais que, tidos como evangélicos, das
ovelhas querem apenas a gordura e a lã.
A essa altura, uma pergunta ganha pertinência: “Até quando deve durar o discipulado?” Se levarmos em conta as reivindicações apostólicas, o discipulado, na vida de um crente, inicia-se com a sua conversão, e há de perdurar até que seja ele recolhido pelo Senhor. Quanto ao discipulado do novo convertido, em si, que persista até que ele venha a parecer-se em tudo com Jesus Cristo. Somente um discipulado genuinamente bíblico fará a
diferença entre o cristão e o não cristão.

4. Defender o conhecimento divino. Escrevendo aos filipenses, Paulo abre-lhes o coração, e mostra-lhes ter sido chamado não somente a proclamar o evangelho, como também a defendê-lo: “Como tenho por justo sentir isto de vós todos, porque vos retenho em meu coração, pois o
de forma essencial, mostrando-lhe o poder e a graça transformadora.

5. Fazer teologia. O evangelista, à semelhança do apóstolo, também foi constituído a fazer teologia, pois sem teologia a evangelização é impossível. Em sua primeira carta ao jovem Timóteo, faz-lhe Paulo um resumo de seu currículo: “Para o que (digo a verdade em Cristo, não
minto) fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios, na fé e na verdade” (1 Tm 2.7).
Uma coisa é fazer teologia entre os teólogos. Outra, é teologizar entre os inimigos de Deus. Mas é justamente nesse ambiente hostil, e cercado de falsos silogismos e lógicas aparentes, que o evangelista é intimado a expor
o tema prioritário da verdadeira teologia: Jesus Cristo e este crucificado.
Foi o que Paulo fez ao evangelizar os gregos.
No Areópago, os filósofos epicureus e estoicos consideraram o discurso do apóstolo um raro despropósito. Àqueles varões intelectualmente orgulhosos, só um louco ousaria afirmar que um homem teve de morrer, numa cruz, para que os demais viessem a cruzar os portais da vida eterna.
Enfim, àquele seleto grupo, o evangelho era uma loucura. Mas foi ali, entre os gregos, e, mais tarde, entre os romanos, que Paulo lavrou a mais sublime teologia do Novo Testamento.
O evangelista é o teólogo ambulante, cuja missão é proclamar o evangelho completo de Cristo. Isso significa fazer a mais alta, a mais profunda e a mais bela teologia, pois a mensagem da cruz possui todas essas características.

IV. O Preparo do Evangelista
Paulo foi um dos homens mais cultos de seu tempo. Ele transitava com desenvoltura por três ambientes culturais: o judaico, o grego e o romano.
Aliás, até mesmo entre os bárbaros foi ele bem-sucedido, pois a todos se achava devedor. Tendo em vista o seu preparo singular, o apóstolo veio a realizar um trabalho igualmente singular.

1. Bíblico-Teológico. Antes mesmo de converter-se, Paulo já era um erudito nas Sagradas Escrituras, pois fora instruído aos pés do rabino mais sábio de seu tempo. Em sua defesa perante os judeus de Jerusalém, o apóstolo fala, em língua hebreia, de sua herança judaica e de seu aprendizado na Cidade Santa: “Quanto a mim, sou varão judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade aos pés de Gamaliel,instruído conforme a verdade da lei de nossos pais, zeloso para com Deus,como todos vós hoje sois” (At 22.3).
É claro que, antes de sua conversão, Paulo estava mais preso à letra do que ao espírito do texto sagrado. Era mais erudito que teólogo; mais acadêmico que espiritual. O seu aprendizado, porém, não foi inútil.
Quando do seu encontro com o Senhor Jesus, eis que o véu é retirado de seus olhos, possibilitando-lhe contemplar a glória divina no Crucificado (2 Co 3.15,16).

2. Hermenêutico e homilético. Sem Gamaliel, não teria Paulo a mínima condição de expor o evangelho com tanta maestria e profundidade aos crentes de Roma. E, assim, trazendo o Antigo Testamento ao Novo, veio a produzir a epístola mais teológica da Igreja Cristã. Afinal, tinha o alicerce hermenêutico necessário para mostrar, à luz
da Lei, dos Profetas e dos Escritos, o messiado de Jesus Cristo e a sua obra vicária no Calvário.
O apóstolo não sabia apenas interpretar as Escrituras; sabia, de igual modo, aplicá-las às mais diferentes situações da Igreja. Ele demonstrava, na prática, que a Palavra de Deus era, de fato, a regra áurea e infalível do
cristão.
Que o evangelista se prepare com amoroso esmero, pois a sua missão requer teologia, hermenêutica e homilética. Todas essas demandas podem ser resumidas nesta recomendação que o apóstolo encaminha a um jovem
pastor, que se refinava no trabalho evangelístico: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15). Eu gostaria que os seminários e institutos bíblicos tivessem, como divisa, essa querida
exortação paulina. Se levada a sério, haverá de produzir evangelistas de comprovada excelência.

3. Cultural e linguístico. Paulo, conforme já adiantamos, podia transitar com desenvoltura por três culturas distintas: a hebraica, a grega e a latina. Providencialmente, ele nascera e fora criado numa cidade que,embora romana, era dominada pela cultura helena. Naquela metrópole  universitária, aprendera o grego e, mui provavelmente, o latim. Afinal,estamos falando de um cidadão romano ciente de seus direitos e consciente de seus deveres.
No livro de Atos, vemos o apóstolo comunicando-se tanto em hebraico quanto na língua grega. Ao pedir autorização ao centurião para falar aos judeus de Jerusalém, ouviu do oficial romano uma indagação que lhe questionava o preparo cultural: “Sabes o grego?” (At 21.37). Em seguida,
ante os seus acusadores, pôs-se a falar no idioma sagrado dos judeus: “E, quando ouviram falar-lhes em língua hebraica, maior silêncio guardaram” (At 22.2).
Hoje, com a cosmopolização de nossas cidades, sugere-se que o evangelista, além de expressar-se com eficiência e correção em português,que também se comunique em, pelo menos, mais duas línguas: inglês e espanhol. Afinal, de vez em quando, recebemos eventos e certames
internacionais. Eis uma excelente oportunidade para se falar de Cristo a um campo missionário que, mesmo sem ser convocado, vem até nós. Nem sempre a seara vem ao ceifeiro. Então, que essas oportunidades não sejam
desperdiçadas.
O preparo cultural do evangelista contempla dois campos interligados: a informação acerca de outros povos e a habilidade linguística para se falar a todos, em todo o tempo e lugar, por todos os meios possíveis.

4. Psicológico e sociológico. O evangelista não precisa ser psicólogo, nem sociólogo, para anunciar Jesus Cristo. Todavia, é imprescindível que conheça o ser humano e a sociedade que o cerca. Doutra forma, será um estranho entre estranhos. O apóstolo Paulo sentia-se à vontade nos mais estranhos e variados ambientes. Entre os judeus, judeu. Falando aos gregos, grego. Doutrinando os romanos, romano. Acolhido pelos bárbaros, bárbaro. Se entre os sábios, sábio. Expondo Cristo aos ignorantes, ignorante, ainda que, em Cristo, tudo soubesse.
Na proclamação do evangelho, o apóstolo agia como amoroso
psicólogo, aconselhando; e, como gentil e compreensivo sociólogo, visitando as nações mais distantes e desconhecidas. Que o evangelista conheça e ame o povo a que almeja alcançar.

V. A Ética do Evangelista
Acabo de ler o testamento espiritual de Billy Graham. Pelo menos, foi a impressão que me passou o seu derradeiro livro. Em ,A caminho de casa, o evangelista americano faz um balanço de sua vida e confessa estar ansioso (e preparado) por encontrar-se com o Pai Celeste. Apesar de seus 98 anos, demonstra ele uma lucidez e discernimento singulares, e ainda reúne forças para exercer os ofícios de um amoroso pastor: aconselha os jovens, orienta os anciãos e não deixa de fazer o que sempre fez desde que
o Senhor o chamou à sua Obra: evangelizar.
Ao repassar aquelas páginas, não pude ignorar a elevada ética que sempre o caracterizou. Ele conclui um ministério de quase sete décadas sem qualquer pecha moral. Por isso, a pergunta faz-se inevitável: Qual o segredo de Billy Graham?
Na verdade, não há segredo algum. O que existe é um forte
comprometimento com a Palavra de Deus e um fundamento ético e moral bem sólido. Já no início de sua carreira, em 1948, ele e sua equipe,reunidos na cidade de Modesto, no Estado americano da Flórida,redigiriam um compromisso de quatro pontos, que haveria de nortear-lhes o ministério evangelístico. O documento, que ficaria conhecido como a
Declaração de Modesto, trata dos seguintes assuntos: informações,dinheiro, sexo e relacionamento eclesiástico.
O protocolo, hoje, serve de modelo aos que buscam desenvolver um ministério itinerante que glorifique a Deus por sua ética e compromisso com a Bíblia Sagrada. De acordo com o referido documento, o primeiro
ponto a ser observado por um pregador é a fidelidade aos relatos e informações.

1. Ética na informação. Reza o ditado velho e matreiro: “Quem conta um conto, aumenta um ponto”. Na arena evangelística, até que poderia haver um provérbio semelhante: “Quem ganha algumas ovelhas, sempre
acaba se ufanando de haver conquistado um rebanho”. Buscando evitar exageros nos relatos de suas campanhas, a Associação Evangelística Billy Graham é enérgica. A primeira cláusula da Declaração de Modesto estabelece uma ética rígida sobre as informações a serem transmitidas aos
órgãos eclesiásticos e à imprensa: Fica decidido que nenhuma comunicação à mídia e à igreja será exagerada ou presunçosa. A dimensão da assistência e o número de
conversões não serão alterados, a fim de nos promover.
Nos Estados Unidos, quando se quer exagerar algum fato, usa-se como exórdio este advérbio: “Evangelisticamente falando”. Em seguida,descarrega-se o exagero. Já no Brasil, utiliza-se outra expressão para alcunhar o pregador que se dá às hipérboles e às grandezas: evangelástico.
Ora, por que redimensionar os resultados de uma campanha se basta a conquista de uma única alma para pôr os céus em festa? Consideremos,ainda, que a missão primordial de um evangelista não é a conversão de pecadores, mas a proclamação do evangelho. Se esta for efetuada a tempo e
a fora de tempo, as colheitas não faltarão.
Quando um pregador maquia os resultados de seu trabalho, busca entre outras coisas o incremento do marketing pessoal, a seletividade da agenda e a valorização dos honorários. Esquece-se ele, porém, que a verdade
aumentada jamais será verdade; será sempre mentira. O sábio americano Benjamin Franklin (1706-1790) é incisivo quanto à veracidade dos fatos:
“A meia-verdade é frequentemente uma grande mentira”. Por
conseguinte, como pode um pregoeiro da justiça comprometer-se com a falsidade? Se avaliarmos superficialmente os resultados do semeador da
parábola, constataremos não terem sido muito bons. Apenas um quinto de suas sementes logrou germinar. Todavia, foi o suficiente para que o Reino de Deus frutificasse em toda a terra.
Em Atos dos Apóstolos, Lucas busca a precisão e a fidelidade dignidade em todas as informações que transmite a Teófilo (At 1.1-3). No Dia de Pentecostes, por exemplo, lemos que, como resultado do sermão de Pedro, quase três mil pessoas se converteram (At 2.41). Mas, na casa de Cornélio, as conversões talvez não chegassem a uma dezena, e nem por isso o número deixou de ser expressivo ao Reino de Deus.
Não exageremos os resultados de nosso trabalho. Na exposição dos fatos, nada de retórica; a verdade basta. Então, por que inventar milagres para glorificar a Deus? Sua glória é incompatível com a mentira. Sejamos
fiéis e verdadeiros nos relatórios e informações. Se fantasiarmos nossos feitos e façanhas, mais adiante seremos desmascarados. Quem ganha almas não é somente sábio; é verdadeiro e modesto.

2. Ética financeira. Se, por um lado, temos muitos pregadores que primam pela excelência do ministério, por outro, há não poucos que só demonstram uma única preocupação — o sucesso pessoal e o recebimento
de seus honorários. Por isso, a Associação Evangelística Billy Graham foi objetiva e clara no segundo artigo da Declaração de Modesto:
Fica decidido que questões financeiras serão submetidas a
uma comissão de diretores para revisão e simplificação dos gastos. Toda cruzada local manterá uma política de ‘livros abertos’ e publicará um registro de onde e como o dinheiro é gasto.  Nessa questão, temos de ser equilibrados e justos. De uma parte, somos obrigados a criticar os pregadores que fazem da fé um mero negócio. Mas,
de outra, não podemos louvar as igrejas que não reconhecem o labor de quem lhes expõe a Palavra de Deus. Ao falar sobre o trabalho dos mestres e doutores da Igreja, recomenda Paulo a Timóteo: “Devem ser considerados
merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino” (1 Tm 5.17,ARA). O texto é claro e não demanda maiores exegeses: o expositor da Palavra de Deus deve ser honrado não apenas com menções elogiosas, mas com um digno reconhecimento financeiro.
O pregador, por seu turno, contentando-se com o combinado, jamais fará apelos emocionais, visando angariar maiores recursos. As ofertas e dízimos são da igreja local. Se ele for realmente ético, nem falará em dinheiro durante as suas prédicas. E que não haja negociata entre o pastor
e o evangelista, com vistas à divisão de oferendas especiais arrecadadas no calor das emoções e sob um clima de promessas irrealizáveis e ameaças aterrorizantes. Não espoliemos os santos; respeitemos o povo de Deus.
Sejamos éticos e transparentes em todas as transações financeiras.
Evangelista, além de ético, seja precavido. Não deixe de pagar a previdência e, se possível, faça um plano de aposentadoria. O tempo passa e a velhice não demora a chegar. Aja com sabedoria e temor a Deus.

3. Ética sexual. Já na década de 1940, não eram poucos os pregadores americanos que escandalizavam a igreja devido às suas incursões sexuais.
Para que isso não viesse a ocorrer com os seus membros, a Associação Evangelística Billy Graham, na Declaração de Modesto é particularmente severa:
Fica decidido que os membros da equipe agirão com toda
prudência, a fim de se resguardarem de tentações na área sexual. Por isso, jamais ficarão sozinhos com uma mulher. E, mutuamente, responsabilizar-se-ão uns pelos outros. Eles também informarão suas esposas acerca de suas atividades ao longo das viagens, para que elas
sintam-se participantes das cruzadas.
O ideal seria que os pregadores itinerantes viajassem acompanhados de suas esposas. Infelizmente, não são muitas as igrejas que concordam em arcar com mais essa despesa. A maioria acha que só deve ressarcir os gastos 
do obreiro consigo mesmo. E se este quiser levar a esposa, que pague do próprio bolso. Tal postura é contraproducente, pois fragiliza o obreiro,
expondo-o a riscos espirituais e morais. Não disse o próprio Deus que não é bom que o homem esteja só?
Caso o pregador viaje desacompanhado, deve tomar uma série de cuidados para não cair em armadilha alguma.
• Evite dar aconselhamentos a pessoas do sexo oposto. Isso é competência (e dever) do pastor local. Sua função é ministrar à congregação, e não dar clínicas pastorais. Se o fizer, que esteja acompanhado de outro obreiro.
• Não receba nenhuma mulher no saguão do hotel e muito menos no quarto. Diante do pecado, não há super-homens. A recomendação do apóstolo é taxativa: “Fugi da prostituição. Todo pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo” (1 Co 6.18). Lembre-se: homens mais fortes e
mais santos do que nós caíram; portanto, tomemos muito cuidado.
• Não saia para almoçar com pessoas do sexto oposto. Como homens de Deus, devemos evitar a aparência do mal.
• Exija ser hospedado em lugares que não lhe comprometam a
reputação. Recuse motéis e hotéis de alta rotatividade.
Tais cuidados são necessários, pois é muito fácil ao pregador cair  nas astutas ciladas do Diabo. Por esse motivo, que a igreja zele por sua segurança espiritual e moral. E, sempre que possível, financie também a
vinda da esposa do pregador. Afinal, quem ministra precisa ser devida e duplamente honrado.


4. Ética no relacionamento eclesiástico. A Declaração de Modesto também instrui os membros da Associação Evangelística Billy Graham a agirem com ética no relacionamento com pastores e igrejas:
Fica decidido que os membros de nossa equipe jamais proferirão palavras negativas a respeito de outros líderes e pregadores, independentemente de suas denominações e posições teológicas, pois a missão do evangelismo inclui fortalecer o corpo de Cristo bem como edificá-lo na Palavra de Deus.
Que jamais usemos o púlpito a fim de caluniar outros pregadores, denegrir rebanhos ou agir com indiscrição acerca de faltas alheias. Se estamos de pé, agradeçamos a Deus por sua infinita misericórdia. Quanto às igrejas de outras persuasões, por que denegri-las? Nossa igreja acha-se também num contínuo processo de aperfeiçoamento. E, até a volta de Cristo, constataremos haver muitas imperfeições em nosso rebanho.
Imperfeições estas, aliás, que revelam o quanto dependemos do perfeitíssimo Deus.
Por conseguinte, que esta seja a nossa linha de conduta no púlpito:
• Que jamais venhamos a aviltar nossos líderes. No púlpito, mesmo que oficiosamente, somos os seus representantes.
• Não nos imiscuamos em política, quer eclesiástica, quer partidária. Não fomos chamados para ser homens do povo, mas homens de Deus.
• Jamais incitemos a igreja contra o seu pastor, nem busquemos seduzir rebanhos alheios. Nossa missão é transmitir com fidelidade todo o conselho divino.
• Condenemos energicamente o pecado, mas sejamos amáveis para com o pecador. O que nos teria acontecido se o Pai não nos tivesse tratado tão amorosamente?
• Não falemos mal das outras religiões, mas exponhamos com
autoridade as virtudes do evangelho de Cristo.
Enfim, ajamos corretamente no púlpito. O que todos esperam de nós é uma conduta digna de um verdadeiro homem de Deus.
Não há honra tão elevada quanto proclamar o evangelho de Cristo. 
Todavia, grande é nossa responsabilidade. Por isso, roguemos a Deus que jamais venhamos a escandalizar-lhe o nome. Que a nossa conduta seja sempre digna do Rei dos reis.E que o exemplo de Billy Graham cale profundamente em nossa alma. A Declaração de Modesto, posto que
simples, é objetiva e prática. Se lhe seguirmos as diretrizes, poderemos concluir o nosso ministério com honra tanto diante de Deus quanto diante
dos homens. Que o senhor nos guarde de tropeçar.

Conclusão
Não sei quantas almas já ganhei. Mas uma coisa não deixo de fazer:
evangelizar pessoalmente. Às vezes, falo de Cristo numa fala de banco;outras, num táxi; e, ainda outras, num leito hospitalar. Nem sempre tenho condições de explanar todo o Plano da Salvação. Todavia, deixo bem claro, ao meu interlocutor, que Jesus Cristo é a única esperança para esta geração confusa, deprimida e sem horizontes. Com poucas palavras, você pode livrar alguém do lago de fogo.
Então, esmere-se no exercício do ministério evangelístico, pois quem ganha almas sábio é.

Fonte: O desafio da evangelização/ por Claudionor de Andrade.