LEITURA DIÁRIA - A DOUTRINA DO CULTO LEVÍTICO.

Segunda – Sl 24.1 . Do Senhor é a Terra.
    A primeira grande divisão do salmo trata das exigências da verdadeira adoração — primeiro, em relação ao seu Objeto e, segundo, em relação àqueles que adoram.
a) Aquele que é adorado (24.1-2). Uma identidade do Objeto da verdadeira adoração é estabelecida com a reivindicação da soberania universal pelo Deus de Israel. Não existem limitações para a autoridade e domínio de Deus quanto a um espaço especial ou tempo. Toda terra (1) em sua plenitude; o mundo e todos aqueles que nele moram pertencem ao Senhor e são sujeitos a Ele. Aqui está prefigurada a reivindicação do Evangelho sobre toda criatura, em todo lugar e por todo o tempo. A reivindicação de Deus está baseada na sua criação: Porque ele a fundou sobre os mares e a firmou sobre os rios (2). Além dessa razão fortíssima, o NT acrescenta outra. Deus não somente fez a terra e aqueles que nela habitam, mas também a redimiu. Ela é sua por meio de um duplo direito: o direito da criação e o direito da redenção ou compra (Rm 14.8-9; 1 Pe 1.18-19). ( DO LIVRO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON)


Terça – Lv 19.4 . Nenhum ídolo pode tomar o lugar de Deus.
   O tema é indicado na ordem: Santos sereis (2). Deus é a Fonte de toda a santidade, 1,2; 2) Deus é o Padrão da santidade, 2; 3) Santidade é separação do mal e separação para Deus, 3,4 (G. B. Williamson).
( DO LIVRO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON)



Quarta – Êx 23.15 . Ninguém se apresentará de mãos vazias a Deus.

    Imediatamente após a Páscoa, a festa continuava por sete dias (ver comentários em 12.15-20). Esta festa comemorava particularmente a fuga do Egito e era celebrada levando presentes a Deus. O versículo 15 diz: “Ninguém apareça de mãos vazias perante mim” (ARA). ( DO LIVRO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON)



Quinta – Lv 1.2 . Os animais como oferta no culto divino.

        Há muito que os estudiosos se empenham em achar a idéia controladora por trás dos sacrifícios religiosos. Alguns sugerem que seja comunhão, ato simbolizado pela refeição comum. Outros enfatizam a propiciação, a substituição ou a gratidão festiva. E óbvio que o sacrifício é algo multifacetado da mesma maneira que é a relação do homem com Deus. Envolve comunhão, mas comunhão com Deus implica em propiciação, gratidão e petição.
            Assim, nossa atenção é remetida novamente à ideia de proximidade e intimidade com Deus. Tudo que diz respeito a aproximar-se de Deus está implícito no sacrifício. Este conceito explica as cinco variedades de ofertas analisadas nos capítulos a seguir: holocausto, oferta de manjares, oferta de paz, oferta pelo pecado e oferta pela culpa. Cada oferta fala de uma faceta diferente da proximidade com Deus.
            Levítico toma por certo que quando os homens se achegam a Deus, eles não devem ir de mãos vazias. Há algo sobre a relação que torna correto e apropriado os homens levaram uma oferta. Desde os tempos do Novo Testamento é fácil esquecer esta verdade. Mas sempre temos de nos lembrar de que, embora os crentes possam se aproximar de Deus com ousadia, eles não devem ir de mãos vazias. Sob o antigo concerto, os adoradores iam com dádivas próprias. Hoje, os crentes vão com a própria Dádiva de Deus, seu Filho Jesus, como base de aproximação e intimidade dos adoradores com Deus.
( DO LIVRO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON)


Sexta – Rm 12.1-3 . O nosso culto racional.

1. Consagração (12.1)
            O sacrifício da expiação oferecido por Deus na pessoa do seu Filho agora deveria encontrar a sua resposta no crente no sacrifício de uma completa consagração e de uma íntima comunhão.

            Rogo (parakalo) pode ser traduzido como “eu exorto” (Wesley), “eu apelo” (RSV), “eu insisto” (NASB), “eu imploro” (NEB). E diferente de um mandamento legal porque apela para um sentimento já existente no coração, a compaixão de Deus (ton oiktirmon tou theou, “as compaixões de Deus”; cf. 9.156).6 A palavra também pode significar “confortar”.7 “Exortar é falar palavras calculadas, para levar à ação ou à perseverança”.8 “Em grato reconhecimento ao que Deus na sua infinita compaixão fez por você, ao perdoar os seus pecados e ao receber você de volta à sua graça através de Cristo, eu exorto você a fazer a Ele uma consagração completa do seu corpo em sacrifício vivo”. Este é o apelo de Paulo aos irmãos romanos (adelphoi] cf. 1.13).
Apresenteis (parastesai) não é por si um termo de sacrifício. Em 6.13,16,19 é traduzido como entregar e também apresentar, e é usado para expressar a idéia de colocar o corpo à disposição de Deus ou do pecado (cf. também 2 Co 4.14; 11.2; Ef 5.27; Cl 1.22, 28). Parastesai é aoristo e portanto implica que a consagração é um ato (cf. comentários sobre 6.13). O cristão é exortado a apresentar o seu corpo de uma vez por todas para o serviço a Deus. Por isso a consagração também é uma atividade, “uma crise e um processo... um presente e uma vida”.

            Como pode o corpo se tornar um sacrifício? Deixe que o olho não veja nada mau, e ele se torna um sacrifício; permita que a língua não diga nada vergonhoso, e ela se torna uma oferta; deixe que a mão não faça nada ilegal, e ela se torna uma oferta em holocausto. Não, isto não será suficiente, mas precisamos ter a prática ativa do bem - a mão precisa dar esmolas, a boca precisa abençoar em lugar de amaldiçoar, o ouvido precisa dar atenção sem cessar aos ensinamentos divinos. Pois um sacrifício não tem nada impuro, um sacrifício é a primícia de outras coisas. Portanto, que nós possamos produzir frutos para Deus com as nossas mãos, com os nossos pés, com a nossa boca, e com todos os nossos outros membros.

            O sacrifício que oferecermos a Deus também deve ser santo (hagian). A vida cristã deve ser a antítese de 1.24. O cristão deve admitir que o seu corpo pertence a Deus e que deve ser separado para o seu uso. Ele deve estar sem pecado, e tornar-se verdadeiramente “o templo do Espírito Santo”

A Completa Santificação (12.2)
            Não nos conformemos com este século (aioni), mas 2) nos transformemos em membros condizentes com o século futuro. “O contraste entre esta época e a época futura obviamente está na mente de Paulo quando ele usa estes verbos contrastantes”
            Esta época, em oposição à época futura (cf. Ef 1.21) é “má” (G1 1.4). Satanás é o “deus” deste século (2 Co 4.4). Todos nós, na nossa condição não regenerada, “andávamos, segundo o curso deste mundo... nos desejos da nossa carne” (Ef 2.2-3). Mas como homens de fé fomos ressuscitados com Cristo e transferidos para o seu reino celestial (Ef 2.4-10; cf. Cl 1.13). Quando Cristo ressuscitou dos mortos “as virtudes do século futuro” (Hb 6.5, NASB) entraram em funcionamento na história. Aqueles que morreram com Cristo e ressuscitaram com Ele para a novidade de vida (6.4) se tornaram membros da era futura. “Em Cristo eles entraram na nova época: já receberam as primícias do Espírito (8.23) e já não estão sob as obrigações da carne, mas sim do Espírito (8.12)”.21
            Aqui as obrigações desta nova vida em Cristo são expressas de uma nova maneira. Os cristãos não devem conformar-se (syschematizesthe) com esta época, mas transformar-se (metamorphousthe, lit. “serem metamorfoseados”) pela constante renovação (anakainosei) do entendimento (tou noos). ( DO LIVRO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON)


Sábado – 1 Ts 5.23 . Nossa consagração total a Deus.

Graça Santificadora.

Deus é a fonte da paz. Para experimentar a graça santificadora de Deus os homens têm de primeiro receber a paz divina (cf. Rm 5.1). Ser justificado é ter paz com Deus e ter, na regeneração, o início dessa santificação que Paulo ora que seja total e completa. Paz com Deus se torna a mais profunda paz de Deus comunicada pela harmonização interior da pessoa inteira em todas as suas partes e funções. Paulo está orando por isso.
O verbo grego hagiazo (23; santifique) significa “separar-se de coisas profanas e dedicar-se a Deus”, e também “purificar” (externamente e interiormente através da reforma da alma).43 No uso do Novo Testamento, a purificação é primária. O modificador plenamente (seguindo Lutero, “completamente”, AEC, BAB, CH, NVI) denota a amplitude da purificação. “Esta palavra não ocorre em outro lugar na nossa Bíblia grega, mas o uso nos poucos exemplos conhecidos da literatura não deixa dúvida do seu significado. E formada por holos (“tudo”) e telos (“fim”), e denota finalidade bem como perfeição.


            Observemos que, em grego, santifique (23) está no tempo aoristo. Nos versículos precedentes (19-22), Paulo usa o tempo presente que indica ação contínua para os cinco verbos envolvidos. Mas o tempo aoristo indica não ação ou processo contínuo, mas ação que ocorre e é concebida como completa. Isso não quer dizer que não haja processo precedendo o ato santificador, e claro que não quer dizer que o ato é tamanho a ponto de impedir o processo contínuo de crescimento em santidade depois da crise. Paulo está orando pela ação purificadora de Deus na vida desses crentes tessalonicenses para que eles venham a dizer: “O trabalho tem sido feito; nós temos sido e, agora, somos completamente santificados”. ( DO LIVRO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON)




SUBSIDIO LIÇÃO 05 - SANTIDADE AO SENHOR

 
 
Fonte imagem LBM 
Adoração, Santidade e Serviço. “ Os Princípios de Deus Para Sua Igreja Em Levítico”.
Autor: Claudionor de Andrade.

Em Levítico, somos desafiados por uma doutrina imprescindível à nossa segurança espiritual: a santificação. Do primeiro ao último capítulo do livro, a preocupação do autor sagrado, inspirado pelo Espírito Santo, é guindar os israelitas (e a nós também) a uma posição alta e privilegiada diante de Deus.

Antes de tudo, observamos que foi necessário separar Israel dos outros povos, para que este se erguesse como testemunha da verdadeira fé. Vencida essa etapa, era urgente separar Israel para o serviço de Jeová, que continua a requerer de seus servos (entre os quais, nós) uma perfeição que, ainda hoje, parece inatingível: “Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito” (Gn 17.1, ARA).

Por que Deus nos demanda tal perfeição, se até mesmo, em seus anjos, acha Ele imperfeições e falhas? (Jó 4.18). Todavia, o padrão divino não pode ser rebaixado à condição humana; seu propósito é promover-nos às regiões celestiais.

Apesar de vivermos numa dispensação agraciada e plena, não devemos supor que a santificação foi uma reivindicação apresentada somente a Israel. O apóstolo Pedro repete-a à sua congregação (1 Pe 1.16). O que nos resta a fazer? Aprendamos com os sacerdotes do Senhor o valor, a beleza e a força da doutrina bíblica da santificação.


I. A MARAVILHOSA DOUTRINA DA SANTIDADE

Já me perguntaram diversas vezes, por que a doutrina da santificação não é mais pregada em nossos púlpitos como outrora. Enquanto ponderamos uma resposta, recorramos a esse tão precioso ensino como no-lo apresentam as Escrituras Sagradas.

1. A doutrina da santificação. Inserida no departamento soteriológico da Teologia Sistema, a doutrina da santificação pode ser definida como o ensino, cujo principal objetivo é levar o crente a separar-se do mundo, para consagrar-se inteiramente a Deus.

O substantivo feminino “santificação” provém do verbo latino eclesiástico sanctificare que, numa primeira instância, significa “fazer santo”. Já na instância seguinte, pode significar também separar algo ou alguém para o uso sagrado.

Se formos ao grego do Novo Testamento, constaremos que a palavra “santificação” provém do substantivo hagiasmos, que, por sua vez, procede do verbo hagiazo. De acordo com o Léxico de Thayer, o verbo hagiazo significa “reconhecer como venerável; honrar; separar algo das coisas profanas para dedicá-lo a Deus; consagrar; purificar tanto externa quanto cerimonialmente”.

Tanto no grego, como no latim, o significado e a demanda da santificação não mudam. Se nesta língua somos chamados a separar-nos do mundo, naquela somos intimados a consagrar-nos inteiramente a Deus e ao seu serviço.

Na língua hebraica, há também uma palavra específica para santificação. O vocábulo kadosh remete-nos ao mesmo sentido de santidade, separação e pureza, que encontramos no latim e no grego.
2. O que é a santificação. Já que definimos a doutrina da santificação, resta-nos, agora, descrever esse processo que, em nós, começa a ser operado desde o dia em que recebemos Jesus Cristo como nosso Salvador.

Em primeiro lugar, entendamos que a nossa santificação é da inteira vontade de Deus. Ouçamos atentamente o que Paulo recomenda aos irmãos de Tessalônica: “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição” (1 Ts 4.3, ARA). Se é da vontade de Deus que nos santifiquemos, não podemos contrariá-la. Doutra forma, jamais poderemos adentrar a Jerusalém Celeste; ali estão vedados os que se dão à prática do pecado. Eis a advertência que nos faz o autor sagrado:

Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte. (Ap 21.8 , ARA)

Em segundo lugar, há uma verdade ainda ignorada por muitos crentes: a doutrina da santificação deve ser pregada exclusivamente aos santos. Quanto aos que ainda não conhecem a Deus, que lhes seja proclamada a mensagem de arrependimento. O apóstolo Paulo, ainda escrevendo aos tessalonicenses, é bastante categórico ao exortá-los a uma vida de maior santidade perante Deus: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5.23, ARA).

Em terceiro lugar, não podemos confundir santidade com santificação. No exato instante em que aceitamos Jesus, somos imediatamente elevados à posição de santos; sendo já santos, estamos entre os demais santos. Isso não significa, porém, que o processo de nossa santificação haja se completado ali. Posto que a santificação é um processo, e não um ato, tem início ali, ao pé da cruz, uma ação longa e continuada que, levada a efeito pela Palavra de Deus, conduzir-nos-á à estatura de varões perfeitos, segundo o modelo que há Jesus Cristo.

Com dito, a santidade deve ser vista como um posicionamento e não como um processo devidamente encerrado. Que agora somos santos, não há dúvida. Todavia, isso não significa que já estejamos plenamente santificados. Seremos constrangidos, durante a nossa peregrinação à Cidade Celeste, a buscar os meios da graça, a fim de alcançarmos a perfeição: oração, leitura da Bíblia, jejuns, frequência aos cultos e disciplina espiritual. Enquanto estivermos neste mundo, soar-nos-á aos ouvidos a exortação apostólica: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o SENHOR” (Hb 12.14).

Em quarto lugar, a santificação é, de fato, uma obra específica do Espírito Santo. Atentemos a esta recomendação de Paulo ainda aos irmãos de Tessalônica: “Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo SENHOR, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade” (2 Ts 2.13, ARA). Ora, a função do Espírito é santificar a Igreja de Cristo. Daí a razão de seu nome; seu ministério compreende a nossa inteira santificação.

Cabe-nos, entretanto, dar-lhe total guarida, para que Ele opere com toda a liberdade em nosso ser. Doutra forma, jamais seremos admitidos entre os santos de Deus. Atentemos, também, a esta palavra de Pedro aos irmãos que se achavam dispersos: “Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas” (1 Pe 1.2). Que nos abramos à santificação que, em nós, quer operar o Espírito de Deus. Ele não pode ser entristecido por nossas atitudes mundanas, cruéis, incrédulas e apostatas.


II. O TEXTO ÁUREO DE LEVÍTICO

Neste tópico, focalizaremos o texto áureo do livro de Levítico. Após o havermos considerado, concluiremos que ele continua tão atual hoje quanto no dia em que Moisés, há 3500 anos, o entregou aos filhos de Israel no deserto do Sinai. Leiamos o texto sagrado: “Fala a toda a congregação dos filhos de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo” (Lv 19.2).

1. “Fala a toda a congregação dos filhos de Israel e dize-lhes.” Por intermédio de seu fiel mensageiro, o Senhor dirige-se a toda a congregação dos filhos de Israel. Já não pode haver distinção entre dirigentes e dirigidos, nem se admite a divisão do povo de Deus entre clero e laicato. Agora, todo o povo de Israel faz-se congregação diante do Senhor, o corpo místico de Jeová no Antigo Testamento.

Deus ordena a Moisés a falar a toda a congregação de Israel. Nesse caso, o verbo hebraico dabar não pode ser interpretado como uma elocução qualquer. Essa palavra deve ser ouvida, por todos nós, como se fora uma ordem expressa de Deus: declarar, comunicar, afirmar solenemente.

Por intermédio de Moisés, o Senhor dirige-se não ao povo: o Israel visível. Mas à congregação: o Israel invisível e espiritual. A palavra “congregação”, em hebraico, é bastante específica: `edah é um termo que evoca, entre outras coisas, ajuntamento solene ou assembleia. Sendo assim, conforme já dissemos, os filhos de Israel devem ser vistos não como mera entidade política, mas como a Igreja do Senhor no Antigo Testamento. É claro que a soberania divina não se restringe à congregação; abrange a todos em qualquer tempo e lugar. Mas, com intimidade, Ele trata apenas com os seus queridos filhos.

2. “Santos sereis.” Moisés, agora, transmite a ordem divina à congregação israelita: “Santos sereis”. Detenhamo-nos no substantivo “santo” segundo o original hebraico. O vocábulo qadowsh traz estes sentidos: sagrado, separado, apartado e santo. Isso não significa que a nossa santidade levar-nos-á a sair do mundo ou do mundo isolar-se. Lembremo-nos da oração sacerdotal de Jesus: “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal” (Jo 17.15, ARA).

Na ótica bíblica, santificar-se não significa isolar-se da sociedade, mas nesta atuar como testemunha fiel de Deus. É o que o Senhor requisitava de sua congregação no deserto. Mesmo ali, ainda sem contatar povo algum, deveriam os israelitas consagrar-se inteiramente como servos do Senhor. Sim, embora estamos no lugar mais improvável e árido, proclamemos as virtudes do Reino de Deus, por meio de uma vida santa, pura e marcada pela distinção.

3. “Porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo.” Neste ponto, o Senhor apresenta a razão de sua demanda à congregação de Israel: “Porque eu, o Senhor”. Sim, Deus é o Senhor. Logo, nesse relacionamento, não passamos de servos. Ele tem autoridade para exigir que cada um de seus filhos seja santo, porque Ele é santo. Como ignorar as prerrogativas daquEle que nos chamou à perfeição?

O texto áureo de Levítico é tão claro e abrangente que nem mesmo os dirigentes máximos da nação sentiam-se eximidos dessa obrigação. Todos deveriam porfiar por uma vida santa que, tendo início, em seu coração, refletisse em seu semblante. Que o Senhor nos ajude a andar de valor em valor até que venhamos a completar a nossa carreira espiritual.

III. A SANTIFICAÇÃO DA CLASSE SACERDOTAL

Os sacerdotes deveriam ser uma referência perfeita à nação de Israel no que tange à santidade e à pureza. Afinal de contas, eram os responsáveis pela santificação do povo, a fim de torná-lo propício diante de Deus.

1. Santidade exterior. Aos ministros do altar, o Senhor impusera uma série de restrições, para que não viessem a comprometer o ministério sagrado. O sumo sacerdote, por exemplo, não poderia desposar uma mulher qualquer a não ser uma virgem (Lv 21.7,14). Até mesmo em relação ao luto, deveriam os ministros do altar ser precavidos e cuidadosos (Lv 21.1-3). Tendo em vista o emblema da santidade divina que pesava sobre a classe sacerdotal, nenhum descendente de Levi poderia ser admitido no serviço divino se portasse alguma deficiência física (Lv 21.17-21).

Embora não pertençamos à Casa de Levi, deveríamos nós, os obreiros de Cristo, ter uma postura mais santa e reverente. Às vezes, no púlpito, comportamo-nos como meros comediantes. Contamos piadas; lembramos pilhérias; evocamos imagens fortes e até sensuais. Imaginamos que, com uma desenvoltura mais leve e solta, levaremos o povo Deus ao Céu.

Como se não bastasse, vemos alguns homens, tidos como de Deus, envolvidos em desinteligências, resmungos, escândalos e corrupção. Acham-se eles tão acostumados à impenitência, que já não temem ofender o Espírito Santo. Seguindo a doutrina de Balaão e errando pelos caminhos dos nicolaítas, usam a Bíblia para corromper o povo de Deus. Por intermédio da teologia, desviam os jovens e transviam os companheiros de ministério. A Igreja de Cristo? Têm-na como um negócio vantajoso.

O que falar dos divórcios já tão comuns entre os membros do ministério sagrado? Não nos enganemos! O mesmo Deus que não deixou impune Nadabe e Abiú continua a reivindicar, de cada um de seus trabalhadores, uma vida íntegra, imaculada e irrepreensível. Certa vez, um querido amigo disse-me que Deus começaria a punir os maus obreiros com a morte. Na hora, achei a expressão um pouco carregada. Todavia, se acreditamos que o Deus de Levítico continua o mesmo, então que busquemos a misericórdia daquEle que, apesar de nossas maldades, quer restabelecer-nos prontamente.

2. Santidade interior. O sumo sacerdote tinha de portar uma lâmina de ouro que, posta em sua mitra, trazia esta advertência: “Santidade ao SENHOR” (Êx 28.36). A santidade do sacerdote, portanto, longe de ser formal, era um reflexo do que lhe ia na alma (Ml 2.7). Infelizmente, a classe sacerdotal, com o tempo, deixou-se levar por um culto formalista e apóstata, o que ocasionou a destruição de Jerusalém (Jr 5.31; 23.11).

Como está a nossa santidade interior? Por vezes, exteriormente, parecemo-nos o mais santo e correto dos homens. Mas, em nosso coração, quanto pecado. Em nossa alma, quanta iniquidade. E, em nossa mente, quanta sujeira, cobiça, adultério e até homicídios. Se não fizermos uma pausa, a fim de buscar a Deus, corremos o risco de perder a alma. Já imaginou ser lançado no lago de fogo em consequência de uma vida interior pecaminosa e reprovada diante do santíssimo Deus?

Que nós, obreiros de Cristo, guardemo-nos da pornografia e do contato com mulheres pecadoras e carregadas de concupiscência. Sejamos precavidos. Façamo-nos acompanhar pela esposa onde quer que estejamos. Não importa se você é um obreiro jovem, de meia idade ou até mesmo um velho. O inimigo de nossas almas (às vezes, somos nós mesmos) está pouco se importando com a nossa faixa etária. Meu querido pastor, Roberto Montanheiro, costumava dizer que, no jogo da tentação, o Diabo enfraquece o mancebo e fortalece o ancião.

3. Santidade e glória. A santidade e a pureza da classe sacerdotal demonstravam a glória de Deus sobre todo o povo de Israel. Por esse motivo, os ministros do altar deveriam oferecer sacrifícios em primeiro lugar, por si mesmos, e depois por todo o povo (Lv 9.1-8). Se, pelo altar, deveria começar a santificação do povo, pelo mesmo altar deveria também ter início a punição dos ministros de Deus (Jl 1.3; 2.17; 1 Pe 4.17). Neste momento, o Senhor Jesus, por intermédio de seu Espírito Santo, está a requerer mais santidade e pureza de seus obreiros. Doutra forma, não subsistiremos às tormentas que, brevemente, se abaterão sobre a Igreja de Cristo.

Fomos chamados a refletir a glória de Jesus Cristo onde quer que estejamos. Que todos vejam, em nossa face, o rosto de Cristo; em nossas mãos, a providência divina; e, em nossos pés, o Evangelho que alcança os confins da terra.

É chegado o momento de voltarmos ao primeiro amor. Se nos curvarmos diante do Cordeiro, seremos renovados em línguas estranhas, receberemos dons espirituais e daremos uma sequência gloriosa ao nosso ministério. Evangelizemos. Lancemo-nos às missões. Trabalhemos enquanto é dia; a noite não demora a chegar.


IV. UMA TAREFA QUASE IMPOSSÍVEL, A SANTIFICAÇÃO DE TODO DE TODO UM POVO

A santidade da classe sacerdotal deveria refletir-se, necessária e eficazmente, na vida diária de Israel como povo, como congregação e em cada família (Os 4.9-11).

1. Povo santo. Por que o Senhor exigia santidade e pureza de seu povo? (Lv 11.44,45). Antes de tudo, para que Israel cumprisse, cabalmente, a missão para a qual havia sido chamado: ser uma bênção a todos os povos (Gn 12.1-3). Se atentarmos à História Sagrada, verificaremos que a santificação dos hebreus teve início no exato instante em que Deus chamou Abraão (Gn 17.1-7). A partir de sua vocação, os hebreus já tinham como obrigação, espiritual e moral, levar a Palavra de Deus a toda a terra, para que esta se enchesse do conhecimento do Senhor (Hb 2.14). Portanto, a menos que o povo de Deus seja puro e santo, a evangelização jamais alcançará todos os povos da terra. Requer-se, ainda, que este mesmo povo seja revestido do poder do Espírito Santo (At 1.8). Somente assim a proclamação do Evangelho será eficaz.

Com muita tristeza, observamos que o título “evangélico”, que tanto nos dignificava até a década de 1980, não passava hoje de um rótulo velho e já lançado no monturo. Se, no passado, era ignominioso ser crente, atualmente é chique; constitui-se até num passaporte à ascensão social, política e econômica. Tenho encontrado alguns membros de minha querida denominação que, em nada, diferem de um mundano. Basta uma conversa de três ou quatro minutos, para concluir que, aquela pessoa, embora batizada nas águas, jamais teve uma experiência real com o Senhor Jesus.

Se o povo de Deus não voltar a ser distinguido pela santidade, como haveremos de resgatar o Brasil da miséria em que se encontra?

Antes de tudo, voltemos à doutrina da santificação. Santifiquemo-nos. Caso contrário, seremos envergonhados quando estivermos a conclamar a Igreja de Cristo a uma vida santa e piedosa. Obreiros do Senhor, choremos diante do Cordeiro de Deus.

2. Congregação santa. O povo somente virá a ser santo se a congregação for pura, santa e separada do mundo. Eis porque, no Pentateuco, o povo todo de Israel era tido como a congregação do Senhor (Êx 12.3-6; Lv 4.15). Naquele tempo, não havia (e nem poderia haver) o que chamamos de laicismo, porque tanto os dirigentes do povo quanto este deveriam ser crentes; fiéis testemunhas do Senhor (1 Rs 8.5).

A tenda, na qual Moisés entrava para falar com o Senhor, não pertencia a esta ou àquela tribo, mas a toda congregação de Israel (Êx 27.1). Portanto, todo o ajuntamento de Jeová deveria ser reconhecido por sua dedicação incondicional ao Senhor. Até os rebeldes e apóstatas reconheciam a distinção da assembleia de Jeová (Nm 16.3). Foi com esse status que Israel apossou-se da Terra Prometida.

3. Famílias santas. A congregação de Israel só viria a ser santa se cada família, em particular, fosse igualmente santa e dedicada ao Senhor. Por isso, Deus requeria que toda família comemorasse a Páscoa (Êx 12.3). Na prática, os sacrifícios pela congregação e pelo povo só teriam efeito, se cada unidade doméstica observasse a adoração ao Deus de Jacó, como o fazia o próprio patriarca (Gn 35.1-5).

A família hebreia ideal é descrita no Salmo 128. Apesar de o divórcio ser tolerado na sociedade israelita, havia dispositivos severos para proteger a unidade familiar hebreia (Lv 18). Portanto, só com famílias realmente santas é que poderemos levar Cristo a todos os lares do Brasil e do mundo.



CONCLUSÃO

A santidade não é um mero ornamento na vida dos filhos de Deus. É um requisito obrigatório; mantém-nos firmes e inabaláveis no Senhor; dá-nos condições de propagar o Evangelho.

Tendo como exemplo o compromisso do sacerdócio levítico com a santidade divina, devemos primar por uma vida irrepreensível diante de Deus e dos homens. Se somos, de fato, o sal da terra, por que não salgar a sociedade com um testemunho irrepreensível? E se somos a luz do mundo, por que as trevas já encobrem o povo de Deus?

No desempenho de meu pastorado, tenho encontrado muitos crentes que, embora frequentem assiduamente os cultos, ainda não tiveram uma experiência pessoal com o Senhor; são perigosamente nominais. Estão na igreja, mas não são Igreja. O que lhes falta? Uma vida de santidade e pureza, que os diferencie o mundo. Que Deus nos ajude a reconduzi-los ao Senhor Jesus Cristo enquanto é dia.

Santidade ao Senhor!

O coração confirmado em santidade - Sábado – 1 Ts 3.13


para confortar o vosso coração (13; “que ele fortaleça o coração de vocês”, NVI), para que sejais irrepreensíveis (ver comentários em 2.10) em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos (13).
A tônica desta oração está na interioridade do caráter pessoal. Dá a entender que o caráter exigido para preparar os crentes tessalonicenses a permanecerem na presença de Cristo em sua vinda é mais que certa inculpabilidade de comportamento ou serviço externo. A exigência de Deus é uma inculpabilidade no devotamento interior a Deus e pureza moral interior. O coração, a personalidade total, interiormente como também exteriormente, deve ser puro diante de Deus. O padrão não será o julgamento do homem, mas o de Deus. Somente ele conhece a verdadeira qualidade de nosso amor e de nossos motivos.
Esta passagem descreve a maneira na qual esta santidade (a santificação total, cf. 5.23,24) é dada como aumento (12), uma infusão abundante do puro amor de Deus que “está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5.5). E o Senhor que vos fará crescer em amor (12). A santidade é um dom da graça de Deus; não é o resultado de esforços humanos, mas é a resposta da fé em Cristo. Considerando que este amor é de Deus, é puro e santo, correspondente à natureza de Deus. Tal amor é “o cumprimento da lei” (Rm 13.10).
Este amor é o instrumento do Espírito para expulsar do coração o que é impuro e incompatível; seu resultado inevitável é a obediência total à vontade de Deus. A “santidade” que ocorre por outro meio que não pelo batismo do amor divino é espúria — santarrona, legalista, inclinada à crítica rigorosa. A verdadeira santidade se manifesta em amor uns pelos outros e por todos os homens. O amor divino é “o vínculo da perfeição” (Cl 3.14); é a energia de toda verdadeira santidade. E o meio para a estabilidade espiritual, visto que tudo o mais é passageiro. ( BEACON pag 373 -v. 9).


A santidade convém à Casa de Deus - Sexta

O caminho de Deus é de santidade - Quinta – Sl 77.13


o seu caminho (13) compelem à conclusão por meio de outra pergunta retórica: Que deus é tão grande como o nosso Deus? O teu caminho [...] está no santuário tem sido traduzido de várias formas: “Teus caminhos [...] são santos” (NVI); “Teu procedimento é divino” (Moffatt); “O teu caminho [...] é de santidade” (ARA). Todas enfatizam a pureza e justiça dos caminhos de Deus. ( BEACON pag 225 -v. 3)

A beleza da santidade divina -Quarta – Rm 1.1-7



“A todos os... amados de Deus, chamados santos” (Rm1.7). Paulo sabia que nós, crentes, temos outras identidades além sermos escravos de Jesus Cristo. Ele mencionou duas aqui. Somos amados de Deus e somos seus santos.

A palavra “santos” (hagiois) significa “santificados”. O significado central de “santo” é “separado ou colocado à parte para Deus”. No Novo Testamento, “santos” com frequência tem o significado comum de “cristãos” ou “crentes”. Mas sua significação está longe de ser comum. Deus separou você e eu como suas posses preciosas. Ele nos escolheu e nos marcou como seus. Se compreendermos quão preciosos somos para o Senhor e o quanto somos amados, a “graça e a paz” que Paulo desejou aos romanos certamente serão nossas. ( Comentário devocional da Bíblia, pag 763,  LAWRENCE O. RICHARDS).


A santidade de Deus revelada - Terça – Lv 10.3


Moisés deixou claro que o Senhor deve ser santificado (3) naqueles que se aproximam dele, a fim de que Ele seja glorificado diante de todo o povo. Esta é uma ilustração de que, no Antigo Testamento, a obediência era muito mais importante do que o sacrifício (1 Sm 15.22) ( BEACON pag 266 v.02)