sexta-feira, 21 de outubro de 2016

A MULHER QUE UNGIU JESUS.

"A mulher que ungiu Jesus em casa de Simão, seria Maria, irmã de Lázaro?" 

A passagem em João 11.12 dá a idéia de um acontecimento anterior (Mt 26.6-13; Mc 14.3-9; Lc 7.37), nos moldes em que é contado no capítulo 12, versículo 3, com igual reação dos discípulos e também igual ao comentário de Jesus, o que deixa transparecer que o fato é o mesmo e as mesmas as pessoas, sendo apenas uma recapitulação. 

Pela ordem natural, podemos inferir que depois do jantar em casa de Simão o (que fora) leproso (Espada Cortante, O. S. Boyer, pg. 783), Jesus se tornou amigo da família, por meio de Maria, sendo depois recebido muitas vezes nessa casa: Lc 10.38. Numa dessas vezes, Lucas estabelece (v.40) a intimidade que se vê em João 11.5.
Os detalhes da murmuração dos discípulos em Mateus e Marcos, que em João é atribuída somente a Judas, não aparecem em Lucas, bem como o diálogo entre Jesus e Simão, narrado por Lucas, não aparece nas demais narrativas, mas nada impede que tenham acontecido na mesma ocasião. É de se esperar que fatos narrados 20 ou 30 anos depois de acontecidos possam ter tido algumas omissões por esquecimento, sem que isso invalide a sua inspiração e até mesmo que assim sucedeu por força dessa inspiração
divina, para que o observador atento pudesse tirar delas as lições de que viesse a precisar. Há, porém, quem advogue a possibilidade de terem ocorrido até três casos em que Jesus seria ungido por mulheres diferentes, mas as coincidências não reforçam a
afirmação. Nossa opinião é a mesma do Novo Dicionário da Bíblia de Douglas, pág. 1.007, de que a mulher que ungiu a Jesus em casa de Simão foi Maria, irmã de Marta e de Lázaro e que o próprio Simão tinha parentesco com os três. "Mateus, Marcos e João
concordam em que o Senhor Jesus foi ungido em Betânia e Mateus e Marcos especificam que isso aconteceu em casa de Simão" (Douglas). 
Quanto ao pejorativo "hamartoulos" - pecadora, que Lucas insere, não é obrigatório julgar-se que Maria - a Maria piedosa de Betânia - fosse uma mulher de moral duvidosa, como alguns comentaristas sugerem, mas que ela, em presença de Jesus, sentira as suas próprias carências e buscara abrigo na honraria que achou por bem fazer-lhe. Mesmo porque não se admite que a honradez encontrada em Marta e Lázaro, a ponto de Jesus chegar   a amá-los e a comover-se diante do fato fúnebre que os envolveu, encontrasse tolerância numa atitude menos conveniente da parte da irmã sob o mesmo teto.

A CRIAÇÃO DOS ANJOS

"Quando os anjos foram criados, Deus tinha ciência de que um deles - Satanás -se rebelaria? Por que, então, criou os anjos?"

Sim, tinha. Um dos atributos de Deus é onisciência. Seu conhecimento é perfeito, absoluto. Ele conhece o passado, o presente e o porvir. Conhece tão bem o eterno passado como o futuro eterno. Temos de nos conscientizar dessa verdade. Temos de nos conformar com ela, porque não a podemos negar. Se Deus não conhecesse o eterno futuro, Ele não seria Deus. Só concebemos Deus como aquele ser que tem todo o poder' no Céu, no Universo, e na Terra.

Deus criou os anjos porque necessitava deles para o servirem, para o glorificarem, para o adorarem. A previsão da rebeldia de um grupo não podia impedir que o Todo-poderoso deixasse de executar o que fora planejado. Como oportuna, incluamos na resposta a esta consulta a seguinte pergunta que constantemente nos é feita, e da qual muitos se valem para depreciar a obra de Deus:   "Se Deus sabia que o homem ia pecar, por que o criou?"

 Respondemos – Deus apesar de saber disso, criou o homem por causa do seu imensurável amor para com aqueles que haveriam de herdar a salvação: Hb 1.14. O plano divino é eternal e, por isso, nenhuma força no universo pode modificá-lo ou impedir que ele se realize.
Por causa dos que não quiseram no passado, dos que rejeitam no presente e dos que recusarão no futuro a graça oferecida por Deus, esse Deus de amor não poderia deixar de mostrar a sua inefável bondade para com aqueles que no passado aceitaram, para com os que no presente estão recebendo, e para com os que no futuro aceitarão com corações transbordando de alegria o eternal plano de salvação.
Essas verdades sublimes, que não podem ser contraditadas, estão reveladas na Palavra inspirada do apóstolo Pedro: "Eleitos segundo a presciência de Deus o Pai, em santificação do Espírito para a obediência", 1 Pe 1.2a. Não aceitamos uma predestinação arbitrária que permite uma vida desregrada para os "contemplados" porque isso ofende a santidade de Deus.
Mas cremos numa eleição em santificação do Espírito para a obediência. Foi para isso que Deus nos chamou, e isso glorifica o seu nome.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

DAVI ENUMERA O POVO

"Por que Deus não gostou que Davi numerasse o povo?"
O fato é contado de maneira judicial em 2 Samuel 24.1, e de maneira pragmática
(segundo o pensamento religioso), em 1 Crônicas 21.1.

 No primeiro caso, o ato seria uma permissividade de Deus para dar oportunidade a Davi de retroceder do seu intento, mas sem interromper a sua decisão, ainda que tivesse depois que puni-lo. No segundo caso, o ato é tido como indução de força maior, alheia à vontade de Davi.

O rei estaria sendo coagido por uma tentação irresistível, mas também passível de punição. Em ambos os contextos teríamos o orgulho de Davi em querer conhecer o poderio militar de que poderia dispor e tranqüilizar-se quanto aos efetivos, em caso de guerra contra outras nações.

 A idéia subjetiva é que Davi fugiu da dependência divina, tentando resolver os casos do povo pela confiança em carros e cavalos (SI 20.7), deixando de honrar a Jeová como "socorro bem presente na angústia", SI 46.1. Dessa forma ele teria mudado "a verdade de Deus em mentira e honrado mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém", Rm 1.25.

Se a primeira citação em 2 Samuel 24.1 é uma transigência do texto, Davi se torna desculpável era 1 Crônicas 21.1, pois estaria sendo tentado. De qualquer modo ele incorreria no castigo, porque "ceder é pecar".

Ainda mais quando admoestado pelo seu próprio general, Joabe, de que o seu esforço era supérfluo, senão desnecessário.
O oficial fêz-lhe ver que todo o acervo material e humano da nação havia sido colocado por Deus ao seu dispor, como a um despenseiro fiel, para os casos de necessidade e não de usufruto e vaidade.


Na sua misericórdia, Deus lhe deu três opções, numa das quais o rei se incluiu como culpado principal, disposto a sofrer sozinho o castigo: 1 Cr 21.17. Mas o povo era também conivente com ele, pois aceitou passivamente que Deus fosse como que posto de lado. De qualquer maneira, a escolha de Davi foi sábia: "Fiquemos debaixo da mão de Deus. pois são grandes as suas misericórdias". 1 Pe 5.6.