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sábado, 5 de agosto de 2017

JOÃO BATISTA PREPARA O CAMINHO PARA JESU S / 3.1-12

Quando João Batista apareceu pregando (3.1) o povo ficou entusiasmado. Eles consideravam João um grande profeta, e estavam certos de que a tão esperada era do Messias havia chegado. João falava como os profetas de antigamente, dizendo que o povo devia abandonar o pecado, evitar o castigo e voltar-se para Deus a fim de experimentar sua misericórdia e aprovação. Essa é uma mensagem que serve para todos os tempos e lugares, entretanto, estava sendo transmitida com uma urgência particular porque João estava preparando o caminho para o Messias e o seu Reino. Você tem um senso de urgência em relação àqueles que ainda precisam ouvir a mensagem?

3.1 E, naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia. Nessas poucas palavras Mateus faz um resumo da história que Lucas, por sua vez, iria registrar com muitos detalhes (veja Lc 1.5-25; 39-45,57-80). João apareceu pregando uma mensagem de arrependimento. A palavra traduzida como “pregar” vem de uma palavra grega que significa “ser um mensageiro, proclamar”. Mateus descreveu João como um mensageiro que proclamava notícias sobre o futuro Rei, o Messias. O título “Batista” servia para diferenciar esse João de muitos outros homens que tinham o mesmo nome, e o batismo era uma parte importante do seu ministério (3.6).
A mãe de João, Izabel, era prima de Maria, mãe de Jesus, portanto Jesus e João Batista eram primos distantes. E possível que se conhecessem, mas provavelmente João não sabia que Jesus era o Messias até o momento de batizá-lo (veja 3.16,17).

3.2 Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus. A pregação de João Batista estava dirigida principalmente a essa mensagem - preparar os corações para a vinda do Messias. Mas essa preparação só aconteceria através do arrependimento. João exortou o povo a arrepender-se dos seus pecados e se voltar para Deus. Para alcançar o verdadeiro arrependimento, as pessoas precisavam fazer as duas coisas. João pregava que as pessoas não podiam afirmar que criam para depois viverem da maneira que  desejassem (veja 3.7,8). O pecado é errado, e as pessoas precisavam mudar a sua atitude e também a sua conduta.
Por que precisavam dessa mudança tão radical? Porque é chegado o Reino dos céus.
Essa frase indica uma realidade presente e uma esperança para o futuro. Atualmente, Jesus Cristo reina no coração dos crentes, mas o Reino do Céu não se realizará plenamente até que todo o mal do mundo seja castigado e eliminado. Cristo veio à terra, primeiro como um Servo Sofredor, mas virá novamente como Rei e Juiz para reinar vitoriosamente sobre toda a terra.

3.3 Isaías mencionou João quando disse que ele era a Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. Isaías foi um dos maiores profetas do Antigo Testamento e um dos que mais foram citados no Novo. Isaías registrou a promessa de Deus de trazer de volta os exilados na Babilônia. Ele também escreveu sobre a vinda do Messias e a pessoa que iria anunciar essa vinda, João Batista (Is 40.3). Como Isaias, João era um profeta que exortava as pessoas a confessar seus pecados e viver para Deus. A palavra preparai refere-se a aprontar alguma coisa, e a palavra caminho também pode ser traduzida como estrada. Esse quadro pode ter sua origem num antigo costume do oriente médio de enviar primeiro os servos de um rei para nivelar e limpar as estradas e deixá-las prontas para serem percorridas por ele na sua viagem. O povo de Israel precisava preparar sua mente para, ansiosamente, aguardar seu Rei, o Messias.

3.4 João tinha a sua veste de pêlos de camelo e um cinto de couro em tomo de seus lombos. Sua roupa era parecida com a do profeta Elias (2 Rs 1.8), também considerado um mensageiro que ia preparar o caminho para Deus (veja Ml 3.1; 4.5). A notável semelhança de João com o profeta Elias reforçava sua surpreendente mensagem e servia para diferenciá-lo dos líderes religiosos cujas vestes esvoaçantes refletiam o grande orgulho que sentiam pela sua posição (12.38,39). Tendo se afastado do mal e da hipocrisia dos seus dias, João vivia de forma diferente das outras pessoas para mostrar que a sua mensagem era nova. Seus alimentos, gafanhotos e mel silvestre eram muito comuns para a sobrevivência nas regiões do deserto.

3.5 Então, ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão. João atraía tantas pessoas porque era o primeiro profeta verdadeiro depois de quatrocentos anos. Sua explosão contra Herodes e os líderes religiosos era um ato de coragem que fascinava muitos dentre o povo.
Mas João também tinha palavras fortes para outras pessoas da sua audiência, pois também eram pecadores e precisavam se arrepender. Sua mensagem era poderosa e verdadeira.

3.6 Confessando os seus pecados. A confissão é mais que um simples reconhecimento dos próprios pecados; ela representa uma aceitação do veredicto de Deus sobre o pecado, e é a expressão do desejo de se livrar deles e viver para Deus. Confessar significa mais que uma resposta verbal, uma afirmação ou louvor.
Significa concordar em mudar para passar a viver uma vida de obediência e serviço. Depois disso, eram por João batizados no rio Jordão. Quando você lava as mãos sujas, o resultado pode ser visto imediatamente. Mas o arrependimento acontece no interior da pessoa, com uma purificação que não pode ser vista naquele momento. Portanto, João usou um ato simbólico que as pessoas podiam ver: o batismo. Para batizar, João precisava de água e ele usou a água do rio Jordão.

3.7 João batizava alegremente todas as pessoas arrependidas que o procuravam, confessando seus pecados e desejando viver para Deus. Mas quando João viu muitos fariseus e saduceus ele teve uma explosão de ira por causa da hipocrisia desses líderes religiosos. Os fariseus haviam se afastado de tudo que fosse não judeu e obedeciam cuidadosamente as leis do Antigo Testamento e as tradições orais transmitidas através dos séculos. Os saduceus acreditavam que somente o Pentateuco (Gênesis - Deuteronômio) representava a palavra de Deus. Mas João os denunciou exclamando: Raça de víboras. João havia criticado os fariseus dizendo que eram legalistas e hipócritas por obedecerem minuciosamente à lei, mas ignorando o seu verdadeiro propósito.
Ele havia criticado os saduceus por usarem a religião para melhorar sua situação política.
Obviamente, ele duvidava da sinceridade do seu desejo de serem batizados. João os chamou de raça de víboras (Jesus também usou esse termo - ver 12.34; 23.33), denunciou que eram perigosos e astutos e sugeriu que eram filhos de Satanás (veja Gênesis 3; João 8.44).
Sua pergunta tinha um sarcasmo agudo: Quem vos ensinou a fugir da ira futura? Os líderes religiosos sempre haviam considerado a ira futura como um castigo para os gentios. João aplicou o mesmo procedimento aos líderes religiosos e a razão da sua rispidez está revelada nas suas palavras seguintes.

3.8 O verdadeiro arrependimento é visto através dos atos e do caráter que ele produz. Os fariseus e saduceus acreditavam que monopolizaram a justiça. Mas a maneira como viviam revelava o seu verdadeiro caráter. Portanto, João disse: Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento. João Batista exortava as pessoas a praticar mais que palavras ou rituais; ele pedia que mudassem seu comportamento. Se realmente abandonamos o pecado e nos voltamos para Deus, nossas palavras e atividades devem refletir aquilo que dizemos. Deus julga as nossas palavras pelos atos que as acompanham. Será que os seus atos combinam com as suas palavras?

3.9 João continuou: E não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão.
Isso não prova nada. Com o passar dos anos, os judeus haviam erroneamente decidido que a promessa feita aos patriarcas era uma garantia a todos os seus descendentes, não importava a maneira como agiam ou aquilo em que acreditavam. João explicou, entretanto, que o fato de confiar em Abraão como ancestral não qualificava ninguém para o Reino de Deus.
Provavelmente, João apontou as pedras no leito do rio e disse: Mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão. Mais tarde, o apóstolo Paulo iria explicar isso aos romanos: “Nem todos os que são de Israel são israelitas; nem por serem descendência de Abraão são todos filhos... mas os filhos da promessa são contados como descendentes” (Rm 9.6-8).

3.10 E também, agora, está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo. A mensagem de Deus não mudou desde o Antigo Testamento. As pessoas continuarão a ser julgadas pelas suas vidas improdutivas. Assim como a árvore frutífera deve produzir frutos, o povo de Deus deve produzir uma colheita de boas ações (3.8). João comparou as pessoas que afirmam crer em Deus, mas não vivem para Ele, a árvores improdutivas que deverão ser cortadas. O machado está à raiz das árvores, a postos e pronto para cortar essas árvores que não produzem bons frutos. Elas não serão somente cortadas, mas lançadas no fogo, o que significa uma completa destruição. As pessoas que se intitulam cristãs, mas que nada fazem a esse respeito, deixam de desfrutar a preciosa comunhão com Deus.

3.11 Eu vos batizo com água para o arrependimento. João explicou que o batismo demonstrava arrependimento. Esse era o começo de um processo espiritual. O batismo era um sinal “exterior” de comprometimento.
Para ser eficiente, devia ser acompanhado de uma mudança “interior” de atitude que levasse a uma mudança de vida. O batismo de João não trazia a salvação, mas preparava a pessoa para receber a vinda do Messias, a sua mensagem e o seu batismo.
João sabia que o Messias iria chegar depois dele. Embora João Batista fosse o primeiro profeta genuíno depois de quatrocentos anos, Jesus Cristo, o Messias, seria infinitamente maior do que ele - “não sou digno de levar as suas sandálias”. João estava mostrando como era insignificante comparado Àquele que estava prestes a se manifestar, e disse: “E necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30). Aquilo que João começou, Jesus terminou. O que João preparou, Jesus realizou.
A afirmação de João: “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” revelava a identidade daquele que é mais poderoso do que o próprio João. Todos os crentes, aqueles que mais tarde irão a Jesus para a salvação, receberão o batismo com o Espírito Santo e o fogo da purificação (um artigo precede estas palavras, indicando que não se tratava de dois batismos separados, ‘ mas do mesmo e único batismo).
A experiência não era exatamente a mesma registrada em Atos 2, mas o resultado seria o mesmo. Esse batismo iria purificar a aperfeiçoar cada crente.

3.12 Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará. Debulhar era o processo de separar os grãos de trigo da sua casca exterior chamada joio. Isso era feito normalmente numa grande área chamada eira, muitas vezes sobre uma colina onde o vento podia soprar o joio mais leve para longe quando o agricultor sacudisse o trigo no ar. A pá era um forcado usado para lançar o trigo ao ar a fim de separá-lo do joio.
O trigo era recolhido e o joio era queimado.
João falava sobre o arrependimento, mas também falava sobre o castigo para aqueles que se recusavam a arrepender-se.


Este material foi extraído deste livro abaixo👇.




Todos os direitos reservados. Copyright © 2009 para a língua portuguesa da Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.
Título do original em inglês: Life Application New Testament Commentary
Editora: Tyndale House Publishers
Primeira edição em inglês: 2001
Tradução: Degmar Ribas
Preparação dos originais: Anderson Grangeão e Miriam Liborio
Revisão: César Moisés e Zenira Curty
Capa: Josias Finamore
Projeto gráfico e Editoração: Natan Tomé
CDD: 220 — Comentário Bíblico
ISBN: 978-85-263-0978-4





O RETORNO A NAZARÉ / 2.19-23


Deus protegeu cuidadosamente a vida do seu Filho, guiando José quando partiram de Israel para fugirem do perigo que estavam correndo, e no seu retorno a Israel quando já não havia mais perigo. Deus estava realizando o seu plano de salvação em nosso beneficio.
Os crentes devem ler essa história com admiração e respeito, à medida que observam Deus trabalhando por detrás dos cenários para proteger a vida de Jesus Cristo na terra.

2.19-21 O anjo do Senhor havia  prometido informar a José quando não houvesse mais perigo para que ele e sua família retornassem a Israel (2.13). O anjo instruiu José dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel, porque já estão mortos os que procuravam a morte do menino. Portanto, José retornou imediatamente a Israel com Jesus e sua mãe. Não se sabe quanto tempo eles permaneceram no Egito, mas quando o anjo ordenou sua volta, José não hesitou em obedecer.

2.22 Herodes havia dividido seu reino em três partes, uma para cada filho.
Arquelau recebeu a Judéia, Samaria e Iduméia, e reinava sobre toda a Judéia.
Sendo um homem violento, começou seu reinado mandando matar três mil pessoas influentes. Ele mostrou ser um governante tão ruim que foi deposto no ano 6 d.C.
José havia ouvido falar sobre Arquelau e receou voltar a Belém, que era um distrito da Judéia. Mais uma vez, Deus guiou José, prevenindo-o em sonhos para que não fosse à região desse rei cruel, mas que se dirigisse à Galiléia.

2.23 José retornou à sua cidade, Nazaré (Lc 2.4), que estava localizada no sul da Galiléia, perto do cruzamento das rotas das grandes caravanas. O destacamento romano encarregado da Galiléia estava acampado nesse lugar.
O Antigo Testamento não registra especificamente a declaração, Ele será chamado Nazareno. Mateus pode estar se referindo a Isaías 11.1 onde a palavra hebraica para “rebento” (netser) é semelhante à palavra usada para “nazareno”. Outros dizem que ele pode estar se referindo a uma profecia não mencionada na Bíblia ou a uma combinação de profecias.
Mateus pintou um quadro de Jesus como o verdadeiro Messias anunciado por Deus através dos profetas. Jesus, o Messias, teve um começo extremamente humilde e seria desprezado por aqueles para quem viera, exatamente como o Antigo Testamento havia predito.

Este material foi extraído deste livro abaixo👇.


 Todos os direitos reservados. Copyright © 2009 para a língua portuguesa da Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.
Título do original em inglês: Life Application New Testament Commentary
Editora: Tyndale House Publishers
Primeira edição em inglês: 2001
Tradução: Degmar Ribas
Preparação dos originais: Anderson Grangeão e Miriam Liborio
Revisão: César Moisés e Zenira Curty
Capa: Josias Finamore
Projeto gráfico e Editoração: Natan Tomé
CDD: 220 — Comentário Bíblico
ISBN: 978-85-263-0978-4




A FUGA PARA O EGITO / 2.13-18 / 13

Mesmo antes que o pequenino bebê começasse a falar, os poderes mundanos, liderados pelo próprio Satanás, estavam se movimentando contra Ele. O cruel rei Herodes, que havia matado três dos seus próprios filhos a fim de garantir o poder, estava receoso de perdê-lo, portanto elaborou um plano para matar a criança que havia nascido como “rei dos judeus”. Dominado pela loucura, Herodes mandou matar crianças inocentes, esperando matar também essa criança especial. Herodes manchou suas mãos com sangue, mas não feriu Jesus. Ninguém pode impedir os planos de Deus.

2.13-15 O anjo do Senhor apareceu a José em sonhos. Essa era a segunda visão em sonho que José recebia de Deus (veja 1.20,21).
O anjo do Senhor preveniu José de que Herodes havia de procurar o menino para matar. Ele disse exatamente o que José devia fazer: Levanta-te, toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito. José obedeceu naquela mesma noite, levando Jesus e Maria através da viagem de cento e vinte quilômetros até o Egito, escapando de Belém sob a escuridão.
O anjo instruiu José: Demora-te lá até que eu te diga (veja 2.20). Viajar para o Egito era muito comum, pois essa nação havia sido o lugar de refúgio para os israelitas em épocas de rebelião política (1 Rs 11.40; 2 Rs 25.26).
Havia colônias de judeus em várias cidades egípcias importantes, entretanto o Egito era uma província de Roma que estava fora da jurisdição de Herodes. E esteve lá até a morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Do Egito chamei o meu Filho. José seguiu as instruções do anjo e permaneceu no Egito até a morte de Herodes (veja 2.19,20).
Dessa forma, Jesus foi salvo. Entretanto, o mais importante é que esse acontecimento cumpriu a profecia de Oséias (11.1).

2.16 Herodes, vendo que tinha sido iludido pelos magos, irritou-se muito. Quando esse  rei se irava, sua ira não tinha limites. A história documenta os terríveis atos de crueldade desse homem. Nesse ponto, tudo que Herodes sabia era que um futuro rei, ainda criança, habitava em Belém. Depois das explicações dos magos, que diziam ter visto uma estrela há aproximadamente dois anos (2.7), Herodes deduziu que essa criança não podia ter mais que dois anos de idade. Portanto, enviou seus soldados e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e em todos os seus contornos, de dois anos para baixo.

2.17,18 Mateus entendeu que o doloroso sofrimento das mães de Belém cumpria o que foi dito pelo profeta Jeremias (Jr 31.15). Raquel era uma das esposas de Jacó, um dos grandes homens de Deus do Antigo Testamento. Dos doze filhos de Jacó, vieram as doze tribos de Israel. Raquel era a mãe
simbólica da nação. Ela havia sido enterrada perto de Belém (Gn 35.19). A passagem de Jeremias descreve Raquel, a “mãe”, chorando os seus filhos e não querendo ser consolada porque foram levados em cativeiro. Ramá era o ponto inicial da deportação (40.1). As mães de Belém também choravam e se lamentavam pelos filhinhos mortos pelos soldados. Mateus comparou o sofrimento das mães, na época do Exílio, ao sofrimento das mães das crianças assassinadas.


Extraído do livro comentário bíblico novo testamento aplicação pessoal, aprovado pelo conselho regional de doutrinas da Assembleia de Deus.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

O S VISITANTES QUE VIERAM DO ORIENTE / 2.1-12

Mateus não registra os detalhes do nascimento de Jesus, como fez Lucas no tão conhecido capítulo 2 do seu Evangelho. Entretanto, somente Mateus a registra a visita dos magos. Esses homens haviam viajado milhares de quilômetros para ver o rei dos judeus.
Quando finalmente o encontraram, eles reagiram com júbilo, adoração e presentes. Isso é tão diferente da abordagem que as pessoas adotam atualmente.
 Algumas esperam que Deus venha à nossa procura, para se explicar, provar quem Ele é e nos dar presentes. Mas os verdadeiramente sábios procuram e adoram a Jesus hoje por aquilo que Ele é, não pelo que possam conseguir.

2.1 Tendo nascido Jesus em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes. A pequena cidade de Belém ficava cerca de oito quilômetros ao sul de Jerusalém. Segundo a previsão do profeta Miquéias, o Messias nasceria naquela cidade (Mq 5.2). Para distinguir essa cidade de outras, com o mesmo nome, Mateus acrescentou da Judéia. A terra de Israel estava dividida em quatro distritos políticos e inúmeros territórios menores. A Judéia também chamada de Judá) estava no sul, Samaria no meio, Galiléia no norte, e Iduméia no sudeste. Jerusalém também estava na Judéia e era a sede do governo do rei Herodes. Embora muitos Herodes sejam mencionados na Bíblia, esse era Herodes, o Grande, que governou de 37 a.C. até 4 d.C.
Nesta época, chegaram a Jerusalém alguns sábios vindos das terras do oriente e pouco se sabe a respeito deles. Também chamados de magos, eles podem ter pertencido a uma casta sacerdotal da Pérsia, mas não eram reis. A tradição diz que eram homens de elevada posição na Pártia, perto do local da antiga Babilônia (o livro de Daniel faz referência aos sábiosda Babilônia; veja Dn 2.12,18; 4.6,18).
A opinião tradicional de que havia três sábios [ou magos] vem dos três presentes que foram dados a Jesus (2.11), mas a Bíblia não diz quantos sábios vieram.
2.2 Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos a adorá-lo. Os magos disseram que haviam visto a estrela de Jesus.
No Antigo Testamento, através de um homem chamado Balaão, Deus havia se referido a “uma estrela” que procedeu de Jacó (Nm 24.17). Como esses homens sábios souberam que a estrela representava o Messias, aquel que era o recém-nascido rei dos judeus? (1) Eles podem ter sido judeus que permaneceram na Babilônia depois do Exílio e conheciam as profecias do Antigo Testamento sobre a vinda do Messias. (2) Eles podem ter sido astrólogos orientais que estudaram os manuscritos do Antigo Testamento.  Por causa do exílio, acontecido séculos antes na Babilônia, uma grande população de judeus ainda permanecia lá e eles podem ter tido cópias do Antigo Testamento. (3) Eles podem ter recebido uma mensagem especial de Deus, que os levou diretamente ao Messias.
Mateus estabelece um ponto significativo ao realçar a adoração desses homens sábios, em contraste com os líderes religiosos judeus que conheciam as Sagradas Escrituras e não precisavam viajar muito longe para encontrar o seu Messias. Esses líderes judeus orientaram os homens sábios até Belém, mas eles mesmos não foram (2.4-6).

2.3 Herodes, ouvindo isso, perturbouse.  As notícias dos magos perturbaram profundamente Herodes porque ele sabia que o povo judeu estava aguardando um Messias que estava para chegar (Lc 3.15). A maioria dos judeus esperava que o Messias fosse um grande libertador militar e político, como Judas Macabeu ou mesmo Alexandre, o Grande. Mas Herodes ficou obviamente perturbado por diversas razões:
• Herodes não era o herdeiro legítimo do trono de Davi; ele reinava por indicação de Roma. Muitos judeus odiavam Herodes por ser um usurpador. Se esta criança fosse realmente o legítimo herdeiro do trono, Herodes iria certamente enfrentar problemas com os judeus.
• Herodes era cruel e por causa dos seus inúmeros inimigos suspeitava que alguém pudesse tentar derrubá-lo do trono.
• Herodes não queria que os judeus, que eram um povo religioso, se reunissem em volta de um personagem religioso.
• Se esses sábios fossem de origem judaica, e se tivessem vindo da Pártia (a região mais poderosa depois de Roma), eles ficariam contentes em receber um rei que poderia desequilibrar o poder longe de Roma. O fato de toda a Jerusalém ter ficado preocupada, junto com o rei Herodes, indica que os líderes religiosos e os leigos também se preocupavam com a notícia do nascimento de uma criança da linhagem real judaica, da linhagem de Davi. Todos aqueles que conheciam a crueldade de Herodes temiam que as suas suspeitas tivessem sido despertadas.

2.4 Herodes precisava de alguns conselhos dos entendidos, portanto convocou uma reunião com todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo. A maioria dos príncipes dos sacerdotes era formada por saduceus, enquanto os escribas [também chamados “mestres da lei”] eram principalmente fariseus.  Esses dois grupos não se entendiam bem por causa das grandes diferenças existentes no seu credo a respeito da lei. Os saduceus acreditavam que somente o Pentateuco (os primeiros cinco livros do Antigo Testamento) representava a palavra de Deus; os fariseus e os mestres da lei eram os intérpretes profissionais da lei, os especialistas legais da época de Jesus. Entre esses homens Herodes esperava encontrar alguém que pudesse explicar onde havia de nascer o Cristo.

2.5,6  Sete séculos antes o profeta Miquéias havia dado a exata localização do nascimento do Messias (Mq 5.2), e Mateus citou várias vezes os profetas do Antigo Testamento para mostrar que Jesus cumpria perfeitamente as profecias a respeito do Messias. Os líderes religiosos judeus entendiam que o Messias iria nascer em Belém da Judéia e esse era um fato muito conhecido de todos os judeus (Jo 7.41,42). Ironicamente, quando Jesus nasceu, esses mesmos líderes religiosos se tornaram o Seu maior inimigo. Quando o Messias, por quem tinham estado esperando finalmente chegou, eles não quiseram reconhecê-lo.

2.7 Herodes chamou novamente os magos para que respondessem a sua pergunta (2.2).  Entretanto, ele também precisava saber a idade desse “rei”. Herodes deduziu que se soubesse exatamente acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera ele saberia a idade da criança.
Como a estrela havia aparecido dois anos antes, Herodes logo mandou matar todos os meninos que tivessem dois anos ou menos (veja 2.16).

2.8 Herodes enviou os magos a Belém dizendo: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino, e, quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore. Herodes não podia deixar que o boato sobre um futuro rei ficasse sem a devida verificação. Mas ele não queria adorar a Jesus, queria matá-lo.

2.9 Tendo sido informado de que a criança iria nascer em Belém, os magos partiram; e eis que a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles enquanto estavam a caminho de Belém. Depois, a estrela se deteve sobre o lugar onde estava o menino.  Mateus não conta como era essa estrela, como se movia, ou como os magos encontraram a criança desde o momento em que a estrela começou a se mover até o momento em que ela parou. Mas Mateus deixou claro que Deus havia mandado propositadamente essa estrela para guiar esses homens até o seu Filho.

2.10 E, vendo eles a estrela, alegraram-se muito com grande júbilo. O movimento da estrela tinha sido visível a esses homens que estudavam o céu e observavam as estrelas. Eles haviam acompanhado essa estrela por milhares de quilômetros e não tinham encontrado a criança num palácio em Jerusalém como haviam esperado. Portanto, embora cansados, continuaram seu caminho, seguindo novamente o movimento da estrela.
Não é de admirar que, ao ver a estrela parar, eles se alegraram muito, com grande júbilo.

2.11 Jesus tinha provavelmente um ou dois anos de idade quando os magos o encontraram.
Nessa época, Maria e José estavam vivendo numa casa. Os magos deram presentes preciosos que eram dignos de um futuro rei.
Ouro era o presente para um rei (SI 72.15); incenso, uma resina perfumada e brilhante obtida da casca de certas árvores, era o presente para uma divindade (Is 60.6); e a mirra, uma valiosa e perfumada especiaria que também vinha das árvores, era usada para embalsamar, portanto era um presente para uma pessoa que ia morrer (Mc 15.23; Jo 19.39). Esses presentes teriam certamente oferecido os recursos financeiros para a viagem de ida e volta de José e Maria até o Egito (2.13-23).
Esses magos, astrólogos do oriente, prostraram-se e adoraram o jovem rei dos judeus, indicando o cumprimento de mais uma profecia (SI 72.10-19).


2.12 E, sendo por divina revelação avisados em sonhos para que não voltassem para junto de Herodes, partiram para a sua terra por outro caminho. Se voltassem através de Jerusalém seria impossível evitar Herodes, portanto os magos partiram de Belém tomando outra direção. Nessa história, Deus revela todo cuidado por seu Filho porque o mundo hostil já estava tentando tirar a vida da pequena criança. A intervenção divina representa um tema importante no Evangelho de Mateus. Ele mostra como Deus cuidou da vida de Jesus a fim de realizar seu plano divino.

Fonte=  Cometário Bíblico de Aplicação Pessoal da CPAD.

terça-feira, 11 de julho de 2017

UM ANJO APARECE A JOSÉ / 1.18-25

  Nessa seção, Mateus conta a história que antecede o nascimento de Jesus.
Embora os atos de Deus estivessem além da sua compreensão, e tivessem que enfrentar olhares questionadores e mal entendidos dos que os cercavam, Maria e José estavam dispostos a seguir a orientação divina. Será que também estamos dispostos a fazer o que Deus mandar, seja qual for a sua vontade? Será que podemos obedecer à orientação de Deus sem questionar?

         1.18 Ora o nascimento de Jesus Cristo foi assim... Em 1.16 Mateus havia afirmado que Maria era a mãe de        Jesus, mas não mencionou o nome de José como seu pai. Este fato exigia uma explicação, afim de não parecer uma situação imoral. Maria, sua mãe... estava desposada com José, antes de se ajuntarem...
Os leitores modernos precisam entender as tradições envolvidas nos antigos casamentos judeus. Primeiro, as duas famílias precisavam concordar com a união e negociar o dote.
Depois, era feita uma proclamação pública e o casal ficava “comprometido”. Embora o casal não estivesse oficialmente casado, seu relacionamento só poderia ser quebrado com a morte ou o divórcio. As relações sexuais ainda não eram permitidas. Esse segundo estágio durava um ano, e durante esse período o casal vivia separadamente, junto aos seus respectivos pais. Esse período de espera tinha o propósito de demonstrar a pureza da noiva, pois se fosse demonstrado que ela estivesse grávida, o casamento poderia ser anulado.
            Como Maria e José estavam comprometidos, eles ainda não tinham tido relações sexuais.
Mas, antes de se ajuntarem, [Maria] achou-se ter concebido do Espírito Santo. Maria estava comprometida e grávida, e José sabia que o filho não era seu. A aparente infidelidade de Maria acarretava um rigoroso estigma social.
De acordo com a lei civil judaica, José tinha o direito de se divorciar dela. A lei também explicava que o castigo para a infidelidade era a morte por apedrejamento (Dt 22.23,24), embora isso fosse raramente praticado na época. Para eliminar qualquer dúvida sobre a pureza de Maria, Mateus explicou que Maria concebeu do Espírito Santo. Durante a época do Antigo Testamento, o Espírito agia sob a iniciativa de Deus (por exemplo, Gênesis 1.2). Desse modo, ficou esclarecida a iniciativa divina na concepção de Jesus. Lucas 1.26-38 registra esta parte da história.

         1.19 Então, José, seu marido, como era justo e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente.           Sendo um homem justo, José não queria agir contra as leis de Deus.
Casar com Maria teria sido uma confissão de culpa, quando ele não era culpado. Um divórcio público iria desgraçar Maria e, aparentemente, a compaixão que sentia não iria permitir que fizesse isso. Portanto, José escolheu a opção, também legítima, de ter um divórcio particular perante duas testemunhas (Nm 5.11-31), rompendo secretamente o  noivado.

         1.20 Eis que, em sonho, lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo. Quando José decidiu ir adiante em seu plano, Deus interveio. A concepção de Jesus Cristo foi um acontecimento sobrenatural, portanto Deus enviou anjos para ajudar certas pessoas a compreenderem o significado do que estava acontecendo (veja 2.13, 19; Lc 1.11,26;
2.9). Nesse caso, em sonho... apareceu um anjo do Senhor a José. Na Bíblia, os sonhos funcionam como uma forma de transmitir a mensagem de Deus ao povo.
Os anjos são seres espirituais, criados por Deus, que ajudam a executar a sua obra na terra. Eles levam a mensagem de Deus ao povo (Lc 1.26), protegem o povo de Deus (Dn 6.22), oferecem encorajamento (Gn 16.7), dão orientação (Ex 14.19), executam os castigos (2 Sm 24.16), patrulham a terra (Zc 1.9-14), e combatem as forças do mal (2 Rs 6.16-18; Ap 20.1,2). O anjo que apareceu a José era um dos mensageiros de Deus, e a finalidade de sua visita era ajudar José a resolver a sua questão com Maria.
O anjo chamou José de filho de Davi, e isto significava que José tinha um papel especial em um evento especial. O anjo explicou que José deveria receber Maria como sua esposa, pois a criança deveria pertencer à linhagem real de Davi. José não precisaria temer receber Maria como sua esposa - a despeito das repercussões sociais que isso poderia provocar. Maria não tinha cometido nenhum pecado. O próprio Deus havia preparado essa gravidez, e este filho seria muito especial - Ele seria o Filho de Deus.

         1.21 E ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. O nome Jesus corresponde à forma grega de “Josué” e significa “o Senhor salva”. O infante Jesus iria nascer para salvar o seu povo dos seus pecados. Desde o início o livro explica que Jesus não iria salvar o povo do jugo de Roma, ou da tirania, nem iria estabelecer um reino na terra. Ao invés disto, Jesus iria salvar o povo do pecado.

1.22,23 Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta. Através do seu Evangelho, Mateus fez citações ou alusões às Escrituras do Antigo Testamento para mostrar que Jesus veio para cumpri-las. Ele deveria se chamar Emanuel (que traduzido é: Deus conosco), segundo a previsão de Isaías 7.14. Jesus era o Deus encarnado; portanto, Ele estava literalmente “conosco”. A questão não era Jesus trazer o nome “Emanuel”, mas o Seu Nome deveria descrever o Seu papel – trazer a presença de Deus ao povo. Jesus Cristo, que é Deus (Jo 1.1), trouxe Deus à terra através do seu corpo humano - vivendo, comendo, ensinando, curando, morrendo e ressuscitando.

         1.24 E José, despertando do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara. Embora soubesse que tomar Maria como esposa podia ser humilhante, José preferiu obedecer à ordem do anjo, casando-se com ela. Ele não hesitou. A decisão deixara de ser difícil, pois ele simplesmente fez o que sabia ser a vontade de Deus.
Aparentemente, José estava quebrando a tradição quando recebeu M aria como sua mulher, pois o habitual período de um ano de espera ainda não tinha se passado.
Entretanto, ele fez o que Deus mandou e “concluiu” o trâmite do casamento, levando Maria para viver consigo. Não importava o estigma social, não importava o que as más línguas locais dissessem ou pensassem sobre sua atitude, José sabia que estava obedecendo à ordem de Deus ao se casar e cuidar de Maria durante a sua gravidez.

         1.25 E [José] não   a conheceu até que deu à luz seu filho. Para terminar com quaisquer dúvidas sobre a concepção e o nascimento de Jesus enquanto Maria ainda era virgem,  Mateus explicou que ela permaneceu virgem até que deu à luz seu filho. Essas palavras também deixam de lado a noção de que Maria viveu a vida toda como virgem: depois do nascimento de Jesus, José e Maria consumaram seu casamento e Jesus teve vários meio-irmãos (12.46). Dois dos seus meio-irmãoS foram mencionados na igreja primitiva - Tiago, como líder da igreja de Jerusalém, e Judas, autor do livro que leva o seu nome.
Tradicionalmente, os meninos recém-nascidos eram circuncidados e recebiam seu nome oito dias após o nascimento.
Lucas registra que “quando os oito dias foram cumpridos para circuncidar o menino, foi-lhe dado o nome de Jesus” (Lc 2.21). José fez tudo que Deus havia lhe dito através do anjo (1.21), dando ao bebê o nome que foi escolhido por Deus - Jesus.

Fonte:
Comentário o novo testamento Aplicação Pessoal

Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.

O REGISTRO DO S ANCESTRAIS D E JESU S /MATEUS 1.1-17

Mais de 400 anos haviam se passado desde as últimas profecias do Antigo Testamento, e os judeus religiosos de todo o mundo ainda estavam esperando pelo Messias (Lc 3.15). Sob a inspiração do Espírito Santo, Mateus escreveu esse livro dirigido aos judeus para apresentar Jesus como Rei e Messias, o prometido descendente de Davi que iria reinar para sempre (Is 11.1-5). O Evangelho de Mateus faz uma ligação entre o Antigo e o Novo Testamento contendo muitas referências para mostrar como Jesus cumpriu as profecias do Antigo Testamento. Jesus era judeu, viveu entre os judeus e obedecia às suas leis (desde que fossem verdadeiramente as leis de Deus). Agindo assim, Ele cumpriu as Escrituras do Antigo Testamento.

        1.1 Registro dos ancestrais de Jesus, o Messias. Os dezessete primeiros versículos do Evangelho de Mateus apresentam os ancestrais de Jesus. Como a linhagem de uma família servia para provar que ela pertencia ao povo escolhido de Deus, Mateus começou mostrando que Jesus era descendente (ou “ filho” ) de Davi, que era descendente de Abraão (versão NTLH), cumprindo assim as profecias do Antigo Testamento sobre a linhagem do Messias (a expressão “pai de” também pode significar “ancestral de”). Mateus traçou a genealogia de Jesus até Abraão, através de José. Essa genealogia comprova a linhagem legal (ou real) de Jesus através de José, que era descendente do rei Davi (veja também 2 Sm 7.16; Is 9.6,7; Ap 22.16).
        1.2 Abraão gerou a (“era o pai de” ) Isaque. A frase “era o pai de” também pode significar “era o ancestral de”. Dessa forma, não havia necessidade de haver um relacionamento direto entre o pai e o filho entre todos aqueles que estavam relacionados numa genealogia. Na antiguidade, as genealogias eram muitas vezes arranjadas de forma a ajudar a memorização.
Assim, Mateus registrou sua genealogia através de três conjuntos de quatorze gerações (veja 1.17). Abraão foi chamado por Deus, recebeu as promessas da aliança, e creu que Deus iria manter as suas promessas (Gn 15.6). Sua história é contada em Gênesis 11-25. Abraão gerou a Isaque. Abraão e Sara queriam saber se Deus lhes enviaria o filho prometido; mas Deus sempre cumpre as suas promessas. Veja Gênesis 21-22.
        Isaque gerou a Jacó. Muitas vezes esses três homens - Abraáo, Isaque e Jacó – são mencionados juntos como “patriarcas”, pais da nação e depositários da aliança (ou concerto) de Deus (veja Gn 50.24; Ex 3.16; 33.1; Nm 32.11; Lc 13.28; At 3.13; 7.32).
        Jacó gerou a Judá e a seus irmãos. Jacó teve doze filhos através de suas esposas Raquel e Lia, que se tornaram as doze tribos de Israel (veja Gênesis 49.1-28). Mateus, desejando traçar a linhagem real de Jesus, fez uma especial anotação sobre Judá, porque a linhagem real iria continuar através dele (Gn 49.10).
        1.3 Judá gerou de Tamar a Perez e a Zerá. Nesse verso aparece uma interessante observação. Geralmente, se espera que uma genealogia evite mencionar ancestrais menos respeitáveis, mas, os filhos de Judá nasceram de Tamar, que havia se prostituído com o sogro.
A história de Judá e Tamar é contada em Gênesis 38. Embora Judá fosse o pai de Perez e Zerá, não estava casado com Tamar.
Perez e Zerá eram gêmeos (veja também 1 Crônicas 2.4). A linha que traça Perez até ao rei Davi também está registrada em Rute 4.12,18-22.
        Esrom... Rão [ou Arão]. Pouco se sabe sobre Ezrom e Rão. Ezrom é mencionadoem Gênesis 46.12 e 1 Crônicas 2.5. Rão [ou Arão] é mencionado em 1 Crônicas 2.9.
        1.4 Aminadabe e Naassom são mencionados em Êxodo 6.23. A filha de Aminadabe, e irmã de Naassom, Eliseba casou-se com Arão que se tornou sumo sacerdote de Israel. Veja também Números 1.7; 2.3; 7.12-17. Salmom é mencionado novamente apenas na genealogia de Rute 4,18-21. Esses homens também estão relacionados em 1 Crônicas 2.10,11.
        1.5 Salmom gerou de Raabe a Boaz, e Boaz gerou de Rute a Obede, e Obede gerou a Jessé. Raabe é a mulher da cidade de Jerico que escondeu os espias de Israel: e depois foi salva por eles quando os israelitas destruíram Jericó. Raabe era uma prostituta (Js 2.1) que veio a crer no Deus de Israel: Ela foi incluída na Galeria dos Heróis da Fé de Hebreus 11, entretanto existe um problema cronológico ao fazer de Raabe a verdadeira mãe de Boaz.
Assim como na frase “pai de”, as mulheres que são relacionadas como mães numa genealogia podem ser ancestrais, ao invés de mães verdadeiras.
O livro de Rute conta a história de Boaz e de uma jovem chamada Rute, que tinha vindo de uma nação vizinha. Boaz casou-se com Rute e eles se tornaram os pais de Obede (Rt 4.13-17). Mais tarde Obede se tornou o pai de Jessé (Rt 4.21,22). Veja também 1 Crônicas 2.12.
        1.6 Jessé teve vários filhos, sendo que um deles foi ungido pelo profeta Samuel para ser o próximo rei de Israel, depois do rei Saul (veja 1 Sm 16.5-13). A história do rei Davi é contada em 1 e 2 Samuel, com a transferência do trono para seu filho Salomão, registrada em 1 Reis 1.
        Davi gerou a Salomão da que foi mulher de Urias. Essa história, registrada em 2 Samuel 11, descreve como Salomão nasceu de Davi e Bate-Seba, e como Davi mandou matar Urias. Deus ficou muito irado com as más açóes de Davi e o primeiro filho que nasceu de Davi e Bate-Seba morreu (2 Sm 11.27-12.23). O segundo filho a nascer foi Salomão, que mais tarde foi rei de Israel, cujo reinado foi chamado de idade de ouro dessa nação. A sabedoria que recebeu de Deus tornou-se mundialmente conhecida e ele escreveu muitos provérbios, que estão registrados no livro de Provérbios, assim como em Eclesiastes e Cantares. Sua história é contada em 1 Reis 1-11 e 2 Crônicas 1-10.
        1.7 O cruel filho de Salomão, Roboão, dividiu o reino por causa de uma decisão orgulhosa e imprudente (veja 1 Reis 12.1-24) e assim surgiram dois novos reinos: o reino do sul, chamado Judá, governado por Roboão, e o reino do norte, chamado Israel, governado
por Jeroboão. O filho de Roboão, Abias (também chamado Abião) também foi um rei cruel (1 Rs 15.3,4). Asa foi um rei temente ao Senhor (1 Rs 15.11).
        1.8 O bom rei Asa foi o pai de outro rei, Josafá (1 Rs 22.43). Entretanto, o filho de Josafá, Joráo (também chamado Jeoráo), era cruel (2 Rs 8.18). O filho de Jeoráo, Uzias (também chamado Azarias) deu um exemplo de como essa frase nem sempre quer dizer
verdadeiramente “filho de”. De Acordo com a genealogia mostrada em 1 Crônicas 3.10- 14, Mateus omitiu três nomes entre Jorão e Uzias: esses três reis eram Acazias, Joás e Amazias. Mateus provavelmente não incluiu esses nomes a fim de manter seu padrão de
três conjuntos de quatorze gerações nessa genealogia.
        1.9 Jotáo andou firmemente na presença de Deus (2 Cr 27.6), mas a sua boa influência não se estendeu ao seu filho, pois Acaz era um homem cruel a ponto de sacrificar seu próprio filho no fogo (2 Rs 16.3,4). Depois do reinado excessivamente cruel de Acaz, veio o próspero reinado do bom rei Ezequias (2 Rs 18.5).
        1.10 Manassés. Ezequias obedecia a Deus, mas seu filho Manassés foi o rei mais cruel que reinou no reino do sul (2 Cr 33.9). Entretanto, ao chegar ao fim da vida, ele se arrependeu dos seus horríveis pecados (2 Cr 33.13). Infelizmente, seu filho Amom herdou
muito do caráter do pai. Ele cometia pecados e adorava e oferecia sacrifícios aos ídolos (2 Cr 33.22,23). Mais uma vez Deus teve misericórdia da nação e o filho de Amom, Josias, tentou desfazer todas as más ações do pai (2 Rs 23.25).
        1.11 Josias gerou a Jeconias (ou Joaquim) e a seus irmãos na deportação para a Babilônia. Mateus omitiu outro nome da linhagem. Josias era, na verdade, o pai de Jeoaquim que foi deportado para a Babilônia quando se rebelou novamente contra Nabucodonosor. Depois da partida de Jeoaquim, seu filho Jeconias (também chamado Joaquim) reinou em Jerusalém.
Seu reino durou apenas três meses, antes de Nabucodonozor sitiar a cidade, provocando sua rendição. A frase “ea seus irmãos” refere-se ao irmão de Jeconias (ou Joaquim), Zedequias, a quem Nabucodonosor colocou no trono de Jerusalém como um rei “fantoche”. Mas Zedequias cometeu o grande erro de também se rebelar, e isso provocou a ira final do rei da Babilônia que conquistou Judá de forma completa, destruindo Jerusalém, inclusive seu maravilhoso Templo. Toda a nação de Judá foi levada para o exílio na Babilônia (2 Rs 24.16-25.21). Isso aconteceu em 586 a.C.
         1.12 Depois da deportação para a Babilônia, Jeconias (ou Joaquim) gerou a Salatiel. Nesse agrupamento final, Jeconias (ou Joaquim) é relacionado como pai de Salatiel, de acordo com 1 Crônicas 3.17. Ao dizer que Jeconias (ou Joaquim) gerou a Salatiel, Mateus se afastou da genealogia de 1 Crônicas 3.19 que relaciona Pedaías como pai de Zorobabel. Entretanto, Mateus concorda com várias outras Escrituras que relacionam Salatiel como pai de Zorobabel (Ed 3.2; 5.2; Ne 12.1; Ag 1.1; 2.2; 23). Zorobabel figurou de forma proeminente na história de Israel depois do exílio. Quando o povo de Judá teve finalmente permissão de retornar à sua nação, Zorobabel tornou-se seu governador (Ag 1.1) e começou a obra do Templo de Deus (Ed 5.2). Deus abençoou imensamente o seu servo Zorobabel, reafirmando e garantindo sua promessa de um Messias através da linhagem de Davi (Ag 2.23).
        1.13-15 Abiúde... Eliaquim... Azor...Sadoque... Aquim... Eliúde... Eleazar...Matã... Jacó. Nada se sabe nas Escrituras sobre qualquer um desses homens. Na linhagem do Messias foram incluídas pessoas comuns, que nunca haviam sido relacionadas em quaisquer genealogias e nunca tiveram sua história contada através das gerações.
        1.16 A linhagem real continuou através de José que, embora não fosse o pai de Jesus, era o marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo. Mateus havia terminado seu objetivo de relacionar essa genealogia para mostrar, sem qualquer dúvida, que Jesus era descendente de Davi e que, dessa forma, estava cumprindo as promessas de Deus.
        1.17 Todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; e, desde Davi até a deportação para a Babilônia, catorze gerações; e, desde a deportação para a Babilônia até Cristo, catorze gerações.
O Evangelho divide a história de Israel em três conjuntos de quatorze gerações, mas provavelmente houve mais gerações do que aquelas relacionadas aqui. Muitas vezes as genealogias condensam a história, e com isso nem todas as gerações dos ancestrais foram
especificamente relacionadas.
Parece que também existe um problema ao compararmos a genealogia de Mateus com a de Lucas (registrada em Lucas 3.23-37). As diferenças em Mateus podem ser explicadas pela omissão de alguns nomes a fim de obter a simetria de três conjuntos de quatorze gerações. Também é muito provável que Lucas estivesse traçando os ancestrais humanos de Jesus através de José, enquanto Mateus estava preocupado com os nomes legais e reais para enfatizar a sucessão ao trono de Davi e a chegada de Jesus como o prometido Rei. Mateus insistia na história israelita enquanto a genealogia mais longa de Lucas traça seus ancestrais através de Natã, filho de Davi, e

não através de Salomão, como fez Mateus. Mateus também incluiu os nomes de quatro mulheres, ao contrário de Lucas.