domingo, 12 de fevereiro de 2017

Tempos da Infância...

Como é bom ser criança! O período em que se passa a infância é breve e não volta mais!

Como não amar esse tempo e como não acalentar suas lembranças, memórias que nos dão alívio e fazem nossa alma voar?

Quem não recorda do tempo quando éramos carregados nos braços, afagados por pais, avós, vizinhos, amigos, parentes e até desconhecidos?


Quem não se lembra das manhas, das birras, dos choros e das brincadeiras? Naqueles tempos, nossos pais ocupavam um espaço no coração tão especial que a visão que tínhamos de Deus perpassava por essa relação tão linda. Como estavam entrelaçadas a necessidade de sermos amados com a fé infantil! Não sofríamos do mal da idade adulta: tínhamos aquela fé simples, que crê somente, sem exigir provas. Como crianças, aprendemos a amar e a viver praticando o bem e até repartindo o que tínhamos com alguém. Não importava se éramos ricos ou pobres. Éramos todos iguais e precisávamos estar juntos, numa bela brincadeira. Nesse sentido é que podemos entender as palavras de Jesus: "quem não receber o Reino de Deus como uma criança, nunca entrará nele" (Mc 10.15).Éramos livres das preocupações, e nosso único estímulo para viver era a alegria e o amor. Quem não lembra em como o beijo no joelho e como o pirulito resolviam nossos maiores dilemas? Hoje eu tento ressuscitar na minha imaginação sexagenária as lembranças dos brinquedos, que por humildes que fossem, traziam satisfação, alegria e prazer no brincar. Criávamos brinquedos, inventávamos brincadeiras e repetíamos as tradicionais brincadeiras, como barra bandeira, pega, esconde-esconde, boca de forno, cantigas de roda. Tudo era muito lindo! Enquanto isso, nossas mães prosavam, atualizavam seus assuntos, e nós, crianças, nos divertíamos. Cumpríamos primeiro com as obrigações e as tarefas da escola; a ajuda nas tarefas do lar era exercitada também.

+A parte estranha da infância é que mesmo vivendo num mundo tão livre dos problemas dos adultos, desejávamos ser iguais às pessoas grandes. Ah, mas acho que isso acontecia porque ainda não havíamos passado pelas experiências amargas da vida adulta, e que são a razão de nos tornarmos pessoas frias e cautelosas nas relações com os outros. A espontaneidade e a pureza infantis são as marcas da infância que mais desejo manter! Não quero privar a mim mesma dos prazeres puros da terna amizade que a infância sabia manter. Enquanto faço esse relato, a criança que tenho dentro de mim se alegra! Meus olhos estão brilhando só em recordar aqueles momentos... Com muita razão Jesus enfatiza que aquele que não se fizer como uma criança não pode ver o Reino de Deus (Mt 18.3).

E então, num determinado momento da vida, deixamos de ver as coisas como víamos: é o outro lado, o lado duro da vida, que se apresenta desconhecido, mas real. Nesse momento, deixamos de ser crianças. Infelizmente, há muitos que lhes foi revelado esse outro lado aos 7, 8 ou 9 anos. E isso me leva a pensar: será que nesse mundo, de tanta maldade e hipocrisia, há um espaço para a criança ser criança?


A mulher de Jó – O coração como terra de pedregais

Jesus, explicando aos discípulos a parábola do semeador, disse:
…o que foi semeado em pedregais é o que ouve a palavra e logo a recebe com alegria; mas não tem raiz em si mesmo: antes, é de pouca duração; e, chegada a angustia e perseguição por causa da palavra logo se ofende (Mt 13.20-21).
Esse coração é muito parecido com o coração da mulher de Jó. Ela aparece somente uma vez em toda história, para dar um mal conselho ao seu marido, que em meio às angústias, enfermidades e provas, ainda mantinha a sua integridade para com Deus (Jó 2.9-10). O coração dessa serva não foi uma boa terra, ela não se preparou espiritualmente para o dia da adversidade. Veja suas palavras:
Então, sua mulher lhe disse: Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus e morre. Mas ele lhe disse: Como fala qualquer doida, assim falas tu; receberemos o bem de Deus e não receberíamos o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios (Jó 2.9-10).
Já o seu esposo, Jó, frutificou para Deus nos momentos de aflição. Fica muito claro que o coração dele era uma boa terra, pois quando observamos tudo o que passou, a perda dos bens que possuía, a perda dos filhos queridos e a perda da sua saúde, contudo em nada ele reclamou, mas glorificou a Deus. A maioria das mulheres prefere que os acontecimentos ruins venham sobre elas, e não sobre suas famílias. Por certo aquela mulher desmoronou, diante de tanto infortúnio. E em pensa- mento, talvez cogitasse quais seriam os julgamentos a respeito de sua família, pois havia naquele tempo uma ideia de que se alguma catástrofe ou enfermidade acontecesse na vida de uma pessoa, ou família, era porque havia pecado diante de Deus e, portanto, estava sendo castigada. Para a esposa do servo Jó seria bem mais fácil resolver o problema dessa maneira: negar a fé e morrer. Ademais, podemos observar que ela, dentre toda a família, foi a que saiu ilesa; em nenhum momento vemos algum mal lhe atingindo. Era de se esperar, se ela estivesse firmada em Deus, essas palavras: “Querido, está vendo como Deus é sábio? Apesar de todas as perdas que tivemos, só restamos nós dois, e eu poderia estar com alguma doença qualquer, mas Deus me deixou com saúde para cuidar de você e interceder com você a Deus. Eu sei que Ele lhe restaurará”. Seria o conselho de uma mulher sábia, de uma mulher amiga.
O sábio diz: “Em todo tempo ama o amigo e na angústia nasce um irmão” (Pv 17.17). A mulher não entendeu que nada acontece na nossa vida sem a permissão de Deus. Jó entendeu, por isso a primeira atitude do servo de Deus, que tinha o seu coração como uma boa terra, foi adorar. Observe essa declaração, feita por um homem que nem sabia a origem da sua prova, mas sabia que o Controlador de todas as coisas estava acima dele:

Então, Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra e adorou. E disse: Nu sai do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu e o Senhor tomou; bendito seja o nome do Senhor. Em tudo isto, Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma (Jó 1.20-22)
Provavelmente você também esteja passando por momentos semelhantes, e é difícil entender o desenrolar de sua história; quero apenas lembrar-lhe que a história de Jó começou com satanás, mas o desfecho dela termina com Deus. Não faça do seu coração uma terra cheia de pedregais, como foi o da mulher de Jó, pois assim a Palavra não adquire profundidade, nem a semente da fé pode criar raízes profundas quando vem a tribulação. Quando alguém vive com base nas circunstâncias exteriores, sua fé é de pouca duração e a saída mais rá- pida nessas ocasiões é a desistência, como fez a mulher de Jó. Tenha sempre em mente que temos um adversário que se coloca todos os dias diante de Deus para nos acusar (Ap 12.10b), embora não o vejamos. Ele quer diminuir diante de Deus o nosso compromisso firmado com Ele. Ele tenta-nos convencer de que estamos com o Senhor apenas por interesses. Ele quer arruinar o nosso testemunho e nossa vida. Por meio de situações adversas, na família, nos negócios, ou até na vida espiritual, o inimigo tenta minar nossas estruturas. Mas lembre-se: por mais difícil que seja o quadro, Deus sempre está no controle de tudo. Aprenda essa lição:

Suportamos provações imerecidas, mas que são permitidas. A vida inclui provações que não merecemos, mas que devem, mesmo assim, ser suportadas. (…) Nunca poderemos explicar ou compreender completamente o mistério da vontade insondável de Deus. Não tente agarrar cada fio do seu plano profundo. Se resistir ao meu conselho neste ponto, ficará cada vez mais confuso, ressentido e finalmente amargo. Satanás vai então vencer. Suporte a provação permitida por Deus. Nada toca a sua vida que não tenha passado primeiro pelas mãos de Deus. Ele tem pleno controle e tem o direito soberano de permitir provações que não merecemos por ser Quem é (Charles Swindoll).
Meu desejo é que, no momento da prova, ainda que não entendamos nada, possamos olhar firmemente para Jesus, que é o Autor e o Consumador da fé (Hb 12.2), e assim triunfaremos. Se Deus lhe permitiu estar nessa situação em que se encontra, comece a adorar como Jó adorou, e no momento de desespero, faça a oração que ele fez: “Ainda que Ele me mate, nele esperarei” (Jó 13.15). Deus sabe de tudo. “Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8.28). Todas as coisas incluem as boas e as ruins. Vemos tão pouco, mas Ele vê além. O que está acontecendo hoje com você é necessário para o seu crescimento espiritual. Você não entende hoje, mas entenderá depois.
Mesmo que Deus esteja em silêncio diante de tudo o que está passando, creia, Ele está aí, bem junto de você. O silêncio dEle faz parte do processo de seu crescimento e aprendizagem. Assim fazendo, seu coração seguirá sendo uma terra boa, haverá muita terra para semente germinar e se aprofundar, por isso mesmo, não haverá lugar para abrolhos, espinhos e pedregais. Pelo contrário, haverá uma grande colheita, tanto material, como espiritual (Jó 42. 10-16). Essa promessa também pode lhe alcançar. Davi, em um de seus mais belos salmos, declarou:
O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei? Quando os malvados, meus adversários e meus inimigos, investiram contra mim, para comerem as minhas carnes, tropeçaram e caíram. Uma coisa pedi ao Senhor e a buscarei: que possa morar na Casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor e aprender no seu templo. Porque no dia da adversidade me esconderá no seu pavilhão; no oculto do seu tabernáculo me esconderá; pôr-me-á sobre uma rocha (Sl 27.1,2,4,5).


 O coração de Davi era bem diferente do coração da mulher de Jó. Ele tinha convicção que no dia da adversidade, haveria um esconderijo secreto para ele! Quem confia no Senhor, pode contar com o escape providenciado por seu bondoso Pai Celestial. Com certeza, o coração de Davi era uma boa terra para a frutificação. Não foi sem motivo que o Senhor declarou a respeito dele: “Achei a Davi, filho de Jessé, varão conforme o meu co- ração, que executará toda minha vontade” (At 13.22).
E você, querida, já entendeu que tudo pertence a Deus e que, por isso mesmo, a qualquer momento tudo pode ir? Já compreendeu que as provações são o teste da sua fé em Deus? Na provação, faça como Jó, diga: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1.21).


Judite Alves
(extraído do livro Mulher: Feita para Frutificar. p. 195-200. Editora Bereia)

Um olhar sobre as características de Jó

No início do Livro de Jó, encontramos algumas características do patriarca Jó que nos chamam a atenção. Diz a Bíblia que ele era sincero, reto, temente a Deus e desviava-se do mal, isto é, ele se desviava das afrontas, insultos, perjúrios e da roda dos escarnecedores.
             Jó também tinha um grande patrimônio fisicamente falando. A nossa riqueza se constitui no patrimônio que recebemos de Deus. O patrimônio físico de Jó foi destruído, mas o que ele recebeu de Deus, ele soube conservar.
            Em Jó 1.4,5, lemos que Jó estava preocupado com o que faziam seus filhos. Jó não os abandonou. Que diferença para alguns pais dos nossos dias! Quando seus filhos erram, queixam-se da vergonha sofrida, porque sujaram o nome da família, e praticamente o entregam a Satanás. Jó, não. Ele se antecipava ofertando sacrifício pelos seus filhos. Ele apressava-se diante do Senhor por suposição (“Porventura pecaram meus filhos e blasfemaram em seus corações”). Era um pai cuidadoso.
             No sofrimento, não murmure, não reclame, mas busque a Deus.  E não se preocupe porque alguém falou mal de você: adore a Deus. No tempo de Deus, eles retornarão a você para pedir perdão e ajuda (Jó 42.7,8). Verão você como sacerdote de Deus sacrificando por eles. Os amigos de Jó diziam que ele estava no pecado, caído, castigado, porém Deus mandou que pedissem que Jó orasse por eles, e Deus aceitou a face de Jó (Jó 42.9)
             É conveniente observar o tamanho da oferta que Jó apresentava ao Senhor. O sacrifício apresentado se constituía de sete bezerros e sete carneiros – 7+7 = 14. Ora, 14 x 10 filhos = 140 animais sacrificados. Esse era o total de cada sacrifício de Jó. Quem deseja receber muito de Deus, aprenda a ofertar muito ao Senhor. Assim Jó fechava a porta da sua vida e dos seus filhos para Satanás (Dt 14.23,24).
            A Bíblia diz que Deus não se envergonha de se chamar seu Deus (Hb 11.6). Olhemos o grande testemunho de Deus a favor de Jó. Deus confiou em Jó, na sua fé, na sua sinceridade, na lealdade, na fidelidade. Assim, Deus também confia em nós. Deus dava testemunho da vida de Jó.
            Deus permitiu que Satanás destruísse todo patrimônio de Jó, porém Jó não pecou diante dos olhos do Senhor. Lançou-se na terra e adorou o Senhor. E foi abençoado muitas vezes mais. Sigamos seu exemplo.

Fonte e autor:  Mensageiro da Paz.

Pastor José Wellington Bezerra da Costa é presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) e membro da diretoria do Comitê Mundial das Assembleias de Deus