Jesus, explicando aos discípulos a parábola do semeador, disse:
…o
que foi semeado em pedregais é o que ouve a palavra e logo a recebe com
alegria; mas não tem raiz em si mesmo: antes, é de pouca duração; e, chegada a
angustia e perseguição por causa da palavra logo se ofende (Mt 13.20-21).
Esse coração é muito parecido com o coração da mulher de Jó. Ela aparece
somente uma vez em toda história, para dar um mal conselho ao seu marido, que
em meio às angústias, enfermidades e provas, ainda mantinha a sua integridade
para com Deus (Jó 2.9-10). O coração dessa serva não foi uma boa terra, ela não
se preparou espiritualmente para o dia da adversidade. Veja suas palavras:
Então,
sua mulher lhe disse: Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus e morre.
Mas ele lhe disse: Como fala qualquer doida, assim falas tu; receberemos o bem
de Deus e não receberíamos o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios
(Jó 2.9-10).
Já o seu esposo, Jó, frutificou para Deus nos momentos de aflição. Fica
muito claro que o coração dele era uma boa terra, pois quando observamos tudo o
que passou, a perda dos bens que possuía, a perda dos filhos queridos e a perda
da sua saúde, contudo em nada ele reclamou, mas glorificou a Deus. A maioria
das mulheres prefere que os acontecimentos ruins venham sobre elas, e não sobre
suas famílias. Por certo aquela mulher desmoronou, diante de tanto infortúnio.
E em pensa- mento, talvez cogitasse quais seriam os julgamentos a respeito de
sua família, pois havia naquele tempo uma ideia de que se alguma catástrofe ou
enfermidade acontecesse na vida de uma pessoa, ou família, era porque havia
pecado diante de Deus e, portanto, estava sendo castigada. Para a esposa do
servo Jó seria bem mais fácil resolver o problema dessa maneira: negar a fé e
morrer. Ademais, podemos observar que ela, dentre toda a família, foi a que
saiu ilesa; em nenhum momento vemos algum mal lhe atingindo. Era de se esperar,
se ela estivesse firmada em Deus, essas palavras: “Querido, está vendo como
Deus é sábio? Apesar de todas as perdas que tivemos, só restamos nós dois, e eu
poderia estar com alguma doença qualquer, mas Deus me deixou com saúde para
cuidar de você e interceder com você a Deus. Eu sei que Ele lhe restaurará”.
Seria o conselho de uma mulher sábia, de uma mulher amiga.
O sábio diz: “Em todo tempo ama o amigo e na angústia nasce um irmão”
(Pv 17.17). A mulher não entendeu que nada acontece na nossa vida sem a
permissão de Deus. Jó entendeu, por isso a primeira atitude do servo de Deus,
que tinha o seu coração como uma boa terra, foi adorar. Observe essa
declaração, feita por um homem que nem sabia a origem da sua prova, mas sabia
que o Controlador de todas as coisas estava acima dele:
Então, Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se
lançou em terra e adorou. E disse: Nu sai do ventre de minha mãe e nu tornarei
para lá; o Senhor o deu e o Senhor tomou; bendito seja o nome do Senhor. Em
tudo isto, Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma (Jó 1.20-22)
Provavelmente você também esteja passando por momentos semelhantes, e é
difícil entender o desenrolar de sua história; quero apenas lembrar-lhe que a história de Jó começou com satanás, mas o desfecho dela
termina com Deus. Não faça do seu coração uma terra cheia de pedregais, como
foi o da mulher de Jó, pois assim a Palavra não adquire profundidade, nem a
semente da fé pode criar raízes profundas quando vem a tribulação. Quando
alguém vive com base nas circunstâncias exteriores, sua fé é de pouca duração e
a saída mais rá- pida nessas ocasiões é a desistência, como fez a mulher de Jó.
Tenha sempre em mente que temos um adversário que se coloca todos os dias
diante de Deus para nos acusar (Ap 12.10b), embora não o vejamos. Ele quer
diminuir diante de Deus o nosso compromisso firmado com Ele. Ele tenta-nos
convencer de que estamos com o Senhor apenas por interesses. Ele quer arruinar
o nosso testemunho e nossa vida. Por meio de situações adversas, na família,
nos negócios, ou até na vida espiritual, o inimigo tenta minar nossas
estruturas. Mas lembre-se: por mais difícil que seja o quadro, Deus sempre está
no controle de tudo. Aprenda essa lição:
Suportamos
provações imerecidas, mas que são permitidas. A vida inclui provações que não
merecemos, mas que devem, mesmo assim, ser suportadas. (…) Nunca poderemos
explicar ou compreender completamente o mistério da vontade insondável de Deus.
Não tente agarrar cada fio do seu plano profundo. Se resistir ao meu conselho
neste ponto, ficará cada vez mais confuso, ressentido e finalmente amargo.
Satanás vai então vencer. Suporte a provação permitida por Deus. Nada toca a
sua vida que não tenha passado primeiro pelas mãos de Deus. Ele tem pleno
controle e tem o direito soberano de permitir provações que não merecemos por
ser Quem é (Charles Swindoll).
Meu desejo é que, no momento da prova, ainda que não entendamos nada,
possamos olhar firmemente para Jesus, que é o Autor e o Consumador da fé (Hb
12.2), e assim triunfaremos. Se Deus lhe permitiu estar nessa situação em que
se encontra, comece a adorar como Jó adorou, e no momento de desespero, faça a
oração que ele fez: “Ainda que Ele me mate, nele esperarei” (Jó 13.15). Deus
sabe de tudo. “Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus”
(Rm 8.28). Todas as coisas incluem as boas e as ruins. Vemos tão pouco, mas Ele
vê além. O que está acontecendo hoje com você é necessário para o seu
crescimento espiritual. Você não entende hoje, mas entenderá depois.
Mesmo que Deus esteja em silêncio diante de tudo o que está passando,
creia, Ele está aí, bem junto de você. O silêncio dEle faz parte do processo de
seu crescimento e aprendizagem. Assim fazendo, seu coração seguirá sendo uma
terra boa, haverá muita terra para semente germinar e se aprofundar, por isso
mesmo, não haverá lugar para abrolhos, espinhos e pedregais. Pelo contrário,
haverá uma grande colheita, tanto material, como espiritual (Jó 42. 10-16).
Essa promessa também pode lhe alcançar. Davi, em um de seus mais belos salmos,
declarou:
O Senhor é a minha
luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de
quem me recearei? Quando os malvados, meus adversários e meus inimigos,
investiram contra mim, para comerem as minhas carnes, tropeçaram e caíram. Uma
coisa pedi ao Senhor e a buscarei: que possa morar na Casa do Senhor todos os
dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor e aprender no seu
templo. Porque no dia da adversidade me esconderá no seu pavilhão; no oculto do
seu tabernáculo me esconderá; pôr-me-á sobre uma rocha (Sl 27.1,2,4,5).
O coração de Davi era bem diferente do coração da mulher de Jó. Ele
tinha convicção que no dia da adversidade, haveria um esconderijo secreto para
ele! Quem confia no Senhor, pode contar com o escape providenciado por seu
bondoso Pai Celestial. Com certeza, o coração de Davi era uma boa terra para a
frutificação. Não foi sem motivo que o Senhor declarou a respeito dele: “Achei
a Davi, filho de Jessé, varão conforme o meu co- ração, que executará toda
minha vontade” (At 13.22).
E você, querida, já entendeu que tudo pertence a Deus e que, por isso
mesmo, a qualquer momento tudo pode ir? Já compreendeu que as provações são o
teste da sua fé em Deus? Na provação, faça como Jó, diga: “Nu saí do ventre de
minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito
seja o nome do Senhor” (Jó 1.21).
Judite Alves
(extraído do livro Mulher: Feita para Frutificar. p. 195-200. Editora
Bereia)
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