quinta-feira, 20 de abril de 2017

(Subsídio Teológico Lição 4/ 2º Trim 2017) ISAQUE: UM CARÁTER PACÍFICO

ISAQUE: UM CARÁTER PACÍFICO

Já sabemos que o caráter de um homem é demonstrado pelas suas atitudes, pelo seu testemunho, pela suas ações e práticas. Isaque é um personagem da Bíblia que tem grande significado para a história do povo de Israel. Seu nome foi dado por Deus antes mesmo do seu nascimento, conforme mostra Gênesis 17.19. O significado de seu nome é interessante: quer dizer “aquele que ri” ou “ele ri”, em alusão à reação de seu pai e de sua mãe quando o anjo anunciou seu nascimento, sendo os pais já de idade avançadíssima.
A história de Isaque mostra que ele deve ter nascido em Gerar, quando Abraão e Sara, seus pais, estavam extremamente idosos — seu pai, com 100 anos, e sua mãe, com 90 anos. Seu nascimento foi um milagre, algo que jamais poderia ser admitido pelas leis da natureza e da reprodução humana. Depois de certa idade, a mulher entra na menopausa e deixa de ser fértil. No caso de Abraão e Sara, a situação era ainda mais complexa porque Abraão, além da idade, estava totalmente desprovido de condição biológica, orgânica ou genética para procriar, e Sara, sua esposa, era estéril, ou seja, não podia ter filhos. Apesar de tudo, o Deus de Abraão é o Deus da Providência; Ele é onipotente, onisciente e onipresente. Para Ele, nada é impossível, conforme Lucas 1.37.
Contrariando toda lógica, contrariando toda expectativa do ponto de vista humano, Deus cumpriu suas promessas feitas a seus servos anos antes, dizendo que ele — Abraão — seria pai de uma grande nação e que sua esposa seria “mãe das nações”. Passaram-se os anos, mas Deus vela pela sua palavra e cumpriu o que prometera. Numa bela noite ou num belo dia, na tenda de Abraão, ouviu-se um choro forte, indicando que um bebê acabara de nascer, de vir à luz. O pequenino Isaque chorou, anunciando que o Deus de Abraão é um Deus onipotente, um Deus fiel que cumpre as suas promessas.
Esse personagem extraordinário foi o segundo filho de Abraão e o único de Sara. O primeiro filho de Abrão (nome anterior de Abraão) foi Ismael, filho de uma falta de fé e firmeza tanto da parte de Abrão como da de Sarai (nome anterior de Sara), sua esposa, que fez um arranjo que não fora aprovado por Deus. Ela ofereceu a seu marido uma serva, uma jovem que trabalhava na sua casa, chamada Agar. Daquela relação não aprovada por Deus, nasceu Ismael. Quando Isaque nasceu, Ismael deveria estar com mais ou menos 16 ou 17 anos. Deus abençoou Ismael e a sua mãe pelo fato de ser filho do patriarca Abraão.
Durante a sua história, vários episódios ocorreram, mostrando o valor do caráter de Isaque. Quando ele era um jovem, talvez com seus 17 ou 18 anos, Deus ordena a Abraão sacrificar seu filho no monte que ele havería de mostrar. Abraão levou seu filho para sacrifício, colocou-o sobre o altar. Isaque, jovem, mais forte que seu pai, não reagiu, mostrando ser obediente e submisso a Deus e a seu pai. Esse é um dos aspectos marcantes do caráter de Isaque. Deus não permitiu que o rapaz fosse morto e proveu um cordeiro para morrer em seu lugar, numa tipologia de Cristo, que foi sacrificado em nosso lugar. Que o caráter de Isaque nos inspire a servir ao Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó.


I - ISAQUE - O FILHO DA PROMESSA
1. Promessa de Deus a Abrão
Para entender o caráter de Isaque, é importante conhecer a sua história, que moldou sua personalidade e forjou o seu caráter. A história de Isaque ocupa nada mais nada menos que nove capítulos do livro de Gênesis. Foi filho de Abraão e Sara e, pela lógica humana, seu nascimento era absolutamente impossível. Na concepção dos homens, o “filho da promessa” teria nascido “fora de tempo”. Quando Deus chamou Abrão para sair de sua terra e ir para uma terra estranha, fez-lhe promessas gloriosas. Uma delas era que ele seria “uma grande nação” (Gn 12.2). Ele creu em Deus e saiu de Harã com a idade de 75 anos, em companhia de sua mulher, que era estéril, para habitar em Canaã. Por esses dois fatos — Abrão ser idoso, e sua esposa, estéril — já parecia impossível o casal ter um filho, quanto mais serem pais de uma grande nação.
1) Deus vela por suas promessas. Passaram-se dez anos desde que Abrão saíra de Harã. Já com 85 anos, e sua esposa com 75, Deus apareceu novamente a ele e animou-o, dizendo que sua promessa estava de pé. “Depois destas coisas veio a palavra do Senhor a Abrão em visão, dizendo: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão” (Gn 15.1). E o Senhor mandou Abrão contar as estrelas do céu, mostrando que assim seria sua numerosa descendência (v. 5).
2) O abalo na fé do casal. Mesmo sendo chamado de “O pai da fé”, Abrão ouviu a sua esposa quando ela sugeriu que ele tivesse um filho com a serva Agar. Ele poderia ter recusado com base nas promessas de Deus, mas preferiu ceder à falta de fé da esposa. Da união de Abrão com Agar, nasceu Ismael, um filho que, ao invés de ser motivo de alegria, acabou sendo motivo de discórdia e tristeza (Gn 16.1-6). A serva egípcia teve que fugir, mas, por misericórdia, Deus amparou-a e fez promessas a Ismael, por ele ser filho de Abrão (Gn 16.6-12; 21.14-18).
3) A intervenção de Deus na vida dos pais. Quando Abrão tinha 99 anos, Deus mudou o nome de Abrão (“Pai da altura” ou “Pai exaltado”) para Abraão (“Pai de uma multidão”), dizendo que ele seria “pai da multidão de nações” (Gn 17.5). Fato impressionante este! Quando parecia ser o fim da vida de Abrão, Deus mostrou que era Fiel em suas promessas. Na visão dos hebreus, o nome de uma pessoa está associado ao seu caráter. Deus não usaria “um pai exaltado” para cumprir sua vontade, mas, sim, um homem que seria pai de multidões inumeráveis como as estrelas do céu. Na missão dada por Deus a um homem, a esposa está incluída. E Deus mudou o nome de Sarai para Sara (ambos os nomes significam “princesa”1), indicando o papel relevante que ela teria ao lado de Abraão. Deus incluiu-a na promessa a Abraão, dizendo: “Disse Deus mais a Abraão: a Sarai, tua mulher, não chamarás mais pelo nome de Sarai, mas Sara será o seu nome. Porque eu a hei de abençoar e te hei de dar a ti dela um filho; e a abençoarei, e será mãe das nações; reis de povos sairão dela” (Gn 17.15-16).


2. Seu Nascimento - Um Verdadeiro Milagre
Ao anunciar que Sara seria “mãe das nações”, Abraão riu apenas no coração, considerando algo muito difícil um homem de 100 anos ser pai e uma mulher de 90 anos ser mãe! Deus sabia dos pensamentos de Abraão, fazendo-o saber que Ele é Fiel. “E disse Deus: Na verdade, Sara, tua mulher, te dará um filho, e chamarás o seu nome Isaque; e com ele estabelecerei o meu concerto, por concerto perpétuo para a sua semente depois dele” (Gn 17.19). Seu nome significa “riso” ou “aquele que ri”. Sua mãe, ao saber que teria um filho aos 90 anos (Gn 18.9,10), também não se conteve e, a exemplo de Abraão, também ficou rindo no seu interior (Gn 18.12).
Quando Deus indagou por que ela rira diante da promessa, ela negou, dizendo que não havia rido. Mas Deus tudo vê, até mesmo os pensamentos e as intenções do coração. O Senhor repreendeu-lha, dizendo: “Não digas isso, porque te riste” (Gn 18.15). Tal fato mostra-nos que nada está oculto aos olhos de Deus. Ele vê as obras, as ações, as atitudes e também vê os pensamentos. Séculos depois, Davi, extasiado, exclamou: “Senhor, tu me sondaste e me conheces. Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento. Cercas o meu andar e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos” (Sl 139.1-3).


II - UM HOMEM ABENÇOADO POR DEUS
1. A Prosperidade Espiritual
Depois da morte de seu pai, já casado com Rebeca e pai de Esaú e Jacó (Gn 25.19-23), Isaque foi buscar abrigo em Gerar, na terra dos filisteus, para escapar da fome que ocorrera onde ele morava. Ali, Deus falou a ele para não descer ao Egito: “Peregrina nesta terra, e serei contigo e te abençoarei; porque a ti e à tua semente darei todas estas terras e confirmarei o juramento que tenho jurado a Abraão, teu pai. E multiplicarei a tua semente como as estrelas dos céus e darei à tua semente todas estas terras. E em tua semente serão benditas todas as nações da terra, porquanto Abraão obedeceu à minha voz e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis. Assim, habitou Isaque em Gerar” (Gn 26.3-6). A bênção de Abraão foi transferida para Isaque, não pela hereditariedade em si, mas, sim, pela sua fidelidade a Deus. Seu caráter, demonstrado em sua conduta, agradou a Deus, e ele prosperou espiritualmente.


2. A Prosperidade Material
“E semeou Isaque naquela mesma terra e colheu, naquele mesmo ano, cem medidas, porque o Senhor o abençoava” (Gn 26.12). Este é o segredo da vida de Isaque: ele era abençoado por Deus. O Senhor dá bênçãos espirituais e materiais quando o homem obedece à sua voz. A produção dos seus campos deu a ele cem por cento de colheita: “E engrandeceu-se o varão e ia-se engrandecendo, até que se tornou mui grande; e tinha possessão de ovelhas, e possessão de vacas, e muita gente de serviço, de maneira que os filisteus o invejavam” (Gn 26.13,14). E preciso entender que a prosperidade material não é o objetivo da vida cristã, como propalam os adeptos da falsa “teologia da prosperidade”. Pode ser um meio concedido por Deus para atender seus propósitos divinos. E é também resultado da bênção de Deus sobre o crente fiel — que contribui com sua obra dizimando e ofertando que Deus promete abrir “as janelas do céu” e derramar grande abundância, além de repreender “o devorador” e fazer as nações perceberem que seu povo é bem-aventurado (Ml 3.10-12).


III - LIÇÕES DO CARÁTER DE ISAQUE
1. Um Homem Esforçado e Trabalhador
A prosperidade que Deus concedeu a Isaque chamou a atenção dos filisteus. A prosperidade dele não caiu do céu automaticamente. Ele trabalhava diuturnamente para alcançar seus objetivos. Os filisteus, cheios de maldade e inveja, entulharam todos os poços que Abraão tinha cavado (Gn 26.15). Além da inveja maligna que os filisteus tinham de Isaque, eles resolveram agir de modo ilegal e violento: taparam todos os poços que Abraão construíra. A situação de Isaque incomodou tanto que o rei Abimeleque, rei de Gerar, aconselhou Isaque a retirar-se dali (Gn 26.16). A bênção de Deus era tão grande que incomodava os filisteus. Isso também acontece ainda hoje. Há pessoas a quem Deus abençoa e os adversários ficam com inveja, desejando o mal aos servos de Deus. A maldição, porém, não alcança os que são fiéis a Deus. O livro de Números registra que Balaão foi convocado para amaldiçoar os filhos de Israel, mas não conseguiu: “Como amaldiçoarei o que Deus não amaldiçoa?” (Nm 23.8a). “[...] Deus converteu a maldição em bênção” (Ne 13.2b). A Bíblia diz que “A bênção do Senhor é que enriquece, e ele não acrescenta dores” (Pv 10.22).


2. O Caráter Pacífico de Isaque
Isaque não fez questão alguma quando sofreu terrível oposição dos invejosos e foi aconselhado a sair do lugar onde prosperara. Ele foi habitar “no vale de Gerar” (Gn 26.17). Honrando o nome e a memória do seu pai, Isaque reabriu os poços que seu pai abrira e que foram tapados pelos filisteus e chamou os poços com os mesmos nomes dados por Abraão (Gn 26.18). Nas escavações, “cavaram, pois, os servos de Isaque naquele vale e acharam ali um poço de águas vivas. E os pastores de Gerar porfiaram com os pastores de Isaque, dizendo: Esta água é nossa. Por isso, chamou o nome daquele poço Eseque, porque contenderam com ele” (Gn 26.19,20). Aquele era Eseque, o “poço da contenda”. Aqueles filisteus eram marcados pelo sentimento da inveja, mas Isaque não contendeu com os pastores. Ele evitou a contenda, a briga e a dissensão e mandou seus servos cavarem outro poço noutro lugar. Os filisteus mais uma vez porfiaram e reivindicaram direitos. E chamou o poço de Sitna, “o poço da inimizade” (Gn 26.21). Que exemplo extraordinário para os muitos pastores que tanto brigam por campos e posições e que escandalizam a igreja e o Nome do Senhor!

3. Um Caráter Resiliente
Isaque, com seu caráter pacífico, sempre evitava a contenda ou a inimizade. Após perder a posse de dois poços, Isaque não desistiu. Mais do que resistente, ele foi resiliente, pois soube enfrentar as oposições sem exasperar-se. Ele soube praticar a longanimidade (Gl 5.22) e continuou mandando abrir poços. “E partiu dali e cavou outro poço; e não porfiaram sobre ele. Por isso, chamou o seu nome Reobote e disse: Porque agora nos alargou o Senhor, e crescemos nesta terra” (Gn 26.22, 23). Reobote era o “poço do alargamento” concedido por Deus. Livre da contenda, Isaque “subiu dali a Berseba,” (v. 23). Ali, Isaque e Abimeleque, rei de Gerar, fizeram um juramento de que seriam amistosos um com o outro. Daí, o motivo de Berseba significar “juramento” ou “poço do juramento”.
Em meio a essas experiências, “apareceu-lhe o Senhor naquela mesma noite e disse: Eu sou o Deus de Abraão, teu pai. Não temas, porque eu sou contigo, e abençoar-te-ei, e multiplicarei a tua semente por amor de Abraão, meu servo” (Gn 26.24). Deus é fiel em suas promessas. Mesmo após a morte de Abraão, o Senhor não deixou de cumprir suas promessas, reiterando-as a seu filho Isaque, que, por sua vez, não fraquejava em sua fé em Deus. Mesmo sendo hostilizado e perseguido injustamente, ele continuava na busca de seus objetivos, cavando poços até conseguir o que queria: obter água num lugar para habitar em paz. Seus servos, então, deram a ele a boa notícia de que tinham encontrado água em Seba, que passou a ser chamada de Berseba (Gn 26.32,33).

4 Obediência e Submissão
Certamente, esses são os aspectos mais marcantes do caráter de Isaque. Ele soube honrar seu pai e sua mãe, como manda o Senhor (Ex 20.12). A prova mais eloquente desse caráter foi demonstrada quando, tempos depois, Deus falou com Abraão e ordenou que ele oferecesse o seu filho como sacrifício: “Toma agora o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi” (Gn 22.2). Logo cedo, Abraão chamou Isaque para acompanhá-lo e também oferecer um sacrifício a Deus. Chegando ao local indicado por Deus, Abraão deixou os servos com os animais, chamou Isaque, pôs a lenha sobre ele, tomou o cutelo e a lenha e subiram a montanha.
Com inocência e mansidão, Isaque falou a seu pai, dizendo: “Meu pai! E ele disse: Eis-me aqui, meu filho! E ele disse: Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto? E disse Abraão: Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho. Assim, caminharam ambos juntos” (Gn 22.7,8). Não sabia Isaque que seria ele a vítima posta sobre o altar para ser sacrificada. Ele não entendeu a resposta do pai, até que, depois de pronto o altar, seu pai ordenou que ele subisse sobre a lenha e, depois disso, amarrou-o para ser imolado. O filho de Abraão foi como um tipo de Cristo, que “não abriu a boca” e “como um cordeiro, foi levado ao matadouro” (Is 53.7).
Isaque era um jovem forte, saudável e podería ter subjugado seu velho pai pela força, não aceitando aquela empreitada sem lógica. Podería também ter dito que seu pai fora enganado e, irado, descido a montanha com extrema revolta. Mas Isaque obedeceu. Ele submeteu-se à vontade do pai. Deus não permitiu que Abraão imolasse seu filho e proveu um cordeiro para ser oferecido em seu lugar (Gn 22.11-13). Uma figura de Cristo, oferecido em nosso lugar, como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Deus não aceita sacrifícios humanos. Em lugar do homem, Deus mandou oferecer cordeiros, bois, aves. Deus aceitou o gesto de Abraão como realizado em termos espirituais. “Pela fé, ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado, sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito. Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dos mortos o ressuscitar. E daí também, em figura, ele o recobrou” (Hb 11.17-19).
Por não ter saído de seu lugar — do lugar da espera, do lugar da bênção, com humildade, após o episódio de Moriá —, Deus reiterou sua promessa a Abraão. “Então, o Anjo do Senhor bradou a Abraão pela segunda vez desde os céus e disse: Por mim mesmo, jurei, diz o Senhor, porquanto fizeste esta ação e não me negaste o teu filho, o teu único, que deveras te abençoarei e grandissimamente multiplicarei a tua semente como as estrelas dos céus e como a areia que está na praia do mar; e a tua semente possuirá a porta dos seus inimigos” (Gn 22.15-17).

5. Isaque também Falhou
Abraão, o pai da fé, teve seu momento de fraqueza. Quando foi morar em Gerar, combinou com Sara para que não dissesse que era sua esposa, mas sua irmã. Por causa disso, o rei Abimeleque mandou buscá-la, pensando em coabitar com ela. Só não houve uma tragédia moral porque Deus apareceu ao rei em sonhos e disse que, se ele tocasse em Sara, estaria morto (Gn 20.3). Anos mais tarde, seguindo o exemplo do pai, Isaque chegou a Gerar e protagonizou história semelhante. Com receio de que os homens do lugar tomassem Rebeca e matassem Isaque, este aconselhou sua esposa a dizer que ela era sua irmã.
Abimeleque, o mesmo rei que quase adulterou com Sara, descobriu que Isaque não falara a verdade quando o viu “brincando com Rebeca, sua mulher” (Gn 26.8). O rei advertiu-o pelo risco que Isaque correra de perder a sua esposa para algum homem do lugar. Como o rei tinha certo temor de Deus, determinou que ninguém tocasse nela (Gn 26.7-11). Isso mostra a cada um de nós que, se o homem de Deus não vigiar e orar, como disse Jesus (Mt 26.41), poderá cair em fraqueza moral com consequências graves. Isso prova que “não há homem que não peque” (2 Cr 6.36; Ec 7.20). De fato, não há homem que nunca tenha falhado, mesmo que seja santo ou salvo. Tal homem pode até não cometer pecado para morte, mas comete falhas, ou “pecado que não é para morte” (1 Jo 5.16,17).

CONCLUSÃO
A história de Isaque revela o seu caráter especial. De um lado, um jovem abençoado, filho de um patriarca; de outro, um homem que também sofreu reveses em sua vida, porém demonstrou a sua grandeza de fé e de amor a Deus e a seus pais. Em momentos cruciantes em que Deus permitiu que a sua fé fosse provada, ele demonstrou fortaleza de espírito. No episódio do seu oferecimento em holocausto sobre o Monte Moriá, vemos Isaque sendo, de fato, um jovem submisso e obediente, que tinha profunda honra e respeito a seus pais e a Deus.
A Bíblia mostra o quão importante foi Isaque para a história do povo de Deus. O seu nome está incluído entre os três patriarcas mais citados no Antigo e também no Novo Testamento. O Deus de Israel é o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. Que Deus nos abençoe e que possamos ver no caráter de Isaque exemplos positivos para o fortalecimento da nossa fé no Deus Todo-poderoso, que pode fazer todas as coisas e também cumprir suas promessas. Amém.




Fonte :

Livro o Caráterdo Cristão
Moldado pela Palavra de Deus e provado como ouro

Elinaldo Renovato de Lima


segunda-feira, 17 de abril de 2017

A importância dos limites

“ Adonias não foi preparado para receber nãos”

  A nossa reflexão desse mês tem como ponto de partida a expressão bíblica, contida no IRs1.6:
“E nunca seu pai o tinha contrariado, dizendo: Porque fizeste assim.”
Davi possuía um “currículo” brilhante. Ele era o homem segundo o coração de Deus, um prestigiado monarca, um excelente músico e um guerreiro valente e vitorioso. Entretanto, uma coisa pesava contra ele, a saber: o seu papel familiar.
Nem de longe podemos dizer que o filho de Jesse 'foi um bom marido ou um pai exemplar. O texto acima Atesta bem isso. Davi nunca contrariou o seu filho e nunca o questionou quando de seus desvios de conduta e caráter.  O resultado  de tal omissão foi a geração de um menino rebelde, egoísta e transgressor atal  ponto de se levantar contra o próprio pai, atentando contra o seu reinado: “Então, Adonias, filho de Hagite, se levantou, dizendo:
Eu reinarei” (1Rs1.5).  O resultado da criação sem limites de Adonias foi trágico.

     Adonias não foi preparado Para receber nãos, e todas as vezes que se deparava com situações que exigiam limites morais, simplesmente os ignorava e, de maneira arrogante, rompia com todos eles, esquecendo-se das terríveis Consequências que lhe sobreviriam.  É bom lembrar que uma das primeiras recomendações divinas para O homem foi de caráter restritivo, o estabelecimento de um limite moral: “...mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás” (Gn2.17).  O Senhor fez uma demarcação na moralidade humana e, caso ela fosse desrespeitada, a sanção seria irremediável: e morreras” (Gn2.17b). Quando  Adão e Eva transgrediram, o Senhor confrontou firmemente o erro do casal: “comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses? Porque fizeste isso ?” (Gn3.11,15). Deus não hesitou um momento se quer antes de aplicar-lhes a punição correspondente a seus atos(Gn3.14- 19). O Senhor fez com o casal exatamente o que Davi não fez com Adonias: Questionou, contrariou e disciplinou.

     A luz da Bíblia, todas as vezes que uma pessoa ou um povo desprezou os limites morais estabelecidos por Deus, sofreu enormes prejuízos. Sodoma e Gomorra foram destruídas Pelo fogo do juízo divino, uma vez que a libertinagem permeava o estilo de vida de seus habitantes (Gn1924,25); na Lei de Moisés havia inúmeras punições aos transgressores e, nos casos mais graves, pagava-se com a própria vida, pois era necessário que todos soubessem que havia coisas que eles não podiam fazer(Ex21.29; 22.19;Lv24.16); Sansão, por violar os limites de Deus e de seus pais, estragou aquela que tinha tudo para ser uma das mais brilhantes carreiras espirituais do Antigo Testamento, tornando-se espetáculo aos seus inimigos(Jz16.23-25); Amnom, por ignorar o “não” de sua consciência, praticou uma abominação, o que desencadeou uma tragédia familiar(IISm13); o próprio Davi foi além do permitido, e colheu uma tempestade que atingiu todas as áreas de sua vida(IlSm11,12).

     O preço cobrado pela transgressão é sempre muito maior do que aquele que o transgressor pode pagar.
A colheita é sempre maior do que a semeadura. Por alguns instantes de transgressão, padece-se por toda a vida. Por alguns momentos de violação de limites, destrói-se a edificação de toda uma vida. Não podemos nos deixar persuadir pelo discurso maligno e destrutivo que assevera ser proibido proibir, que não devemos reprimir nenhum de nossos desejos, que não podem os aceitar o “não” como resposta, que devemos nos levantar contra todo e qualquer tipo de autoridade que ouse nos contrariar ou nos questionar. Sigamos o exemplo de José que, ao dizer não, foi grandemente honrado por Deus, tornando-se o governador do Egito e um crente de uma profunda intimidade  com o Senhor(Gn39.7-10;41.40).
Numa sociedade que não aceita limites, limitemo-nos ao que é permitido e Deus nos abençoará.

Autor: Ailton José Alves
Pastor Presidente da IEADPE


Por : Almir Batista 

sábado, 8 de abril de 2017

ABEL, EXEMPLO DE CARÁTER QUE AGRADA A DEUS(Subsídio Teológico Lição 2/ 2º Trim 2017)

ABEL: O HOMEM QUE AGRADOU A DEUS

        O exemplo de Abel, homem espiritual e digno, em sua conduta séria e voltada para o relacionamento correto com Deus em sua adoração, mostra a sua escolha em ser fiel a Deus e o quanto foi terrível o efeito do pecado na vida dos homens. Ao procurar oferecer a Deus um sacrifício agradável e santo, Abel fez irromper no coração de seu irmão Caim, que era carnal, o sentimento da inveja e da amargura sem sentido. A natureza carnal mostrava, ali, no cenário familiar, a inveja, o ódio, a ira e a violência em sua forma mais covarde e cruel. Um inocente sendo morto por motivo torpe, sem chance de defesa.

        Abel, homem fiel, santo e inocente, foi morto pelo próprio irmão por causa de sua fidelidade a Deus. Por permissão do Senhor, que respeita o livre-arbítrio humano, teve início a tragédia da violência no seio da humanidade, em sua marcha contínua e destruidora de vidas preciosas. Há quem diga que o sacrifício de Abel foi aceito por Deus pelo fato de ser um sacrifício cruento, com sangue, dos animais de que ele cuidava. Certamente, perante Deus, o sacrifício com sangue já tinha o sentido profético do sacrifício de Cristo. Deus, porém, também aceitava o sacrifício de vegetais. “As primícias, os primeiros frutos da tua terra, trarás à casa do Senhor, teu Deus [...]” (Ex 23.19 a; 34.22; Lv 23.10 e ref.).


        Na realidade, o sacrifício de Caim foi rejeitado não por causa do tipo de oferta — por ser de frutos da terra —, mas, sim, por causa do seu coração maligno, de seus sentimentos maus. Antes de olhar para a oferta de alguém, Deus olha e vê o coração (1 Sm 16.7c). Não adianta apresentar uma oferta ou um sacrifício que chama a atenção dos homens em quantidade e/ou qualidade se o interior estiver cheio de maldade, ódio ou presunção. Na verdade, Caim era mau. A Palavra de Deus diz sobre seu caráter: “Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio: que nos amemos uns aos outros. Não como Caim, que era do maligno e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas” (1 Jo 3.11,12).

        Nesse texto, vemos, em poucas palavras, o caráter de Abel e o de Caim. Este “era do maligno”. Por isso, deixou ser carregado pela inveja, malícia, ira e ódio mortal contra seu irmão. Suas obras, ou seja, suas atitudes “eram más”. O caráter de um homem não se mede ou se vê por sua personalidade, e sim por seus atos, suas ações e atitudes. O caráter de Abel era totalmente diferente do de seu irmão. Abel não era do maligno. Era homem de Deus; temente ao Senhor; grato a Ele; suas obras eram “justas”.

        Àquela altura da história da família de Adão e Eva, já havia muitas pessoas na Terra nascidas de uniões consanguíneas permitidas por Deus para a procriação da raça humana e povoamento de todo o planeta. Como Abel, é possível que muitas pessoas tenham voltado para Deus. Entretanto, havia outras, certamente, que se afastavam para longe dos caminhos do Senhor, para as coisas do Diabo. Caim foi um representante desse grupo que se desviou por caminhos pecaminosos, dominados pelo pecado, que desvirtuou e degradou a natureza humana. Infelizmente, a maioria das pessoas no mundo, em todos os tempos e em todos os lugares, afasta-se de Deus por causa de sua natureza decaída, inclinada ao mal desde a meninice (Gn 8.21).

I - A OFERTA DE ABEL
        Adão e sua esposa já tinham sido lançados para fora do ambiente edênico, com a missão de “lavrar a terra” (Gn 3.23).

        As primeiras atividades humanas, portanto, eram a agricultura e a pecuária. Em seus primórdios, essas atividades eram bastante agregadoras da família. Pais e filhos trabalhavam para o sustento familiar de forma bem rudimentar em caráter de sobrevivência. Como não puderam ficar no Éden por causa do pecado, eles tiveram que obter seu pão com o suor de seu rosto (Gn 3.19), ou seja, com muito esforço físico e desgaste em seu organismo. Plantar e colher certamente eram atividades de grande significado para os primeiros habitantes da terra. Adão foi o primeiro agricultor. Seu primogênito, Caim, também se dedicou à agricultura — era lavrador —, enquanto que Abel, o segundo filho, dedicou-se à pecuária, sendo o primeiro pastor de ovelhas (Gn 4.2). Há quem diga que Caim e Abel eram gêmeos, mas tal afirmação não tem fundamento bíblico. Pouco se sabe sobre Abel. Muito mais está escrito sobre Caim. O testemunho de Abel, no entanto, é muito mais eloquente por causa de sua fidelidade a Deus.

1. Uma Oferta Agradável a Deus
        A oferta ou o sacrifício oferecido a Deus não é visto por Ele pela oferta em si, e sim pelo que está no coração do ofertante. A oferta de Abel foi aceita por Deus porque ele entrava na presença do Senhor com o coração sincero e cheio de amor. Suas obras eram justas porque ele era justo (Hb 11.4; 1 Jo 3.12), íntegro e fiel. Deus dá tanto valor à integridade do coração que, mais à frente, Ele elogiou Jó perante Satanás, dizendo: “Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem sincero, e reto, e temente a Deus, e desviando-se do mal” (Jó 1.8b). A oferta só tem valor quando expressa o que está no íntimo de quem a oferece. A oferta de Abel foi agradável porque ele era um verdadeiro adorador. Ele adorava a Deus “em espírito e em verdade” (Jo 4.23,24).

        Alguém pode até mesmo oferecer um dízimo ou uma oferta de grande valor monetário, mas se não tiver retidão interior, não será aceito por Deus. Disse o salmista: “Eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria” (SI 51.6). Na vida cristã, não se oferecem mais sacrifícios de animais.
Deus quer que ofereçamos a nós mesmos, com o nosso corpo, “[...] em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12.1). Podemos dizer que a oferta de Abel tinha essas características, de um sacrifício que não era vivo, mas que era “santo e agradável a Deus”.

2. Uma Oferta de Grande Valor
        Abel adorou a Deus, oferecendo o melhor que tinha como fruto de seu trabalho. Ele não ofereceu um sacrifício qualquer, mas dentre os primogênitos do seu rebanho. “E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta” (Gn 4.4). Notemos que Deus atentou primeiro “para Abel” e, depois, “para a sua oferta”. “Pela fé, Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e, por ela, depois de morto, ainda fala” (Hb 11.4). A oferta de Abel foi considerada “maior sacrifício” do que a oferta de Caim. Primeiramente, porque foi “Pela fé”.
Abel não viu a Deus como Adão viu, mas cria no Deus de seus pais; cria no Deus Criador dos céus e da terra; cria que Deus deveria ser adorado e digno de louvor. Mas, além de oferecer um sacrifício pela fé, Abel também tinha uma vida de justiça e santidade; ele “alcançou testemunho de que era justo”. Essa é a razão principal pela qual Deus avaliou sua oferta. Foi tão grande o valor da oferta de Abel que, “por ela, depois de morto, ainda fala”! Jesus deu testemunho de Abel, considerando-o “o justo” (Mt 23.35). Tal declaração feita por Jesus demonstra o quão elevado era o caráter santo de Abel. Somente o sangue de Cristo foi considerado o que “fala melhor que o ‘sangue’ de Abel”.

II - A INJUSTIÇA CONTRA ABEL
1. Abel Era um Homem Justo
        Diz a Bíblia: “Pela fé, Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo” (Hb11.4a). Não se sabe quantos anos Abel tinha quando oferecia seu sacrifício a Deus e foi assassinado por seu irmão. Mas, em toda a sua vida, ele demonstrou ser homem de bem, que andava em retidão, de caráter ilibado e reconhecido por Deus. Abel representa a parte da humanidade que se volta para Deus e que é formada por homens justos. Caim representa a parte má da humanidade, que dá as costas para Deus e que busca os interesses egoístas e imediatos. Contra Abel, foi perpetrado o terrível crime de homicídio e fratricídio, não porque praticara qualquer ato indigno, mas porque era homem como Jó: “reto, sincero, temente a Deus” e desviava-se do mal. Em qualquer tribunal imparcial, a morte de Abel seria considerada uma terrível injustiça, sujeita ao mais severo castigo. Caim poderia ter sofrido a pena de morte se seu crime fosse cometido séculos mais tarde; pena esta por decreto do próprio Deus (Gn 9.6) e na vigência da Lei de Moisés (Êx 21.12,14). Abel era justo e morreu injustamente — permissão de Deus. Diz a Bíblia que o que acontece ao ímpio acontece também ao justo (Ec 9.2).

2. Abel, o Primeiro Mártir
        Abel foi protagonista primário de algumas coisas: foi o primeiro pastor de ovelhas; o primeiro a oferecer sacrifício de animais no culto a Deus; e também o primeiro homem justo; porém, também foi o primeiro mártir; e o primeiro homem a ser morto por seu próprio irmão. Abel também foi o primeiro a entrar para a galeria dos mártires por causa de sua fé e também o primeiro a ter seu nome registrado na galeria dos heróis da fé (Hb 11.4). Jesus foi morto por inveja: “Porque ele bem sabia que, por inveja, os principais dos sacerdotes o tinham entregado” (Mc 15.10). Da mesma forma que Jesus, Abel também foi morto por inveja. Caim ficou irado pelo fato de Deus ter aceitado a oferta de Abel e, tomado de ódio, assassinou friamente o seu irmão sem dar a ele chance alguma de defesa. Hoje, seu crime seria considerado homicídio qualificado doloso por motivo torpe.

3. O Sangue de Abel Clama
        O Deus de Abel é o Deus da suprema justiça. Nada está encoberto a seus olhos. Caim matou Abel às escondidas, num momento em que os dois irmãos estavam a sós, no campo, cada um fazendo seu trabalho. Seus pais não perceberam o ódio que o primogênito nutria por seu irmão mais novo, mas Deus tudo via. Quando Caim matou Abel, enterrou-o para não ter seu crime descoberto. Porém, para Deus, que tudo vê (Gn 16.13), o Deus Onisciente, nada fica em oculto. Jesus disse: “Porque nada há encoberto que não haja de ser manifesto; e nada se faz para ficar oculto, mas para ser descoberto” (Mc 4.22). Ao longo da História, muitos assassinos, fossem eles isolados ou detentores de poder, como ditadores sanguinários e cruéis, mataram muitos inocentes, enterrando-os em valas comuns, onde nunca foram achados. Entretanto, no Juízo Final, os “Cains” da História serão todos confrontados pelo Supremo Juiz do Universo e receberão o juízo que merecem. Todos terão o mesmo destino de Judas, que traiu o seu mestre e salvador.

        Quando Deus chamou Caim para responder por seu crime, o homicida demonstrou arrogância e falta de respeito ao Criador. Deus sabia onde estava o cadáver, porém quis que o assassino confessasse seu crime de viva voz. “E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão?” (Gn 4.9). O pecado causou grande transtorno na mente humana. Caim teve a audácia de mentir perante Deus e ainda afrontá-lo sobre a guarda do irmão. O Criador, contudo, inquiriu gravemente e declarou a sentença de juízo e maldição contra o criminoso: “E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra” (Gn 4.10). Onde houver um crime de morte, um assassinato, o sangue clamará por justiça. O sangue de Abel clamava por justiça e por vingança. Diferentemente do sangue de Cristo, que clamava por perdão.
Depois daquele encontro entre o Juiz Supremo e o criminoso, este ouviu a sentença de que seria “maldito” desde a terra e que seu trabalho não mais seria produtivo, e sim penoso. E mais do que isso: ele não teria mais paz, seria fugitivo e errante na terra e viveria toda a sua vida com medo de ser morto. Mesmo assim, por sua infinita misericórdia, Deus colocou um sinal em Caim para que não fosse morto (Gn 14.11-16).

III - UM HOMEM QUE AGRADOU A DEUS
1. Abel Soube Agradar a Deus
        O episódio envolvendo Caim e Abel é o mais destacado na história de Adão. O relato bíblico autoriza-nos a dizer que Abel buscou a Deus com mais afinco e amor, pois ele entendeu que seu sacrifício deveria ser do melhor daquilo que possuía: “E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta” (Gn 4.4). Além de oferecer sacrifício “dos primogênitos” das ovelhas, o texto também diz que ele levou a Deus “da sua gordura”. O sacrifício com a gordura sobre o altar era “cheiro suave” e agradável a Deus (cf. Ex 29.13; Lv 4.31) e fazia parte do “sacrifício pacífico” e “oferta queimada ao Senhor” (cf. Lv 3.3,14). Que Deus nos ajude e nos guarde e também nos dê sabedoria e amor para oferecermos sempre “sacrifício de louvor” (SI 50.14). “Portanto, ofereçamos sempre, por ele, a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome” (Hb 13.15).

CONCLUSÃO
        A humanidade começou mal com a desobediência dos primeiros habitantes da terra. Adão pecou ao ouvir o Diabo através de sua mulher. Toda a tragédia humana decorre daquele gesto precipitado sob a insinuação maliciosa do Diabo. Expulsos do Éden, Adão e Eva certamente criaram seus filhos mostrando os preceitos e mandamentos de Deus para eles. Caim, o primogênito, preferiu seguir o exemplo do pai quando desobedeceu ao Criador. Seu irmão, Abel, pelo contrário, preferiu dedicar-se a adorar a Deus e oferecer o melhor dos seus esforços e trabalho.


        Deus aceitou a oferta de Abel e rejeitou a oferta de Caim. Por isso, por inveja, este foi tomado de ira e matou o seu irmão. Foi o primeiro homicídio, que foi seguido de milhões de atos semelhantes que causaram e ainda causam dor e tristeza. Em pleno século XXI, a ciranda da violência prossegue ceifando vidas preciosas. Somente com a intervenção de Deus na terra, essa onda maligna de infelicidade cessará. No Milênio, o planeta será restaurado em seu ambiente ecológico, social e espiritual.



Fonte :

Livro o Caráterdo Cristão
Moldado pela Palavra de Deus e provado como ouro

Elinaldo Renovato de Lima


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Preparação dos originais: Miquéias Nascimento Capa: Elisangela Santos Editoração: Oséas F. Maciel
CDD: 220 - Comentário Bíblico ISBN: 978-85-263-1438-2

As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Corrigida, edição de 1995, da Sociedade Bíblica do Brasil, salvo indicação em contrário.

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