quarta-feira, 10 de maio de 2017

"JOVENS" LIÇÃO 7- A Ansiedade pela Vida

INTRODUÇÃO
I - TESOUROS TERRESTRES X TESOUROS CELESTES: EM QUAL DELES ESTÁ O SEU CORAÇÃO?
II - A MALÍCIA E A PUREZA DOS OLHOS
III - OS DOIS SENHORES, A ANSIEDADE PELA VIDA E O DIA DE AMANHÃ

CONCLUSÃO

Prezado professor, a Paz do Senhor!

Inicie o estudo da lição fazendo a seguinte indagação: “O que significa estar ansioso?” Ouça os alunos com atenção e incentive a participação de todos. Diga que na lição deste domingo vamos estudar a respeito dos males da ansiedade. Em seguida, juntos, leiam o 
Texto Bíblico. Depois, explique que ansiedade não é somente uma leve preocupação, mas um “grande mal-estar físico e psíquico; aflição, agonia”. Em seguida, peça que os alunos citem o que podemos fazer para evitar esse mau. À medida que forem falando vá relacionando no quadro. Depois, ore ao Senhor pedindo que Ele nos guarde e nos livre da ansiedade.
Não se esqueça que o objetivo principal da lição é: “Avaliar onde se encontra o “coração” e mostrar-se disponível à necessária mudança e conversão de rumos”. Suas ações didáticas devem ser desenvolvidas para alcançar essa finalidade.

“Considerando que temos um Senhor bom e atencioso no céu, os discípulos podem ser generosos aos outros porque sabem que Ele tomará conta daqueles que o servirem. O verbo traduzido por ‘andeis cuidadosos’ (
merimnao) ocorre sete vezes neste Evangelho. ‘Não se preocupe’ é a mensagem de grande consolo de Jesus para o verdadeiro crente. O imperativo presente negativo indica que não devemos continuar preocupando. O verbo também tem a conotação de esforçar-se ativamente; Lucas o usa no seu relato sobre ocupada Marta, que se preocupava por muitas coisas, mas perdia a mais importante (Lc 10.41). Note o uso do verbo ‘andeis [...] inquietos’ para descrever esta ação, no versículo 32.

Jesus dirige a atenção da audiência para pássaros comuns e relativamente significante (v. 26), que mesmo não se preocupando com provisões, como as pessoas se preocupam, Deus os sustenta. Considerando que Deus estima os seres humanos mais que os pássaros, é certo que Ele proverá a subsistência dos discípulos. A descrição de Deus como ‘vosso Pai celestial’ torna a garantia mais intensa: Aqueles que gozam da relação com Deus como filhos têm a preocupação e atenção paterna. Jesus não está racionalizando a preguiça ou a irresponsabilidade; antes, Ele está atacando um tipo de preocupação que surge da falta de fé e que é exibida num estilo de vida obcecado por provisões.

Este sintoma de ‘pequena fé’ (v. 30) revela uma doença espiritual que presume e age como se Deus não se importasse ou fosse incapaz de dar sustento. Expressa, com efeito, presunção ateísta, pois a pessoa se comporta como se Deus não estivesse presente a tento. A palavra grega 
psyche (v. 25, ‘vida’) diz respeito à alma, mas também se refere à vida geral, se bem que a palavra é colocada em paralelo com ‘o corpo’.

Nos versículos 28 a 31, Jesus apresenta outra razão para a pessoa não se preocupar. Os lírios não trabalham, e Deus os veste esplendorosamente. A expressão: ‘Salomão, em toda a sua glória’ também foi mencionada nos escritos rabínicos. As maravilhas das riquezas salomônicas, contudo, suas roupas eram ‘trapos’ em comparação aos lírios vestidos por Deus.

Jesus ainda contrasta as flores e relvas de vida curta, mas bem vestidas, usadas como combustível, com os discípulos mais valorizados. O Antigo Testamento expressava o caráter temporário destas plantas em relação à brevidade da vida. Jesus promete que o Pai fará ‘muito mais’, por seus filhos. Ele chama os discípulos que se preocupam de ‘vós’, homens de pequena fé.

Esta palavra ocorre cinco vezes em Mateus (seis vezes no Novo Testamento inteiro); Jesus a usa para repreender e corrigir os discípulos. Pouca fé revela ignorância, é ineficaz e cria grande perigo. Neste ponto, fé é essencialmente confiança.

Nos versículos 31 e 32, Jesus proíbe que torçamos as mãos de preocupação, imaginando como sobreviveremos. Com a estimativa de tal preocupação, Jesus repreende a audiência judaica, ‘porque todas essas coisas os gentios procuram’ (v. 32). A implicação é deixar de agir como pagãos. O tempo presente do verbo ‘procurar’ descreve um estilo de vida. ‘Vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas’ identifica que a ação pagã é incredulidade para com Deus. A relação íntima com o bom Pai celestial deixa seus filhos certos de que Ele sabe cada uma das necessidades deles e está muito propenso a atuar seu amor promovendo-lhes a subsistência.

Nos versículos 33 e 34, a palavra ‘primeiro’, colocada no início da sentença grega para dar ênfase, mostra que o assunto não é se a pessoa deve trabalhar, mas qual deve ser sua prioridade. As preocupações do Reino devem vir em primeiro lugar na mente dos discípulos. A força do imperativo presente ‘buscai’ indica que se trata de preocupação e atividade constantes do discípulo. Da mesma maneira que os pagãos consomem todo o tempo buscando segurança financeira, os discípulos promovem constantemente o Reino acima de tudo; a causa do Reino é a nossa paixão. Quando esta prioridade é estabelecida, segue-se a provisão do Reino.

A meta do Reino é a ‘justiça’. Jesus a redefine radicalmente dizendo que é mais que justiça legalista. A justiça de Deus leva em conta o perdão e a absolvição. Oferece misericórdia quando é merecida, até aos maiores ofensores. O mundo acha escandaloso tal marca de justiça. Este estilo de vida de buscar a justiça do Reino edifica-se sobre a bem-aventurança apresentada por Jesus no princípio do sermão: ‘Bem-aventurados os que continuamente têm fome e sede de justiça’; Ele prometeu que eles seriam ‘saciados’. Vemos que esta abundância também inclui provisão física.

O discípulo recebe o mandamento de não se preocupar com o amanhã. Estabelecer o Reino só pode ser feito hoje; amanhã não é prometido. É no presente, não no passado ou futuro, que entramos em contato com a eternidade. Cada dia tem dificuldades ou coisas ruins o bastante para nos manter ocupados. Isto não quer dizer que o discípulo não deva fazer planos; até Jesus fazia planos e se orientava para uma meta e destino em Jerusalém.” 


Extraído de Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento.7.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp. 57-59.

Telma Bueno
Editora responsável pela Revista Lições Bíblica Jovens
Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Jovens. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra).  Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.




"JOVENS" Lição 6 O Pai-Nosso Lição 6 O Pai-Nosso

INTRODUÇÃO
I - A FILIAÇÃO DIVINA, RECONHECIMENTO DA SANTIDADE E A VINDA DO REINO 
II - O ALIMENTO, O PERDÃO MÚTUO E O LIVRAMENTO
III - A GLORIFICAÇÃO DO PAI NO FINAL DA ORAÇÃO
CONCLUSÃO 


Prezado professor, a Paz do Senhor!

Inicie o estudo da lição fazendo a seguinte pergunta: “Você conhece e já orou o Pai-Nosso?” Ouça os alunos com atenção e incentive a participação de todos. Em seguida, juntos, leiam o Texto Bíblico. Depois, explique que no judaísmo a oração era uma prática (At 3.1). A novidade estava no fato de chamarem a Deus de Pai nosso. Ao ensinar o Pai-Nosso, Jesus estava mostrando que a oração precisa brotar de um coração que anseia por ter e manter um relacionamento pessoal com Deus.
“Pai nosso, que estás nos céus” (Mt 6.9) – “Não era incomum os judeus considerarem Deus como Pai de Israel, mas como Pai de indivíduos numa relação especial era bastante inusitada. Esta experiência pai/filho era característica da relação de Jesus com Deus. Jesus chama Deus de ‘meu Pai’ treze vezes em Mateus. Até este ponto ao longo do Sermão da Montanha, Jesus fala aos seus que eles compartilharam uma experiência de família com Deus como Pai celestial, e com os outros como irmãos (Mt 5.9,16,22,23,45,47,48). Embora seja palavra de cunho familiar, a expressão de Mateus: ‘Nosso Pai, que estás nos céus’ é mais respeitável que o simples ‘Pai’ de Lucas”. 

“Santificado seja o teu nome” (Mt 6.9) – “A força da palavra ‘santificado’ em hebraico, aramaico e grego é ‘ser santo’ ou ‘ser santificado’. Santidade significa primariamente ser posto de lado para propósito especial. No caso de Deus Ele é ‘o completamente outro’. Isto expressa o respeito hebraico pelo nome de Deus que apareceu na sarça ardente, quando Moisés perguntou o nome de Deus e recebeu a resposta: ‘Eu sou o que sou’ (Êx 3.14). Não foi dado a Moisés um nome que ele pudesse usar magicamente para manipular Deus na concessão de pedidos. Deus respondeu afirmando sua existência. Os judeus dos dias de Jesus tremiam diante do nome de Javé e reverentemente usavam Adonai (Senhor). O nome de Deus e a pessoa de Deus são inseparáveis no pensamento hebraico. Profanar o nome de Deus era profanar sua pessoa. Tal temeridade de semelhança pagã foi expressamente proibida no Decálogo (Êx 20.7).

Embora os cristãos tenham recebido o direito íntimo e familiar de se dirigirem a Deus por Aba, eles não o fizeram atrevidamente, pois até este nome familiar é sagrado. Ele não é pai excessivamente tolerante; como já se disse: ‘Deus é Pai, e não avô!’ Na igreja primitiva só depois de a pessoa ter se submetido a extenso período de instrução, oração, jejum e batismo, era-lhe permitido fazer a oração sagrada na primeira comunhão e dizer: ‘Pai’. 

“Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu” (Mt 6.10) – “Esta estrutura paralela é o que se esperaria de um mestre judeu habituado com a poesia hebraica. No paralelismo sinônimo, a primeira linha é repetida na segunda, mas a segunda acrescenta reflexão e insight ao pensamento original. É o que ocorre neste versículo. Esta petição também tem paralelo no kadish (oração judaica) citada acima. Como visto na estrutura paralela das bem-aventuranças, este versículo provém da petição paralela que a antecede. Deus santifica seu nome arquitetando seu Reino em atos salvadores na história, de forma que os habitantes de terra digam: ‘Ele é o Deus vivo e para sempre permanente, e o seu reino não se pode destruir; o seu domínio é até ao fim’ (Dn 6.26). 

A expressão: ‘Venha o teu Reino’ fixa o tom claramente escatológico, orientando os ouvintes ao cumprimento do tempo do fim no estabelecimento final do reinado de Deus no mundo. Requer o fim de toda instituição humana que não esteja em conformidade com a vontade de Deus. Este era o princípio grandemente revolucionário para ser proferido no Império Romano do século I. Subsequentemente seus seguidores desafiaram os grandes césares romanos. O mesmo se dá hoje se esta oração for dita e vivenciada com seriedade, pois ela lança o cristão contra as instituições e estilos de vida comumente aceitos.
“O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (Mt 6.11) – A primeira metade da oração aborda a glória e vontade de Deus, ao passo que as outras petições concernem às necessidades físicas e bem-estar espiritual dos discípulos. Certamente Jesus quer que esta oração seja modelo de toda oração cristã não só em conteúdo, mas também em forma e ordem. É apropriado que o louvor a Deus e o reconhecimento de sua soberania no mundo venham em primeiro lugar na oração. Sem a primeira metade, ela se assemelha a simples lista de compras, e para algumas pessoas Deus é reduzido a moço de recados, obrigado a suprir todo capricho humano. Com toda a familiaridade da Oração do Senhor, ela não compromete a norma universal de Deus. Súplicas, pedidos pessoais e intercessões devem ser acompanhadas pelo espírito de ação de graças (1 Tm 2.1).

A segunda metade constata que os discípulos são um povo necessitado, totalmente dependente da provisão graciosa de Deus. Uma vez mais, esta parte do Sermão da Montanha remonta à bem-aventurança inicial: ‘Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus’ (Mt 5.3). O discípulo verdadeiramente humilde reconhece que está moral e espiritualmente arruinado, à parte do exemplo e recursos de Deus para o viver santo.

O pão simboliza todas as necessidades materiais. Em Mateus 6.24-34 Jesus explica a necessidade de depender de Deus para as necessidades básicas. A despeito do intento original da palavra epiousios (diariamente/amanhã), tanto a aplicação escatológica quanto a vigente estão evidentes no contexto de Mateus. 

“Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (6.12,14,15) – Esta parte da oração explana algumas das bem-aventuranças. Exprime a mensagem inicial de João Batista e Jesus na seção anterior do Evangelho (Mt 3.8; 4.17). Confissão e arrependimento de pecados são marcas do verdadeiro discípulo; farisaísmo e presunção espiritual são severamente criticados. A penetrabilidade do pecado conforme exposta por Jesus, faz o leitor lembrar a bem-aventurança dos ‘pobres de espírito’, porque eles cometeram pecado e estão em necessidade de perdão diário. Esta oração penitencial também sugere tristeza pelo pecado bem como admissão de culpa: da mesma forma está evidente a segunda característica do discipulado apresenta nas bem-aventuranças: ‘Bem-aventurado os que choram’ (Mt 5.4).

A palavra ‘dívidas’ é tradução literal de opheilema, palavra grega que se refere a obrigações financeiras, mas a palavra semítica original por trás dela usava a palavra ‘dívida’ como expressão referente a pecado. ‘Transgressões’ é tradução melhor. A oração registrada por Lucas diz: ‘Perdoa-nos os nossos pecados’ (Lc 11.4), exprimindo o intento original. Mateus 6.14,15 indica que Jesus tinha em mente pecados, e não simples dívidas financeiras. As Dezoito Bênçãos do judaísmo também pedem o perdão de Deus, mas não menciona o perdão dos outros.

“E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal” (6.13) – Este pedido tem paralelo na oração matinal talmúdica, mas se já existia e era usada por Jesus não podemos ter certeza. Como no relato da tentação (Mt 4.1-11), o verbo ‘tentar’ (peirazo) pode significar ‘testar, provar’ em sentido neutro, bem como ‘induzir para o mal’. A primeira acepção é mais apropriada aqui. No sentido de provar a fé, a prova é iniciada por Deus. Provar também resulta em instrução, edificação e temperamento, que produz caráter e redunda em recompensa. Não obstante, a origem da prova nem sempre é de Deus, mas dos desejos maus, dos inimigos da fé e do Diabo. Entretanto, Deus pode usar tudo para o bem.

“Porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém!” (6.13) – A doxologia final não é achada nas cópias mais antigas e melhores de Mateus, nem se encontra na maioria dos manuscritos paralelo em Lucas. Aparece depois da Oração do Senhor no Didaquê 8.2 (escrito em c. 100 d.C.). A doxologia era provavelmente uma resposta cristã de louvor e afirmação que seguia a Oração do Senhor na adoração. Sua forma litúrgica apareceu nas cópias gregas mais tardias de Mateus, sendo incorporada em nossas versões. 

Extraído de Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento.7.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp. 50-55.
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
Se desejar, reproduza o quadro abaixo. Utilize-o para mostrar aos alunos as cinco partes do Pai-Nosso adaptado de Dwigt Pentecost.
1. O desejo de estar com Deus: “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome.”

2. O desejo de estar no programa de Deus: “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade assim na terra como no céu.”

3. O desejo da provisão de Deus: “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.”

4. O desejo da pureza pessoal: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores.”

5. O desejo pela proteção de Deus: “Não nos deixe cair em tentação, mas livra-nos do mal.”
Telma Bueno
Editora responsável pela Revista Lições Bíblica Jovens
Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Jovens. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra).  Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo.


segunda-feira, 8 de maio de 2017

Rute, uma Mulher Digna de Confiança


          Quando lemos Mateus 1.1-17, a genealogia de Jesus, quatro mulheres chama-nos a atenção. Destacaria primeiramente Tamar (v.3), Raabe (v.5), Bate-Seba – mulher de Urias – (v.6). Essas três mulheres tinham uma transgressão incomum: pecado na área sexual. A primeira se fez prostituta para garantir a sua descendência na família (Gn 38). A segunda era prostituta por “profissão” (Js 2). A terceira adulterou com o rei Davi (2 Sm 11), cujo fruto desse relacionamento foi Salomão, o sucessor do homem segundo o coração de Deus. Note que os precedentes dessas três mulheres não são dos melhores, mas mesmo assim elas estão postas ali em Mateus para mostrar o alcance da graça em Jesus Cristo, onde o Deus encarnado não se envergonha dessas mulheres, mas se coloca humildemente como descendente delas. Por isso o ministério de nosso Senhor foi marcado pela seguinte afirmação: “Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não sacrifício. Porque eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento” (Mt 9.13). É notório, que após um encontro com Senhor, o pecador arrependa-se dos seus pecados e ande em novidade de vida. Por isso, essas mulheres anunciam profeticamente a marca do ministério do Senhor Jesus Cristo: trazer arrependimento ao pecador.
          A quarta mulher a ser destacada neste contexto é Rute (v.5). Há uma curiosidade bíblica interessante. O esposo remidor de Rute, Boaz, era fi lho de Raabe. O que faz com que na genealogia de Jesus, Rute e Raabe se aproximem sobremaneira. Entretanto, o que se destaca na história de Rute – sobretudo, num contexto onde a identidade cultural e nacional de Israel estava sendo formada, pois à época em que se passa a história de Rute Israel ainda não era uma nação (e não por acaso o livro de Rute está alocado entre Juízes e 1 Samuel, fazendo uma espécie de transição literária) – é a jovem moabita ser uma estrangeira que rejeitou os deuses particulares para se converter ao Deus de Israel. O texto a destacar essa maravilhosa decisão está em Rute 1.16, quando da fala da jovem moabita à sua sogra Noemi: “Não meinstes para que te deixe e me afaste de ti; porque, aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus”.

Ao lado de Tamar, Raabe e Bete-Seba, Rute mostra o aspecto universal da obra de redenção de Deus para a humanidade. Eis a história de salvação!