quarta-feira, 12 de julho de 2017

A doutrina da Trindade está implícita no Antigo Testamento desde o princípio

Gn 1.26 - E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.

A Bíblia declara textualmente que existe um só Deus verdadeiro e, ao mesmo tempo, afirma com a mesma clareza e de maneira direta que Jesus é Deus, mostrando nele todos os títulos divinos, com seus atributos, funções e obras de Deus. E, com o Espírito Santo não é diferente; a Bíblia revela a sua divindade plena.

A Trindade é uma doutrina com sólidos fundamentos bíblicos e, mesmo sem conhecer essa terminologia, os cristãos do período apostólico reconheciam essa verdade. Essa doutrina está implícita no Antigo Testamento, pois há declarações que indicam claramente a pluralidade na unidade de Deus (Gn 1.26; 3.22; 11.6, 7; Is 6.8). Apesar da ênfase da doutrina monoteísta como o shemá: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (Dt 6.4) reafirmada pelo Senhor Jesus (Mc 12.29), o Antigo Testamento mostra que a unidade de Deus não é absoluta. O Novo Testamento revela que essa pluralidade se restringe ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo (Mt 28.19; 1 Co 12.4-6; 2 Co 13.13; Ef
4.4-6; 1 Pe 1.2).

Há ainda várias passagens tripartidas no Novo Testamento que revelam a Trindade (Lc 24.49; Rm 1.1-4; 5.1-5; 14.17, 18; 15.16, 30; 1 Co 6.11; 2 Co 1.20, 21; Gl 3.11-14; Ef 1.17; 2.18-22; 3.3-7,14-17; 1 Ts 5.18). Além das declarações bíblicas apresentadas aqui, há outras evidências contundentes que fundamentam essa doutrina. Cada uma dessas Pessoas é chamada individualmente de Deus e Senhor. O Deus do cristianismo é um (Gl 3.20), mas as Escrituras ensinam também que o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus. A Bíblia aplica o nome “Deus” ao Pai sozinho (Fp 2.11), da mesma forma ao Filho (Jo 1.1) e ao Espírito Santo (At 5.3, 4); e, na maioria das vezes, com referência à Trindade (Dt 6.4). Isso também ocorre com o Tetragrama (as quatro consoantes do nome divino YHWH), que se aplica ao Pai sozinho (Sl 110.1), ao Filho (Is 40.3; Mt 3.3) e ao Espírito Santo (Ez 8.1,3). No entanto, aplica-se também à Trindade (Sl 83.18). Salta à vista de qualquer leitor da Bíblia a divindade plena e absoluta de cada uma dessas Pessoas. Foi assim que o Espírito revelou a unidade na Trindade.

As palavras de Jesus sobre a sua própria identidade e as suas ações revelam a sua deidade absoluta. O mesmo pode ser dito sobre as obras e as declarações a respeito do Espírito Santo. O Deus revelado nos evangelhos é trino e uno. A maneira como essa verdade é revelada em Mateus, Marcos, Lucas e João era perfeitamente compreendida pela geração apostólica. Por essa razão, não havia questionamento sobre a triunidade de Deus.
Quando o Senhor Jesus apaziguou a tempestade, seus discípulos questionaram: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Mc 4.41). Eles sabiam que somente Deus possui esse poder (Sl 65.7; 89.9).

O ensino do Senhor Jesus e de seus apóstolos expressava a fé em um só Deus, mas ao mesmo tempo eles ensinavam a deidade absoluta do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A Bíblia revela a triunidade de Deus sem necessitar de definições teológicas, e o destinatário imediato de cada texto bíblico compreendia com clareza meridiana a unidade na Trindade e a Trindade na unidade.

Não havia ainda necessidade na época de uma confissão de fé elaborada, pois essa linguagem era suficiente para a compreensão dos primeiros cristãos. Até mesmo os opositores da fé cristã, às vezes, entendiam esse discurso. Jesus disse certa vez:
“Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5.17). Os judeus incrédulos entenderam essa mensagem e por essa razão procuraram matar a Jesus, porque “dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (Jo 5.18). Esse modo de pensar dos apóstolos era compreensível aos primeiros cristãos e não havia necessidade de explicações adicionais. Não há evidência no Novo Testamento de alguém questionando essa verdade.

A expansão do cristianismo no vasto império romano era geográfica e intelectual (Rm 15.19; Cl 1.6). A pregação do evangelho passou a se defrontar com as diversas tradições gregas e romanas (At 16.21; 17.18-22). Mas a maneira de pensar desses movimentos culturais e intelectuais exigia formulações teológicas precisas e racionais na comunicação da verdade cristã, somando-se a isso o surgimento de seitas e heresias como ebionitas, gnósticos, monarquianistas e arianistas, entre outros. E a simples repetição de passagens bíblicas já não era mais suficiente. Isso exigia da liderança da Igreja definições teológicas racionais.

O nome hebraico Elohim, "Deus", é plural, e isso vislumbra a Trindade

Gn 1.1 No princípio, criou Deus os céus e a terra.

            NO PRINCÍPIO, CRIOU DEUS. A expressão No princípio é enfática, e chama a atenção para o fato de um princípio real.
Outras  religiões antigas, ao falarem da criação, afirmam que esta ocorreu a partir de algo já existente. Referem-se à história como algo que ocorre em ciclos perpétuos. A Bíblia olha para a história de modo linear, com um alvo final determinado por Deus.
 Deus teve um plano na  criação, o qual Ele levará a efeito. Para comentários sobre Deus e o seu papel como Criador, ver o estudo  A CRIAÇÂO Várias conclusões decorrem da verdade contida no primeiro versículo da Bíblia. (1) Uma vez que Deus é a origem de tudo quanto existe, os seres humanos e a natureza não existem por si mesmos, mas devem a Ele sua existência e a sua propagação. (2) Toda existência e forma de vida são boas se estão corretamente relacionadas com Deus e dependentes dEle. (3) Toda vida e criação pode ter relevância e propósito eternos. (4) Deus tem direitos soberanos sobre toda a criação, em virtude de ser seu Criador.

O DEUS DA CRIAÇÃO.

Gn 1.1 “No princípio, criou Deus os céus e a terra.

        O DEUS DA CRIAÇÃO. (1) Deus se revela na Bíblia como um ser infinito, eterno, auto-existente e como a Causa Primária de tudo o que existe.
        Nunca houve um momento em que Deus não existisse. Conforme afirma Moisés: “Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus” (Sl 90.2). Noutras palavras, Deus existiu eterna e infinitamente antes de criar o universo finito. Ele é  anterior a toda criação, no céu e na terra, está acima e independe dela (ver 1Tm 6.16 nota; Cl 1.16). (2) Deus se revela como um ser pessoal que criou Adão e Eva “à sua imagem” (1.27; ver 1.26 nota). Porque Adão e Eva foram criados à imagem de Deus, podiam comunicar-se com Ele, e também com Ele ter comunhão de modo amoroso e pessoal. (3) Deus também se revela como um ser moral que criou tudo bom e, portanto, sem pecado. Ao terminar Deus a obra da criação, contemplou tudo o que fizera e observou que era “muito bom” (1.31). Posto que Adão e Eva foram criados à imagem e semelhança de Deus, eles também não tinham pecado (ver 1.26 nota). O pecado entrou na existência humana quando Eva foi tentada pela serpente, ou Satanás (Gn 3; Rm 5.12; Ap 12.9).

        A ATIVIDADE DA CRIAÇÃO. (1) Deus criou todas as coisas em “os céus e a terra” (1.1; Is 40.28; 42.5; 45.18; Mc 13.19; Ef 3.9; Cl 1.16; Hb 1.2; Ap 10.6). O verbo “criar” (hb.“bara”) é usado exclusivamente em referência a uma atividade que somente Deus pode realizar. Significa que, num momento específico, Deus criou a matéria e a substância, que antes nunca existiram (ver 1.3 nota). (2) A Bíblia diz que no princípio da criação a terra
estava informe, vazia e coberta de trevas (1.2). Naquele tempo o universo não tinha a forma ordenada que tem agora. O mundo estava vazio, sem nenhum ser vivente e destituído do mínimo vestígio de luz. Passada essa etapa inicial, Deus criou a luz para dissipar as trevas (1.3-5), deu forma ao universo (1.6-13) e encheu a terra de seres viventes (1.20-28). (3) O método que Deus usou na criação foi o poder da sua palavra. Repetidas vezes está declarado: “E disse Deus...” (1.3, 6, 9, 11, 14, 20, 24, 26). Noutras palavras, Deus falou e os céus e a terra passaram a existir. Antes da palavra criadora de Deus, eles não existiam (Sl 33.6,9; 148.5; Is 48.13; Rm 4.17; Hb 11.3). (4) Toda a Trindade, e não apenas o Pai, desempenhou sua parte na criação. (a) O próprio Filho é a Palavra (“Verbo”) poderosa, através de quem Deus criou todas as coisas. No prólogo do Evangelho segundo João, Cristo é revelado como a eterna Palavra de Deus (Jo 1.1). “Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.3).
        Semelhantemente, o apóstolo Paulo afirma que por Cristo “foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis... tudo foi criado por Ele e para Ele” (Cl 1.16). Finalmente, o autor do Livro de Hebreus afirma enfaticamente que Deus fez o universo por meio do seu Filho (Hb 1.2). (b) Semelhantemente, o Espírito Santo desempenhou um papel ativo na obra da criação. Ele é descrito como “pairando” (“se movia”) sobre a criação, preservando-a e preparando-a para as atividades criadoras adicionais de Deus. A palavra hebraica traduzida por “Espírito” (ruah) também pode ser traduzida por “vento” e “fôlego”. Por isso, o salmista testifica do papel do Espírito, ao declarar: “Pela palavra do Senhor foram feitos os céus; e todo o exército deles, pelo espírito (ruah) da sua boca” (Sl 33.6). Além disso, o Espírito Santo continua a manter e sustentar a criação (Jó 33.4; Sl 104.30).

        O PROPÓSITO E O ALVO DA CRIAÇÃO. Deus tinha razões específicas para criar o mundo. (1) Deus criou os céus e a terra como manifestação da sua glória, majestade e poder. Davi diz: “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos” (Sl 19.1; cf. 8.1). Ao olharmos a totalidade do cosmos criado — desde a imensa expansão do universo, à beleza e à ordem da natureza — ficamos tomados de temor reverente ante a majestade do Senhor Deus, nosso Criador. (2) Deus criou os céus e a terra para receber a glória e a honra que lhe são devidas. Todos os elementos da natureza — e.g., o sol e a lua, as árvores da floresta, a chuva e a neve, os rios e os córregos, as colinas e as montanhas, os animais e as aves — rendem louvores ao Deus que os criou (Sl 98.7,8; 148.1-10; Is 55.12). Quanto mais Deus deseja e espera receber glória e louvor dos seres humanos! (3) Deus criou a terra para prover um lugar onde o seu propósito e alvos para a humanidade fossem cumpridos. (a) Deus criou Adão e Eva à sua própria imagem, para comunhão amorável e pessoal com o ser humano por toda a eternidade. Deus projetou o ser humano como um ser trino e uno (corpo, alma e espírito), que possui mente, emoção e vontade, para que possa comunicar-se espontaneamente com Ele como Senhor, adorá-lo e servi-lo com fé, lealdade e gratidão. (b) Deus desejou de tal maneira esse relacionamento com a raça humana que, quando Satanás conseguiu tentar Adão e Eva a ponto de se rebelarem contra Deus e desobedecer ao seu mandamento, Ele prometeu enviar um Salvador para redimir a humanidade das conseqüências do pecado (ver 3.15 nota). Daí Deus teria um povo para sua própria possessão, cujo prazer estaria nEle, que o glorificaria, e que viveria em retidão e santidade diante dEle (Is 60.21; 61.1-3; Ef 1.11,12; 1Pe 2.9). (c)
        A culminação do propósito de Deus na criação está no livro do Apocalipse, onde João descreve o fim da história com estas palavras: “...com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e
será o seu Deus” (Ap 21.3).

        CRIAÇÃO E EVOLUÇÃO. A evolução é o ponto de vista predominante, proposto pela comunidade científica e educacional do mundo atual, em se tratando da origem da vida e do universo. Quem crê, de fato, na Bíblia deve atentar para estas quatro observações a respeito da evolução. (1) A evolução é uma tentativa naturalista para explicar a origem e o desenvolvimento do universo. Tal intento começa com a pressuposição de que não existe nenhum Criador pessoal e divino que criou e formou o mundo; pelo contrário, tudo veio a existir mediante uma série de acontecimentos que decorreram por acaso, ao longo de bilhões de anos. Os postulantes da evolução alegam possuir dados científicos que apóiam a sua hipótese. (2) O ensino
evolucionista não é realmente científico. Segundo o método científico, toda conclusão deve basear-se em evidências incontestáveis, oriundas de experiências que podem ser reproduzidas em qualquer laboratório. No entanto, nenhuma experiência foi idealizada, nem poderá sê-lo, para testar e comprovar teorias em torno da origem da matéria a partir de um hipotético “grande estrondo”, ou do desenvolvimento gradual dos seres vivos, a partir das formas mais simples às mais complexas. Por conseguinte, a evolução é uma hipótese sem “evidência” científica, e somente quem crê em teorias humanas é que pode aceitá-la.
        A fé do povo de Deus, pelo contrário, firma-se no Senhor e na sua revelação inspirada, a qual declara que Ele é quem criou do nada todas as coisas (Hb 11.3). (3) É inegável que alterações e melhoramentos ocorrem em várias espécies de seres viventes. Por exemplo:     algumas variedades dentro de várias espécies estão se extinguindo; por outro lado, ocasionalmente vemos novas raças surgindo dentre algumas das espécies. Não há, porém, nenhuma evidência, nem sequer no registro geológico, a apoiar a teoria de que um tipo de ser vivente já evoluiu doutro tipo.
        Pelo contrário, as evidências existentes apóiam a declaração da Bíblia, que Deus criou cada criatura vivente “conforme a sua espécie” (1.21,24,25). (4) Os crentes na Bíblia devem, também, rejeitar a teoria da chamada evolução teísta. Essa teoria aceita a maioria das conclusões da evolução naturalista; apenas acrescenta que Deus deu início ao processo evolutivo. Essa teoria nega a revelação bíblica que atribui a Deus um papel ativo em todos os aspectos da criação. Por exemplo, todos os verbos principais em Genesis 1 têm Deus como seu sujeito, a não ser em 1.12 (que cumpre o mandamento de Deus no v. 11) e a frase repetida “E foi a tarde e a manhã”. Deus não é um supervisor indiferente, de um processo evolutivo; pelo contrário, é o Criador ativo de todas as coisas (Cl 1.16).