segunda-feira, 5 de março de 2018

CLASSE DE ADULTO – L 10 - Dadiva, Privilégios e responsabilidades na nova aliança.

Extraído do livro: A supremacia  de  Cristo , Fé, esperança  e ânimo na carta aos Hebreus.
José Gonçalves.

Comentário de Hebreus 10.1-39 '
            Neste capítulo, o autor continua sua exposição para consolidar o que iniciara nos capítulos anteriores acerca da superioridade do  sacerdócio de Cristo em relação ao levítico. Essa argumentação estende-se até 10.18. Neste capítulo, há muitos pontos que atuam como uma espécie de recapitulação do que fora dito anteriormente. Há, todavia, a presença de elementos novos quando o autor introduz no texto o Salmo 40 e faz uma nova aplicação da profecia de Jeremias 31.
             "Porque, tendo a lei a sombra dos bens futuros e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam" (v. 1). O autor começa esse versículo com uma declaração que deve ter provocado espanto em seus leitores — a Lei é uma sombra da realidade, e não a própria realidade. A palavra grega skian mostra que a Lei é uma sombra ou projeção de um objeto que é a realidade. Em contraste com a sombra, o autor coloca a imagem, do grego eikôn, que é o próprio objeto que projeta a sombra que a Lei representa. A referência, aqui, é ao sacerdócio de Cristo como a realidade da qual a Lei era apenas uma sombra.
            “Doutra maneira, teriam deixado de se oferecer, porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado" (v. 2). Se, de fato, o sistema levítico fosse eficaz, não haveria necessidade da repetição contínua de ofertas e sacrifícios. Ele, porém, demonstrava-se ineficaz porque não conseguia penetrar dentro do homem, permanecendo apenas uma limpeza ritual.
            “Nesses sacrifícios, porém, cada ano, se faz comemoração dos pecados” (v. 3). É exatamente isso o que o autor diz que acontecia anualmente no ritual da expiação. Os pecados eram relembrados ou trazidos à mente outra vez em uma espécie de rememoração. Aqui, o termo "comemoração” (ARC) não consegue expressar o sentido do original, anamnesis, que é o de "recordação” e “lembrança”, como traduz a Almeida Revista e Atualizada.
            “Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire pecados" (v. 4). F. F. Bruce, comentando in loco esse versículo, diz:
            "A contaminação moral não pode ser removida por meios materiais. O valor espiritual que o ritual sacrificial podia ter tido residida no fato que era uma prefiguração material ou uma lição objetiva de uma realidade moral e espiritual “Pelo que, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste" (v. 5). Aqui, o autor cita o Salmo 40.68 e segue a Septuaginta para referir-se à pré-existência de Cristo. Deus não estava satisfeito com o culto apenas formalista na Antiga Aliança e, por isso, mostra aqui a necessidade de um sacrifício superior em tudo. Cristo daria seu corpo em sacrifício a Deus. Artur Weiser observa que:
"A rejeição radical de todo o culto sacrificial explica-se, como no caso dos profetas, pela supracitada percepção da falsa atitude fundamental em relação a Deus, que encontra sua expressão no culto sacrificial e, pela sua origem e natureza, nasceu de outra área cultual. O homem não pode, por seus sacrifícios, situar-se no mesmo plano de Deus, nem ‘colocar em ordem’, pelos próprios esforços, o seu relacionamento com Deus’’.
“Holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram" (v. 6). As palavras olokautôma ("holocausto", "oferta queimada”) e peri hamartias ("oferta pelo pecado”) são uma referência ao cerimonial levítico.
            “Então, disse: Eis aqui venho (no princípio do livro está escrito de mim), para fazer, ó Deus, a tua vontade" (v. 7). No contexto do Salmo 40, o poeta anseia por uma vida piedosa e autêntica. Inspirado pelo Espírito Santo, o autor de Hebreus vê nas palavras do salmista uma referência clara à pessoa de Cristo. É dEle que as Escrituras fazem referência como aquEle que havia de vir.
            "Como acima diz: Sacrifício, e oferta, e holocaustos, e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei) (v. 8). Mesmo sabendo que o sistema sacrificial levítico fora instituído por Deus, uma exigência da Lei, o autor mostra que tal sistema não era a instância final. Se o antigo sistema tinha caráter transitório, isso significa que Deus havia providenciado algo muito melhor — o sacrifício de Cristo.
            "Então, disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo" (v. 9). O expositor Fritz Laubach comenta com maestria esse texto:
"A trajetória do Messias a que se alude profeticamente na palavra do Sl 40.7-9, a saber, que o Cristo haveria de entregar a Deus o seu próprio corpo como oferenda para sacrifício, levou Jesus Cristo, de acordo com a vontade de Deus, à cruz. Dessa maneira, a revelação da vontade de Deus no AT, ‘o obedecer é melhor do que o sacrificar’ (1 Sm 15.22), obteve sua potenciação e último aprofundamento. Cristo foi ‘obediente até à morte’ (Fp 2.8) e entregou-se a si próprio como sacrifí­cio. Nessa obediência extrema de Jesus à vontade de seu Pai, explica-se também o mistério de sua autoridade na oração. Somente porque Jesus cumpriu integralmente a vontade de Deus, ele também possui agora plenos poderes ilimitados, a fim de, como nosso eterno Sumo Sacerdote, intervir perante Deus em nosso favor, pela intercessão, sem cessar”.
"Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez” (v. 10). Um dos aspectos da vida de Cristo que o autor de Hebreus põe em relevo é o da sua obediência, como Filho, à vontade de Deus. Esse texto faz eco com Filipenses, onde Paulo diz que a obediência de Cristo levou-o à morte e morte de cruz (Fp 2.6-8). Essa obediência levou-o a sacrificar-se pelo pecador. A palavra grega prosphora, traduzida aqui como oblação, tem o sentido de oferta. Foi por meio da oferta ou sacrifício de Cristo que nós fomos santificados. A palavra egiasmenoi é um particípio perfeito no texto grego, que mostra essa santificação como sendo posicionai. Esse fato é demonstrado pelo uso da palavra ephapaks, que tem o sentido de de uma vez por todas. Em palavras mais simples, Cristo santificou-nos quando cremos nEle e continua santificando-nos ainda hoje quando permanecemos nEle. “E assim todo sacerdote aparece cada dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar pecados" (v. 11). Donald Guthrie comenta esse versículo, pondo em destaque que:
"A continuidade interminável dos sacrifícios inadequados segundo a velha ordem está em contraste marcante com a nova ordem. Os aspectos principais de interesse no presente versículo são:
(i) a posição dos sacerdotes (todo sacerdote se apresenta-lit. "fica de pé"), (ii) a continuidade dos sacrifícios (a oferecer muitas vezes) e (iii) sua ineficácia de realizar o seu propósito (i.e, para remover pecados). O primeiro aspecto tem contraste marcante no versículo seguinte com a posição de Cristo: assentou-se. Estes sacerdotes nunca poderiam sentar-se porque sua obra nunca era completa. Em segundo lugar, muitas vezes (.pollakis) está em direto contraste com uma vez por todas (ephapax). E em terceiro lugar, a incapacidade das antigas ofertas removerem os pecados é contrastada no v. 12 com a única oferta de Cristo pelos pecados. Mais uma vez, a fraqueza da velha ordem fica sendo o pano de fundo para a demonstração da maior glória da nova".

"Mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre à destra de Deus" (v. 12). O antigo sistema sacerdotal levítico chegara ao fim quando Cristo, de uma vez por todas e como Sumo Sacerdote da Nova Aliança, fez a purificação dos pecados.
            "Daqui em diante esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés" (v. 13). O autor volta novamente a citar o Salmo 110.1 para pôr em destaque a obra de Jesus Cristo. F. F. Bruce vê aqui uma advertência do autor a seus leitores para não serem contados entre os inimigos de Cristo, mas, sim, entre aqueles que são seus amigos.5 É possível ver aqui também uma citação de cunho escatológico quando Cristo, na consumação final, porá todos os seus inimigos debaixo de seus pés (1 Co 15.24-28).
            "Porque, com uma só oblação, aperfeiçoou para sempre os que são santificados" (v. 14). Mais uma vez, o autor volta a falar do aspecto definitivo da obra de Cristo e, dessa vez, ele usa o tempo perfeito do verbo teleioô para destacar a natureza desse sacrifício. Cristo completou a obra da salvação no passado, mas seus efeitos sobre os crentes continuam no presente. Fomos santificados nEle e continuamos em processo de santificação diária, também nEle.
            "E também o Espírito Santo no-lo testifica, porque, depois de haver dito" (v. 15). O autor fará uma citação do profeta Jeremias no versículo 16, mas, antes, ele põe em realce que a profecia foi dada por inspiração do Espírito Santo. Com essa observação, o autor consolida sua argumentação de que ele não está falando nada fora da autoridade divina. O que ele argumentou tem o selo do Espírito Santo.
            "Este é o concerto que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seu coração e as escreverei em seus entendimentos, acrescenta" (v. 16). Como já havia feito anteriormente (Hb 8.8-12), o autor volta a citar a profecia de Jeremias (Jr 31.31-34). É posto em destaque o contraste interno da Nova Aliança com o externo da Antiga. "
            E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades" (v. 17). Na Antiga Aliança, o antigo sistema de sacrifícios jamais podia tratar de forma definitiva com o pecado. Sempre havia lembrança deles, o que era feito anualmente no dia da expiação. Todavia, na Nova Aliança, o sangue de Cristo tratou de forma definitiva com o problema do pecado, de modo que não há mais necessidade da repetição contínua dos sacrifícios.
            "Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado" (v. 18). Aqui, o argumento do autor é conclusivo: Cristo tratou do problema do pecado de forma definitiva. Não havia mais necessidade de a sombra representar a realidade porque a realidade havia chegado. O sistema sacerdotal levítico tomara-se obsoleto e chegara a seu fim. A obra de Cristo foi perfeita e conclusiva. Nesse versículo, o autor encerra a longa discussão que havia começado sobre o sacerdócio de Cristo. Agora, ele partirá para as implicações práticas que essa doutrina conduz.
"Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus" (v. 19). Aqui, o autor tem em mente o santuário interior, o Santo dos Santos, que não era permitido entrada ao povo e nem mesmo aos sacerdotes, mas somente ao sumo sacerdote, de ano em ano, para fazer expiação. O autor mostra que, agora, todos os crentes têm acesso ao Santo dos Santos pelo sacrifício de Jesus. Essa entrada deve ser feita com ousadia e confiança nEle.
"Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne" (v. 20). Jesus Cristo inaugurou um novo caminho para a presença de Deus. Não mais o antigo caminho, já trilhado pelos sumos sacerdotes judeus, mas um novo e vivo caminho. Esse caminho anteriormente desconhecido está agora disponível a todos aqueles que foram chamados. A expressão kata-petasma, traduzida aqui como "véu". corresponde à segunda cortina, a que separava o santo lugar do Santo dos Santos. É essa cortina que foi rasgada quando Cristo deu o brado na cruz do Calvário (Mt 27.51). Estava aberto, portanto, o acesso à presença de Deus. Os intérpretes entendem que a expressão "pela sua carne" é uma referência à vida humana de Jesus quando Ele apresentou-se a Deus.
"E tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus" (v. 21). Aqui, a referência ao "grande sacerdote" remete ao texto de Levítico 21.10, onde está em vista o sumo sacerdote. Ele era o grande sacerdote. No entanto, aqui o autor mostra que, no santuário celeste, no qual os crentes agora têm acesso pelo sacrifício de Cristo, Jesus é esse "grande sacerdote" sobre a família de Deus.
"Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa" (v. 22). O autor tem sempre em mente a purificação interior que o sangue de Jesus proporciona. A referência ao corpo lavado com água limpa pode ser uma alusão a Lv 16.4, onde o texto mostra que, no dia da expiação, o sacerdote "lavava seu corpo com água". Nesse sentido, o autor estaria dizendo que o cristão já está limpo diante de Deus pelo sacrifício de Cristo. Por outro lado, alguns intérpretes acreditam que a referência aqui é ao batismo cristão (1 Pe 3.21).6 De qualquer forma, o que está em destaque aqui é que o crente está interiormente limpo para entrar na presença de Deus.
"Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança, porque fiel é o que prometeu" (v. 23). Aqui, os crentes são exortados a manter firme a confissão ou profissão de fé que haviam feito. A palavra "confissão", do grego homologia, aparece outras duas vezes nesta carta (Hb 3.1; 4.14). Em 2 Coríntios 9.13, é traduzida como sendo a obediência ao evangelho que os crentes haviam professado. Da mesma forma, em 1 Timóteo 6.12,13, é usada primeiramente em relação a Timóteo, que havia feito a boa confissão diante de várias testemunhas e de Jesus Cristo, que, diante de Pôncio Pilatos, fez a boa confissão.
"E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras" (v. 24). Na caminhada da vida cristã, o autor lembra que os cristãos precisam considerar uns aos outros. Esse "considerar" é tido como uma ponderação ou meditação. É algo no qual se deve pensar. O tempo presente significa que essa deve ser uma prática, um hábito, e não algo esporádico. No que, portanto, devemos considerar quando o assunto for as relações interpessoais? Devemos "estimular" uns aos outros na prática do amor e das boas obras. A palavra "estimular" no texto grego tem o sentido de "incitar", "provocar". Quantos cristãos desanimam por falta de estímulos!
"Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes, admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia" (v. 25). A palavra grega episynagogé, traduzida como "congregação", é a junção da preposição grega epi (sobre, em adição) com a palavra synagogé (Sinagoga). No contexto do Novo Testamento, essa palavra ocorre aqui e em 2 Tessalonicenses 2.1 com o sentido de reunião. O abandono da congregação e o consequente afastamento dos demais irmãos de fé é um sinal de enfraquecimento espiritual. O autor exorta seus leitores porque observou que alguns já estavam com esse mau costume, e isso era extremamente nocivo à comunhão cristã. É um alerta que ecoa forte nestes dias onde aumenta assustadoramente o número de desigrejados.
"Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifícios pelos pecados" (v. 26). Nesse versículo, o autor novamente volta à sua exortação sobre o perigo da apostasia sobre a qual ele já advertira nos capítulos 2, 3 e 6. Donald Hegner destaca que "as palavras se voluntariamente continuarmos no pecado não se referem a pecados comuns, mas ao pecado mais grave, o pecado final: apostasia(...) Esse é o pecado que, pela sua natureza, coloca o ofensor fora do alcance do perdão de Deus e, portanto, é pecado do qual não se encontra retomo".7 Aqui, como fizera em Hb 6.4-6, o autor mostra tratar-se de cristãos verdadeiros, pois somente cristãos salvos "receberam o conhecimento da verdade". Se o cristão verdadeiro não pode abandonar a fé, essas palavras não passariam de uma advertência vazia, totalmente destituída de sentido.8 John Wesley acreditava que, nessa passagem, o autor estaria se referindo não a um pecado qualquer, mas à apostasia, e ele aplicou isso a cristãos. Wesley entendia que o texto estava se referindo a "qualquer um de nós cristãos" que pecamos contra Deus por uma apostasia total e voluntaria. Segundo ele, isso acontecia depois de havermos "recebido o conhecimento experimental da verdade do Evangelho", e, nesse caso, "não resta mais sacrifício pelos pecados".9
"Mas uma certa expectação horrível de juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários" (v. 27). Para o apóstata, que voltou atrás, não resta mais nada a fazer, apenas esperar o juízo (Is 26.11).
"Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas" (v. 28). O autor tem em mente as testemunhas descritas em Deuteronômio 17.6,7 e 19.15. Em Deuteronômio 13.6-11 e 17.2-7, estão as referências àqueles que se afastavam de Deus por quebrarem a sua Palavra. O expositor C. S. Keener observa que:

"os mestres judeus reconheciam que todo mundo pecava de uma forma ou de outra; mas um pecado com o qual uma pessoa declarava: 'eu rejeito parte da palavra de Deus', se considerava como equivalente rechaçar toda a Lei e se reconhecia como apostasia".

"De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do testamento, com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?" (v. 29). Esse versículo detalha de forma específica o que é o pecado de apostasia. Em primeiro lugar, é um "pisar" no Filho de Deus. O vocábulo katapateô tem o sentido de "pisar", "pisotear". É o mesmo termo usado em Mt 5.13 para descrever o sal que foi pisado pelos homens por haver perdido o sabor. Lucas, no terceiro evangelho, usa esse vocábulo para descrever a semente que caiu à beira do caminho e foi pisada (Lc 8.5). Hughes diz que essa palavra indica tratar algo com o maior desprezo. Haubeck traduz como "fazer pouco caso". Semelhantemente, Robertson destaca que se trata de uma "negligência cheia de escárnio, como em Zacarias 12.3. Veja a mesma ideia em Hb 6.6".  Em segundo lugar, o apóstata é alguém que "profanou" o sangue da aliança.  O termo grego usado aqui é koinos, que tem o sentido de "tomar comum" ou "imundo". É a mesma palavra usada por Pedro quando teve a visão dos animais limpos e imundos (koinos) em Atos 10.14. Essa palavra também é usada em Apocalipse 21.27 para afirmar que nada "imundo' entrará na Nova Jerusalém. O sentido, portanto, é o de alguém que desprezou o sangue de Cristo, não vendo na expiação, como diz Robertson, nada mais do que "uma religião de carnificina".  O comentarista carismático C. S. Keener destaca que o autor tem em mente aqui o sangue de Cristo que santifica os cristãos (Hb 9.19-22) e, por outro lado, a concepção judaica que considerava o corpo de Cristo morto como um cadáver imundo (Dt 21.23). 15 Em terceiro lugar, o apóstata é alguém que "ultrajou o Espírito da graça". O verbo grego enybrizo (ultrajou) só ocorre aqui e tem o sentido de "tratar com muito desprezo, insultar arrogantemente".16 Robertson comenta dizendo que "é uma palavra forte para expressar o insulto ao Espírito Santo depois de ter recebido suas bênçãos (Hb 6.4)".17 De forma semelhante, Adam Clarke comenta:

"O assunto refere-se a um apóstata deliberado – alguém que rejeita completamente a Jesus e seu sacrifício e renuncia a todo o sistema evangélico. Isso nada tem a ver com os desviados no uso comum do nosso termo. Um homem pode cair repentinamente em uma falta ou ainda deliberadamente andar em pecado e, porém, não rejeitar o evangelho nem negar ao Senhor que lhe comprou. Sua situação é temerá­ ria e perigosa, mas não sem esperança. O único caso sem esperança é do apóstata deliberado, que rejeita o evangelho, depois de haver sido salvo pela graça ou convencido da verdade do evangelho. Para o tal, já não resta mais sacrifício pelo pecado, porque já houve um, o de Jesus, e ele rejeitou-o por completo".18 ( veja um estudo completo dessa passagem no Apêndice).

"Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo" (v. 30). Esse versículo mostra a severidade do juízo divino para as pessoas descritas no versículo 29.
"Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo" (v. 31). Aqui, o autor cita Deuteronômio 32.35,36, onde Deus fala de vingar-se contra seu próprio povo.
"Lembrai-vos, porém, dos dias passados, em que, depois de serdes iluminados, suportastes grande combate de aflições" (v. 32). Esses crentes, que haviam sido iluminados (Hb 6.4-6), são novamente advertidos a fazer um retrospecto das suas vidas na fé. No início de suas caminha­ das, eles suportaram lutas e tribulações por amor a Cristo, e esse fato deveria motivá-los a prosseguir.
"Em parte, fostes feitos espetáculo com vitupérios e tribulações e, em parte, fostes participantes com os que assim foram tratados" (v. 33). Não era possível esquecer a abnegação que demonstraram quando foram submetidos à prova. Eles foram expostos como espetáculo, vituperados e atribulados, mas, mesmo assim, permaneceram fieis. Por que retroceder agora?
"Porque também vos compadecestes dos que estavam nas prisões e com gozo permitistes a espoliação dos vossos bens, sabendo que, em vós mesmos, tendes nos céus uma possessão melhor e permanente" (v. 34). O autor faz um elogio ao lembrá-los de que, enquanto ele estivera preso, os hebreus demonstraram cuidado com ele. E mais: eles haviam suportado com alegria o espólio de seus bens por acreditarem que possuíam um melhor tesouro no céu. O que estava acontecendo com essa fé que fora ousada?
"Não rejeiteis, pois, a vossa confiança, que tem grande e avultado galardão" (v. 35). Toda aquela ousadia, fé e confiança demonstradas 110 início da carreira cristã não deveriam, de forma alguma, ser abandonadas. Elas seriam recompensadas pelo Senhor.
"Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa" (v. 36). A promessa da Terra Prometida, a Canaã celeste, existe. Ela, porém, só é alcançada por aqueles que estão dispostos a fazer a vontade de Deus, demonstrando ser pacientes. A jornada é longa, e o cansaço e a fadiga podem deixar muitos pelo caminho.
"Porque ainda um poucochinho de tempo, e o que há de vir virá e não tardará" (v. 37). A expectativa do autor- e também de todo cristão -é que o Senhor retome logo. O tempo não existe para Deus, pois Ele é o Pai da eternidade; todavia, existe para os homens e, às vezes, devido às circunstâncias desfavoráveis, ele parece demasiadamente longo. Urge aguardar nas promessas de Deus.
"Mas o justo viverá da fé; e, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele" (v. 38). Nessa passagem, o autor já sinaliza do que irá tratar daqui para frente - a fé. Ele sabe que a fé é o elemento necessário para permanecermos caminhando na estrada da vida. Deus não demonstra prazer nos que recuam.
"Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que creem para a conservação da alma" (v. 39). Como havia feito em Hebreus 6.9, o autor traz uma palavra de ânimo e consolação a seus leitores. O perigo de recuar, de cair da fé, é real, e não uma hipótese; ele, todavia, demonstrou como evitar isso. Os que continuam perseverando com ânimo e fé conservarão as suas almas.


sexta-feira, 2 de março de 2018

A GRANDE BUSCA

RETIRADO DO LIVRO PAZ COM DEUS, BILLY GRAHAM.

Você começou a grande busca no momento em que nasceu, talvez muitos anos antes que percebesse isso, antes que ficasse aparente que estava constantemente buscando, buscando alguma coisa que você nunca teve, buscando alguma coisa que era mais importante do que qualquer coisa na vida. Algumas vezes, você tentou esquecer o assunto. Algumas vezes, você tentou se concentrar em outras coisas para que não houvesse tempo nem pensamento para nada que não fosse a atividade do momento. Algumas vezes, você até mesmo pode ter pensado que havia se libertado da necessidade de continuar buscando essa coisa não identificada. Em alguns momentos, você quase conseguiu descartar completamente a busca. Mas você sempre se viu de volta a ela, sempre teve que voltar à sua busca.

            Nos momentos mais solitários da sua vida, você olhou para outros homens e mulheres e se perguntou se também estavam buscando alguma coisa que não conseguiam descrever, mas que sabiam que necessitavam. Alguns deles pareciam ter encontrado realização no casamento e na vida familiar. Outros partiam para encontrar fama e fortuna em outras partes do mundo. Outros, ainda, ficavam em casa e prosperavam, e ao olhar para eles, você pode ter pensado: “Estas pessoas não estão na grande busca. Estas pessoas encontraram o seu caminho. Elas sabiam o que queriam, e conseguiram alcançar os seus objetivos. Somente eu é que ando por este caminho que não leva a lugar nenhum. Somente eu é que ando perguntando, buscando, tropeçando nesta estrada escura e desesperadora, que não tem placas indicativas de direção”.

O CLAMOR DA HUMANIDADE
Contudo você não está sozinho. Toda a humanidade está viajando com você, pois toda a humanidade está nessa mesma busca. Toda a humanidade está buscando a resposta para a confusão, a doença moral e o vazio espiritual que oprime o mundo. Toda a humanidade está clamando por orientação, por consolação e por paz.
Nós vivemos na “era da ansiedade”, foi o que nos disseram. Historiadores ressaltam que houve poucas vezes, em toda a história, em que o homem esteve sujeito a tanto temor e incerteza. Todo o respaldo familiar parece ter desaparecido. Falamos de paz, mas somos confrontados pela guerra a cada passo. Idealizamos planos detalhados para ter segurança, mas não a encontramos. Nós nos agarramos a qualquer coisa passageira, e no mesmo momento em que a alcançamos, ela desaparece.
Durante gerações, estivemos correndo como crianças assustadas, de um beco sem saída a outro. A cada vez, dissemos a nós mesmos: “Este caminho é o correto; este nos levará para onde queremos ir”. Mas todas as vezes, estivemos errados.

O CAMINHO DA LIBERDADE POLÍTICA
Um dos primeiros caminhos que escolhemos tinha o nome de “liberdade política”. Basta dar liberdade política a todos, pensamos, e o mundo se tornará um lugar feliz. Vamos escolher os nossos líderes de governo e teremos o tipo de governo que fará com que valha a pena viver. Assim, alcançamos liberdade política, mas não alcançamos o nosso mundo melhor. Os nossos jornais nos apresentam, diariamente, relatos de corrupção nos altos cargos, casos de favoritismo, de exploração, de hipocrisia, que se igualam e, às vezes, sobrepujam o despotismo de antigos reis. A liberdade política é algo precioso e importante, mas não pode, por si só, nos dar o tipo de mundo pelo qual ansiamos.
Houve outro caminho muito promissor, denominado “educação”, e muitas pessoas depositaram nele toda a sua fé. A liberdade política, combinada com a educação, dará conta do recado, diziam as pessoas, e todos nós corremos enlouquecidos pelo caminho educacional. Durante muito tempo, esse caminho pareceu brilhante, bem iluminado, sensato, e nós o percorremos com pés ansiosos e expectantes, mas até onde ele nos levou? Você conhece a resposta. Nós somos as pessoas mais informadas da história da civilização, mas, apesar disso, somos as mais confusas. Os nossos alunos do Ensino Médio têm mais conhecimento das leis físicas do universo do que os maiores cientistas da era de Aristóteles, mas embora nossas cabeças estejam cheias de conhecimento, nossos corações estão vazios.
O mais brilhante e convidativo de todos os caminhos era aquele assinalado como “mais elevados padrões de vida”. Praticamente todos pensaram que poderiam confiar que este caminho os conduzisse automaticamente àquele mundo melhor e mais feliz. Parecia ser o caminho correto. Era o caminho “aperte o botão e chegará lá”. Era o caminho que passava pelos belos e coloridos anúncios das revistas, por todos os reluzentes carros novos, pelas filas resplandecentes de geladeiras e máquinas de lavar, por todos os frangos gordos que preparamos em nossas novíssimas panelas de fundo de cobre. Nós sabíamos que, desta vez, havíamos tirado a sorte grande! Os outros caminhos podiam ter sido falsas pistas, mas desta vez estávamos certos!
Muito bom, olhe à sua volta neste instante. Neste mesmo momento na história, você vê, nos Estados Unidos, um país que tem liberdade política de uma maneira que sequer sonham os habitantes de muitas partes do mundo civilizado. Você vê o maior e mais abrangente sistema de educação pública que o homem já criou, e nós somos elogiados, em casa e no exterior, pelo nosso alto padrão de vida. “O modo de vida norte-americano” é como gostamos de chamar esta economia plenamente eletrificada, completamente automática e folheada a cobre. Mas isso nos fez felizes? Isso nos trouxe a alegria e a satisfação e a razão para viver que estávamos buscando?
Não. À medida que nos erguemos, sentindo-nos presunçosos e orgulhosos pelo fato de que conseguimos realizar grande parte daquilo que as gerações anteriores apenas sonhavam; à medida que cruzamos nossos oceanos em horas, e não mais em meses; à medida que produzimos drogas milagrosas que exterminam algumas das doenças que mais temem os homens; à medida que erigimos edifícios que fazem com que a Torre de Babel pareça um formigueiro; à medida que conhecemos cada vez mais os segredos misteriosos que estão nas profundezas do mar e exploramos distâncias cada vez maiores do espaço sideral, será que conseguimos perder, um bocadinho que seja, aquele sentimento de vazio que há dentro de nós? Será que todas essas maravilhas modernas nos trazem uma sensação de realização, será que nos ajudam a explicar por que estamos aqui, será que nos indicam o que devemos aprender?
Ou será que persiste esse terrível sentimento de vazio? Cada nova descoberta da magnitude do universo nos consola ou faz com que nos sintamos mais sozinhos e desamparados que nunca? Será que o antídoto para o medo, o ódio e a corrupção dos humanos está em algum tubo de ensaio em um laboratório, ou no telescópio de um astrônomo?


A SEDUÇÃO DA CIÊNCIA
Não podemos negar que a ciência deu ao homem muitas coisas que ele pensava querer. Mas a mesma ciência agora nos presenteou com o mais terrível presente que a humanidade já recebeu. A vida e o futuro de cada ser vivo deste planeta são afetados por esse presente da ciência. Ele é como uma sombra lúgubre por trás dos nossos pensamentos ao despertar. Ele está à espreita, sorrateiramente, como uma sombra de horror, nos sonhos de nossos filhos. Nós fingimos que ele não está ali. Nós tentamos fingir que não recebemos esse presente, que é tudo uma brincadeira, e que, em alguma manhã, acordaremos e descobriremos que não conquistamos o espaço e que as armas nucleares nunca foram aperfeiçoadas, entretanto todas as manhãs o nosso jornal nos conta uma história diferente.
Há outros caminhos, é claro, e muitas pessoas os estão percorrendo, agora mesmo. Há os caminhos da fama e da fortuna, do prazer e do poder. Nenhum deles conduz a lugar nenhum, mas somente se aprofunda na lama. Nós estamos aprisionados na rede do nosso próprio modo de pensar, presos de uma maneira tão inteligente e tão completa que não mais conseguimos ver a causa ou a cura da doença que nos inflige uma dor tão mortal.
Se é verdade que “toda doença tem uma cura”, então precisamos nos apressar para encontrá-la. A areia na ampulheta da civilização está escoando rapidamente, e se existe um caminho que conduz à luz, se existe uma maneira de voltar a ter saúde espiritual, não devemos perder uma hora sequer!

 A BUSCA DE SOLUÇÕES
Muitas pessoas estão chafurdando na lama nestes tempos de crise e acham que os seus esforços não os estão ajudando a sair do poço, mas apenas os levam mais para o fundo.
A taxa de suicídio chegou a níveis altíssimos nos anos de 1980. Para os jovens na faixa etária de 10 a 18 anos, essa taxa triplicou nos últimos dez anos. A revista  Leadership estima que meio milhão de pessoas tenta cometer suicídio todos os anos, e que cinquenta mil pessoas realmente se suicidam. Em 1981, o suicídio matou mais pessoas que o homicídio.

No ano passado, milhares de norte-americanos, muitos deles adolescentes, que não conseguiam encontrar nem mesmo as respostas erradas, preferiram se suicidar a continuar peregrinando nesta selva feita pelo homem, à qual chamamos de civilização.
Nas duas últimas décadas, nossa taxa de divórcio disparou, até mesmo na igreja, com um de cada dois casamentos acabando em divórcio. A taxa de divórcio aumentou 100%, desde 1900!
Nós gastamos uma fortuna para “adotar” bonecas engraçadinhas, enquanto nossos filhos sofrem violência sexual ou estão sujeitos às horríveis atrocidades da pornografia infantil. Ouvimos falar de aborto por encomenda, mães de aluguel, bancos de esperma, e muitas outras coisas. Nossas famílias estão despedaçadas, com todos os tipos de violência e aberração.
Assim, “Onde estamos?”, você pergunta. “Onde estamos agora, e para onde vamos?” Deixe-me contar a você onde estamos, e o que somos. Nós somos uma nação de pessoas vazias. Nossas cabeças estão cheias de conhecimento, mas em nossas almas há um vazio espiritual.
Nós nos queixamos, no passado, de que a juventude deste país havia perdido a sua motivação, o seu impulso, a sua disposição para trabalhar e seguir adiante. Todos os dias eu ouvi pais dizendo que não entendiam por que seus filhos não queriam trabalhar, mas apenas queriam receber tudo em suas mãos. Os pais não pareciam perceber que seus filhos bem educados, cuidadosamente criados, estavam, na verdade, vazios por dentro.
Eles não estavam cheios do espírito que faz do trabalho uma alegria. Eles não estavam cheios da determinação que faz do seguir adiante um prazer. E por que eram tão vazios? Porque não sabiam de onde tinham vindo, por que estavam aqui, ou para onde estavam indo!
Hoje, os nossos jovens estão pedindo orientação e perspectiva. Eles procuram modelos para seguir, padrões de propósito. Eles são como filas de belos e novos automóveis, perfeitos em cada detalhe, mas sem gasolina no tanque. O exterior é belo e elegante, mas não há nada no interior que lhes dê impulso, e assim, simplesmente se sentam e enferrujam com o tédio.


A AMPLITUDE DO TÉDIO
Dizem que os Estados Unidos têm uma taxa de tédio per capita que é maior do que a de qualquer outro lugar da terra! Nós sabemos disso, porque temos a maior variedade de entretenimento artificial que qualquer outro país. As pessoas se tornaram tão vazias que não conseguem nem mesmo divertir a si mesmas e precisam pagar para que outras pessoas as divirtam, as façam rir, tentem fazer com que elas se sintam acolhidas, felizes e confortáveis, por alguns minutos, tentando perder aquele terrível e amedrontador sentimento de vazio, aquele temível sentimento de estar perdido e sozinho.
Você pode pensar que o tédio é um problema menor. Todo o mundo fica entediado de vez em quando; isso é apenas natural. Mas deixe que eu lhe conte algo a respeito do tédio e dessa perigosa apatia que invade a terra, a mente e o coração das pessoas. O homem é a única das criaturas de Deus que é capaz de se sentir entediada, embora eu já tenha visto animais em um zoológico que parecem muito entediados! Nenhum outro ser vivo, exceto o homem, pode ficar entediado, consigo mesmo ou com o que o cerca.
Isso é muito significativo, pois o Criador nunca faz nada sem um propósito, e se Ele deu ao homem a capacidade de se entediar, certamente fez isso com um propósito.
O tédio é uma das maneiras asseguradas de avaliar o seu próprio vazio interior! Ele mede, com a mesma precisão de um termômetro, o quanto o seu espírito está vazio! A pessoa que está completamente entediada está vivendo e trabalhando em um vácuo. O seu ser interior é um vácuo, e não há nada que ressinta mais que um vácuo. É uma das regras infalíveis deste universo o fato de que todos os vácuos devem ser preenchidos, e preenchidos imediatamente.

 UMA NAÇÃO DE PESSOAS VAZIAS
Não é preciso voltar a tempos antigos para ver o que acontece com uma nação de pessoas vazias. Não precisamos olhar além da história recente da Alemanha ou da Itália para ver a velocidade mortal com que a natureza preenche os vácuos que acontecem dentro de nós. O nazismo na Alemanha e o fascismo na Itália não conseguiriam encontrar lugar no coração e na alma de uma pessoa que estivesse cheia do Espírito de Deus, mas as falsas ideologias inundam com a maior facilidade a mente e o coração dos que são vazios e estão à espera. A natureza abomina o vácuo, mas cabe a nós, como indivíduos, determinar com o quê o nosso vácuo interior deverá ser preenchido.
Assim, é isso o que somos hoje, uma nação de pessoas vazias. Nós tentamos nos encher de ciência e educação, com uma vida melhor e prazer, com as muitas outras coisas que pensávamos desejar. Nós temos o capitalismo cada vez mais decadente de um lado, e o comunismo profano do outro. Mas ainda estamos vazios. E por que estamos vazios? Porque o Deus nos criou para si mesmo, e  nunca encontraremos a plenitude e a satisfação a não ser na comunhão com Ele.
Em uma entrevista ao Presbyterian Journal (2 de novembro de 1983), Michael Novak, o eminente colunista católico fala sobre a nossa situação: “O socialismo é um sistema para santos... o capitalismo democrático... é um sistema para pecadores”. É por isso que ele acha que o socialismo não irá funcionar neste mundo.
Há muito tempo, Jesus nos disse que “nem só de pão viverá o homem” (Lc 4.4), mas nós não lhe demos ouvido. Nós tentamos fazer exatamente isso.
Nós não conseguimos suportar o terrível vazio em nós mesmos; não conseguimos olhar para a estrada solitária e desolada que está à frente. Estamos desesperadamente cansados do ódio, da avareza e da luxúria que sabemos que há dentro de nós, porém somos impotentes e não conseguimos nos livrar disso para nos encher de algo melhor.
“O tempo e a ocasião não esperam por ninguém”, disse Sir Walter Scott. As ferramentas da aniquilação total estão ao nosso alcance. Não podemos mais percorrer caminhos falsos, não podemos mais explorar estradas desconhecidas, não podemos mais permitir que nos armem ciladas em becos sem saída. Nós não temos mais tempo! Pois a nossa geração realizou o que outras gerações somente tentaram fazer, ou sonharam fazer, em seus mais insanos momentos de poder e brutalidade! Nós conseguimos construir as armas da destruição total. Nós estamos testemunhando o clímax da loucura do homem, à beira do holocausto nuclear.
Como os demônios devem ter rido quando alguns dos mais brilhantes homens da terra trabalharam furiosamente durante anos para alcançar este horror! O átomo dividido! Dividir e conquistar! Dividir, destruir, esmagar, despedaçar e esfarelar! O grande enganador fez o seu trabalho, e os homens o ajudaram ansiosamente. Vemos diante de nós a obra-prima de Satanás, a sua astuta contrapartida para as línguas divididas do fogo divino. Pois tanto o fogo satânico como as chamas pentecostais caem do alto, são partidos, iluminam, transformam instantaneamente tudo o que tocam, mas com uma grande diferença. A diferença entre o céu e o inferno!

UM MUNDO DE PONTA-CABEÇA
Estamos vivendo em um mundo de ponta-cabeça, onde tudo é confusão, mas você pode ter a certeza de que é uma confusão com um plano — o plano de Satanás! A Bíblia nos diz que ele é o grande enganador, e que se dedicou à causa do nosso grande autoengano e às mentiras que há entre as nações de todo este mundo. Satanás nos leva a crer que as coisas estão melhorando, quando, na verdade, estão piorando.
Todos nós reconhecemos que o mundo mudou radicalmente, desde o princípio deste século. Estamos cientes do ritmo crescente, do espírito de revolução que procura acabar com os limites e tradições estabelecidas, da velocidade com que o modo de falar, a moda, os costumes, as habitações e o nosso modo de viver e pensar, tudo está sendo modificado.
Há poucos anos, as crianças se encantavam com a possibilidade de um passeio pela estação de trens, para vê-los chegando. Hoje, elas não se interessam nem mesmo pelas viagens espaciais. Quantas delas sabem quando será lançado outro ônibus espacial, ou quem estará a bordo? Nós, que no passado nos maravilhamos com o telégrafo, agora encaramos naturalmente o milagre muito maior que é a televisão. Não faz muito tempo, muitas das enfermidades físicas da humanidade eram consideradas incuráveis e sem esperança. Hoje, temos remédios tão eficazes que muitas das antigas doenças estão desaparecendo. Nós conseguimos muita coisa, e não há dúvida quanto a isso.
Porém, mesmo com todo esse progresso, o homem não conseguiu solucionar o problema básico da raça humana. Podemos construir os mais altos edifícios, os aviões mais rápidos, as pontes mais extensas. Conseguimos explorar lugares distantes no espaço e conquistamos o desconhecido. Mas ainda não conseguimos governar a nós mesmos, nem viver juntos, em paz e igualdade!
Nós podemos criar excelentes escolas de arte e música, podemos descobrir vitaminas novas e melhores, mas não há nada de novo a respeito das nossas dificuldades. Elas são as mesmas antigas dificuldades que o homem sempre teve, com a diferença de que elas parecem maiores e mais abundantes. Elas podem nos aparecer de diferentes maneiras, podem parecer nos infligir uma dor mais aguda e uma angústia mais profunda, todavia, fundamentalmente, estamos enfrentando as mesmas tentações, as mesmas provações, os mesmos testes que sempre confrontaram a humanidade.
Todo o tempo, desde aquele trágico momento, no Jardim do Éden, em que o homem abriu mão da vontade de Deus em favor da sua própria vontade, somos atormentados pelos mesmos problemas. A causa disso está declarada no terceiro capítulo do livro de Gênesis. As terríveis condições que produziram tais problemas estão apresentadas no primeiro capítulo da Epístola aos Romanos. E o Evangelho de Jesus Cristo nos apresenta o remédio.

É a natureza depravada do homem, a sua natureza pecadora, que o enche de ódio, inveja, avareza e ciúme. A maldição do pecado está sobre o seu corpo, e ele é assombrado permanentemente pelo temor da morte. A sua criatividade permitiu que ele modificasse tudo, exceto a si mesmo. Pois o homem, apesar do tão aclamado “progresso” dos nossos tempos, permanece exatamente igual ao que era no princípio.

O PECADO AINDA É O MESMO
O pecado também permanece inalterado, ainda que o homem tenha empregado seus melhores esforços para alterá-lo. Nós tentamos suavizá-lo com outros nomes. Colocamos novos rótulos no mesmo antigo frasco de veneno. Tentamos caiar o edifício decadente, fingindo que ele está restaurado (ou novo).
Tentamos chamar os pecados de “erros”, ou “enganos”, ou “falta de bom senso”, mas o pecado permanece o mesmo. Não importa a maneira como tentamos salvar nossa consciência, nós sabemos, todo o tempo, que os homens ainda são pecadores, e as consequências do pecado ainda são: doença, desapontamento, desilusão, desespero e morte.
A tristeza também não mudou. Ela começou quando Adão e Eva olharam, com o coração partido, para o corpo sem vida de seu filho assassinado, Abel, e conheceram o peso esmagador da angústia. E até hoje, a tristeza é a linguagem universal do homem. Ninguém consegue escapar a ela; todos a sentem. Para um dos amigos que consolavam Jó, a tristeza até mesmo parecia ser o objetivo da vida, pois ele disse: “Mas o homem nasce para o trabalho, como as faíscas das brasas se levantam para voar” (Jó 5.7).
Também a morte, ainda é a mesma. O homem tentou modificar a sua aparência. Nós deixamos de usar a palavra “papa-defunto” e passamos a empregar “agente funerário”. Agora, nós colocamos os corpos em “urnas funerárias”, em vez de “caixões”. Nós temos “casas funerárias” em vez de “salas de defuntos”, e “jardins de lembranças” em vez de “cemitérios”. Nós tentamos suavizar a dureza dos últimos ritos, mas independentemente da maneira como chamemos a situação, ou de quão vivo podemos tornar o cadáver, por meio de maquiagem, a fria, dura e cruel realidade da morte não mudou ao longo de toda a história do homem. Um amigo que lutava com um câncer terminal escreveu recentemente: “Eu percebi que não é o câncer que é terminal, e sim a vida!”
Estes três fatos constituem a verdadeira história do homem: o seu passado está cheio de pecado; o seu presente é abundante em tristezas e a certeza da morte o espera no futuro.
A Bíblia diz: “aos homens está ordenado morrerem uma vez...” (Hb 9.27), e para uma pessoa normal, esta parece ser uma situação difícil e desesperadora. Centenas de filosofias e dezenas de religiões foram inventadas pelos homens em seus esforços para driblar a Palavra de Deus. Filósofos e psicólogos modernos ainda estão tentando nos convencer de que há outro caminho, que não o caminho de Jesus. Mas o homem já esteve em todos eles, e não foram levados a nenhum lugar, exceto para baixo.
Cristo veio para nos dar respostas para os três problemas permanentes: o pecado, a tristeza e a morte. É Jesus Cristo, e somente Ele, que é permanente e imutável, “o mesmo ontem, e hoje, e eternamente” (Hb 13.8). Como escreveu o compositor de hinos religiosos Henry F. Lyte, “Mudança e decadência em tudo o que vejo; Ó, Tu, que não mudas, fica comigo”.
Todas as outras coisas podem mudar, mas Cristo permanece imutável. No mar inquieto e revolto das paixões humanas, Cristo permanece calmo e firme, pronto a dar as boas-vindas a todos os que se convertem a Ele e aceitam as bênçãos da segurança e da paz. Pois estamos vivendo em uma era de graça, em que Deus promete que qualquer pessoa pode ir à sua preciosa presença e receber o seu Filho como Senhor e Salvador. Mas este período de graça não permanecerá indefinidamente. Mesmo agora, estamos vivendo um tempo emprestado.

CLASSE PRIMÁRIOS - JESUS CHAMA ALGUNS AJUDANTES.

           QUATRO PESCADORES SEGUEM JESUS/ 4.18-22 /
Um dia, quando Jesus caminhava às margens do Mar da Galileia, Ele viu dois pares de irmãos que estavam pescando. Jesus disse a esses homens - Pedro, André, Tiago e João - para deixarem sua atividade de pesca para "pescar homens" - e conduzir outros a Deus. Jesus os estava convidando a abandonar seu negócio financeiramente lucrativo, para serem espiritualmente produtivos. Todos os seguidores de Cristo precisam pescar almas.
           JESUS PREGA EM TODA A GALILÉIA/ 4.23-25
Um dia, quando Jesus caminhava às margens do Mar da Galileia, Ele viu dois pares de irmãos que estavam pescando. Jesus disse a esses homens - Pedro, André, Tiago e João - para deixarem sua atividade de pesca para "pescar homens" - e conduzir outros a Deus. Jesus os estava convidando a abandonar seu negócio financeiramente lucrativo, para serem espiritualmente produtivos. Todos os seguidores de Cristo precisam pescar almas.                              EXTRAÍDO DO COMENTARIO APLICAÇÃO PESSOAL.