terça-feira, 21 de novembro de 2017

O PROFETA NO ANTIGO TESTAMENTO

Is 6.8,9 “Depois disso, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então, disse eu: Eis-me aqui,envia-me a mim . Então, disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis.”
O LUGAR DOS PROFETAS NA HISTÓRIA DE HEBREUS. (1) Os profetas do AT eram homens de Deus que, espiritualmente, achavam-se muito acima de seus contemporâneos.
Nenhuma categoria, em toda a literatura, apresenta um quadro mais dramático do que os profetas do AT. Os sacerdotes, juízes, reis, conselheiros e os salmistas, tinham cada um, lugar distintivo na história de Israel, mas nenhum deles, logrou alcançar a estatura dos profetas, nem chegou a exercer tanta influência na história da redenção. (2) Os profetas exerceram considerável influência sobre a composição do AT. Tal fato fica evidente na divisão tríplice da Bíblia hebraica: a Torá, os Profetas e os Escritos (cf. Lc 24.44). A categoria dos profetas inclui seis livros históricos, compostos sob a perspectiva profética: Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis. É provável que os autores desses livros fossem profetas. Em segundo lugar, há dezessete livros proféticos específicos (Isaías até Malaquias). Finalmente, Moisés, autor dos cinco primeiros livros da Bíblia (a Torá), era profeta (Dt 18.15). Sendo assim, dois terços do AT, no mínimo, foram escritos por profetas.
PALAVRAS HEBRAICAS APLICADAS AOS PROFETAS.
(1) Ro’eh. Este substantivo, traduzido por “vidente”, em português, indica a capacidade especial de se ver na dimensão espiritual e prever eventos futuros. O título sugere que o profeta não era enganado pela aparência das coisas, mas que as via conforme realmente eram — da perspectiva do próprio Deus. Como vidente, o profeta recebia sonhos, visões e revelações, da parte de Deus, que o capacitava a transmitir suas realidades ao povo.
(2) Nabi’. (a) Esta é a principal palavra hebraica para “profeta”, e ocorre 316 vezes no AT.
Nabi’im é sua forma no plural. Embora a origem da palavra não seja clara, o significado do verbo hebraico “profetizar” é: “emitir palavras abundantemente da parte de Deus, por meio do Espírito de Deus” (Gesenius, Hebrew Lexicon). Sendo assim, o nabi’ era o porta-voz que emitia palavras sob o poder impulsionador do Espírito de Deus. A palavra grega prophetes, da qual se deriva a palavra “profeta” em português, significa “aquele que fala em lugar de outrem”. Os profetas falavam, em lugar de Deus, ao povo do concerto, baseados naquilo que ouviam, viam e recebiam da parte dEle. (b) No AT, o profeta também era conhecido como “homem de Deus” (ver 2Rs 4.21 nota), “servo de Deus” (cf. Is 20.3; Dn 6.20), homem que tem o Espírito de Deus sobre si (cf. Is 61.1-3), “atalaia” (Ez 3.17), e “mensageiro do Senhor” (Ag 1.13). Os profetas também interpretavam sonhos (e.g., José, Daniel) e interpretavam a história — presente e futura — sob a perspectiva divina.
HOMENS DO ESPÍRITO E DA PALAVRA. O profeta não era simplesmente um líder religioso, mas alguém possuído pelo Espírito de Deus (Ez 37.1,4). Pelo fato do Espírito e a Palavra estarem nele, o profeta do AT possuía estas três características: (1)
Conhecimentos divinamente revelados. Ele recebia conhecimentos da parte de Deus no tocante às pessoas, aos eventos e à verdade redentora. O propósito primacial de tais conhecimentos era encorajar o povo a permanecer fiel a Deus e ao seu concerto. A característica distintiva da profecia, no AT, era tornar clara a vontade de Deus ao povo mediante a instrução, a correção e a advertência. O Senhor usava os profetas para pronunciarem o seu juízo antes de este ser desferido. Do solo da história sombria de Israel e de Judá, brotaram profecias específicas a respeito do Messias e do reino de Deus, bem como predições sobre os eventos mundiais que ainda estão por ocorrer.
(2) Poderes divinamente outorgados. Os profetas eram levados à esfera dos milagres à medida que recebiam a plenitude do Espírito de Deus. Através dos profetas, a vida e o poder divinos eram demonstrados de modo sobrenatural diante de um mundo que, doutra forma, se fecharia à dimensão divina.
(3) Estilo de vida característico. Os profetas, na sua maioria, abandonaram as atividades corriqueiras da vida a fim de viverem exclusivamente para Deus. Protestavam intensamente contra a idolatria, a imoralidade e iniquidades cometidas pelo povo, bem como a corrupção praticada pelos reis e sacerdotes. Suas atividades visavam mudanças santas e justas em Israel. Suas investidas eram sempre em favor do reino de Deus e de sua justiça. Lutavam pelo cumprimento da vontade divina, sem levar em conta os riscos pessoais.

OITO CARACTERÍSTICAS DO PROFETA DO ANTIGO TESTAMENTO. Que tipo de pessoa era o profeta do AT?
(1) Era alguém que tinha estreito relacionamento com Deus, e que se tornava confidente do Senhor (Am 3.7). O profeta via o mundo e o povo do concerto sob a perspectiva divina, e não segundo o ponto de vista humano.
(2) O profeta, por estar próximo de Deus, achava-se em harmonia com Deus, e em simpatia com aquilo que Ele sofria por causa dos pecados do povo. Compreendia, melhor que qualquer outra pessoa, o propósito, vontade e desejos de Deus. Experimentava as mesmas reações de Deus.
Noutras palavras, o profeta não somente ouvia a voz de Deus, como também sentia o seu coração (Jr 6.11; 15.16,17; 20.9).
(3) À semelhança de Deus, o profeta amava profundamente o povo. Quando o povo sofria, o profeta sentia profundas dores (ver O LIVRO DAS LAMENTAÇÕES). Ele almejava para Israel o melhor da parte de Deus (Ez 18.23). Por isso, suas mensagens continham, não somente advertências, como também palavras de esperança e consolo.
(4) O profeta buscava o sumo bem do povo, i.e., total confiança em Deus e lealdade a Ele; eis porque advertia contra a confiança na sabedoria, riqueza e poder humanos, e nos falsos deuses (Jr 8.9,10; Os 10.13,14; Am 6.8). Os profetas continuamente conclamavam o povo a viver à altura de suas obrigações conforme o seu concerto estabelecido com Deus, para que viesse a receber as bênçãos da redenção.
(5) O profeta tinha profunda sensibilidade diante do pecado e do mal (Jr 2.12,13, 19; 25.3-7; Am 8.4-7; Mq 3.8). Não tolerava a crueldade, a imoralidade e a injustiça. O que o povo considerava leve desvio da Lei de Deus, o profeta interpretava, às vezes, como funesto. Não podia suportar transigência com o mal, complacência, fingimento e desculpas do povo (32.11; Jr 6.20; 7.8-15; Am 4.1; 6.1). Compartilhava, mais que qualquer outra pessoa, do amor divino à retidão, e do ódio que o Senhor tem à iniqüidade (cf. Hb 1.9 nota).
(6) O profeta desafiava constantemente a santidade superficial e oca do povo, procurando desesperadamente encorajar a obediência sincera às palavras que Deus revelara na Lei. Permanecia totalmente dedicado ao Senhor; fugia da transigência com o mal e requeria fidelidade integral a Deus. Aceitava nada menos que a plenitude do reino de Deus e a sua justiça, manifestadas no povo de Deus.
(7) O profeta tinha uma visão do futuro, revelada em condenação e destruição (e.g., 63.1-6; Jr 11.22,23; 13.15-21; Ez 14.12-21; Am 5.16-20,27, bem como em restauração e renovação (e.g., 61– 62; 65.17–66.24; Jr 33; Ez 37). Os profetas enunciaram grande número de profecias acerca da vinda do Messias (ver o diagrama das PROFECIAS DO ANTIGO TESTAMENTO CUMPRIDAS EM CRISTO).
(8) Finalmente, o profeta era, via de regra, um homem solitário e triste (Jr 14.17,18; 20.14-18; Am 7.10-13; Jn 3– 4), perseguido pelos falsos profetas que prediziam paz, prosperidade e segurança para o povo que se achava em pecado diante de Deus (Jr 15.15; 20.1-6; 26.8-11; Am 5.10; cf. Mt 23.29-36; At 7.51-53). Ao mesmo tempo, o profeta verdadeiro era reconhecido como homem de Deus, não havendo, pois, como ignorar o seu caráter e a sua mensagem.
O PROFETA E O SACERDOTE. Durante a maior parte da história de Israel, os sacerdotes e profetas, constantemente, entravam em conflito. O plano de Deus era que houvesse cooperação entre eles, mas os sacerdotes tendiam a aderir ao liberalismo e deixavam de protestar contra a decadência do povo de Deus. (1) Os sacerdotes muitas vezes concordavam com a situação anormal reinante, e sua adoração a Deus resumia-se em cerimônias e liturgia. Embora a moralidade ocupasse um lugar formal na sua teologia, não era enfatizada por eles na prática. (2) O profeta, por outro lado, ressaltava fortemente o modo de vida, à conduta, e as questões morais. Repreendiam constantemente os que apenas cumpriam com os deveres litúrgicos. Irritava, importunava, denunciava, e sem apoio humano defendia justas exigências e insistia em aplicar à vida os eternos princípios de Deus. O profeta era um ensinador de ética, um reformador moral e um inquietador da consciência humana. Desmascarava o pecado e a apostasia, procurando sempre despertar o povo a um viver realmente santo.
A MENSAGEM DOS PROFETAS DO ANTIGO TESTAMENTO. A mensagem dos profetas enfatiza três temas principais:
(1) A natureza de Deus. (a) Declaravam ser Deus o Criador e Soberano onipotente do universo (e.g., 40.28), e o Senhor da história, pois leva os eventos a servirem aos seus supremos propósitos de salvação e juízo (cf. Is 44.28; 45.1; Am 5.27; Hc 1.6). (b) Enfatizavam que Deus é santo reto e justo, e não pode tolerar o pecado, iniquidade e injustiça. Mas a sua santidade é temperada pela misericórdia. Ele é paciente e tardio em manifestar a sua ira. Sendo Deus santo, em sua natureza, requer que seu povo seja consagrado e santo ao SENHOR (Zc 14.20; cf. Is 29.22-24; Jr 2.3). Como o Deus que faz concerto, que entrou num relacionamento exclusivo com Israel, requer que seu povo obedeça aos seus mandamentos, como parte de um compromisso de relacionamento mútuo.
(2) O pecado e o arrependimento. Os profetas do AT compartilhavam da tristeza de Deus diante da contínua desobediência, infidelidade, idolatria e imoralidade de seu povo segundo o concerto. E falavam palavras severas de justo juízo contra os transgressores. A mensagem dos profetas era idêntica a de João Batista e de Cristo: “arrependei-vos, senão igualmente perecereis”. Prediziam juízos catastróficos, tal como a destruição de Samaria, pela Assíria (e.g. Os 5.8-12; 9.3-7; 10.6-15), e a de Jerusalém por Babilônia (e.g., Jr 19.7-15; 32.28-36; Ez 5.5-12; 21.2, 24-27). (3) Predição e esperança messiânica. (a) Embora o povo tenha sido globalmente infiel a Deus e aos seus votos, segundo o concerto, os profetas jamais deixaram de enunciar-lhe mensagens de esperança. Sabiam que Deus cumpriria os ditames do concerto e as promessas feitas a Abraão através de um remanescente fiel (ver o estudo O CONCERTO DE DEUS COM ABRAÃO, ISAQUE E JACO).
No fim, viria o Messias, e através dEle, Deus haveria de ofertar a salvação a todos os povos. (b) Os profetas colocavam-se entre o colapso espiritual de sua geração e a esperança da era messiânica. Eles tinham de falar a palavra de Deus a um povo obstinado, que, inexoravelmente rejeitavam a sua mensagem (cf. Is 6.9-13). Os profetas eram tanto defensores do antigo concerto, quanto precursores do novo. Viviam no presente, mas com a alma voltada para o futuro.
OS FALSOS PROFETAS. Há numerosas referências no AT aos falsos profetas. Por exemplo: quatrocentos falsos profetas foram reunidos pelo rei Acabe (2Cr 18.4-7); um espírito mentiroso achava-se na boca deles (2Cr 18.18-22). Segundo o AT, o profeta era considerado falso (1) se desviasse as pessoas do Deus verdadeiro para alguma forma de idolatria (Dt 13.1-5); (2) se praticasse adivinhação, astrologia, feitiçaria, bruxaria e coisas semelhantes (ver Dt 18.10,11 notas); (3) se suas profecias contrariassem as Escrituras (Dt 13.1-5); (4) se não denunciasse os pecados do povo (Jr 23.9-18); ou (5) se predissesse coisas específicas que não cumprissem (Dt 18.20-22). Note que os profetas, do novo concerto não falavam de modo irrevogável e infalível como os profetas do AT, que eram a voz primacial de Deus no que dizia respeito a Israel. No NT, o profeta é apenas um dos cinco dons ministeriais da igreja (ver o estudo DONS MINISTERIAIS PARA A IGREJA). Os profetas no NT tinham limitações que os profetas do AT desconheciam (cf. 1Co 14.29-33), por causa da natureza multifacetada e interdependente do ministério nos tempos do NT (ver o estudo DONS ESPIRITUAIS PARA O CRENTE).

Extraído da Bíblia De Estudo Pentecostal 2.0

sábado, 18 de novembro de 2017

“SUBSÍDIO” LIÇÂO 8 – 4º TRI- SALVAÇÃO E LIVRE-ARBÍTRIO.

Extraído do livro: A obra da Salvação.
Autor da obra: Claiton  Ivan Pommerening.

Livre-arbítrio significa a tomada de decisão humana para a salvação conquistada por Jesus na cruz do calvário.
 A salvação é oferecida a todos os seres humanos indistinta e gratuitamente (Ap 22.17) e por uma escolha pessoal e livre de cada um. Todos os que a aceitam serão salvos e predestinados à vida eterna, pois Ele quer que todos sejam salvos (2 Pe 3.9). Essa maneira de pensar a Soteriologia é professada pelos pentecostais e teve sua origem em Jacó Armínio (1560–1609), sendo também explicada depois por John Wesley (1703–91) e John William Fletcher (1729–85). Logo, a doutrina calvinista é rejeitada por estes, tornando-se incompatível com a Teologia Pentecostal, não necessariamente por não poder conviver com esta, mas especialmente porque o calvinismo nega algumas dinâmicas do pentecostalismo, como será visto adiante, sendo, assim, irreconciliáveis. Essa declaração é necessária porque o calvinismo é, majoritariamente, cessacionista.111 Portanto, de forma subjetiva, estão fazendo os pentecostais abdicarem da doutrina mais cara ao pentecostalismo, que é o batismo no Espírito Santo.
Os pentecostais também rejeitam a doutrina de Calvino por ela ser fatalista, muito acomodatícia quanto ao evangelismo, supondo certa injustiça em Deus, além de sugerir uma robotização humana; pode levar à acomodação quanto à santificação e ao empenho para a salvação de outros. Por isso, aproximam-se mais da doutrina de Armínio, mas isso não significa que toda a Teologia arminiana possa ser aceita sem qualquer problema. Este capítulo, entretanto, não se propõe a encontrar essas falhas, mas simplesmente apontar a coerência existente entre a doutrina arminiana e a Teologia Pentecostal.
É bom recomendar que não se façam disputas entre calvinismo e arminianismo, mas que se exercite a tolerância cristã e o respeito nas questões divergentes, que são muitas. Até porque os irmãos calvinistas são acusados por alguns, dada a ênfase fundamentalista de suas doutrinas, que são intolerantes; eles são levados ao orgulho espiritual por serem os predestinados;112 sua ação evangelística é quase nula e isolam-se das demais igrejas.113 O calvinismo também confessa uma pureza doutrinária acima das demais teologias evangélicas, pureza esta que acaba tornando-se um meio de auto-salvação. Apesar disso, há, também, alguns pontos de contato entre as doutrinas. Silas Daniel afirmou “que o calvinismo honra a Deus tanto quanto o arminianismo, claramente estou me referindo ao calvinismo majoritário, compatibilista (o outro extremo é o fatalista).” Há pontos de contato especialmente no pentecostalismo mais popular, onde há “certo fatalismo quando se trata de ‘causas e consequências’”, especialmente diante de grandes tragédias. A frase “Deus assim quis” é muito comum sem levar em conta a lógica da afirmação em alguns contextos.”114
A título de resumo do calvinismo, pode afirmar-se que este segue a linha de pensamento de Agostinho quanto à salvação, onde a liberdade das escolhas humanas está limitada à vontade de Deus, afirmando que o homem é cativo ou de Deus ou do Diabo. Essa mesma linha de pensamento foi esboçada por Martinho Lutero (1486–1546) no início da Reforma (séc. XVI), embora Filipe Melâncton (1497–1560), seu sucessor, apoiasse o sinergismo.115
Armínio escreveu que não poderia concordar com o calvinismo, chamando- o, então, de repugnante, tendo em vista algumas contrariedades que são: Deus jamais criaria algo, como a predestinação, para a condenação, com o propósito de não ser unicamente bom, ou seja, “que Deus criou algo para a perdição eterna para o louvor da sua justiça”; se Deus predestinasse alguém à perdição, seria para demonstrar a glória de sua misericórdia e da sua justiça, mas Ele não pode demonstrar tal glória através de um ato contrário à sua misericórdia e justiça, como a predestinação à condenação; se Deus condenasse os seres humanos desde a sua criação, Ele quereria o maior mal para as suas criaturas e teria predeterminado, desde a eternidade, o mal para elas, mesmo antes de conceder-lhes qualquer bem; assim, Deus quis condenar e, para que pudesse fazer isso, Ele quis criar, embora a própria criação é uma demonstração de sua bondade; entretanto, contrariando essa ideia espúria, Deus confere bênçãos e benefícios sobre o mau e o injusto e até sobre aqueles que são merecedores de punição; o pecado é chamado de desobediência e rebelião; logo, Deus teria colocado alguns sob uma necessidade inevitável de pecar, o que seria impossível; a condenação é consequência do pecado; este, entretanto, sendo causa, não pode ser colocado como meio pelo qual Deus executa o decreto ou a vontade de reprovação dos seres humanos; a predestinação tem um paradoxo intransponível, que é o fato de os pecadores destinados à condenação terem sido condenados antes mesmo de Jesus ter sido predestinado, muito embora Ele tenha sido morto desde a fundação do mundo para ser o salvador; isso desonra a Cristo e sua obra; se a salvação de alguns já tinha sido preordenada, Ele, então, foi apenas um ministro e um instrumento para dar-nos a salvação, assumindo um protagonismo secundário, e sua morte foi desnecessária, pois, quem fosse destinado à salvação seria salvo do mesmo jeito.116
Recentemente, tem havido uma aproximação ao calvinismo por parte de alguns pentecostais mais intelectualizados, mas isso se deve mais a uma lacuna pentecostal histórica quanto à educação teológica sólida, que deixou uma classe intelectualizada mais abandonada,117 do que propriamente a habilidade de fazer coadunar as duas teologias.



A ELEIÇÃO BÍBLICA É SEGUNDO A PRESCIÊNCIA DIVINA

Eleição é a escolha que Deus faz para com grupos ou indivíduos com fins específicos determinados por Ele — no caso aqui abordado, para a salvação. Uma das palavras hebraicas para eleição, yãdha’,118 tem uma conotação amorosa no sentido de que Deus elege não simplesmente por uma mera escolha, mas especialmente porque seus afetos levam-no a escolher as pessoas para a salvação. Essa mesma palavra é usada quando o Antigo Testamento refere-se a um casal que teve relações sexuais, ou seja, há um envolvimento de afetos. A eleição amorosa também está presente num termo grego usado por Paulo (Rm 8.29), proginõskõ, que expressa o sentido de que Deus amou de antemão. Tendo em vista esse amor, Paulo escreveu poeticamente: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia: fomos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou” (Rm 8.35-37). Assim, segundo a doutrina arminiana, Deus elegeu e destinou todos para a salvação (Jo 3.14-16; 1 Pe 2.9), “para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.15).
No Antigo Testamento, a Eleição tem um significado mais específico do que no Novo Testamento. Exemplo disso é a escolha de Abraão e sua descendência, que, depois, vieram a formar a nação de Israel. Deus chamou o patriarca e fez-lhe promessas, e este livremente respondeu ao chamado; porém, diante dele, estava a possibilidade de não atender ao convite. A eleição de Israel (Is 51.2; Os 11.1) e alguns indivíduos dela, de maneira específica, é pontual na história porque Deus tinha o propósito de, através dessa nação, trazer o Salvador. Por ser uma eleição pontual, ela não pode servir de base, em se tratando de salvação, para estabelecer uma eleição absoluta e específica apenas para determinadas pessoas e outras não. A liberdade de escolha para obedecer que Deus deu para Israel e a desobediência e rebeldia do povo fizeram eles perderem algumas das bênçãos prometidas (Jr 6.30; 7.29) e, assim, servissem-nos de exemplo para não repetirmos os mesmos erros (1 Co 10.6,11).
Por mais que pareça, a eleição não trouxe privilégios para a nação de Israel, mas, sim, responsabilidades. No entanto, por não conseguir cumprir sua parte na eleição, Israel nunca deixou de ser alvo do amor de Deus, embora sofresse as consequências (destruição da nação) por não agirem como povo escolhido. A eleição divina é o ato pelo qual Deus chama os pecadores para a salvação em Cristo e torna-os santos (Rm 8.29-30). Essa eleição é proclamada através da pregação do evangelho (Jo 1.11; At 13.46; 1 Co 1.9), e Deus deseja que todos sejam salvos e respondam afirmativamente ao chamado para a salvação (At 2.37; 1 Tm 2.4; 2 Pe 3.9). Os que crerem serão salvos; os que não crerem, porém, serão condenados (Mc 16.16). Alguns, ao ouvirem o evangelho, se endurecem ainda mais em seus pecados (Jo 1.11; At 17.32) e perdem a oportunidade de salvação.
Presciência é a capacidade que Deus tem de saber todas as coisas de antemão (At 22.14; Rm 9.23) e também de interferir na história humana (Ne 9.21; Sl 3.5; 9.4; Hb 1.3). Ele é soberano (Jó 42), provedor (Sl 104) e também sabe quem irá responder positivamente ao convite para a salvação (Rm 8.30; Ef 1.5). Ele proveu a salvação para todos, mas nem todos atendem ao seu convite, pois Ele mesmo, em sua bondade, deu para seus filhos a possibilidade da escolha. Assim, Deus cortou Israel (Mt 21.43) por escolha deles e enxertou os salvos em seu lugar, e foram esses salvos que se tornaram o Israel de Deus (Rm 11.17-24). Em sua soberania, estamos sob os cuidados e a presciência de Deus, mas também desfrutamos paradoxalmente da liberdade do livre-arbítrio dado por Ele, e isso aumenta a responsabilidade humana em obedecer aos seus mandamentos (Ap 3.20). “Mas o justo viverá da fé; e, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele” (Hb 10.38).
Eleição é uma decisão de Deus desde a eternidade, mas é condicionada à vontade humana. Entretanto, essa vontade não prejudica em nada a vontade de Deus. Ele não é pego de surpresa diante da livre vontade humana, pois Ele previu essa vontade. Podemos com toda a certeza afirmar que o que Deus predestinou foi, de fato, a vontade humana, no sentido de ela ser completamente livre, ou seja, Ele criou o homem determinando que este teria liberdade de escolhas. “Mas devemos sempre dar graças a Deus, por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito e fé da verdade” (2 Ts 2.13)
Antonio Gilberto ensina que “na Bíblia, mencionam-se a eleição divina coletiva, como a de Israel (Is 45.4; 41.8-9) e a da Igreja (Ef 1.4); e a individual, como a de Abraão (Ne 7.9) e a de cada crente (Rm 8.29).”119 Severino Pedro propõe outra forma. Ele classifica a eleição de quatro maneiras: preventiva, quando Deus usa de vários meios para impedir o mal na vida dos que são chamados e atendem à sua salvação (Gn 20.6); permissiva, que diz respeito às coisas que Deus não proíbe nem restringe, mas fica na vontade do homem (Dt 8.2); diretiva, que se baseia na vontade perfeita de Deus dirigindo a vontade humana (Gn 50.20); e determinativa, que é quando Deus decide e executa conforme a sua soberana vontade (Jó 42.2).120

ARMÍNIO E O LIVRE-ARBÍTRIO
O livre-arbítrio foi desenvolvido por Jacó Armínio após ele ter sido chamado a refutar os escritos do teólogo Dirck Volkertsz. Koornhert (1522– 90), quando este atacou a doutrina calvinista da predestinação;121 mas, ao estudar profundamente o assunto e as soteriologias sinergistas dos pais da igreja como, por exemplo, Ambrósio (337–97 d.C.) e Tertuliano (160–220 d.C.), Armínio chegou à conclusão que Koornhert tinha razão e passou a defender a doutrina hoje chamada arminiana. Entretanto, perceba que mesmo o arminianismo é uma doutrina que estuda a predestinação humana, cujo ponto mais divergente do calvinismo é a atuação da graça para a salvação do homem, no sentido de se a decisão é humana ou divina para isso. A doutrina arminiana desse ponto afirma que, “não apenas, portanto, a cruz de Cristo é necessária para solicitar e obter a redenção, como a fé na cruz também é necessária para obter a posse dessa redenção.”122
Jacó Armínio (Jakob Hermanszoon) nasceu na Holanda em 1560, foi pastor de uma igreja em Amsterdã e recebeu o título de doutor em Teologia pela Universidade de Leiden. Sua principal defesa doutrinária é o livre-arbítrio humano. Por causa de seu posicionamento, enfrentou forte oposição, perseguição e falsas acusações por parte dos calvinistas. Sua reação, porém, sempre foi de uma postura tolerante e não combativa, embora convicto de suas opiniões.
Armínio escreveu inúmeras obras. Em português, temos três grandes volumes traduzidos pela CPAD que defendem o sinergismo na salvação (crença na cooperação divino-humana) contra o monergismo (Deus é quem determina a salvação e quem se salvará, excluindo a participação humana). A monergista foi retomada por João Calvino e seus seguidores a partir de Agostinho de Hipona.
O livre-arbítrio é a possibilidade que os seres humanos têm de fazer escolhas e tomar decisões que afetam seu destino eterno, especificamente quando se trata de sua salvação, ou seja, cabe a cada um deixar-se convencer pelo Espírito Santo e ser salvo por Jesus ou não, embora Deus dê para todos a oportunidade da salvação. Se não houvesse livre-arbítrio, a culpa humana seria algo quase impossível, pois não haveria também liberdade de escolha. No Jardim do Éden, Deus outorgou a possibilidade da escolha ao homem (Gn 2.16-17). A Caim, Ele afirmou que o pecado jaz à porta como primeira evidência de escolhas após o Jardim do Éden (Gn 4); a Israel, Ele deu a prerrogativa da escolha (Dt 30.19), e à toda a humanidade, Ele também deu a possibilidade de escolher entre salvação e perdição (Mc 16.16).
Uma vez que escolhemos a Deus, abrimos voluntariamente mão da dádiva do livre-arbítrio. A partir daí, não temos mais escolhas no sentido salvífico da questão. Deus é quem nos direciona, e continuar fazendo as próprias escolhas sem a direção divina não significa exercer livre-arbítrio, mas, sim, desobediência. Abrir mão do livre-arbítrio para viver e ser direcionado por Deus é uma das mais lindas provas de amor que podemos dar a Ele, muito embora ainda continuemos livres.
Deus criou-nos a sua imagem e semelhança (Gn 1.26); logo, por ser Ele um ser livre, seus filhos também escolhem livremente; a Israel, Ele incentivou escolher ouvir a sua voz (Dt 30.19-20). Em Adão, todos são predestinados para a perdição e, em Cristo, todos são predestinados para a salvação: “Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1 Co 15.22; Jo 1.12). O Pr. Esequias Soares, na apresentação de “As Obras de Armínio”, fez um resumo da doutrina arminiana da seguinte forma:
No Brasil, prevalece o entendimento da teologia de Armínio no tocante à salvação, respaldado nos seguintes pontos: a predestinação se fundamenta na presciência de Deus, e não é um determinismo divino que aponta quem vai para o céu ou não; Cristo morreu por todos indistintamente, mas apenas aqueles que crerem serão salvos; a pessoa que vai ser salva depende da graça de Deus, pois, por si mesma, não tem a capacidade de crer; a graça de Deus no tocante à salvação pode ser resistida pelo pecador.
Alguns pontos centrais do arminianismo devem ser expostos, os quais são: que o homem não regenerado é escravo do pecado e incapaz de servir a Deus com suas próprias forças (Rm 3.10-12; Ef 2.1-10). É através da graça preveniente que a depravação total, resultante do pecado original, pode ser suplantada, de maneira que o ser humano poderá, então, corresponder com arrependimento e fé quando Deus atraí-lo a si. O livre-arbítrio é decorrente da ação da graça preveniente. Vem de Deus a capacidade de arrepender-se e ter fé para ser salvo.123 É a graça que inicia a salvação promovendo-a, aperfeiçoando-a e consumando-a, pois é ela que ordena os interesses, os sentimentos e a vontade; é ela que provê bons pensamentos, inspira bons desejos e ações, e faz a vontade inclinar-se para a ação de bons pensamentos e bons desejos.124 O ponto principal da teologia arminiana é, sem dúvida, o conceito de graça resistível da regeneração. A graça é necessária à salvação, mas ela não é condição suficiente e nem garante que a salvação acontecerá. Nesse sentido, Armínio afirma que:
Aqueles que são obedientes à vocação ou ao chamado de Deus livremente submeteram-se à graça; eles, porém, foram instigados, impelidos, atraídos e assistidos pela graça. E, no momento preciso em que eles realmente se submeteram, possuíam a capacidade de não se submeterem.125
Dessa forma, segundo Armínio, a graça preveniente capacita o homem a submeter-se a Cristo, mas o homem não precisa desejar a Cristo, pois o pecador até é capaz de desejar a Cristo, mas ele pode ainda não querer fazer isso. A capacidade de desejar é dada pelo Espírito Santo — portanto, uma obra monergista —,126 pois é Ele que instiga, mas o desejar real, o atender ao desejo, o consentir, é obra sinergista do pecador atuando em cooperação com o Espírito Santo e a graça preveniente de Deus. Assim, “conceder a graça é obra apenas de Deus; consentir com ela é obra do homem, que agora tem o poder de cooperar ou não com ela”.127 Nesse sentido, Armínio ainda afirma que:
Todas as pessoas não regeneradas têm liberdade de escolha, e uma capacidade de resistir ao Espírito Santo, de rejeitar a graça oferecida por Deus, ou de desprezar o conselho de Deus contra elas mesmas, de se recusar a aceitar o Evangelho da graça, e de não abrir àquEle que bate à porta do coração; e essas pessoas podem, realmente, fazer essas coisas, sem nenhuma diferença entre os eleitos e os reprovados. [...] A eficácia da graça de salvação não é consistente com aquele ato onipotente de Deus, pelo qual Ele age tão interiormente na mente e no coração do homem que aquele sobre quem tal ato acontece não pode deixar de consentir com Deus, que o chama; ou, o que a mesma coisa, a graça não é uma força irresistível.128
Armínio, portanto, defende a sinergia entre a atuação do Espírito Santo e a vontade humana quando afirma que o evangelho consiste da junção entre arrependimento e fé e “parcialmente da promessa de Deus de conceder o perdão dos pecados, a graça do Espírito e a vida eterna.129
Após a morte de Armínio (19 de outubro de 1609), alguns seguidores redigiram uma declaração de fé em cinco artigos que continham as principais ideias de Armínio, chamada de Os Remonstrantes.130 Eles criaram o acrônimo FACTS, grafado em inglês, que traduzidos são: Livre pela Graça para crer, Expiação para Todos, Eleição Condicional, Depravação Total e Segurança em Cristo.131 Desses, destacamos dois artigos que interessam ao nosso estudo e que são descritos parcialmente abaixo:
Artigo 3º - O homem não tem a fé salvadora de si mesmo nem pelo poder do seu próprio livre-arbítrio, uma vez que está no estado de apostasia e o pecado não pode pensar, desejar ou fazer qualquer bem que seja verdadeiramente bem (como é o caso da fé salvadora) por e mediante si mesmo; mas é necessário que ele seja regenerado por Deus, em Cristo, por meio do seu Santo Espírito, e renovado no entendimento, afeições ou vontade e em todos os poderes, a fim de que possa entender corretamente, meditar, desejar e realizar o que é verdadeiramente bom, de acordo com a palavra de Cristo, “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15.5).
Artigo 4º - [A] graça de Deus é o início, desenvolvimento e a finalização de todo o bem, também o homem regenerado não pode, à parte dessa graça prévia ou auxiliadora, despertadora, consequente e cooperativa, pensar, desejar ou fazer o bem ou resistir a qualquer tentação para o mal; assim é que todas as boas obras ou atividades que podem ser concebidas devem ser atribuídas à graça de Deus em Cristo. Mas, com relação ao modo dessa graça, ela não é irresistível, desde que está escrito a respeito de muitos que resistiram ao Espírito Santo (At 7.51) e em outras partes em muitos lugares.132
Uma das coisas que muito aproximam a doutrina arminiana do jeito de ser pentecostal é que, com a rejeição do determinismo divino por parte deste, tem-se uma possibilidade mais concreta de estabelecer-se um relacionamento pessoal, dinâmico e responsivo entre Deus, as criaturas humanas e o mundo.133

ARMÍNIO E O LIVRE-ARBÍTRIO
Paradoxalmente, a Bíblia afirma a predestinação e o livre-arbítrio em relação à salvação.
“A ênfase inconsequente à soberania de Deus no tocante à salvação leva a pessoa a crer que a sua conduta e procedimento nada têm a ver com a sua salvação. Por outro lado, a ênfase inconsequente ao livre-arbítrio do homem conduz ao engano de uma salvação dependente de obras, conduta e obediência humanas.”134
A eleição é uma escolha soberana de Deus (Ef 1.5,9), que tem por base o seu amor por todos os seres humanos (1 Tm 2.3-4). Não pode ser obra alcançável por qualquer mérito (Rm 9.11, 15-18) e é feita exclusivamente em Cristo (Ef 1.4). Essa eleição é operada para que nos tornemos a imagem de
Cristo (Rm 8.29) e para andarmos em santidade.
Deus elegeu a cada um de nós com propósitos específicos (Ef 1.18) e deseja que esses propósitos sejam atendidos. Ele também nos chamou para sermos de Cristo (Rm 1.6; 1 Co 1.9), para a santificação (Rm 1.7; 1 Pe 1.15; 1 Ts 4.7; Ef 1.4), para a liberdade (Gl 5.13), para a paz (1 Co 7.15), para o sofrimento (Rm 8.17-18) e para a glória (Rm 8.30).
A graça preveniente (Rm 5.18), estendida a todos os seres humanos, abre- lhes a oportunidade de crerem no evangelho. Isso descarta a possibilidade de a eleição ser uma ação fatalista de Deus, destinada apenas a alguns indivíduos, enquanto os demais se perderão no Inferno por uma escolha divina. Se isso fosse verdade, Deus seria muito cruel e atestaria contra seu amor. Por isso, Ele dá a oportunidade para que todos sejam salvos indistintamente (At 17.30), pois Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34). Assim, a escolha humana colabora quanto à consequência eterna (Mc 16.16).
Vários textos bíblicos apontam para o fato de que o ser humano é livre para escolher: “[...] para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16); “[...] o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” (Jo 6.37); “[...] todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm 10.13);135 etc. Como Deus afirmaria todas essas coisas se os salvos já tivessem sido escolhidos? Deus não quer filhos que sejam robôs autômatos controlados por Ele, ou que se salvem simplesmente porque Ele predestinou apenas alguns para a salvação. O desejo dEle é que todos se salvem. O Senhor prefere a gratuidade do coração humano, que se volta para Ele não por aquilo que Ele dá ou determina previamente, mas por aquilo que Ele é. Nisso, Ele é glorificado.
É saudável para a Teologia e para a fé cristã que alguns temas permaneçam em tensão polarizada, pois nem tudo o que diz respeito a Deus é explicável, nem é possível destrinchar racionalmente — se o fosse, Ele deixaria de ser Deus e, então, o mistério seria perdido. Nesse sentido, algumas coisas divinas são paradoxais e, humanamente falando, não podem conviver de forma lógica. Ser paradoxal, no sentido de transcender a mente humana, é uma característica divina. Montar um “quebra-cabeça” divino com alguns textos bíblicos é forçar o texto a dizer o que ele não diz. Por isso, é preciso respeito quando existem paradoxos intransponíveis. Isso nos torna mais humildes diante do mistério. A melhor forma de lidarmos com questões complexas é deslocarmos essas questões para a vida, para a subjetividade da experiência e, assim, aprenderemos a tolerar quem pensa de forma diferente.
Abaixo, segue um quadro comparativo entre as três principais correntes da doutrina da salvação,136 quanto a vários temas que demonstram as tensões e questões conflitantes entre elas: 


Pelágio foi um monge (séculos IV e V) que ensinava que os seres humanos nasciam inocentes, sem a mancha do pecado original e nem com o pecado herdado. Ele acreditava que o pecado de Adão não tinha afetado as gerações futuras da humanidade, sendo conhecida como Pelagianismo. Sua doutrina afirmava ainda que: o pecado de Adão agrediu somente a ele, e não toda a raça humana; as crianças recém-nascidas estão no mesmo estado que Adão antes da Queda; toda a raça humana não morre por causa do pecado de Adão; e não irá ressuscitar por causa da ressurreição de Cristo; a lei oferece, tanto quanto o evangelho, entrada no Reino dos céus; antes mesmo da vinda de Cristo, havia homens completamente sem pecado.

 Extraído do livro: A obra da Salvação.
Por: Claiton  Ivan Pommerening.

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sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Sábado - Sl 119.30,31 - O salmista decidiu andar pelo caminho da verdade.

Extraído do livro-  Matthew Henry’s Comentário.

O caminho da verdadeira santidade é o percurso da verdade; o único caminho verdadeiro à felicidade. Devemos ter sempre presente a consideração por ele. Os que se aderem à Palavra de Deus podem, em fé,
esperar e orar pela aceitação de Deus. Senhor, jamais permita que eu
faça o que me envergonhará, e não rejeites os meus serviços.
Os que caminham em direção ao céu precisam sempre seguir adiante. Deus, por seu Espirito, alarga o coração de seu povo quando lhes da sabedoria. O crente ora a fim de rogar o livramento do pecado.