Divórcio e Recasamento São Autorizados Pela Bíblia? (Parte_1)




  Já que divórcio é a dissolução do casamento, penso ser de bom alvitre tecer alguns comentários sobre o casamento. Bem, o casamento é, antes de tudo, uma instituição divina. De acordo com o projeto original de Deus, o casamento é a união entre um homem e uma mulher tendo em vista a complementaridade e a preparação de um ambiente propício (família-lar) onde a prole, decorrente dessa união, possa crescer e desenvolver-se saudavelmente, tanto do ponto de vista espiritual, quanto social.
   Destarte, do ponto de visto bíblico, o casamento deve ser: (a) heterogêneo – entre macho e fêmea (Gn 1.27; 2.7, 22, 24); (b) monogâmico – entre um homem e uma mulher (Gn 2.24); (c) envolve a união sexual (Gn 2.25; 4.1; I Co 7.2-4); (d) constitui uma aliança perante Deus (Pv 2.16,17; Ml 2.14; Mt 19.6); (e) é para toda a vida (Rm 7.2). Um detalhe que vale pontuar, é que, diferente daquilo que prega determinada seita (mórmons), o casamento não é eterno (Mt 22.30). Biblicamente falando o casamento dura até que a morte separe os cônjuges. Se assim não fosse, Paulo não teria orientado as viúvas a se casarem (I Co 7.8,9).
   Pois bem, dito isto, vejamos o que diz a Palavra de Deus sobre o assunto em epígrafe. Iniciaremos com a leitura de Mt. 19.3-9, que diz: “Então chegaram ao pé dele os fariseus, tentando-o, e dizendo-lhe: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo? Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. Disseram-lhe eles: Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la? Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim. Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério”.
   Destaquemos a pergunta insidiosa dos fariseus: “É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo”? Nesta pergunta temos implícitas algumas informações esclarecedoras; primeiro, que o assunto divórcio não é algo novo; desde muito tempo, os homens já se viam abarcados por ele. Outra coisa não menos importante, é que no contexto histórico dessa passagem bíblica, os homens (judeus) se divorciavam de suas esposas por qualquer motivo. Mesmo na época do ministério terreno de Jesus essa era uma prática comum; pois se assim não fosse, os fariseus não teriam interrogado a Jesus acerca do assunto.
   Agora passemos para a primeira resposta de Jesus sobre o assunto: “Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem”.
   Percebamos a clareza do Mestre em relação ao divórcio. Ele remete a mente perturbada dos fariseus, ao que eles – em tese – eram mais apegados, ao Pentateuco, a Lei. Ou seja, Jesus lembra aos fariseus o texto de Gênesis 1.27, que reflete o momento da criação, a distinção entre homem e mulher, como também, o momento auspicioso da instituição do casamento, registrado em Gênesis 2.24, e em seguida complementa com um mandamento:“Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem”. A primeira coisa que aprendemos aqui, é que ao criar homem e mulher (macho e fêmea), Deus os fez distintos para que houvesse complementaridade. Ou seja, ambos compõem, não apenas um par perfeito, mas, juntos, formam uma só parte do arcabouço da família. Observe o modus operandi divino: Deus não formou a mulher do pó da terra, como fez com o homem, mas extraiu e modelou parte (uma costela) do próprio homem. Isso significa que, no casamento, a mulher é conectada ao homem, donde foi retirada, formando “um todo perfeito”, “um só corpo”.  Percebe essa maravilha da engenharia divina?
   Deus poderia ter criado outro homem, semelhante ao primeiro, no entanto, se assim fosse, eles só poderiam ser bons amigos, mas não poderia haver entre eles, complementaridade, pois seriam idênticos, e dois idênticos não têm nada a oferecer ao outro, pois são semelhantes, tudo o que um tem o outro também tem. Só um diferente tem realmente algo a oferecer ao outro diferente. É mais ou menos como num quebra cabeças, as peças só encaixam porque são diferentes e complementares. Cada peça completa o que falta na outra. Pois bem, isso nos remete a algo muito profundo. É que no casamento, homem e mulher se unem para formarem um par perfeito e uma só parte na estrutura familiar. Isso derruba por terra toda a interpretação de que a mulher, quanto pessoa, é inferior ao homem. Nunca foi e nunca será. Se Deus fez a mulher para complementar o homem é porque esse não seria o que é, sem ela. Portanto, o homem jamais deve se considerar melhor do que a mulher. Ambos são complementares.
   Destarte, podemos afirmar que o casamento é a execução do projeto arquitetônico divino para a humanidade, pois é o casamento que permite a propagação da raça humana donde provêm mais e mais casamentos, formando assim, um edifício majestoso para habitação do seu projetista. É por isso que a família tem sido tão fortemente solapada por satanás, pois ele sabe que se as famílias seguirem o plano de Deus elas viverão plenamente felizes. E aqui entra a estratégia de satanás para promover a terrível tragédia do divórcio. Satanás não pode atacar diretamente o projetista, Deus, então ele ataca o projeto (a família). E o pior, é que tem conseguido destruir muitas famílias.
   Voltando ao texto, Jesus determina o seguinte: “Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem”. Falando ainda do ato divino de encaixar as peças (homem e mulher) através do casamento, Jesus deixa muito claro que o homem não tem permissão para alterar a ação divina de juntar as peças (homem e mulher) formando uma unidade singular. Percebe que isso é um ato divino? E que o homem, portando, não pode separar as peças deste ato? Em outras palavras, Jesus determina que o homem não tenha permissão para praticar o divórcio. Acho que Ele não poderia ser mais claro!  (…Continua)
Em Cristo,
Pr. Isaac Silva
FONTE