“Subsídio Teológico” A Evangelização dos Grupos Desafiadores

 
I. Galhos Secos, o Desafio de Pregar aos Viciados

1. O desafio de todos nós. O envolvimento das Assembleias de Deus na evangelização de dependentes químicos é bem recente. Salvo casos excepcionais, passamos a cuidar desse problema espiritual  e social somente a partir dos anos 1970.

Uma das primeiras reportagens sobre o tema chegou aos leitores do jornal   em 1989, quando o pastor Nemuel  Kessler
visitou o Desafio Jovem de Piracicaba, no interior paulista, para noticiar o mil agre ocorrido na vida da jovem Leia de Oliveira.
A moça fora um dos primeiros casos de cura da AIDS em nossa igreja — comprovando o imenso interesse de Deus na alma dos viciados.
O responsável  por aquele trabalho era o evangelista Vanderlei Guidelli, que já tivera a sua própria experiência de libertação.
 Uma vez liberto, ele abraçou como poucos o desafio e, amorosamente, tem-se dedicado a cuidar das almas destruídas pelos vícios. Depois de Piracicaba, o pastor Vanderlei foi transferido para Cravinhos, e agora se acha em Sertãozinho. Por onde
passou, ele fundou trabalhos para a recuperação de dependentes químicos.
Eu gostaria de poder dizer que a dedicação desse servo de Deus levou toda a igreja a interessar-se e envolver-se nesta causa, mas, infelizmente, testemunhos como o dele são pontos fora da curva, exceções que confirmam uma triste regra: como Noiva do Cordeiro, reconhecemos o valor da alma dos viciados; como instituição, escolhemos concentrar-nos em irrelevâncias.



2. Encarando com amor esse grupo desafiador.  O maior desafio para evangelizar os grupos desafiadores está em nós mesmos. Nossa agenda está sempre repleta de eventos extenuantes e onerosos, enquanto famílias perdem tudo, inclusive a si mesmas, para as drogas. Embora o vício, para alguns, não seja contagioso, a sua destruição o é. Parecem-lhe fortes e provocativas estas palavras? Eu alertei, no início do capítulo, que a evangelização tem a peculiaridade de constranger-nos em virtude de sua prioridade e urgência.
Clássicos como , do saudoso evangelista David Wilkerson, ou , de Nick Cruz, deixam claro que somente a salvação em Cristo,
incluindo a experiência pentecostal , possibilita uma vitória retumbante sobre o vício.
Nas casas de desintoxicação particulares e estatais, os internos são tratados apenas clinicamente; espiritual mente, não recebem qual quer assistência. Seus curadores acham que qual quer tratamento para a alma serve. Dessa forma, igualam o evangelho de Cristo ao espiritismo, ao islamismo ou a outra manifestação religiosa qual quer. Conclui-se, pois, que não podemos ausentar-nos das clínicas onde são tratados os viciados em drogas.



3. Galhos secos à procura de vida. Nos anos 1970, ainda adolescentes, os irmãos Osny (falecido em 2007) e Osvary Agreste compuseram uma canção chamada “Galhos Secos”. Por algum motivo, o hino tornou-se o cântico das casas evangélicas de recuperação de drogados. De norte a sul , onde houver um centro cristão de recuperação de viciados, a música é
entoada pelos internos com a pouca força que lhes restou após anos de destruição. Diz a inspirada e doce composição:

Nos galhos secos de uma árvore qualquer
Onde ninguém jamais pudesse imaginar
O Criador vê uma flor à brotar

Olhai, olhai, olhai
Os lírios cresceram no campo
E o Senhor nosso Deus
Os têm alimentado para nossa alegria

Para nossa alegria


Os irmãos Agreste não sabiam que a experimentação musical  da sua puberdade era quase profética, pois descreve o sentimento de homens e mulheres que, num último ato de coragem e lucidez, buscam reaver o que  Satanás lhes roubou pelo vício. Nas UTIs espirituais, que são as casas cristãs de reabilitação, os dependentes passam os dias entre cultos, recreações e crises de abstinência, sentindo-se lenhos secos, onde só o Criador consegue enxergar vida. Mas as ores têm brotado, para nossa
alegria. E, também, para nossa vergonha, pois as libertações ocorridas nesses lugares fazem lembrar algo que muitos crentes já esqueceram: a Palavra tem poder para transformar o pior dos pecadores, o mais destruído dos seres humanos.
É desafiador falar de Cristo aos drogados? Sem dúvida. Mas é também surpreendentemente recompensador, porque onde o pecado abundou, a graça superabundou. Para nossa alegria.


II. Tempos Trabalhosos, a Evangelização de Homossexuais
1. Um tempo de grandes provações. Na década de 1980 — anos que conduziram meus olhos à adolescência, havia uma doce inocência nos jovens. Nas palestras sobre namoro, noivado e casamento, não se falava em homossexual ismo. Não era necessário. Mas o tempo passou, levando consigo toda a ingenuidade. Um novo tempo chegou e, com ele, veio a primeira geração da história a querer fazer da exceção a regra, do esdrúxulo a norma, do estranho a lei.
O homossexual ismo, que a pós-modernidade teima em taxar de homossexual idade, tem uma história tão longa quanto a queda do ser humano. Haja vista as cidades de Sodoma e Gomorra. Homossexuais são contados entre filósofos e soldados da civilização greco-romana. Tal prática, porém, nunca foi considerada digna de ser equiparada ao matrimônio, pois ninguém jamais duvidou de que o casamento tem a ver com espécie, gênero e número. Só há casamento entre seres humanos (espécie). Bichos formam pares; seres humanos, casais. E só se forma casal com homem e mulher (gênero), pois é do que se precisa: um macho e uma
fêmea. Exatamente dois; este é o número. Basta dizer “casal ” para que, instintivamente, nosso cérebro visualize um homem e uma mulher.
Portanto, a lógica gay é contrária ao casamento instituído pelo Criador.

2. O pior dos tempos. O movimento gay assumiu uma tática que vai muito além da tradicional  “luta pelos direitos dos homossexuais”. Nessa guerra contra a família tradicional , eles querem  a sociedade à força. Um dos melhores trabalhos já escritos a respeito do assunto é o do pastor Louis Sheldon. No livro , ele conta como os líderes gays têm atiçado suas hostes contra as famílias, as igrejas e as crianças (as vítimas mais vulneráveis dessa investida satânica). Em nosso país, o alvoroço homossexual  é incontrolável . Vivemos o pior dos tempos. No entanto, a Igreja de Cristo não cará impassível  ante o desafio da
evangelização dos homossexuais, porque Jesus também morreu por eles.
Em vez de os olharmos com ódio e rancor, devemos expor-lhes o plano da salvação, porque eles não são piores nem melhores do que os demais pecadores. Deus os ama e quer trazê-los ao seu Reino, libertando-os do pecado e da escravidão do Diabo.

3. O desafio da evangelização dos homossexuais. Muitos crentes acreditam que os homossexuais estão sendo usados pelo Diabo para
capitanear uma perseguição sistemática contra a Igreja. Essa, porém, é apenas uma causa secundária. Na verdade, os homossexuais buscam impedir a ação evangelizadora da Igreja, porque não ignoram o evangelho, que é o poder de Deus para a salvação de todo o que crê, seja ele heterossexual , seja ele homossexual. A verdade liberta o homem de todo e qual quer pecado.


A televisão mostra os heróis do universo gay discursando inflamadamente nas comissões do Congresso Nacional . Mas, ao fim de
seus pronunciamentos, deixam rapidamente o plenário, pois recusam ouvir as verdades que tanto os incomodam. Eles fogem dos debates, principal mente quando notam, entre os debatedores, a presença de algum pastor. Isso significa que temem ouvir o evangelho de Cristo, pois diante da mensagem da cruz ninguém há de ficar indiferente.
Por conseguinte, a solução para ganhar os homossexuais para Cristo é uma só: o amor de Deus em nós e por meio de nós. Deus nos ordena que os amemos e que oremos por eles. É... Como tenho dito, a evangelização constrange, pois exige coisas que nem sempre estamos dispostos a dar ou a fazer. Não somos inimigos dos gays. Eles, todavia, nos veem como adversários. Por isso mesmo, devemos mostrar-lhes nosso amor, falando lhes aberta e francamente do evangelho de Cristo. Eles precisam saber que
Jesus também morreu por eles.

III. A Mentira mais Antiga do Mundo e o Desafio de Evangelizar quem se Prostitui

Você já deve ter ouvido alguém dizer que a prostituição é o ofício mais antigo do mundo. Jazem aí duas mentiras. A primeira é factual : o trabalho mais antigo do mundo é a agropecuária, seguida pela indústria de transformação. O segundo erro, pior que o primeiro, é conceitual : prostituição não é profissão, mas ofensa contra Deus.

1. Quem vende sexo não resiste ao amor. No município de Itaperuna, no interior fluminense, havia um prostíbulo explorado por uma cafetina bem folclórica. Numa contingência sofrida por uma família de uma igreja recentemente aberta, o pastor viu-se obrigado a entrar naquele local  de pecado, transgressão e medo. A cena que ele descreveu, ao contar a história, foi de um realismo impressionante. No ambiente sujo e promíscuo, homens e mulheres, seminus, deitavam-se por todos os cantos.
Final mente, alguém observou que ele, definitivamente, não pertencia àquele lugar.
Depois de um reboliço, aparece diante dele uma mulher envelhecida pelo pecado e tornada feia pelo “negócio” que geria. Era a
Valesca, a dona do prostíbulo. De cara fechada, e com um ódio que lhe acentuava ainda mais as bochechas pronunciadas, ela lhe perguntou: “Você veio aqui por quê?” A resposta do pastor foi divina e certeira: “Estou aqui por causa da sua alma!”. Aquelas
palavras penetraram fundo no coração da mulher. A raiva de seus olhos cedeu lugar às lágrimas. O rancor de seus lábios foi
substituído pelos pedidos de desculpas, repetidos à exaustão. Valesca foi tocada pelo evangelho.
Ainda foi necessária alguma insistência e muita oração, até que a velha cafetina se convertesse a Cristo. Mas, em fim, chegou o dia em que ela foi intimada a decidir o que faria de Jesus. O pastor lhe disse: “Eu a quero em nossa igreja, no próximo domingo”. “Não”, retrucou a mulher. “Não posso ir. O que as pessoas vão dizer?” A resposta do amoroso pastor que invadira
o prostíbulo fê-la estremecer: “Se a senhora não for, trarei os irmãos aqui para fazer o culto!” Não foi preciso. A dona do bordel  compareceu à igreja e aceitou Cristo como Salvador. Naquela noite, a cidade descobriu que o verdadeiro nome de Valesca era Maria de Jesus.

2. O desafio de falar de Cristo às prostitutas. O desconforto de falar de Cristo aos que se prostituem é patente e até compreensível , porque nem todos estão aptos a levar adiante tal  ministério. Há, porém, várias associações dedicadas a evangelizar prostitutas e prostitutos. Os melhores exemplos vêm da Europa, onde, em alguns países, os que vivem da prostituição moram todos no mesmo setor da cidade. As organizações cristãs procuram marcar presença nessas local idades, com apoio médico, psicológico e, cl aro, espiritual . Trata-se de um trabalho evangelístico difícil  e que exige amor e muita coragem. Boa parte desses obreiros é
composta por homens e mulheres que já estiveram na prostituição e foram resgatados por Jesus.


Conclusão

Quando falamos na evangelização de grupos desafiadores, imaginamos que o desafio são os grupos. Não é verdade, o desafio está em nós e em nossa resistência em falar-l hes de Cristo. Nós os evitamos, mas nem sempre eles nos rejeitam. Fugimos dos drogados, desprezamos os gays e repudiamos os que se prostituem. Mas, por favor, não apequene meus argumentos concluindo que estou nos auto acusando de preconceito. Isso não é verdade, nem sobre o que digo e nem a respeito de nós. Não temos
preconceito; temos, sim, um conceito muito bem estabelecido do que é certo e do que é errado. Do que é pecado e do que não é. Entretanto, ainda não dominamos a arte espiritual , na qual  Cristo era Mestre: separar o pecado do pecador. E este nem é o maior dos nossos desafios. Pior que este é a apatia em que vivemos. Achamo-nos mergulhados na mesmice. Não nos esforçamos o bastante para fugir à rotina, afim de ganhar uma pessoa para Cristo. A situação complica-se quando essa pessoa é drogada, homossexual  ou vive da prostituição. Evangelizar tais grupos é um trabalho solitário e desafiador.
Leva-nos às ruas vazias e aos becos assustadores. Não é tarefa que requeira igrejas suntuosas, mas demanda instalações adequadas e adaptadas.
Definitivamente, tal  missão não é para obreiros engravatados e com anéis de doutores; é obra para quem não se importa de sujar as roupas e as mãos com o pecador caído na sarjeta. O desafio de ganhar esses grupos para Cristo não será vencido por pregadores de multidões, mas por pescadores de homens.
Este é o nosso trabalho.