Para esta reflexão, tomemos como base o texto do Evangelho
segundo escreveu o apóstolo Mateus, capítulo 26, versículos de 6 a 13. Desejo
falar sobre gratidão. Muitas são as vezes nas quais deveríamos manifestar maior
gratidão a Deus pelo que nos concede diariamente, mormente pelo fato de nos
redimir e de dar-nos a capacidade de exercitar algo para Ele. Mas, como seres
egoístas no qual muitas vezes nos tornamos, desejamos trazer para nós apenas os
louros das vitórias e as histórias de sucessos, esquecendo-nos da gratidão.
Devemos nos lembrar sempre da verdade de que jamais poderemos pensar em
gratidão, a menos que ela envolva mais do que nossas palavras: envolva o nosso
ser em todas as suas utilidades nesta vida. No Seu grande Sermão Profético,
Jesus definiu claramente no que consiste a verdadeira gratidão: “Então dirá o
Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por
herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive
fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e
hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na
prisão, e foste me ver. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor,
quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de
beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E
quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei,
lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos
irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25.34-40). Logo, se conclui que gratidão é o amor
em ação. Nessa definição, aprendemos com clareza que gratidão, do ponto de
vista de Deus, não consiste apenas em rituais ou um conjunto de palavras, mas
naquilo que impele o homem ou a mulher ao trabalho em toda a sua existência.
Para compreendermos melhor o que envolve a verdadeira ingratidão, volvamos os
olhos para os últimos dias da vida de Jesus na terra. Voltemo-nos agora ao
texto de Mateus 26.6-13. A mulher pecadora, com seu ato de gratidão, escolheu
um vaso de alabastro para conter o perfume que deveria com ele agradecer a
Jesus, como prova da sua afeição e amor que dedicara ao divino Mestre. O
alabastro é material translúcido, tipo de mármore e apresenta-se muitas vezes
em cores, dando magnífica aparência aos vasos fabricados, usados muitas vezes
como acessório de adorno. Contudo, naquele banquete em Betânia, a beleza do
vaso não era o presente de maior valor que ela desejava entregar ao Mestre. O
vaso possuía dentro de si um nardo preciosíssimo. O mesmo sucede com o ser
humano. Ele pode ter boa aparência, pode ocupar uma posição de destaque e/ou
ter os maiores títulos acadêmicos ou sociais, porém não terá valor algum se a
pessoa não estiver habilitada pela Palavra de Deus e com a compreensão de que
deve ser grata a Deus por tudo o que recebe a cada instante em sua vida.
Enquanto o vaso estava na mão da mulher, não se podia saber o seu conteúdo.
Poderia ser um perfume caro ou um líquido qualquer, sem valor algum. Mas,
quando aquele vaso foi quebrado, e o perfume derramado sobre a cabeça de Jesus,
toda aquela casa se encheu daquele precioso odor. Observem que quando
aprendemos a ser gratos a Deus e úteis em Sua obra, seremos o bom cheiro, nossas
vidas serão um precioso perfume, no que diz respeito a um viver baseado na
Bíblia. “Como cheiro de vida para a vida”, sua vida não será apenas um nome,
não será um título, nem tampouco uma alta posição social ou riquezas
acumuladas, mas, uma vida totalmente consagrada para Deus em benefício da obra
do Senhor Jesus. Todos nós podemos ser comparados como vasos de alabastros.
Devemos derramar o nosso vaso diante do mundo, a fim de que o Evangelho seja
difundido. O perfume é também a Palavra de Deus pregada com o poder do Espírito
Santo. Neste derramar de nosso vaso de alabastro, teremos lutas e críticas.
Muitas vezes até parecerá que a derrota nos atingiu. Por certo, muitas das
frias realidades da vida parecem dar-nos a ideia de que fomos derrotados, mas
não devemos desanimar. Muitas vezes os duros embates desanimam os fracos, mas
aumentam a experiência e a coragem dos fortes. Jesus promete dar força nas
lutas a cada um de nós, perseverança nos revezes e ânimo quando a derrota
parecer sorrir. Lembremo-nos sempre que para atingirmos o nível que nos levará
à vitória e para a sentirmos e demonstrarmos a verdadeira gratidão, só há uma
fórmula: Jesus em nossa vida!
Francisca Alves Shéridan tem 87 anos de idade e é membro da
Assembleia de Deus em Parauapebas (PA).