sábado, 13 de agosto de 2016

(SUBSÍDIO TEOLÓGICO) EVANGELHO NO MUNDO ACADÊMICO E POLÍTICO

I. A Origem do Mundo Acadêmico

A academia, em si, não é deletéria nem letal  à verdadeira fé. Desde o
início da História, vem ela prestando relevantes serviços à humanidade.
El a gera conhecimentos, produz metodologias e referenda descobertas e
invenções. No entanto, o Diabo, o pai das mentiras mais sutis e das
inverdades mais delicadas, tudo faz por imiscuir-se em seu ambiente,
visando torcer-l he os resultados e conclusões.

1. Uma definição certa. A palavra “academia” provém do vocábulo
grego , Akadémeia, que, por seu turno, lembra a escola de filosofia que
Platão fundou em Atenas, em 387 a.C., junto a um jardim dedicado a
Academo, uma das muitas divindades da Grécia. Al i, o pensador grego
reunia os pupilos para ensiná-los a pensar de forma metódica, sistemática
e produtiva.

2. Preservação do conhecimento humano. A partir de então,
academias surgiram em várias partes do mundo. No século 15, Pompônio
Leto fundou a Academia Romana, que, além da filosofia, dedicava-se ao
estudo das ciências, das artes, da arqueologia e da gramática. Assim, elas
vieram a assumir um papel  referencial  na definição do conhecimento
humano. Sua palavra era suficiente para esclarecer dúvidas, fundamentar
certezas e iluminar os que iam e vinham em busca do verdadeiro saber.
Hoje, as academias são mais específicas. Esta se dedica à História;
aquela, às Artes; aqueloutra, à Filosofia; e, ainda esta, às Letras. Cada uma,
d e , consagra-se à preservação de uma área particular do
conhecimento humano.


3. A postura agnóstica da academia. Criado pelo romancista americano Dan Brown, o professor Robert Langdon é um retrato fiel  do acadêmico pós-moderno. A certa altura do filme , o professor de Harvard é questionado, por um funcionário do Vaticano, quanto à existência de Deus. O intrigante Langdon, uma espécie de alter  ego de Brown, responde de maneira orgulhosa e furtiva que, enquanto acadêmico, não havia sido preparado a responder àquela pergunta.
A resposta de Langdon é um reflexo da academia, que, indiferente a
Deus, faz-se hostil  ao evangelho. Jesus Cristo, contudo, tem de ser
apregoado nesse ambiente inamistoso e influenciado por Satanás. Nossa
tarefa, repito, não é destruir a academia, mas usá-la como instrumento à
expansão do Reino de Deus.

II. Jerusalém versus Atenas

Tertuliano (160-220), considerado o pai da teologia cristã ocidental , fez
uma declaração que realça a superioridade da fé evangélica em relação à
filosofia grega. Exaltando a força do evangelho, armou: “O que tem
Jerusalém a ver com Atenas?”. Vejamos, pois, em que consistem o
conhecimento de Atenas e a sabedoria de Jerusalém.

1. Atenas, a capital da filosofia. Atenas foi a mais importante cidade
da Grécia Clássica. Sua idade áurea situa-se entre 500 e 300 a.C., período
em que floresceram as artes, as ciências e, principal mente, a filosofia. Se
Esparta era a metrópole da guerra e da conquista territorial , Atenas
destacava-se por outro motivo. El a era a cidade de Sócrates, de Platão e do
estagirita Aristóteles. Seu alvo não era a hegemonia territorial , mas o
alargamento das fronteiras intelectuais.
Atenas era a cidade do homem natural . Em seus termos, a religião,
embora ainda forte e influente, já não conseguia satisfazer as necessidades
de um povo que idolatrava a razão e endeusava a cultura. Nesse sentido, o
homem ateniense era um perfeito reflexo da deusa a quem elegera como
padroeira. Protegendo as artes e as ciências, Atenas era também a senhora
do conhecimento.
O povo ateniense, porém, jamais logrou a paz em suas conquistas
intelectuais. Por essa razão, acabaria por eleger o Deus Desconhecido, a
quem consagraria um vistoso altar, como a sua derradeira esperança. Se fôssemos acrescentar mais alguma coisa sobre Atenas, diríamos que a
cidade toda era uma grande e orgulhosa academia. Não obstante, quando
da visita de Paul o ao Areópago, viu-se impotente para compreender a
beleza e a veracidade da ressurreição de Cristo.


2. Jerusalém, a cidade da paz e da verdadeira sabedoria. Apesar dos
conflitos que enfrentou ao longo de sua história, Jerusalém é conhecida
como a Cidade da Paz. Mas poderia ser considerada, também, o berço do
verdadeiro conhecimento, pois as Sagradas Escrituras têm-na como a sua
referência máxima. Foi na mais amada das metrópoles, que Deus se
manifestou plenamente a Israel , intimando-o a educar o mundo no
conhecimento divino, conforme destaca o profeta Miqueias:

Mas, nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do Senhor
será estabelecido no cume dos montes e se elevará sobre os outeiros, e
concorrerão a ele os povos. E irão muitas nações e dirão: Vinde, e
subamos ao monte do Senhor e à Casa do Deus de Jacó, para que nos
ensine os seus caminhos, e nós andemos pelas suas veredas; porque de
Sião sairá a l ei, e a palavra do Senhor, de Jerusalém. (Mq 4.1,2)
Quanto mais o tempo passa, mais vai Jerusalém adquirindo importância
espiritual , cultural  e política perante o mundo. Nenhuma outra cidade é
tão relevante quanto a capital  de Israel . No auge da História, segundo a
profecia, as nações correrão à morada da paz, pois assim se traduz o seu
nome, em busca do verdadeiro conhecimento. Ao contrário de Atenas,
cuja sabedoria não passava, às vezes, de especulação estéril  e vazia,
Jerusalém educará os povos, conduzindo-os à verdadeira paz. Pontificando
o governo do Messias de Israel  e Salvador do mundo, escreve ainda
Miqueias:

E julgará entre muitos povos e castigará poderosas nações até mui
longe; e converterão as suas espadas em enxadas e as suas lanças em
foices; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem
aprenderão mais a guerra. Mas assentar-se-á cada um debaixo da sua
videira e debaixo da sua figueira, e não haverá quem os espante,
porque a boca do Senhor dos Exércitos o disse. (Mq 4.3,4)


O conhecimento emanado de Jerusalém resulta em redenções de vidas.
É por isso que a Bíblia Sagrada é o livro mais l ido, mais pesquisado e mais
debatido. Nenhuma outra literatura, mesmo as que se presumem sagradas,
exerce uma influência tão poderosa na vida do mundo.
Foi de Jerusalém que saiu o evangelho de Cristo, que, não se l imitando a
lançar as bases do mundo atual , vem redimindo milhões de pessoas ao
redor do planeta. Portanto, não há o que se comparar. Atenas, embora haja
ensinado o mundo a pensar, não logrou redimir nem a si mesma. Quanto a
Jerusalém, proporcionou a mensagem que ensina o homem não somente a
pensar corretamente, mas também a agir com piedade, ética e amor. O
evangelho de Cristo é inigualável . Por essa razão, indaga Tertuliano: “O
que Jerusalém tem a ver com Atenas?”.



III. José, o Primeiro Acadêmico de Deus

Deus não abomina as academias, nem odeia os intelectuais; entre seus
profetas e servidores, há notáveis acadêmicos. Neste tópico, destacaremos
José, filho de Jacó, que, arrebatado de um ambiente campesino, viria a
governar o Império do Egito e, de forma tão providencial , sal var do
extermínio a nação israelita.

1. O aprendizado teológico de José. Em companhia de seu pai, Jacó,
aprendeu José a relacionar-se com o Deus Único e Verdadeiro. Naquele
descampado imenso, veio a entender que o Altíssimo não se esconde em
sua transcendência, mas revela-se amorosamente em sua imanência. Eis
por que o Criador é conhecido, entre as nações, como o Deus de Abraão,
de Isaque e de Jacó.
Sem aquele curso teológico informal , o jovem hebreu jamais poderia
governar um império tão vasto e tão complexo como o egípcio. Isso
significa que a academia, na vida de nossos filhos e netos, tem de ser
precedida pela capela familiar. Doutra forma, serão subvertidos pela
cultura mundana. Já devidamente preparado espiritual mente por Jacó, foi
José conduzido por Deus ao Egito.

2. O aprendizado na casa de Potifar. As escolas pelas quais José passou eram tão informais quanto o estilo de vida dos hebreus. Não
obstante, proporcionaram-lhe he uma sólida formação humana, literária,
econômica, política e, acima de tudo, espiritual . Interpretando
teologicamente suas tribulações e agruras, ele sabia que fora subtraído à
casa paterna por um motivo soberano. Por isso, aproveitou cada prova e
provação, a fim de graduar-se no serviço divino.
Na casa de Potifar, aprende um novo idioma, o demótico. E,
consagrando-se aos afazeres daquela grande propriedade, inteira-se
rapidamente do sistema econômico e financeiro do Egito. Ao buscar a
excelência em tudo o que fazia, torna-se um grande administrador (Gn
39.5).
Mas, al i, aprenderia também o valor de uma vida incorruptível  e santa.
Tentado por sua senhora, manteve-se fiel  ao Senhor. Ele sabia que, se
viesse a ceder aos encantos daquela mulher, a sua carreira terminaria como
a dos outros escravos que o antecederam. Infelizmente, a academia pós-moderna nenhum valor dá à ética e à moral . Eis porque o nosso país
encontra-se numa situação tão calamitosa.
Potifar bem que poderia ter executado a José. No entanto, contentou-se
em mandá-lo à prisão real , pois sabia que um jovem como aquele não se
deixaria corromper nem pelo sexo, nem pelo dinheiro, ou pela vanglória
do poder.

3. O doutorado na prisão. A um jovem a quem Deus destinara a
governança do Egito, não havia academia mais adequada do que a prisão
real . Al i, teria oportunidade de aprender outro idioma: o hierático, falado
pelos sacerdotes e pela classe política. Assim, não demorou a expressar-se
fluentemente na nova l íngua. A essas alturas, sua educação literária já
estava completa.
No cárcere, aprenderia também o funcionamento do Estado egípcio.
Cada encarcerado era-lhe um professor. Al i, atrás daquelas grades,
concentrava-se a nata política e cultural  da corte faraônica. Com este
preso, aprendia economia. Com aquele, diplomacia e política. Com
aqueloutro, história e ciência. E, com o padeiro e o copeiro mores, aprende
a lidar com um rei divinizado e cheio de caprichos e arbítrios.
Foi assim que Deus capacitou o jovem hebreu a governar a nação mais
poderosa da terra naquele tempo. Que ele tinha um sonho, todos o sabiam.
Mas entre o sonho e a sua realização, há que se ter muita disciplina, estudo, trabalho e oração. Se os nossos jovens se espelharem em José, filho de Jacó,
teremos grandes e poderosos arautos de Cristo nas mais elevadas e
nevrálgicas esferas da sociedade.

IV. Daniel, o Acadêmico por Excelência

Na biografia de Daniel , temos a destacar dois fatos muito importantes.
Se, por um lado, Deus entregou Jerusalém nas mãos de Nabucodonosor,
por outro, entregou Nabucodonosor nas mãos de um dos mais ilustres
filhos de Jerusalém. Educado na academia babilônica, Daniel
transformou-a por meio do conhecimento divino. Dessa forma, conduziu
o rei da Babilônia ao Deus Único e Verdadeiro.

1. Na academia da Babilônia. Por volta do ano 606 a.C.,
Nabucodonosor sitia Jerusalém, e leva cativa à Babilônia a elite da
sociedade judaica. Entre os prisioneiros, achavam-se os jovens Daniel ,
Hananias, Misael  e Azarias (Dn 1.6). El es já eram notáveis por sua
educação, cultura e distinção pessoal . E, pelo que se depreende do texto
sagrado, já tinham cursado a academia de Jerusalém, onde haviam sido
instruídos na Palavra de Deus.
Constrangidos a frequentar a academia babilônica, tinham ao seu dispor
uma série de regalias e confortos. Com sabedoria e graça, porém,
recusaram as iguarias reais, preferindo al imentar-se de legumes e água,
pois haviam proposto, em seu coração, permanecereis ao Deus de Israel
(Dn 1.8). Em virtude de sua del idade, o Senhor abençoou-os de tal  forma
que acabaram por sobressair em todas as áreas de sua vida. El es tinham
como divisa a excelência divina.


2. A excelência do testemunho. Os funcionários da corte não
demoraram a perceber que Daniel  e seus companheiros não eram como os
demais jovens que frequentavam a Universidade de Babilônia. Mesmo
optando por uma dieta frugal  e modesta, foram avaliados como mais
saudáveis do que os outros (Dn 1.15,16). Mesmo sem emitir uma única
palavra sobre o Deus de Israel , levaram seus tutores a compreender que, de
fato, o Deus dos hebreus achava-se sobre todos os povos.
Que os universitários cristãos iniciem o seu testemunho público por meio de uma vida santa e irrepreensível . Estarão, dessa forma, a
evangelizar seus colegas e mestres, evidenciando atitudes cristãs em todas
as instâncias do A eloquência de um testemunho não se encontra
na força ou na beleza das palavras; acha-se na formosura de um viver que,
mesmo emudecido, fala e convence pela santíssima fé ressaltada em obras
boas e meritórias.
Universitário evangélico, não se entregue às filosofias mundanas, ao
ativismo inconsequente e anticristão, ao sexo pecaminoso e às drogas.
Diante do politicamente correto, não tema optar pela vontade de Deus.

3. A excelência da vida acadêmica. O testemunho excelente de Daniel
e seus três companheiros não ficou restrito à conduta pessoal ; ressaltou-se
ainda nas atividades acadêmicas. No final  do curso, foram todos aprovados
com louvor máximo, conforme registra o autor sagrado:

Ora, a esses quatro jovens Deus deu o conhecimento e a
inteligência em todas as letras e sabedoria; mas a Daniel  deu
entendimento em toda visão e sonhos. E, ao fim dos dias em que o rei
tinha dito que os trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe diante de
Nabucodonosor. E o rei falou com eles; e entre todos eles não foram
achados outros tais como Daniel , Hananias, Misael  e Azarias; por
isso, permaneceram diante do rei. E em toda matéria de sabedoria e
de inteligência, sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes
mais doutos do que todos os magos ou astrólogos que havia em todo o
seu reino. (Dn 1.17-20).


Na avaliação dos jovens, tomou parte o próprio rei que,
internacionalista e detentor de um vasto saber, ficou admirado do
conhecimento e da sabedoria dos jovens hebreus. A partir daquele
momento, Nabucodonosor começa a perceber que o êxito daqueles rapazes
ia além dos l imites humanos; era algo que só os céus podiam explicar.
Na universidade, que o jovem cristão evangelize também com suas notas
e conquistas acadêmicas. Nas monografias e teses, seja verdadeiro e não
abjure a sua fé. Fuja do politicamente correto. Não faça o jogo dos
professores que, aprisionados pelas esquerdas extremas e ateias, põem-se
contra Deus e a sua palavra. Por isso, redija com excelência cada trabalho. Pesquise com esmero. Evite o plágio. Seja autêntico em cada palavra, frase
e parágrafo. Sua oração deve permear todas as suas atividades acadêmicas.

4. A excelência profissional. Já engajados na Academia da Babilônia,
Daniel  e seus três companheiros dão início à sua vida profissional ,
misturados aos outros sábios do império. Todavia, uma crise estava para ser
deflagrada, que os levaria a se destacar como servidores, não de um rei, mas
do Rei dos reis e Senhor dos senhores. O testemunho cristão não teme as
crises. Antes, tem-nas como oportunidade para pontificar o conhecimento
divino em todas as instâncias da vida particular e pública.
No segundo ano de seu reinado, Nabucodonosor teve um sonho acerca
dos últimos dias da História. El e adormeceu preocupado com o seu
império, e despertou com uma visão acerca do Reino de Deus. Quem se
angustiava por entender os movimentos cíclicos na história de Babilônia,
agora, entra em crise por ver a linearidade da História Sagrada resultar no
domínio do Deus de Israel  sobre todas as coisas.
Como nenhum de seus sábios fosse capaz de evocar-lhe o sonho, ou de
interpretá-lo, o rei ordenou o extermínio de toda a Academia da
Babilônia. Daniel , então, convoca seus companheiros, para que roguem o
socorro divino. O profeta, recebendo a revelação do Deus de Israel , mostra
a Nabucodonosor o que há de acontecer, no mundo, nos derradeiros dias
da História. No preâmbulo de sua exposição, o jovem hebreu apresenta ao
rei uma proposição teológica que, apesar de simples, deitava por terra todo
o panteão daquela cidade idólatra e entregue aos demônios: “Mas há um
Deus nos céus, o qual  revel a os segredos; ele, pois, fez saber ao rei
Nabucodonosor o que há de ser no fim dos dias” (Dn 2.28).
A partir daquele momento, Daniel  passa a mentorear espiritual mente o
rei, levando-o a reconhecer que somente o Senhor é Deus. Eis o que o
próprio Nabucodonosor confessa acerca de seu encontro com o Deus de
Israel : “Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, e exalço, e glorifico ao Rei
dos céus; porque todas as suas obras são verdades; e os seus caminhos,
juízo, e pode humilhar aos que andam na soberba” (Dn 4.37).
Muito pode fazer um acadêmico nas mãos de Deus. Por meio de seu
trabalho sincero, levará o testemunho de Jesus Cristo aos escalões mais
al tos da sociedade e do governo. Anal , somos instados pelo Senhor a
proclamar o evangelho a todas as criaturas, inclusive aos ricos e poderosos.


V. O Testemunho de Daniel entre os Políticos

Daniel  já era um ancião, quando Belsazar convocou-o a ler o escrito
divino na parede de seu palácio. Desprezando as honrarias e presentes que
o rei l he oferecia, o profeta, fugindo ao politicamente correto, interpretou lhe
 a sentença, indicando-lhe o m de seu império. Neste momento, o
Senhor requer de nossos homens públicos que ajam com a mesma isenção
e coragem.

1. Daniel, o político. Deus não precisa de políticos meramente
profissionais. O que Ele requer são testemunhas fiéis, que atuem nas
diversas esferas de poder, a m de que o evangelho não que apenas no
sopé da pirâmide, mas que venha alcançar o topo mais inatingível . Por esse
motivo, deve o político cristão, vocacionado para esse mister, agir como
porta-voz de Cristo ante os poderosos deste mundo.
A política, em si, não é um mal ; de seus ofícios, todos carecemos. Sem
ela, a vida em sociedade seria impossível , uma vez que a sua finalidade é a
promoção do bem comum. Além do mais, não são poucos os servos de
Deus, quer no Antigo, quer em o Novo Testamento, que atuaram
politicamente. Um dos exemplos mais notáveis é o próprio Daniel .


2. Os atributos de um político cristão. Tendo como espelho a vida
pública de Daniel , apontaremos alguns atributos, sem os quais o político
cristão não poderá servir como testemunha de Jesus. Se Deus, de fato, o
chamou à vida pública, você não terá dificuldade alguma para agir com
isenção, incorruptibilidade e coragem.
Chamado à presença de Belsazar, agiu Daniel  com isenção e prudência.
Embora honrasse o rei, não lhe faltou com a verdade. Sua palavra não tinha
dois pesos, nem duas medidas. Com a mesma franqueza que exortava os
pequenos, repreendia os grandes. Se com os fracos mostrava-se forte, com
os fortes erguia-se ousadamente. Em momento algum, faltou com o devido
respeito.
Diante dos presentes e honrarias que l he oferecia o rei, Daniel  mostrou-se

íntegro e incorruptível : “As tuas dádivas quem contigo, e dá os teus
presentes a outro; todavia, l erei ao rei a escritura e lhe farei saber a  interpretação” (Dn 5.17). Anal , por que receberia el e dádivas ou
honrarias? Não se deixando corromper, dá um testemunho público da
justiça do Deus de Israel .
Que os nossos políticos espelhem-se em Daniel , e não se deixem seduzir
quer pelo ouro, quer pelas honrarias mundanas. Lembre-se: mais cedo ou
mais tarde, Deus trará todas as coisas à luz.
Por fim, Daniel  agiu corajosamente. Diante de um rei pasmo, lê e
interpreta a escritura divina estampada na parede. Naquela mesma noite, o
Império de Babilônia cai ante os medos e persas. Quanto ao profeta, ainda
serviria a dois outros monarcas até que, ditosamente, fosse recolhido ao
descanso eterno.


Conclusão

Instruamos nossos filhos e netos a servirem a Cristo no campus
universitário. O desafio não é pequeno, mas os resultados hão de ser
grandes e compensadores ao Reino de Deus. Que eles demonstrem aos
sábios deste mundo que somente a mensagem da cruz é capaz de redimir
tanto o individuo quanto a sociedade.
No que tange aos nossos políticos, que eles se mantenham fiéis à ética
cristã e jamais negociem a sua integridade nem a santíssima fé. No
momento em que escrevo estas linhas, o Brasil  é transtornado pelo maior
escândalo de sua história. Homens que deveriam ser o exemplo à
sociedade já não servem como referencial  às novas gerações. Mas graças a
Deus pelos homens públicos que, colocando o evangelho acima de todas as
coisas, encorajam-se a prestar excelente confissão de sua crença em Jesus
Cristo.










quinta-feira, 4 de agosto de 2016

“Subsídio Teológico” A Evangelização dos Grupos Desafiadores

 
I. Galhos Secos, o Desafio de Pregar aos Viciados

1. O desafio de todos nós. O envolvimento das Assembleias de Deus na evangelização de dependentes químicos é bem recente. Salvo casos excepcionais, passamos a cuidar desse problema espiritual  e social somente a partir dos anos 1970.

Uma das primeiras reportagens sobre o tema chegou aos leitores do jornal   em 1989, quando o pastor Nemuel  Kessler
visitou o Desafio Jovem de Piracicaba, no interior paulista, para noticiar o mil agre ocorrido na vida da jovem Leia de Oliveira.
A moça fora um dos primeiros casos de cura da AIDS em nossa igreja — comprovando o imenso interesse de Deus na alma dos viciados.
O responsável  por aquele trabalho era o evangelista Vanderlei Guidelli, que já tivera a sua própria experiência de libertação.
 Uma vez liberto, ele abraçou como poucos o desafio e, amorosamente, tem-se dedicado a cuidar das almas destruídas pelos vícios. Depois de Piracicaba, o pastor Vanderlei foi transferido para Cravinhos, e agora se acha em Sertãozinho. Por onde
passou, ele fundou trabalhos para a recuperação de dependentes químicos.
Eu gostaria de poder dizer que a dedicação desse servo de Deus levou toda a igreja a interessar-se e envolver-se nesta causa, mas, infelizmente, testemunhos como o dele são pontos fora da curva, exceções que confirmam uma triste regra: como Noiva do Cordeiro, reconhecemos o valor da alma dos viciados; como instituição, escolhemos concentrar-nos em irrelevâncias.



2. Encarando com amor esse grupo desafiador.  O maior desafio para evangelizar os grupos desafiadores está em nós mesmos. Nossa agenda está sempre repleta de eventos extenuantes e onerosos, enquanto famílias perdem tudo, inclusive a si mesmas, para as drogas. Embora o vício, para alguns, não seja contagioso, a sua destruição o é. Parecem-lhe fortes e provocativas estas palavras? Eu alertei, no início do capítulo, que a evangelização tem a peculiaridade de constranger-nos em virtude de sua prioridade e urgência.
Clássicos como , do saudoso evangelista David Wilkerson, ou , de Nick Cruz, deixam claro que somente a salvação em Cristo,
incluindo a experiência pentecostal , possibilita uma vitória retumbante sobre o vício.
Nas casas de desintoxicação particulares e estatais, os internos são tratados apenas clinicamente; espiritual mente, não recebem qual quer assistência. Seus curadores acham que qual quer tratamento para a alma serve. Dessa forma, igualam o evangelho de Cristo ao espiritismo, ao islamismo ou a outra manifestação religiosa qual quer. Conclui-se, pois, que não podemos ausentar-nos das clínicas onde são tratados os viciados em drogas.



3. Galhos secos à procura de vida. Nos anos 1970, ainda adolescentes, os irmãos Osny (falecido em 2007) e Osvary Agreste compuseram uma canção chamada “Galhos Secos”. Por algum motivo, o hino tornou-se o cântico das casas evangélicas de recuperação de drogados. De norte a sul , onde houver um centro cristão de recuperação de viciados, a música é
entoada pelos internos com a pouca força que lhes restou após anos de destruição. Diz a inspirada e doce composição:

Nos galhos secos de uma árvore qualquer
Onde ninguém jamais pudesse imaginar
O Criador vê uma flor à brotar

Olhai, olhai, olhai
Os lírios cresceram no campo
E o Senhor nosso Deus
Os têm alimentado para nossa alegria

Para nossa alegria


Os irmãos Agreste não sabiam que a experimentação musical  da sua puberdade era quase profética, pois descreve o sentimento de homens e mulheres que, num último ato de coragem e lucidez, buscam reaver o que  Satanás lhes roubou pelo vício. Nas UTIs espirituais, que são as casas cristãs de reabilitação, os dependentes passam os dias entre cultos, recreações e crises de abstinência, sentindo-se lenhos secos, onde só o Criador consegue enxergar vida. Mas as ores têm brotado, para nossa
alegria. E, também, para nossa vergonha, pois as libertações ocorridas nesses lugares fazem lembrar algo que muitos crentes já esqueceram: a Palavra tem poder para transformar o pior dos pecadores, o mais destruído dos seres humanos.
É desafiador falar de Cristo aos drogados? Sem dúvida. Mas é também surpreendentemente recompensador, porque onde o pecado abundou, a graça superabundou. Para nossa alegria.


II. Tempos Trabalhosos, a Evangelização de Homossexuais
1. Um tempo de grandes provações. Na década de 1980 — anos que conduziram meus olhos à adolescência, havia uma doce inocência nos jovens. Nas palestras sobre namoro, noivado e casamento, não se falava em homossexual ismo. Não era necessário. Mas o tempo passou, levando consigo toda a ingenuidade. Um novo tempo chegou e, com ele, veio a primeira geração da história a querer fazer da exceção a regra, do esdrúxulo a norma, do estranho a lei.
O homossexual ismo, que a pós-modernidade teima em taxar de homossexual idade, tem uma história tão longa quanto a queda do ser humano. Haja vista as cidades de Sodoma e Gomorra. Homossexuais são contados entre filósofos e soldados da civilização greco-romana. Tal prática, porém, nunca foi considerada digna de ser equiparada ao matrimônio, pois ninguém jamais duvidou de que o casamento tem a ver com espécie, gênero e número. Só há casamento entre seres humanos (espécie). Bichos formam pares; seres humanos, casais. E só se forma casal com homem e mulher (gênero), pois é do que se precisa: um macho e uma
fêmea. Exatamente dois; este é o número. Basta dizer “casal ” para que, instintivamente, nosso cérebro visualize um homem e uma mulher.
Portanto, a lógica gay é contrária ao casamento instituído pelo Criador.

2. O pior dos tempos. O movimento gay assumiu uma tática que vai muito além da tradicional  “luta pelos direitos dos homossexuais”. Nessa guerra contra a família tradicional , eles querem  a sociedade à força. Um dos melhores trabalhos já escritos a respeito do assunto é o do pastor Louis Sheldon. No livro , ele conta como os líderes gays têm atiçado suas hostes contra as famílias, as igrejas e as crianças (as vítimas mais vulneráveis dessa investida satânica). Em nosso país, o alvoroço homossexual  é incontrolável . Vivemos o pior dos tempos. No entanto, a Igreja de Cristo não cará impassível  ante o desafio da
evangelização dos homossexuais, porque Jesus também morreu por eles.
Em vez de os olharmos com ódio e rancor, devemos expor-lhes o plano da salvação, porque eles não são piores nem melhores do que os demais pecadores. Deus os ama e quer trazê-los ao seu Reino, libertando-os do pecado e da escravidão do Diabo.

3. O desafio da evangelização dos homossexuais. Muitos crentes acreditam que os homossexuais estão sendo usados pelo Diabo para
capitanear uma perseguição sistemática contra a Igreja. Essa, porém, é apenas uma causa secundária. Na verdade, os homossexuais buscam impedir a ação evangelizadora da Igreja, porque não ignoram o evangelho, que é o poder de Deus para a salvação de todo o que crê, seja ele heterossexual , seja ele homossexual. A verdade liberta o homem de todo e qual quer pecado.


A televisão mostra os heróis do universo gay discursando inflamadamente nas comissões do Congresso Nacional . Mas, ao fim de
seus pronunciamentos, deixam rapidamente o plenário, pois recusam ouvir as verdades que tanto os incomodam. Eles fogem dos debates, principal mente quando notam, entre os debatedores, a presença de algum pastor. Isso significa que temem ouvir o evangelho de Cristo, pois diante da mensagem da cruz ninguém há de ficar indiferente.
Por conseguinte, a solução para ganhar os homossexuais para Cristo é uma só: o amor de Deus em nós e por meio de nós. Deus nos ordena que os amemos e que oremos por eles. É... Como tenho dito, a evangelização constrange, pois exige coisas que nem sempre estamos dispostos a dar ou a fazer. Não somos inimigos dos gays. Eles, todavia, nos veem como adversários. Por isso mesmo, devemos mostrar-lhes nosso amor, falando lhes aberta e francamente do evangelho de Cristo. Eles precisam saber que
Jesus também morreu por eles.

III. A Mentira mais Antiga do Mundo e o Desafio de Evangelizar quem se Prostitui

Você já deve ter ouvido alguém dizer que a prostituição é o ofício mais antigo do mundo. Jazem aí duas mentiras. A primeira é factual : o trabalho mais antigo do mundo é a agropecuária, seguida pela indústria de transformação. O segundo erro, pior que o primeiro, é conceitual : prostituição não é profissão, mas ofensa contra Deus.

1. Quem vende sexo não resiste ao amor. No município de Itaperuna, no interior fluminense, havia um prostíbulo explorado por uma cafetina bem folclórica. Numa contingência sofrida por uma família de uma igreja recentemente aberta, o pastor viu-se obrigado a entrar naquele local  de pecado, transgressão e medo. A cena que ele descreveu, ao contar a história, foi de um realismo impressionante. No ambiente sujo e promíscuo, homens e mulheres, seminus, deitavam-se por todos os cantos.
Final mente, alguém observou que ele, definitivamente, não pertencia àquele lugar.
Depois de um reboliço, aparece diante dele uma mulher envelhecida pelo pecado e tornada feia pelo “negócio” que geria. Era a
Valesca, a dona do prostíbulo. De cara fechada, e com um ódio que lhe acentuava ainda mais as bochechas pronunciadas, ela lhe perguntou: “Você veio aqui por quê?” A resposta do pastor foi divina e certeira: “Estou aqui por causa da sua alma!”. Aquelas
palavras penetraram fundo no coração da mulher. A raiva de seus olhos cedeu lugar às lágrimas. O rancor de seus lábios foi
substituído pelos pedidos de desculpas, repetidos à exaustão. Valesca foi tocada pelo evangelho.
Ainda foi necessária alguma insistência e muita oração, até que a velha cafetina se convertesse a Cristo. Mas, em fim, chegou o dia em que ela foi intimada a decidir o que faria de Jesus. O pastor lhe disse: “Eu a quero em nossa igreja, no próximo domingo”. “Não”, retrucou a mulher. “Não posso ir. O que as pessoas vão dizer?” A resposta do amoroso pastor que invadira
o prostíbulo fê-la estremecer: “Se a senhora não for, trarei os irmãos aqui para fazer o culto!” Não foi preciso. A dona do bordel  compareceu à igreja e aceitou Cristo como Salvador. Naquela noite, a cidade descobriu que o verdadeiro nome de Valesca era Maria de Jesus.

2. O desafio de falar de Cristo às prostitutas. O desconforto de falar de Cristo aos que se prostituem é patente e até compreensível , porque nem todos estão aptos a levar adiante tal  ministério. Há, porém, várias associações dedicadas a evangelizar prostitutas e prostitutos. Os melhores exemplos vêm da Europa, onde, em alguns países, os que vivem da prostituição moram todos no mesmo setor da cidade. As organizações cristãs procuram marcar presença nessas local idades, com apoio médico, psicológico e, cl aro, espiritual . Trata-se de um trabalho evangelístico difícil  e que exige amor e muita coragem. Boa parte desses obreiros é
composta por homens e mulheres que já estiveram na prostituição e foram resgatados por Jesus.


Conclusão

Quando falamos na evangelização de grupos desafiadores, imaginamos que o desafio são os grupos. Não é verdade, o desafio está em nós e em nossa resistência em falar-l hes de Cristo. Nós os evitamos, mas nem sempre eles nos rejeitam. Fugimos dos drogados, desprezamos os gays e repudiamos os que se prostituem. Mas, por favor, não apequene meus argumentos concluindo que estou nos auto acusando de preconceito. Isso não é verdade, nem sobre o que digo e nem a respeito de nós. Não temos
preconceito; temos, sim, um conceito muito bem estabelecido do que é certo e do que é errado. Do que é pecado e do que não é. Entretanto, ainda não dominamos a arte espiritual , na qual  Cristo era Mestre: separar o pecado do pecador. E este nem é o maior dos nossos desafios. Pior que este é a apatia em que vivemos. Achamo-nos mergulhados na mesmice. Não nos esforçamos o bastante para fugir à rotina, afim de ganhar uma pessoa para Cristo. A situação complica-se quando essa pessoa é drogada, homossexual  ou vive da prostituição. Evangelizar tais grupos é um trabalho solitário e desafiador.
Leva-nos às ruas vazias e aos becos assustadores. Não é tarefa que requeira igrejas suntuosas, mas demanda instalações adequadas e adaptadas.
Definitivamente, tal  missão não é para obreiros engravatados e com anéis de doutores; é obra para quem não se importa de sujar as roupas e as mãos com o pecador caído na sarjeta. O desafio de ganhar esses grupos para Cristo não será vencido por pregadores de multidões, mas por pescadores de homens.
Este é o nosso trabalho.