quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

As obras da carne

Para mostrar que as obras da carne são contrárias ao Espírito, Paulo mostra que essas obras podem ser facilmente reconhecidas, pois são manifestas na atuação cotidiana de cada um. Essas obras podem ser de luxúria, de ordem religiosa, de impureza sexual, idolatria e falta de amor.
Os gálatas, ao deixarem se influenciar pelos propagandistas da lei, estão sujeitos a praticar tais obras.

 # V. 19 - Ora, as obras da carne são manifestas. Os efeitos da carne são fenômenos claros, realidades manifestas. Não podem, pois, serem ignorados. Dizem por si mesmos o que são. Paulo apresenta uma série de obras, seguindo formalmente uma tradição perenética muito utilizada do judaísmo tardio. E, também, comum encontrar listas de vícios nas cartas do Novo Testamento. Na enumeração das obras, Paulo relaciona aquelas que parecem delitos culturais e as que ameaçam ou destroem a unidade da Igreja. Das muitas divisões propostas, algumas são: a) frutos da luxúria; b) os frutos de ordem religiosa; c) as violações da graça; d) intemperança; e) pecados contra a pureza sexual; f) contra a veneração de Deus; g) contra o amor; h) contra a temperança.
Imoralidade sexual, impureza e lascíviaOs três primeiros itens são pecados da sensualidade. Paulo provavelmente começa com estes em razão de nos seus dias serem praticados em grande escala. Estavam em grande destaque no ambiente pagão do qual os gálatas foram tirados, sendo até mesmo aprovados nos ritos da adoração pagã. Onde mais claramente se manifestam as obras da carne é nos pecados sexuais e na relação com a sexualidade. Contudo, suas obras vão muito mais além desses pecados.
As obras da carne podem atuar, por exemplo, no zelo ou na veneração religiosa das criaturas.
Imoralidade sexual (porneia) é a fornicação no sentido de qualquer atividade carnal ilegítima. Provavelmente, porneia tenha ligação com o verbo pernumique significa vender. Essencialmenteporneia é o amor que é comprado e vendido, o que não é amor de modo algum, pois o ser humano é conduzido como um simples objeto.
 Segue impureza” (akatharsia), que se trata da impureza, não no sentido cultual, mas moral ou religiosamente.26 Isso diz respeito a imoralidade sexual um conceito mais amplo.
O terceiro elemento é a lascívia (aselgeia), que significa literalmente a libertinagem de um modo geral, mas sem dúvida é usada aqui para a lascívia nas relações sexuais: ressalta a libertinagem desses pecados de impureza, em que a pessoa perdeu toda a vergonha; designa, além do mais, um vício descontrolado (cf. Ef 4.19; 1 Pe 4.2; 2 Pe 2.2,7,18; Jd 4,29).

# V 2 0 - Idolatria e feitiçaria. Junto com os pecados carnais aparecem, como acontecem em outras cartas de Paulo, os pecados da falsa veneração a Deus (cf. 1 Co 10.7,8,14; Cl 3.5). A relação íntima entre ambas as classes de pecado é enfática em Romanos 1.23,24.0 conceito da eidoloSatria é talvez de origem judaico-cristã. Uma das formas mais baixas da idolatriaser realizada é através da farmakeia (feitiçaria). Originalmente é um conceito neutro que indica o uso de drogas, tanto com finalidade boa ou má.
O ato de o homem querer colocar coisas criadas por ele mesmo no lugar do Criador tem no fundo, como conseqüência, uma dissolução interna de ordem e domínio das paixões e um descontrole de sua sexualidade,que é desordenada e incontrolada. A desenfreada impureza,que desonra o corpo, mantém, pelo contrário, o homem sujeito nessa adoração da criatura incapaz de dominar seus impulsos, facilitando tal adoração. Não é casual que a antigüidade religiosa esteve grandemente saturada e dominada pelo sexo.

Ódio, discórdia, ciúmes, ira. Sem conexão imediata, Paulo relaciona os pecados que ameaçam ou que podem destruir a vida em comum dos membros da igreja, bem como a unidade das comunidades. Eles formam um grupo completo que pode ser considerado uma descrição dos males sociais.
Ódio ( echthra) traz o sentido de hostilidade. Refere-se, sem dúvida, às inimizades pessoais de alguns membros das comunidades entre si, ou suas manifestações hostis. Echthra é a palavra grega para inimizade.
Discórdia” {eris) é basicamente contenda ou rixa. No Novo Testamento é um termo tipicamente paulino,33 e nesse versículo aparece frequentemente como ciúmes. Eris é a obra da carne que mais comumente invade e destrói a fraternidade cristã.
Zelo” {zelos) é normalmente traduzido como zelo, no sentido de envolver outras pessoas da comunidade. A idéia no contexto é de zelo pervertido, que tem como finalidade o mal do próximo.
A outra palavra é Ira ( thumos)?b que traz o sentido de uma tremenda explosão de temperamento. Essa palavra é tipicamente paulina (cf. Rm 2.5; 2 Co 12.20; Ef 4.31; Cl 3.8).

Egoísmo, dissensões, facções. Na sua enumeração, o apóstolo apresenta mais três conceitos do catálogo de vícios, que caracterizam a mentalidade e as manifestações contra a unidade da igreja, cuja matriz se encontra na política.
Uma palavra difícil de ser interpretada é eritheiaaqui traduzida por egoísmo. Partindo do significado original da palavra, os exemplos que dispomos nos dão os seguintes sentidos:371) a conduta de certos políticos que conseguem altos postos por causa de influências não confiáveis; 2)
a conduta das prostitutas que se oferecem ao varão; 3) no Novo Testamento não parece existir um uso constante e preciso.38 O seu significado,neste versículo, parece estar centrado na postura de pessoas que estão em busca de rixas, contendas ou intrigas. E provável que Paulo esteja pensando nos esforços empregados por alguns membros de destaque na comunidade, com a finalidade de expulsar os seus rivais e conseguir
adeptos sem importar-se com os meios utilizados.
A palavra dissensões ( dichostasianão é uma palavra comum, quer no grego bíblico, quer no secular. Literalmente significa ficar à parte,separado. Aparece no Novo Testamento no sentido de rixa, sedução partidarista e separação. Só é usada novamente em Romanos 16.17.
Facções” {airesis) é uma palavra que se refere a divisões na comunidade,grupos doutrinários, que contrariam a unidade da igreja, enquanto reunião legal e pública do povo de Deus.40 E o resultado da palavra anterior: divisões organizadas em facções.

 V. 21 - Inveja; embriaguez, orgias. Nesse versículo, Paulo apresenta um quarto grupo de vicios, os quais se relacionam com delitos graves.
A lista de obras da carne termina com os pecados da intemperança, que não só predominavam como eram também sancionados por várias formas pagãs de adoração.
Inveja (phthonoí) serve de passagem para este grupo. E o desejo de se apropriar do que outras pessoas possuem. Refere-se ao desejo de privar o outro do que ele tem. E aquela pessoa que fica amargurada diante da visão de outra possuindo o que ela não tem, e que faria tudo quanto fosse possível não para possuir a coisa, mas para evitar que a outra pessoa a possua.
Embriaguez (m ethè denota a falta de controle de alguém perante a bebida. O mundo antigo e a Escritura, embora não condenassem a bebedice,viam nela um ato vergonhoso, por isso são contra a embriaguez.
Orgias” (komossão orgias festivas de distintas formas. No grego secular tinha um sentido de comunicação, mas aos poucos foi adquirindo um sentido de devassidão.
E coisas semelhantes. Com essa expressão Paulo está lembrando aos gálatas que não relacionou todas as obras, existem outras, e que por isso deviam estar atentos. Mas é próprio dos catálogos de vícios não nomeá-los todos, por isso com freqüência, como é colocado aqui, o escritor procura alertar os seus leitores utilizando a fórmula final: e coisas semelhantes.
Eu os advirto, como antes já os adverti, que os que praticam essas
coisas não herdarão o Reino de Deus. Ao agregar a ameaça de que todas estas obras excluem do reino de Deus, Paulo deixa transparecer o quanto segue de perto o esquema dos catálogos de vícios, ou melhor, quão certo é que repete uma tradição relativamente fixa de instrução catequética, ressaltando que anteriormente já alertara sobre os perigos dos vícios, e agora novamente volta a adverti-los. Isso revela a freqüência da advertência (cf. 1 Ts 4.6). Do reino de Deus, são excluídos aqueles que se inclinam para as obras da carne que são claras, da mesma forma que as suas conseqüências. Aqueles que praticam tais obras serão excluídos do reino de Deus e estarão perdidos.

Extraído do livro comentário Gálatas
De Germano Soares
Editora CPAD.



quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

(Professor) mais sobre O Perigo das Obras da Carne

Inicie a aula explicando o conceito da palavra “concupiscência”. Segundo o Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento, a palavra significa expressamente “desejos físicos”. Por isso, deixe claro que o termo significa a expressão dos desejos lascivos que assediam a mente humana. É a velha natureza manifestando as ações do “velho homem”, suas piores ações e abominações. É uma tragédia quando as obras da carne dominam e tomam o lugar de toda a pureza, retidão e santidade.
Quem domina a mente humana?
Na luta entre quem dominará a mente humana, se o Espírito ou a Carne, se percebe a necessidade da mortificação da Carne. Algo que se torna possível somente por intermédio do Espírito Santo. Quando não há mais a comunhão com Deus, o compromisso de buscá-lo de todo o coração e mente, o ser humano se torna incontrolável, sem qualquer referência de santidade. Por isso, a Palavra de Deus nos diz que devemos levar “cativo todo entendimento à obediência de Cristo” (2 Co 10.5). Permitindo que Ele seja soberano em nosso pensamento, vontade e ação. Ora, Cristo é o Senhor em todas as áreas da nossa vida. Não há uma só área que não deva ser dirigida e dominada por Ele.
Preservando o Caráter
Não é fácil preservar o caráter íntegro em Deus. Os convites são muitos, as propostas são diversas e as tramas realizadas são inúmeras para nos afastar do propósito do Evangelho em desenvolver a vida segundo a perspectiva do Reino de Deus. Infelizmente, não por acaso, assistimos muitos ícones, pessoas anônimas também, degradarem o caráter que um dia foi forjado para glória de Deus. O apóstolo Pedro nos mostra como isso acontece: “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado. [...] O cão voltou ao seu próprio vômito; a porca lavada, ao espojadouro de lama” (2Pe 2.20-22). Esse processo não começa da noite para o dia. Ele se dá paulatinamente, aos poucos. Quando menos se percebe, “o cão voltou ao seu próprio vômito”.


(Subsídio Teológico Lição 3 / 1º Trim 2017) O Perigo das Obras da Carne

Paulo falou sobre a questão da carne apresentando-a como um inimigo que impede o homem a servir a Deus em Romanos 8.5-9 e destacou suas obras em Gálatas 5.19,20.
A palavra carne na Bíblia tem dois sentidos: corpo e natureza pecaminosa. O corpo foi formado por Deus, já a natureza pecaminosa o homem adquiriu logo após a queda.
 É preciso muito cuidado nessa questão, pois algumas vezes a palavra carne pode ser confundida por corpo, em vez da natureza pecaminosa. Jó e Paulo respectivamente em Jó 19.26 e 1 Coríntios 15.39 falam da carne no sentido corpo, já em Romanos 8.9 e Gálatas 2.20, Paulo fala de carne no sentido de natureza pecaminosa.
Pode-se dizer, teologicamente, que a carne na Bíblia não tem apenas o sentido de corpo, ela pode também referir-se ao espírito, pois comete pecado. Quando Deus criou o homem, Ele o fez sem pecado; ao pecar o homem herdou a natureza pecaminosa, por essa razão que o seu corpo precisa passar pela transformação gloriosa da qual Paulo fala (ICo 15. 53.54).
Já falamos que sarx é o termo usado no Novo Testamento para expressar a realidade da natureza pecaminosa do homem, ela destaca a personalidade humana separada de Deus, fora da influência do Espírito Santo, razão pela qual as obras maléficas da carne aparecem conforme descrito em Gálatas 5,19-21 e Colossenses 3.5-9.
Não é fácil entendermos no seu aspecto geral os diversos sentidos da expressão sárx. Como já mencionamos, ela está marcada de mistério, mas Agostinho procurou dividir as obras da carne em dois ramos: Ramo do Orgulho e Ramo da Sensualidade.
Esses dois ramos juntos produzem todo tipo de pecado, isto segundo Agostinho. Já Lutero dizia que a raiz da carne era a incredulidade, e não o orgulho; porém, a conclusão a que se chega é a seguinte: a carne age fora da esfera do Espírito Santo, ela tem seu próprio mundo, de modo que suas ações sempre se inclinam para coisas más, pois a carne está fora de Deus, antes deseja colocar o homem no lugar de Deus.
Paulo diz que quem vive dominado pela “carne” não pode agradar a Deus (Rm 8.8). “Carne” aqui pode ser uma referência à substância física, o corpo do homem, como também à natureza pecaminosa. E ela que pode levar o cristão a viver e apresentar aspectos negativos em sua vida.
O que se pode dizer em relação às obras da carne é que: por trás dela existe uma deserdação absoluta e irreconciliável, pois a carne é incrédula e independente de Deus, age no princípio do egoísmo, com base nas trevas, para que uma nova luz possa surgir é preciso que o Espírito Santo entre no coração do homem para conduzi-lo às verdades divinas.
Jesus é quem pode libertar todos quantos estão dominados pelo poder da carne (Jo 8.31,32), oferecer ao homem a libertação espiritual e conduzi-lo à comunhão com o Espírito Santo de Deus, de modo que ele não estará mais em trevas (Jo 1.5-7).
O Espírito Santo mostra ao pecador a necessidade de abandonar as obras da carne para ter o caráter de Cristo. Ademais, Ele aplica ao coração do homem os ensinamentos cristalinos das Sagradas Escrituras. Por meio deles é possível viver a verdadeira e dinâmica vida no Espírito.
Já dissemos também que a carne trabalha buscando independência, ela age fora de Deus. Os perigos da obra da carne são que, além de ser dominada completamente pela incredulidade, agindo na vida do homem, ela quer mostrar que o mesmo não precisa mais de Deus, pois já alcançou a maioridade e pode seguir seu caminho sem depender de qualquer divindade.
Paulo em sua segunda carta a Timóteo, capítulo 3, mostra uma sociedade dominada pela carne, que deixa Deus de fora, mas que adota uma piedade falsa (2 Tm 3.1-5), dessa maneira vive como se tudo estivesse normal, mas se esquece de que suas ações são obras puramente da carne.
Todos nós precisamos da presença do Espírito Santo de Deus para não sermos dominados pelas obras da carne, que pode resultar em religiosidade carnal, avivamento carnal, ou experiências puramente no campo carnal.


A Degradação do Caráter Cristão
A concupiscência da carne está ligada à natureza pecaminosa do homem, é claro já falamos que o termo concupiscência pode ter seu lado positivo e negativo. No sentido positivo, falando de desejo, a epithumía aparece em Lucas 22.15; 1 Tessalonicenses 2.17, porém, no Novo Testamento essa palavra recebe mais uma conceituação negativa, apontando para desejos impuros, como procediam os pagãos (Rm 1.24).
O que degrada o homem é a natureza pecaminosa, e quem não tem o Espírito Santo sempre irá desejar aquilo que contraria a vontade de Deus. Precisamos saber que são os desejos influenciados pela carne que produzem pecados mais grosseiros, levando pessoas a um estilo de vida aviltado, o que fere grandemente a santidade de Deus.
O cristão pode desejar algo, isso não é errado, mas desejos que vêm dominados pela concupiscência da carne devem ser evitados, porquanto eles causam grandes estragos. Jamais devemos agir como os estoicos, os quais procuravam fugir dos desejos, pelo contrário, os desejos que não ferem e o homem m nada a santidade de Deus podem ser cultivados, porém, aqueles que se comprazem na prática do mal, da prostituição, na corrupção, no sexo ilícito, prontamente devem ser rejeitados (2 Tm 2.22; Cl 3.5; 1 Pe 2.11; 2 Pe 1.4; 2.10).
Para o cristão não se deixar dominar pela concupiscência da carne precisa do Espírito Santo de Deus, caso contrário os desejos pecaminosos irão derrota-lo (Ef 5.5,6).
A concupiscência da carne no livro de João não tem o mesmo sentido do que Paulo escreveu em Romanos 8.8. Paulo fala da carne no sentido da natureza pecaminosa, já o apóstolo João descreve sárx como Jesus tornando-se pessoa humana (Jo 1.14; 1 Jo 4.2). Podemos dizer que a palavra concupiscência nos escritos de João fala de “desejos físicos”, e mencionamos anteriormente que ter desejos não é pecado.
A carne pode desejar comida, festa, passeio e coisas desta vida. O problema está quando tais desejos vêm influenciados pela natureza pecaminosa, porque desse modo pode levar o homem para uma degradação espiritual completa. Nosso corpo e olhos podem desejar o que é material, mas não podemos colocar nossos desejos e olhos apenas no que é deste mundo. Esse é o ensino que João nos dá quando faz uso da palavra sárx.
Ao pecar o homem tomou-se depravado, ficou desprovido da justiça original de Deus e do desejo pelas coisas santas, sua natureza ficou adulterada e cedendo fortemente para o mal, por isso a ênfase da Bíblia é que o homem possa nascer de novo (Jo 3.3).
Ao falarmos sobre a depravação do homem, não queremos dizer que nele não exista qualquer coisa boa, que todas as suas ações são pecaminosas e opostas a Deus, nada disso, na Bíblia o próprio Senhor Jesus destacou coisas importantes nos homens (Mt 23.23), e nas palavras de Paulo é destacado que certos gentios
agiam segundo a Lei (Rm 2.14).
A grande questão na depravação do homem, que o leva a ter um viver que não agrada a Deus, é que ele sempre vai preferir a si próprio (2 Tm 3.4), posto que está destituído do amor verdadeiro de Deus, para amá-lo de todo coração e com todas as suas forças, sempre desejando fazer a sua vontade (Dt 6.4,5; Mt 22.35-38).
Na degradação espiritual o homem procura colocar-se em primeiro lugar, e passa a ter aversão a Deus, isso porque todo o seu ser está corrompido pela natureza pecaminosa, quer seja coração, pensamentos, sentimentos e vontade (Ef 4.18), de modo que está em inimizade com o Senhor (Rm 7.18).
Vivendo em estado de depravação o homem não pode por si mesmo mudar seu caráter, ele não tem poder para conduzir sua vida segundo o desejo de Deus e não consegue adequar-se a sua Lei. O homem não pode dominar o seu eu para dirigir-se a Deus com prazer. Caso ele deseje realmente uma transformação, tem que depender da ajuda do Espírito Santo.
O homem pode, até certo momento, com a liberdade que tem de praticar certas coisas boas, escolher não cometer pecados contra Deus e resistir à tentação, mas tais ações são motivadas por seus próprios motivos, não por meio da ação direta do Espírito Santo de Deus.
Ao pecar, o homem não perdeu sua capacidade pensante nem sua livre agência, ele pode determinar seus atos e ter inclinação para o que é bom, contudo sua bondade não agrada a Deus, pois não é oriunda da ação direta do Espírito Santo. É tão somente por meio do Espírito Santo que o homem pode ter o seu coração transformado, ações adequadas e exercer verdadeira fé para com Deus.


A Vida que não Agrada a Deus
A carne é inimiga do Espírito Santo. Desse modo facilmente podemos concluir que ela jamais irá querer agradar a Deus, já que se opõe a Ele constantemente. Os que vivem na carne, diz Paulo, não têm uma vida que agrada a Deus, isso só é possível quando uma nova natureza é implantada dentro do homem.
A expressão agradar a Deus, segundo Paulo, na verdade é expressar um viver em plena harmonia com Deus, uma vida que de fato já foi transformada ou santificada pelo Espírito Santo.
O homem pode ter coisas boas em sua vida, mas caso não seja transformada pelo Espírito, tudo resultará em obras, e jamais chamará a atenção de Deus.
Deus tem prazer em tudo o que fazemos quando nascemos outra vez por meio do sacrifício do seu Filho Jesus Cristo.
Para Deus somente a obra não basta, muitas igrejas da Ásia tinham muitas obras, eram atuantes, como no caso da igreja de Éfeso, o apóstolo mostra que ela tinha muitas obras, mas Deus não aprovou completamente o seu trabalho, posto que estava faltando o primeiro amor (Ap 2.4).
Deus deseja da parte do homem ações, mas que elas brotem de uma vida transformada, aperfeiçoada em Cristo (2 Co 3.18).
É importante ressaltar aqui que, quando Paulo faz menção de agradar, deve estar ligado à santificação, que já está declarando a ação do Espírito Santo na vida do homem. O que agrada a Deus não é o que o homem faz, mas, sim, o que o Espírito Santo faz no homem. Desse modo, podemos dizer que os que estão na carne não têm nada para chamar a atenção de Deus, visto que o Espírito de Deus ainda não trabalhou em seu ser.
Deus sempre se agradou do seu Filho, porque o Espírito Santo estava nEle, e Ele procurava fazer sempre aquilo que agradava o Pai (Mt 3.17; Lc 4.18). E aquele que me enviou está comigo;
o Pai não me tem deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada. (Jo 8.29).
Não agradamos a Deus realizando grandes sacrifícios, não agradamos por meio de muitos trabalhos, nem por sermos religiosos, antes, agradamos a Deus quando correspondemos aos seus ideais, quando o seu Espírito atua em nossa vida, pois desse modo estamos participando de sua natureza divina.
A Bíblia mostra Caim querendo agradar a Deus, mas tudo foi em vão, porque ele andava dominado pela carne, quem mandava em sua vida era o Maligno, a natureza velha, de modo que suas ações eram motivadas com outras intenções. Não como Caim, que era do maligno, e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão, justas.
Coloque em sua mente que jamais podemos agradar a Deus apenas com o que fazemos; na verdade, o que agrada a Deus é um espírito contrito, arrependido, que se deixa moldar pelo Espírito Santo (Sl 51.17). Não pense que seus muitos sacrifícios e o cumprimento de regras tocam o coração de Deus, o que lhe agrada é quando o homem se volta para o seu filho Jesus Cristo (1 Jo 2.2). Os judeus pensavam que tão somente guardando a Lei iriam produzir um tipo de justiça que agradaria a Deus, mas Paulo fala que isso não causa prazer em Deus, somente a justiça de Cristo na vida do homem é o que agrada ao Senhor. No Antigo Testamento está claro que Abraão agradou a Deus porque creu plenamente nEle (Gn 15.6). O caminho para quem deseja agradar a Deus é deixar de ser carnal e seguir a Cristo Jesus (Jo 14.6), pois é seu sacrifício que dá prazer ao Pai.
Quem vive na carne não pode agradar a Deus, porque quem o domina é a natureza pecaminosa. Estava claro na Lei que todos deveriam amar a Deus e amar o próximo, mas o trabalho da carne é fazer do homem um ser egoísta que pensa apenas em si e prioriza suas vantagens.
Os homens do presente século tentam dissimular suas obras da carne por intermédio da cultura, tradição, arte e razão, porém de maneira oculta o que realmente domina é a carne. Para que se possa de fato agradar ao Pai é preciso que o homem renda-se ao Espírito Santo de Deus e seja educado pela graça de Deus (Tt 2.11).


Produzindo Frutos Diferentes
Em Mateus 7.17-20 Jesus disse: Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. (Mt 7.18-20)
O cristão precisa produzir frutos diferentes daqueles que vivem nos domínios da carne, isso porque sua vida já foi transformada e, agora, é dirigida pelo Espírito Santo. Os que vivem a nova vida são saudáveis e expressam que tem ligação com o que Jesus falou: “árvore boa”.
Os que são dominados pela natureza pecaminosa, conforme descrito na citação acima, são considerados por Jesus árvores más, que apontam para a podridão ou estrago, sendo assim jamais poderão produzir frutos de qualidade, tudo que fazem não tem utilidade para Deus, porquanto suas obras são ruins e inúteis (Mt 13.48).
Para se produzir fruto diferente é preciso que haja um tratamento, Jesus disse que a árvore que dá bom fruto deve ser bem tratada. Uma árvore má, no caso de uma videira que não é bem tratada, poderá dar frutos de péssima qualidade, como, por exemplo, uvas azedas demais.
Isso que aconteceu com Israel, Deus investiu grandemente nesse povo, esperando que desse uvas boas, mas, infelizmente, deu uvas bravas e inferiores (Is 5.1-4).
O fruto diferente fala de uma vida que tem a ação dinâmica do Espírito Santo, que se deixa dominar realmente por Ele. Com o Espírito Santo na vida o homem separa-se daquilo que não agrada a Deus. As Escrituras mostram que Deus é santo e deseja que todos quantos se aproximem dEle sejam santos também, essa exigência era direcionada até para os sacerdotes (Êx 19.22).
Aos que nasceram de novo o Espirito trabalha fazendo suas exigências, dizendo para se separarem daqueles que são injustos (2Co 6.17, 18), dos que ensinam falsas doutrinas (2Tm 2.21; 2 Jo 9.10), mas a nota forte soa para a natureza pecaminosa (Rm 6.11,12; 2 Co 7.1; lTs 4.3,7). O cristão tem que procurar ser diferente, pois já foi separado por Deus para viver uma nova vida em Cristo.
O cristão precisa produzir um estilo de vida distinto, que envolve o fruto do Espírito, porque seu alvo é ser como Jesus Cristo (Rm 8.29), desse modo deve viver em santificação constante, isto é, separando-se daquilo que Deus não aprova. A santificação é um processo em nossa vida que acontecer diariamente, até o dia em que Jesus se manifestar (Fp 1.6), e os que procedem segundo ela logo irão contemplar a Jesus e ser como Ele é (1ºjo 3.2).

Livro de apoio 1º Trimestre de 2017
 As Obras da Carne e o Fruto do Espírito
Escrito por: Osiel Gomes.
Osiel  Gomes é pastor, formado em Teologia, Filosofia, Direito, Pedagogia, Psicanálise e pós--graduado em Docência do Ensino Superior.
Preside a Igreja evangélica Assembleia de Deus - Campo Tirirical, em São Luis, Maranhão