quinta-feira, 8 de junho de 2017

O pecado de adultério e o ministério pastoral

  
PR. DOUGLAS BAPTISTA


Em 1ª Timóteo 3.2-7, Paulo enumera as qualificações imprescindíveis para o exercício do ministério pastoral. A lista é estruturada por aquilo que é chamado de “inclusio” (dispositivo literário em forma de parêntesis). O primeiro requisito (verso 2a) é que o ministro seja “irrepreensível”; o último (verso 7) que tenha “bom testemunho dos que estão de fora”. Em consequência os requisitos para o ministério exigem no todo que o candidato esteja acima de qualquer repreensão. A não observância de quaisquer requisitos o desqualifica para a função.
Assim, o ministro deve ser “irrepreensível” também no casamento. Não deve ser alvo de reprovação da sociedade ou da comunidade cristã em seu relacionamento conjugal. Sua conduta matrimonial não pode macular a reputação da igreja.
Muitos debates têm surgido acerca do significado da expressão paulina “marido de uma mulher” (1Tm 3.2b) que também pode ser traduzida como “homem de uma única mulher”. Os questionamentos giram em torno de uma possível alusão apostólica desfavorável a poligamia, ao concubinato, ao divórcio ou infidelidade no casamento. Vamos então aos argumentos prós e contras a estas interpretações:
A poligamia, embora praticada, era contrária a lei romana. E entre os judeus a monogamia era a regra mais aceita. O concubinado, apesar de ser o único meio dos soldados viverem maritalmente, não era prática habitual fora do Exército. O divórcio, ainda que socialmente aceito de modo trivial entre judeus e pagãos, no cristianismo primitivo só era tolerado em casos de fornicação (Mt 19.9) ou de abandono do lar (1Co 7.15). A infidelidade matrimonial, por sua vez, era conduta condenada e desprezível, tanto no judaísmo quanto no cristianismo incipiente (Êx 20.14; Mt 5.27,28).
Mercê das evidências do ambiente cultural à época, em que a sociedade cristã e pagã não via com bons olhos apoligamia e nem o concubinato, conclui-se, então, que, embora não excluídos, não são a poligamia e o concubinato o foco principal da instrução de Paulo em análise. Resta então saber se é o novo casamento após o divórcio ou a infidelidade conjugal que desqualifica candidatos para o ministério pastoral. O texto bíblico permite as duas possibilidades. O candidato divorciado e aquele que, enquanto casado, tenha praticado adultério. Os candidatos que tenham incorrido na prática de um destes casos, não preenchem o requisito bíblico de “homem de uma única mulher” e portanto estão inabilitados para o exercício do ministério pastoral.
Certamente que os envolvidos em quaisquer dessas situações, ao confessarem e abandonarem o pecado, receberão o perdão de Deus. Contudo há de se fazer uma diferença entre ser perdoado e ser qualificado para o ministério. Se o adultério tenha ocorrido antes da conversão “Deus não levará em conta o tempo da ignorância” (At 17.30). Porém, se o adultério tenha sido cometido após a conversão, como pecador arrependido recebe perdão, mas como candidato ao ministério torna-se incapacitado.
A culpa na dissolução do casamento não se harmoniza com a retórica paulina: “Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?” (1Tm 3.5). De outro lado, a prática “do pecado contra o próprio corpo, que é templo do Espírito Santo” (1Co 6.18,19), imprime no transgressor uma “mancha moral” inconciliável para o exercício pastoral. Salomão asseverou que a vergonha e a infâmia da infidelidade acompanharão o adúltero pela vida inteira: Mas o que adultera com uma mulher é falto de entendimento; aquele que faz isso destrói a sua alma. Achará castigo e vilipêndio, e o seu opróbrio nunca se apagará” (Pv 6.32.33).
Tenho discutido esta exigência paulina no meio acadêmico com teólogos renomados, nos cursos preparatórios de aspirantes ao ministério e no meio eclesiástico com ministros ordenados. Os debates têm sido calorosos. Uns contra e outros favoráveis a posição aqui defendida.
Confesso que como cristão gostaria que fosse possível à restauração ao ministério pastoral do obreiro em falta neste quesito (pecado de adultério e divórcio trivial). Porém como intérprete comprometido com as Escrituras discordo que homens adúlteros permaneçam no exercício pastoral. Sou convicto que a interpretação bíblica exclui do ministério pastoral aqueles que se envolvem com o divórcio trivial e o adultério. Ainda não fui persuadido do contrário. Os que não concordam com esta posição aqui defendida, apresentam diversas conjecturas, opiniões pessoais e ainda a “práxis” da igreja contemporânea. Porém, tais conjecturas são biblicamente refutadas: “o Ministro deve ser irrepreensível e com bom testemunho dos que estão do lado de fora da Igreja” (1Tm 3.2,7).
Reflita sobre isso!
Douglas Roberto de Almeida Baptista


Cuidado com o pecado da cobiça


PR. DOUGLAS BAPTISTA

O
 maior e mais perigoso inimigo do homem é ele próprio. Nossa própria carne e a natureza pecaminosa que em nós habita constituem um inimigo vicioso e enganoso. As três áreas de pecado que se encontram na raiz da queda de qualquer cristão são a imoralidade, a cobiça e o orgulho.
Comparados com isso os inimigos externos são fáceis de combater. A cobiça vem de uma insegurança com relação à provisão de Deus e o amor pelo dinheiro. Em Mateus 6.24, Jesus ensinou sobre dois senhores, dentre os quais devemos escolher um: Deus e mamom. Mamom era o nome do deus pagão da riqueza e da prosperidade. Muitos cristãos têm caído na armadilha de Mamom e assim tornaram-se prisioneiros da cobiça.
Paulo ensina que a cobiça é idolatria. A Escritura esclarece que a cobiça, ou a avareza, é o amor ao dinheiro. E quando o homem ama o dinheiro torna-se refém da malignidade que está por detrás dele: "Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra; a prostituição, a impureza, o apetite desordenado, a vil concupiscência e a cobiça, que é idolatria; Pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência" (Cl 3.5-6).
Um cristão dominado pela avareza ou pelo desejo de acumular riquezas é insensato e delira em vãos pensamentos, Jesus deixou bem claro que "a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui"(Lc.12:15). Lamentavelmente, não são poucos os que acabam se perdendo por causa da cobiça.
A Bíblia registra diversos casos em que a ganância foi obstáculo para salvação, como nos casos do mancebo de qualidade (Mt 19.22), de Judas Iscariotes (Lc 22.3-6), de Ananias e Safira (At 5:1-5, 8-10), de Simão (At 8.18-23) e muitos outros. Infelizmente, o incentivo pela prática da cobiça tem partido do púlpito de diversas igrejas. Os crentes são atraídos por pseudos líderes a participarem de cultos cuja ênfase é a prosperidade financeira.
Para refutar tal conduta nociva em nossas igrejas, deixo para nossa reflexão as palavras de Paulo em sua carta a Timóteo: "os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (1Tm 6.9,10).
Reflita nisto!
Douglas Roberto de Almeida Baptista


A falsa espiritualidade na adoração

 PR. DOUGLAS BAPTISTA


1. Infelizmente, tornaram-se comum em muitos pseudos cultos de adoração as manifestações de falsa espiritualidade. Cristo asseverou que profetizar, expulsar demônios, operar curas e milagres, realizar sinais, prodígios e maravilhas não são garantias de espiritualidade e nem mesmo autenticam a santidade de alguém (Mt 7.22-23).

2. Jesus também ensinou que o exercício dos dons espirituais não assegura a salvação de ninguém. Ao contrário, os dons contaminados pela iniquidade impedem o acesso ao Reino dos céus (Mt 7.21). A iniquidade deve ser conceituada como considerar normal o que é pecado, acostumar-se com o pecado, tolerar a prática do pecado e ter a consciência cauterizada pelo pecado (1Tm 4.2).

3. Quanto aos dons espirituais, o apóstolo Paulo exorta a igreja em Corinto para que não os usem de forma egoísta, e sim com o propósito de edificar o corpo de Cristo (1Co 14.12). Desse modo os dons não são concedidos para a soberba ou vaidade de ordem pessoal, nem para demonstração de suposta superioridade espiritual.

4. Apesar das advertências bíblicas, frequentemente nos deparamos com falsas manifestações em nosso meio. Por vezes, os dons são usados de modo equivocado para autopromoção espiritual de quem os exercita. Outras vezes os dons são usados para encobertar pecados, amordaçar e impedir o desejo de justiça no seio da Igreja. Não raras vezes os dons são utilizados como barganha e fonte de lucro tal qual fizera Balaão (2 Pe 2.15).

5. Os dons espirituais quando usados sem temor e humildade afrontam a santidade de Deus. Imprimem falsa espiritualidade nos cultos e produz uma geração de crentes doentes, capengas, carnais e suscetíveis ao pecado. Paulo lembra que o exercício dos dons espirituais sem o exercício do amor não possui valor algum diante de Deus (1Co 13.1-3).

6. O apóstolo Paulo ensina, ainda, que na adoração cristã pública é indispensável a presença de salmos (louvores), doutrina (ensino e pregação bíblica), revelação, língua e interpretação (manifestação dos dons espirituais). No entanto, enfatiza: “Faça-se tudo para a edificação” (1Co 14.26).

7. Porém, em alguns lugares, os cultos de adoração ao Senhor estão sendo profanados. Profanação significa desrespeito, irreverência ou violação daquilo que é santo ou sagrado. Os louvores não servem para a edificação da Igreja. Diversos louvores são triunfalistas e sequer mencionam o nome de Cristo e servem apenas para autopromoção de quem canta e de euforia e até histerismo coletivo para quem escuta.

8. É notório também que as mensagens deixaram de ser bíblicas e viraram palestras de auto-ajuda. Tais mensagens abandonaram os temas mais caros do cristianismo, tais como, arrependimento, confissão de pecados, santidade, salvação, libertação, arrebatamento da Igreja e a volta de Jesus. Tais temas foram substituídos por ideologias da cultura pós-moderna, entre eles, prosperidade (amor ao dinheiro), hedonismo (prazer como bem supremo), narcisismo (amor por si próprio), relativismo (a verdade mutável), jactância (exaltação da vaidade) e tantos outros.

9. Assim, o culto e a adoração são profanados. Os ouvintes são iludidos e enganados por falsas mensagens que não promovem edificação. Assim, a falsa espiritualidade condena as pessoas a viverem presas ao pecado sem nunca experimentarem a libertação por meio da verdade.

Pense nisso!


 Douglas Roberto de Almeida Baptista