sexta-feira, 1 de setembro de 2017

DONS ESPIRITUAIS

[Do lat. donum, dádiva, presente + spirituale, relativo ao espírito] Recursos extraordinários que o Senhor Jesus Cristo, mediante o Espírito, colocou á disposição da Igreja, visando:
1) O aperfeiçoamento dos santos;
2) A ampliação do conhecimento, do poder e da proclamação do povo de Deus; e: 3) Chamar a atenção dos incrédulos à realidade divina. Os dons espirituais dividem-se em três grupos:

l - Dons de Revelação. Palavra da sabedoria, palavra do conhecimento e discernimento de espíritos. Através dos quais a Igreja é capacitada a conhecer
de maneira sobrenatural.

II - Dons de Poder. Fé, Maravilhas e Cura. Por intermédio dos quais a Igreja pode agir de forma extraordinária.

III - Dons de Alocução. Línguas, interpretação e profecia. Por meio dos quais, a Igreja recebe a graça de proclamar os arcanos divinos de modo milagroso.
A crença na atualidade dos dons espirituais é um dos baluartes da doutrina pentecostal.

Ler os capítulos 12, 13 e 14 da Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios.

RETIRADO DO lIVRO- Teologia Sistemática Pentecostal
Antonio Gilberto, Claudionor de Andrade, Ciro Sanches Zibordi, Elienai Cabral, Elinaldo Renovato, Esequias Soares, Geremias do Couto, Severino Pedro da Silva, Wagner Gaby

(SUBSÍDIO TEOLÓGICO) LBJ- 0 PERIGO DO MATERIALISMO

“Para quem tem fé, nenhuma explicação é necessária.

Para quem não tem fé, nenhuma explicação épossível. ”

— Tomás de Aquino

A Bíblia Sagrada diz que “no princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Então, pelo referido texto, houve um ponto zero na existência (antes da criação de todas as coisas), em que não havia espaço e matéria. Ali, naquele vácuo, o “nada” era o “tudo”. Dessa forma, pergunta-se: Como os intelectuais ateus, que só aceitam realidades pela
demonstração científica, acharão uma explicação racional sobre a vida?
Resposta: Nunca. Eles sempre encontrarão, no fim de seus esquemas, uma retumbante interrogação, um vazio, que destruirá toda a certeza, pois a vida e todas as coisas que existem possuem sua fonte comum: Deus, cuja existência não pode ser demonstrada pelo método científico.
Só existe, portanto, um jeito de desvendar a origem do universo: com o auxílio da fé, conforme está escrito em Hebreus 11.3.

Assim, quem possui fé tem mais sabedoria, pois não fica limitado às demonstrações físico-temporais para descobrir os fatos que só aconteceram uma vez na vida. Por tudo isso, apresenta-se como uma verdade incontestável que o método científico é insuficiente para desvendar todos os segredos da existência, conforme Josh e Sean Mcdowell explicam:

Provas científicas, com base na observação por repetição, mostram que alguma coisa é um fato com a repetição do evento na presença da pessoa que questiona o caso. Estabelece-se um ambiente controlado, o experimento é realizado, são feitas observações, são obtidos os dados e hipóteses são empiricamente verificadas ou falsificadas.

Uma vez que a eficácia da ciência depende de coletar dados a partir da observação contínua dos testes de hipótese, o método cientifico moderno, embora altamente eficaz em determinada esfera, é gravemente limitado. Ele é aplicável apenas a eventos ou fatos passíveis de repetição. É lamentável que o respeito moderno pela ciência tenha levado as pessoas a supor, equivocadamente, que o método científico pode ser usado para determinar toda a verdade. Ele não pode, e nunca pôde. [...] Os eventos históricos, pela sua própria natureza, ocorrem apenas uma vez no tempo, e não são passíveis de repetição.
Não podemos provar cientificamente que Aníbal cruzou os Alpes [...]. Mas isso não nos dá motivos para considerar a disciplina histórica como uma ciência “fraca”.

A fé, por outro lado, capta nossas conjecturas e as racionaliza coerentemente, sem escravizá-las a métodos de lógica imperfeitos. Ela oferece um salto qualitativo que faz o investigador compreender o que os materialistas desprezam previamente. Alguns reconhecidos como intelectuais, para os padrões acadêmicos, em várias ocasiões, ao invés de promoverem descobertas e o engrandecimento da ciência, na verdade, aprisionam o conhecimento, por serem incapazes de confiar em perspectivas e probabilidades. Eles defendem que a Estatística é uma ciência, mas, nos assuntos atinentes a Deus, preferem desqualificá-la.

O materialismo, por causa de suas limitações teóricas, do seu reducionismo científico, nunca vencerá o confronto argumentativo com a fé, por isso, em regra, os ateus usam a seguinte estratégia: exaltam a capacidade de duvidar sempre, inclusive fechando os olhos às evidências, pois até os “os céus proclamam a glória de Deus...” (SI 19.1) e, com isso, estimam-se intelectualmente superiores aos demais semelhantes.
Ledo engano. Em um de seus livros de ficção, C. S. Lewis observou essa manobra ardilosa do mal e transcreveu uma correspondência entre dois demônios:

O seu paciente sempre foi acostumado, desde criança, a ter uma dezena de filosofias incompatíveis dentro de sua cabeça. Ele não classifica doutrinas basicamente como “verdadeiras” ou “falsas” [...].  McDOWELL, Josh. McDOWELL, Sean. Evidências da Ressurreição. Ia ed., Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 141,142.

O jargão, e não a argumentação, é o seu melhor aliado para afastá-lo da Igreja. Não desperdice seu tempo tentando fazê-lo pensar que o materialismo é verdadeiro. Faça-o pensar que é algo sólido, ou óbvio, ou audaz — enfim, que é a filosofia do futuro. É com esse tipo de coisa que ele se importa. O problema da argumentação é que ela leva a batalha para o campo do Inimigo” (no caso, Deus).

O materialismo, por isso, prefere não entrar no terreno da argumentação, porque não possui vantagem conceituai intelectual, haja vista que defende a ideia de que a matéria é a única realidade da vida, a base para toda a existência, empobrecendo a visão do conjunto de todas as coisas e fatos, tangíveis ou não. Essa incapacidade argumentativa do
materialismo é declarada, também, na Bíblia. Está escrito: “Por causa do seu orgulho, o ímpio não investiga; todas as suas cogitações são: Não há Deus” (SI 10.4).

Assim, pode-se concluir que a filosofia materialista só existe pela ausência de uma investigação científica séria. C. S. Lewis escreveu que, quando era ateu, em um determinado momento, começou a perceber Deus se aproximando dele, fazendo com que se sentisse como uma raposa perseguida por cães ferozes em campo aberto. Dentre outras coisas, seus melhores amigos eruditos e os grandes escritores que lhe inspiravam se tornaram cristãos. Lewis, depois de refletir, percebeu que dependia de sua vontade abrir a mente ou não, para investigar a possibilidade da existência de Deus.
Nessa encruzilhada intelectual, ele, relutantemente, aceitou o desafio.
Posteriormente admitiu: “Aquilo que eu mais temia havia me alcançado... Cedi, admitindo que Deus era Deus; ajoelhei-me e orei; naquela noite quem sabe eu era o mais deprimido e relutante convertido de toda a Inglaterra”.

No universo, existem centenas de bilhões de galáxias, cada uma com inumeráveis estrelas, buracos negros e muito mais do que a mente humana possa conceber. Só isso, já seria suficiente para os materialistas m mais humildes e entenderem suas limitações ontológicas — não têm resposta para tudo. As perguntas mais importantes da vida, eles
não conseguem responder a contento, e isso porque a realidade que está diante dos olhos, inevitavelmente, não é a única coisa que existe.

2 LEWIS, C. S.. Cartas de um Diabo a seu Aprendiz. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 2.3 JR., Armand M. Nicholi. Deus em questão: C. S. Lewis e Sigmund Freud Debatem Deus, Amor, Sexo e Sentido da Vida. Vicosa-MG: Ultimato, 2005, pp. 95,96.

O materialismo, assim, traduz certo reducionismo intelectual, pelo fato de excluir, de plano, qualquer hipótese fora do que é experimental.

É bom lembrar que a própria ciência trabalha com hipóteses não comprovadas empiricamente. Albert Einstein, por exemplo, teorizou que a luz mantém a mesma velocidade de um ponto “A” a um “B” qualquer, mas não é possível demonstrar experimental mente essa verdade científica “incontestável”. Como se depreende, alguns eventos que não podem ser observados experimentalmente são fundamentais para provar a realidade das coisas!

Wiiliam Shakespeare, nessa toada, dizia, pela fala do personagem Hamlet, príncipe da Dinamarca: “Existem mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que sonhas em tua filosofia”. Essa percepção, sem dúvida, difere o pobre do rico, o restrito do amplo, o reduzido do ilimitado, o materialismo do cristianismo, no quesito compreensão da realidade.

Conhecendo o Materialismo

Conceito

O materialismo é uma filosofia da matéria, que não admite a existência do sobrenatural, nem de verdades absolutas, mas acredita que todos os fenômenos do universo são explicados exclusivamente pelas condições concretas materiais. Essa cosmovisão defende que o átomo e seus movimentos explicam tudo, inclusive a existência do pensamento humano! Dessa forma, para um materialista não há que se falar em Deus, Diabo, céu, alma, anjos, pois tudo isso não passaria de imaginação.

Os materialistas afirmam que a matéria e o espaço simplesmente existem e sempre existiram, mas eles não sabem como tudo isso aconteceu, apenas defendem que a matéria surgiu de um acidente físico-químico, há bilhões de anos, o qual produziu tudo que se vê.

Em um momento posterior, dizem os materialistas, um corpo celeste teria se chocado contra o sol, produzindo os planetas. Numa chance infinitesimal, substâncias químicas se agruparam em determinado planeta e, tendo acontecido as condições adequadas de temperatura, depois de uma grande desordem inicial, por acaso, a matéria inorgânica ganhou vida própria. Em seguida, por uma série de coincidências estatisticamente inacreditáveis, o ser vivo unicelular se desenvolveu e, no fim de uma longa evolução, surgiram os seres inteligentes. Tudo isso por acaso! Como se percebe, o materialista precisa ter uma fé incrivelmente grande, maior até que a dos cristãos, para acreditar que a origem do universo e da vida possa ser assim explicada.

Origens

O materialismo, enquanto pensamento filosófico esquematizado, teve sua origem no Século V a.C, com a teoria atomista de Demócrito, que defendia que o universo e tudo que nele há apresenta-se constituído apenas por átomos (partículas invisíveis de matéria) que se movem no vazio, definindo assim toda a realidade, inclusive os pensamentos.
Entretanto, importante mencionar que, no Século VII a.C, na índia, a escola Charvaka já tratava sobre tal hipótese.

Ao longo dos séculos, a ideia atomista foi corroborada por alguns, como os epicureus e os estoicos, Lucrécio (99-55 a.C), Chang Tsai (Século XI), mas isso proliferou, sobretudo a partir do Iluminismo (Thomas Hobbes, Meslier, Diderot, Priestly, dentre outros). No Século XIX, foi elaborada a tese do materialismo dialético por Karl Marx e Friedrich Engels, que motivou inúmeras revoluções socialistas em vários lugares do mundo (Rússia, China, Cuba, etc.), onde milhões de pessoas foram mortas por motivação ideológica.

A influência do materialismo no mundo cresce cada vez mais. Recentemente foram publicados números que mostram que 85% dos suecos, 80% dos dinamarqueses, 72% dos noruegueses, 60% dos finlandeses e 65% dos japoneses são materialistas. Pelo último censo do IBGE, o número de materialistas no Brasil é da ordem de 7,9% da população; no entanto, sem dúvida, esse número tende a crescer. Não foi à toa que Jesus perguntou: “Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura, achará fé na terra?” (Lc 18.8).

Consequências

Contemporaneamente, os materialistas valorizam bastante sua vertente biologista; porém, cada vez mais o mundo continua destituído de propósito e sem rumo.

Conforme Richard Dawkins narrou no livro Eu e Minha Casa, o materialismo tem atingindo frontalmente as famílias contemporâneas, causando uma crise sem precedentes. O materialismo incute a ideia de que os bens materiais são mais importantes do que as riquezas espirituais, retira a esperança das pessoas e desconsidera a fé. Observe o caso a seguir:

Recentemente li uma reportagem muito triste de um inglês chamado Tom Attwater, de 32 anos, que tinha um tumor no cérebro, e faleceu dia 29/9/2015 após arrecadar cerca de R$ 3 milhões (£ 500 mil) para garantir o futuro de sua enteada Kelli, de seis anos, que já tinha tido um sério problema de saúde.

Sabendo de sua morte iminente, ele escreveu uma carta de despedida para Kelli, na qual aborda diversos assuntos. Ele disse lamentar que não pudesse vê-la crescer e arremata: “Por favor, não culpe as pessoas ou o mundo por isso”. [Ele não mencionou sequer Deus!]
Tom continuou aconselhando sobre assuntos como a escola, meninos, casamento, família, amigos, carreira profissional, além de pedir para que ela aprendesse a dirigir e que fosse feliz em primeiro lugar.

Sem sombra de dúvida, o materialismo apequenou a vida de Tom Attwater. Ele não soube falar à sua enteada sobre o real sentido da vida, bem como acerca da esperança de um futuro na presença de Deus. O materialismo roubou-lhe os sonhos mais caros, deixando apenas palavras que retratam algumas agruras desta efêmera existência.

II. Analisando o Materialismo
A futilidade do materialismo

A característica de ser fútil, sem valor, cai bem ao materialismo, pois essa cosmovisão destrona da vida tudo o que é duradouro e significativo  , as coisas que são importantes para a eternidade, e deixa somente aquilo que é passageiro, pequeno e vão. A vida é muito mais do que a ideia materialista. Benjamim Disraeli, escritor e político inglês do Século XIX, dizia que “a vida é muito curta para ser pequena”.

As riquezas do céu, que estarão disponíveis àqueles que são fiéis, não podem ser excluídas da percepção deste lado da vida. Abraão, Moisés, e muitos outros, moldaram suas vidas terrenas por aguardarem os tesouros celestiais (Hb 11.8-10, 26). O próprio Jesus mandou que seus discípulos juntassem tesouros no céu. O materialismo, por outro lado, estimula uma desesperança profunda, ocasionando desespero existencial, já que a vida se resume somente aos poucos anos vividos sobre a terra e nada mais. Que grande futilidade, sob esse prisma, seria a vida!

A loucura do materialismo

Além de ser fútil, o materialismo é desarrazoado, uma loucura (1 Co 1.20). Aliás, é a própria Bíblia que chama o materialista de louco (SI 14.1). E isso pode ser demonstrado por alguns fatos históricos.
O nazismo, por exemplo, teve seu grande trunfo por causa do pensamento materialista. O filósofo Olavo de Carvalho, nesse diapasão, cita Viktor Franklin, um psiquiatra judeu, que com lucidez ímpar, abordou a questão:

Não foram apenas alguns ministérios de Berlim que inventaram as câmaras de gás de Maidanek, Auschwitz, Treblinka: elas foram preparadas nos escritórios e nas salas de aula de cientistas e filósofos niilistas, entre os quais se contavam e contam alguns pensadores anglo-saxônicos laureados com o Prêmio Nobel. É que, se vida humana não passa do insignificante produto acidental de umas partículas de proteínas, pouco importa que um psicopata seja eliminado como inútil e que ao psicopata se acrescentem mais uns quantos povos inferiores:
tudo isso não é senão raciocínio lógico e consequente.

O materialismo, assim, apresenta-se como uma loucura, não no aspecto da perda do senso crítico, mas pela irrefletida postura intelectual, que atenta contra as evidências e vai de encontro ao bem maior do homem: o dom da vida eterna. O homem rico, de uma parábola contada por Jesus (Lc 12.19,20) foi chamado de louco exatamente por isso.

A pobreza do materialismo
Jesus contou a história sobre um homem que focava a sua vida exclusivamente em coisas materiais, e não atentava para o que era sobrenatural. Esse homem possuía muitos bens, contudo, não tinha ajuntado tesouros no céu, por isso quando morreu foi para o inferno (Lc 16.22,23). No lugar de tormento, o materialista ainda tentou atenuar a sua situação, porém a resposta de Abraão foi: “[...] lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida” (Lc 16.25).

O materialismo nunca outorgou a ninguém a verdadeira riqueza! Billy Graham falou sobre isso: “A morte não é o fim da vida; é apenas um portão para a eternidade. [...] A única questão é onde iremos passar a eternidade...”.7 Sem dúvida, essa é a única questão relevante na vida. Se viver sob essa perspectiva, o homem achará a verdadeira riqueza. O homem da história era um materialista rico, todavia, pobre, porque não tinha o tesouro mais valioso de sua vida, a salvação.

Contrapondo o Materialismo
A cosmovisão judaico-cristã

No tempo da Igreja Primitiva, Paulo discutiu com filósofos epicureus, que valorizavam o hedonismo, e com estoicos, que eram materialistas    (At 17.18). Os ouvintes eram homens cheios de conhecimento, mas os corações de muitos estavam sedentos de algo que fizesse sentido na vida.

O apóstolo dos gentios estava anunciando que somente a cosmovisão cristã fornecia respostas às aspirações mais profundas da alma humana.
O Senhor estava provendo, com a sua doutrina, não apenas um modo para se chegar ao céu, mas também ferramentas indispensáveis para se viver na terra. Após o debate, sob as sombras do mármore branco do areópago, em Atenas, aconteceram as conversões dos primeiros pensadores gregos (At 17.34).

A partir da expansão do evangelho, na Igreja Primitiva, saindo de Jerusalém, a cosmovisão judaico-cristã ensinaria, ao longo dos séculos, novos paradigmas ao mundo decadente. Essa influência moldou decisivamente a antiguidade, passando pela idade média, pela modernidade e ainda continua sendo extremamente importante neste período da pós-modernidade. Roger Scruton fala sobre essa influência do cristianismo ao dizer:

Nossas sociedades foram erigidas sob o ideal judaico-cristão de amor ao próximo, segundo o qual os forasteiros e os locais merecem igual atenção. Exige de cada um o respeito pela liberdade e pela soberania de cada pessoa, e o reconhecimento do limiar da privacidade além do qual constitui transgressão ultrapassar, a menos que sejam autorizados.
Nossas sociedades se fiam na obediência à lei e nos contratos públicos, e reforçam esses elementos por tradições educacionais que moldaram um currículo comum. Não se trata de um imperialismo cultural arbitrário [...] mas um modo de vida legítimo.

Assim, a cosmovisão da Bíblia, pelos milênios, foi estabelecendo o padrão de convivência sobre a terra, ao mesmo tempo em que apontava, igualmente, o caminho para o céu, por ser a única cosmovisão completa, que oferece uma resposta eficaz aos anseios mais profundos do homem e da sociedade, sejam eles políticos, econômicos, sociais, morais e espirituais, sendo um contraponto ao materialismo.

A contracultura do Reino

O materialismo produz uma cultura perversa, estabelecendo padrões comportamentais que atentam contra a santidade de Deus. É a porta larga e o caminho espaçoso, como disse Jesus (Mt 7.13). Diante de tal fato, o cristianismo deve demonstrar sua força, estabelecendo um modo de viver que agrada ao Senhor. Isso é chamado contracultura, nos moldes de Romanos 12.2. Imperioso, porém, que haja na contracultura cristã um jeito de viver que traduza “um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” por meio do corpo, e que não exista apenas uma nova versão da cultural materialista. Todos devem entender o forte conflito cultural — uma verdadeira guerra espiritual — no mundo.

Acerca disso, Charles Colson e Nancy Pearcey, no livro “O Cristão na Cultura de Hoje”, arrematam:

Uma fraqueza debilitadora no “evangelicalismo” é que temos lutado contra o conflito cultural em todos os lados sem saber do que se trata a guerra em si. Não identificamos as visões de mundo que residem na raiz do conflito cultural — e essa ignorância condena nossos melhores esforços.

Colson está dizendo, em outras palavras, que a Igreja está perdendo a batalha, em alguns lugares, porque não reconhece os inimigos contra quem combate. Nesse caso, terá sido criada apenas uma subcultura, ou seja, o materialismo continuará impondo o modelo principal, e a Igreja somente fará pequenas adequações, o que se constitui em uma grande tragédia. As pessoas caminharão para o inferno, pensando estar na estrada do céu. Nunca é demais lembrar que a porta do céu é estreita e apertado o caminho que conduz à vida. Essa escravidão cultural apresenta-se muito comum nos dias hodiernos. Inúmeras denominações evangélicas adotam práticas mundanas, com abrandamentos comportamentais, para atrair novos membros, porém não se pode negociar as coisas de Deus. O anátema continuará sendo anátema, seja qual for a roupagem. A Bíblia manda que se fuja de toda a aparência do mal (1 Ts 5.22). Deus chamou a Igreja para realizar um movimento revolucionário, de luta contra o pecado, sabendo
que “nossa luta não é contra a carne e o sangue...” (Ef 6.12).

A comissão cultural da Igreja

Quando Jesus mandou que a Igreja ensinasse às nações a cosmovisão cristã —, o evangelho — buscava que o poder transformador de Deus (Rm 1.16) alcançasse o homem individualmente, outorgando-lhe a redenção, e, também, influenciasse a comunidade na qual ele está inserido. A isso se denomina comissão cultural.

Charles Colson aborda o tema no livro E Agora, Como Viveremos?:

Nosso chamado não é somente para ordenar nossas próprias vidas pelos princípios divinos, mas também para nos comprometer em transformar o mundo Devemos cumprir a Grande Comissão e a comissão cultural. Somos ordenados a pregar as Boas-Novas e a trazer todas as coisas à submissão da ordem de Deus, defendendo e vivendo a verdade de Deus nas condições históricas e culturais únicas de nossa era.

Paulo sempre buscou cumprir a comissão cultural. Por exemplo, após a conversão de muitas pessoas em Éfeso, ele protagonizou um ato solene para queimar, “na presença de todos”, inúmeros livros de magia (At 19.19). Com aquilo, a Igreja estava cumprindo seu mandato cultural de apontar a mudança dos paradigmas para a sociedade.



Dicionário Houaiss:

Epicureus- epicurista 
1 relativo a ou seguidor de Epicuro ou do epicurismo
2 fig. que ou quem procura os prazeres do amor, os deleites sensuais ou 
gastronômicos
sinônimos- epicureu, epicúrio

Infinitesimal -   1 de extrema pequenezinfinitamente pequenomínimoínfimo.
2 diz-se das grandezas arbitrariamente pequenas.
3 diz-se de análise ou cálculo que usa os infinitésimo.


Extraído do livro:
TEMPO PARA
TODAS AS COISAS
Aproveitando as Oportunidades que Deus nos dá
REYNALDO ODILO



( SUBSÍDIOS TEOLÓGICO)CAPÍTULO 10 AS MANIFESTAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO

O batismo no Espírito Santo, ter alguém o Espírito, os dons do Espírito Santo ou dons espirituais, os dons ministeriais, todos procedem de uma mesma fonte, o Deus trino e uno, mas se trata de manifestações distintas do poder de Deus. A conceituação ou definição de cada operação do Espírito distingue os pentecostais dos demais cristãos evangélicos. Tudo isso são capacitações especiais e sobrenaturais concedidas pelo Espírito de Deus ao crente para serviço especial na execução dos propósitos divinos por meio da Igreja. O presente estudo, apesar do seu tom apologético, pretende esclarecer as principais manifestações do Espírito Santo na vida da Igreja, no sentido coletivo, e na vida pessoal do cristão.

O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
            O batismo no Espírito Santo é um revestimento sobrenatural do poder do Espírito de Deus que o cristão recebe em sua vida, como promessa feita por Cristo antes da sua ascensão (Lc 24.49). Jesus disse: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1.8). O batismo é para o crente ter poder para testificar de Jesus e glorificá-lo com ousadia (At 4.31; Jo 16.14). O revestimento de poder tem sido a força propulsora da Igreja, não só naqueles dias, mas em todas as eras da história da Igreja. O batismo no Espírito Santo se constitui num revestimento de poder que vem do alto e nos capacita a falar em outras línguas, e esse fenômeno é o sinal inicial e visível do batismo no Espírito Santo (At 2.4; 10.44-46; 19.6).
            O batismo no Espírito é uma promessa para a Igreja em todos os lugares e em todas as eras, independentemente da capacidade intelectual, emocional e espiritual: “E recebereis o dom do Espírito Santo; porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar” (At 2.39). O derramamento do Espírito Santo foi prometido para os últimos dias (Jl 2.28-32; At 2.16-21) e não tem prazo de validade enquanto a Igreja estiver na terra. O Senhor Jesus Cristo é o mesmo (Hb 13.8), e a sua Igreja é a mesma (Mt 28.20). Assim, estamos ainda na mesma dispensação — a Dispensação da Graça. Há evangélicos chamados tradicionais que não criticam os pentecostais; há os que creem, mas têm um conceito diferente das manifestações das línguas; e há também os que admitem que esse fenômeno ocorreu apenas na era apostólica.
            O livro de Atos dos Apóstolos termina deixando o apóstolo Paulo em prisão domiciliar em Roma (At 28.30). O leitor pode observar que a narrativa foi cortada bruscamente. Não apresenta o fim do ministério de Paulo. Isso revela que a jornada da Igreja ainda não terminou. Marcos 16.20 mostra que os discípulos partiram por toda a parte pregando a Palavra de Deus, com os sinais que se seguiram. Essa Igreja, que começou ali a sua marcha histórica, continua ainda hoje sua jornada, com os mesmos sinais; eles não cessaram. Só em Apocalipse é que encontramos o final gloriosos da jornada da Igreja.
            A liturgia da maioria das igrejas pentecostais está muito próxima do padrão que vemos nos tempos apostólicos: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1 Co 14.26). Era comum em Corinto a manifestação de profecias, curas, milagres e ações sobrenaturais do Espírito Santo. Isso está muito claro nos ensinos de 1 Coríntios 12 a 14.
            É comum a citação de Atos 2.4, 8 para provar que as línguas são inteligíveis, ou seja, línguas estrangeiras. Sabemos que os peregrinos de Jerusalém, no dia de Pentecostes, entenderam a mensagem dos discípulos ao vir sobre eles o Espírito Santo; mas as línguas não eram terrenas. O milagre não foi simplesmente o fato de os apóstolos as falarem, mas também de os peregrinos as entenderem (At 2.8). Os 120 discípulos glorificavam a Deus, anunciavam as grandezas de Deus, e os de fora os ouviam na sua própria língua. Deus capacitou os peregrinos para entenderem a mensagem, assim como operou através do seu Espírito nos discípulos para falarem em línguas. Como sabemos que as línguas são estranhas, e não estrangeiras? O apóstolo Paulo disse: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como sino que tine” (1 Co 13.1). Ele introduz o capítulo 13 falando a respeito das línguas dos homens; incluam-se aqui as línguas estrangeiras, e as línguas dos anjos, as línguas estranhas, ou as novas línguas (Mc 16.17). Paulo disse que o homem não entende essas línguas, pois são ininteligíveis: “Porque o que fala línguas estranhas não fala aos homens, senão a Deus, porque ninguém o entende, e em espírito fala de mistérios” (1 Co 14.2).


DEFENDENDO A DOUTRINA PENTECOSTAL
            Há seitas, como as testemunhas de Jeová, ensinam que é o espírito de Satanás que habilita os crentes a falar línguas.
Admitem ser um poder sobrenatural, mas o atribuem ao Maligno.
Os fariseus também chegaram a uma conclusão semelhante com respeito à Pessoa de Jesus (Mt 12.22-32; Mc 3.22-30; Lc 11.1423).
            Jesus operou uma obra maravilhosa pelo poder do Espírito Santo. Os opositores de Jesus viram que tal obra fugia ao poder humano e só podia ser um poder sobrenatural, e assim atribuíram este poder a Belzebu. Jesus apresentou todas as credenciais do Messias de Israel: seu poder, seus ensinos, seu sistema doutrinário, seu modus vivendi, um padrão de conduta moral perfeito e belo, jamais vivido por um ser humano. Nasceu e viveu conforme a lei (Mt 5.17; Gl 4.4). Mesmo assim, os fariseus atribuíram a Belzebu uma obra que Jesus fez pelo poder do Espírito Santo.
            Em nossos dias, as coisas não são diferentes. Alguns movimentos religiosos nos comparam com os espíritas, os mórmons e demais pagãos. Essa comparação é perigosa e ao mesmo tempo uma atitude preconceituosa e sem base bíblica.
Duvidar da fonte das línguas manifestas entre os pagãos, mórmons e espíritas é uma coisa, pois os espíritas não creem na Bíblia, rejeitam o sacrifício de Cristo, acreditam em reencarnação e praticam a necromancia, coisas que contrariam os princípios bíblicos. Os mórmons têm um credo doutrinário peculiar. Dizem que creem na Bíblia, mas na prática seguem o Livro Mórmon, rejeitando as doutrinas cristológicas ensinadas no Livro Sagrado.
Os pagãos não têm a Bíblia nem Cristo. Como é possível o Espírito Santo de Deus operar nessas reuniões? O próprio sistema com suas crenças está fora do padrão da Palavra de Deus. O Espírito Santo não opera onde se contraria a Bíblia. O sistema pentecostal difere de tudo isso.
            Nós temos a Bíblia como a única regra de fé e prática. Cremos na sua inspiração e autenticidade. Professamos a nossa fé na Trindade, num Deus trino e uno, na concepção e no nascimento virginal de Jesus, que morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa ressurreição. Defendemos os mesmos pontos cardiais da fé cristã ensinados pelos reformadores. Duvidar do espírito que opera entre nós é um insulto. A blasfêmia contra o Espírito Santo se constitui nisto: os fariseus atribuíram a Belzebu uma obra que Jesus realizou pelo Espírito Santo. Isso significa que a blasfêmia contra o Espírito Santo consiste em atribuir a Satanás uma operação do Espírito Santo. O Senhor Jesus fez esse duro pronunciamento aos líderes religiosos, e não à população ignorante no tocante às coisas de Deus, por isso Ele concluiu: “Portanto, eu vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro” (Mt 12.31, 32).

OS DONS DO ESPÍRITO SANTO
            Os dons do Espírito Santo são capacitações especiais e sobrenaturais que o Espírito concede aos crentes em Jesus a realização dos propósitos divinos por meio da Igreja. São uma demonstração do poder de Deus perante o mundo, para a edificação interna da vida da Igreja, para conforto e crescimento espiritual. O apóstolo Paulo introduz o assunto usando o termo grego tôn. pneumatikôn, “coisas do espirituais” (1 Co 12.1), e mais adiante ele chama essas “coisas espirituais” de chárisma, “dom” (v. 4). São os dons espirituais.

Os grupos de dons
            São três classes dessas manifestações revelando a atuação da santíssima Trindade: diversidade de dons, atribuídos ao Espírito Santo (v. 4), diversidade de ministérios, em relação ao Filho (v. 5), e diversidade de operações, que vem do Pai (v. 6). Os dons espirituais não tornam as pessoas mais espirituais que as outras, nem as tornam melhores ou superiores a outros crentes. Os dons são concessões da graça do Espirito conforme a medida de fé de cada um (Rm 12.6). Não para exibição ou superioridade particular no seio da Igreja, a manifestação “é dada a cada um para o que for útil” (1 Co 12.7), e isso conforme a vontade do Espírito Santo: “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer” (1 Co 12.11).
            Depois de revelar sua fonte e natureza, o texto apresenta uma lista de nove dons: “Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas” (vv. 8-10). Eles são geralmente classificados em três grupos de três, por exemplo: 1) dons de revelação: palavra da sabedoria, palavra da ciência e o discernimento dos espíritos; 2) dons de poder: fé, dons de curar e operação de maravilhas; 3) dons de inspiração: profecia, variedade de línguas e interpretação de línguas. Mas essa classificação e outras similares são meramente didáticas. Parece haver uma divisão funcional do próprio apóstolo, pois ele usa duas vezes o pronome grego héteros, “outro”, mas de um tipo diferente, e isso mostra três categorias de dons na sequência dois, cinco e dois que Stanley M. Horton, citando David Lim, chama de dons de ensino (pregação), os dois primeiros; dons de ministério, para a Igreja e para o mundo; e os últimos dois são os dons de adoração (HORTON, 1996, pp. 472, 473). A Declaração de Fé, no capítulo XX, define e esclarece a função de cada um desses dons.
Na outra lista dos dons espirituais: “E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apóstolos, em segundo lugar, profetas, em terceiro, doutores, depois, milagres, depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas” (1 Co 12.28). Os primeiros três são ministérios (Ef 4.11), e os demais são dons graciosos; alguns deles são repetição da lista anterior, como “milagres”, que se referem aos dons de operação de maravilhas, além dos “dons de curar” e do dom de “variedades de línguas”.
            O apóstolo Paulo apresenta ainda outra lista dos dons espirituais: “De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada: se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria” (Rm 12.6-8). Aqui estão sete dons: profecia, ministério, ensino, exortação, o dom de repartir (contribuição), liderança (presidir) e misericórdia. O de profecia é comum às listas anteriores. O de ensino parece ser o mesmo de “doutores” (1 Co 12.28) ou “mestres” (ARA). Não existe no Novo Testamento uma lista completa ou exaustiva dons espirituais. Eles são muitos e não há como delimitar seu número.
O apóstolo Paulo inclui ainda entre os dons espirituais o celibato (1 Co 7.7) e os dons ministeriais (Ef 4.11).

EXTRAÍDO DO LIVRO : A razão de nossa fé: assim cremos, assim vivemos / Esequias Soares.