O batismo no
Espírito Santo, ter alguém o Espírito, os dons do Espírito Santo ou dons
espirituais, os dons ministeriais, todos procedem de uma mesma fonte, o Deus
trino e uno, mas se trata de manifestações distintas do poder de Deus. A
conceituação ou definição de cada operação do Espírito distingue os
pentecostais dos demais cristãos evangélicos. Tudo isso são capacitações
especiais e sobrenaturais concedidas pelo Espírito de Deus ao crente para
serviço especial na execução dos propósitos divinos por meio da Igreja. O
presente estudo, apesar do seu tom apologético, pretende esclarecer as
principais manifestações do Espírito Santo na vida da Igreja, no sentido
coletivo, e na vida pessoal do cristão.
O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
O batismo no Espírito Santo é um
revestimento sobrenatural do poder do Espírito de Deus que o cristão recebe em
sua vida, como promessa feita por Cristo antes da sua ascensão (Lc 24.49).
Jesus disse: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre
vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e
Samaria, e até aos confins da terra” (At 1.8). O batismo é para o crente ter
poder para testificar de Jesus e glorificá-lo com ousadia (At 4.31; Jo 16.14).
O revestimento de poder tem sido a força propulsora da Igreja, não só naqueles
dias, mas em todas as eras da história da Igreja. O batismo no Espírito Santo
se constitui num revestimento de poder que vem do alto e nos capacita a falar
em outras línguas, e esse fenômeno é o sinal inicial e visível do batismo no
Espírito Santo (At 2.4; 10.44-46; 19.6).
O batismo no Espírito é uma promessa
para a Igreja em todos os lugares e em todas as eras, independentemente da
capacidade intelectual, emocional e espiritual: “E recebereis o dom do Espírito
Santo; porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os
que estão longe: a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar” (At 2.39). O
derramamento do Espírito Santo foi prometido para os últimos dias (Jl 2.28-32;
At 2.16-21) e não tem prazo de validade enquanto a Igreja estiver na terra. O
Senhor Jesus Cristo é o mesmo (Hb 13.8), e a sua Igreja é a mesma (Mt 28.20).
Assim, estamos ainda na mesma dispensação — a Dispensação da Graça. Há
evangélicos chamados tradicionais que não criticam os pentecostais; há os que
creem, mas têm um conceito diferente das manifestações das línguas; e há também
os que admitem que esse fenômeno ocorreu apenas na era apostólica.
O livro de Atos dos Apóstolos
termina deixando o apóstolo Paulo em prisão domiciliar em Roma (At 28.30). O
leitor pode observar que a narrativa foi cortada bruscamente. Não apresenta o
fim do ministério de Paulo. Isso revela que a jornada da Igreja ainda não
terminou. Marcos 16.20 mostra que os discípulos partiram por toda a parte
pregando a Palavra de Deus, com os sinais que se seguiram. Essa Igreja, que
começou ali a sua marcha histórica, continua ainda hoje sua jornada, com os
mesmos sinais; eles não cessaram. Só em Apocalipse é que encontramos o final
gloriosos da jornada da Igreja.
A liturgia da maioria das igrejas
pentecostais está muito próxima do padrão que vemos nos tempos apostólicos:
“Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem
doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação”
(1 Co 14.26). Era comum em Corinto a manifestação de profecias, curas, milagres
e ações sobrenaturais do Espírito Santo. Isso está muito claro nos ensinos de 1
Coríntios 12 a 14.
É comum a citação de Atos 2.4, 8
para provar que as línguas são inteligíveis, ou seja, línguas estrangeiras.
Sabemos que os peregrinos de Jerusalém, no dia de Pentecostes, entenderam a
mensagem dos discípulos ao vir sobre eles o Espírito Santo; mas as línguas não
eram terrenas. O milagre não foi simplesmente o fato de os apóstolos as
falarem, mas também de os peregrinos as entenderem (At 2.8). Os 120 discípulos
glorificavam a Deus, anunciavam as grandezas de Deus, e os de fora os ouviam na
sua própria língua. Deus capacitou os peregrinos para entenderem a mensagem,
assim como operou através do seu Espírito nos discípulos para falarem em
línguas. Como sabemos que as línguas são estranhas, e não estrangeiras? O
apóstolo Paulo disse: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos,
e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como sino que tine” (1 Co
13.1). Ele introduz o capítulo 13 falando a respeito das línguas dos homens;
incluam-se aqui as línguas estrangeiras, e as línguas dos anjos, as línguas
estranhas, ou as novas línguas (Mc 16.17). Paulo disse que o homem não entende
essas línguas, pois são ininteligíveis: “Porque o que fala línguas estranhas
não fala aos homens, senão a Deus, porque ninguém o entende, e em espírito fala
de mistérios” (1 Co 14.2).
DEFENDENDO A DOUTRINA PENTECOSTAL
Há seitas, como as testemunhas de
Jeová, ensinam que é o espírito de Satanás que habilita os crentes a falar
línguas.
Admitem ser um poder
sobrenatural, mas o atribuem ao Maligno.
Os fariseus também
chegaram a uma conclusão semelhante com respeito à Pessoa de Jesus (Mt
12.22-32; Mc 3.22-30; Lc 11.1423).
Jesus operou uma obra maravilhosa
pelo poder do Espírito Santo. Os opositores de Jesus viram que tal obra fugia
ao poder humano e só podia ser um poder sobrenatural, e assim atribuíram este
poder a Belzebu. Jesus apresentou todas as credenciais do Messias de Israel:
seu poder, seus ensinos, seu sistema doutrinário, seu modus vivendi, um padrão
de conduta moral perfeito e belo, jamais vivido por um ser humano. Nasceu e
viveu conforme a lei (Mt 5.17; Gl 4.4). Mesmo assim, os fariseus atribuíram a
Belzebu uma obra que Jesus fez pelo poder do Espírito Santo.
Em nossos dias, as coisas não são
diferentes. Alguns movimentos religiosos nos comparam com os espíritas, os
mórmons e demais pagãos. Essa comparação é perigosa e ao mesmo tempo uma
atitude preconceituosa e sem base bíblica.
Duvidar da fonte das
línguas manifestas entre os pagãos, mórmons e espíritas é uma coisa, pois os
espíritas não creem na Bíblia, rejeitam o sacrifício de Cristo, acreditam em
reencarnação e praticam a necromancia, coisas que contrariam os princípios
bíblicos. Os mórmons têm um credo doutrinário peculiar. Dizem que creem na
Bíblia, mas na prática seguem o Livro Mórmon, rejeitando as doutrinas
cristológicas ensinadas no Livro Sagrado.
Os pagãos não têm a
Bíblia nem Cristo. Como é possível o Espírito Santo de Deus operar nessas
reuniões? O próprio sistema com suas crenças está fora do padrão da Palavra de
Deus. O Espírito Santo não opera onde se contraria a Bíblia. O sistema
pentecostal difere de tudo isso.
Nós temos a Bíblia como a única
regra de fé e prática. Cremos na sua inspiração e autenticidade. Professamos a
nossa fé na Trindade, num Deus trino e uno, na concepção e no nascimento
virginal de Jesus, que morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa
ressurreição. Defendemos os mesmos pontos cardiais da fé cristã ensinados pelos
reformadores. Duvidar do espírito que opera entre nós é um insulto. A blasfêmia
contra o Espírito Santo se constitui nisto: os fariseus atribuíram a Belzebu uma
obra que Jesus realizou pelo Espírito Santo. Isso significa que a blasfêmia
contra o Espírito Santo consiste em atribuir a Satanás uma operação do Espírito
Santo. O Senhor Jesus fez esse duro pronunciamento aos líderes religiosos, e
não à população ignorante no tocante às coisas de Deus, por isso Ele concluiu:
“Portanto, eu vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a
blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser
alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém
falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no
futuro” (Mt 12.31, 32).
OS DONS DO ESPÍRITO SANTO
Os dons do Espírito Santo são
capacitações especiais e sobrenaturais que o Espírito concede aos crentes em
Jesus a realização dos propósitos divinos por meio da Igreja. São uma
demonstração do poder de Deus perante o mundo, para a edificação interna da vida
da Igreja, para conforto e crescimento espiritual. O apóstolo Paulo introduz o
assunto usando o termo grego tôn. pneumatikôn, “coisas do espirituais” (1 Co
12.1), e mais adiante ele chama essas “coisas espirituais” de chárisma, “dom”
(v. 4). São os dons espirituais.
Os grupos de dons
São três classes dessas
manifestações revelando a atuação da santíssima Trindade: diversidade de dons,
atribuídos ao Espírito Santo (v. 4), diversidade de ministérios, em relação ao
Filho (v. 5), e diversidade de operações, que vem do Pai (v. 6). Os dons
espirituais não tornam as pessoas mais espirituais que as outras, nem as tornam
melhores ou superiores a outros crentes. Os dons são concessões da graça do
Espirito conforme a medida de fé de cada um (Rm 12.6). Não para exibição ou
superioridade particular no seio da Igreja, a manifestação “é dada a cada um
para o que for útil” (1 Co 12.7), e isso conforme a vontade do Espírito Santo:
“Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo
particularmente a cada um como quer” (1 Co 12.11).
Depois de revelar sua fonte e
natureza, o texto apresenta uma lista de nove dons: “Porque a um, pelo
Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a
palavra da ciência; e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo
Espírito, os dons de curar; e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a
profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de
línguas; e a outro, a interpretação das línguas” (vv. 8-10). Eles são
geralmente classificados em três grupos de três, por exemplo: 1) dons de
revelação: palavra da sabedoria, palavra da ciência e o discernimento dos
espíritos; 2) dons de poder: fé, dons de curar e operação de maravilhas; 3)
dons de inspiração: profecia, variedade de línguas e interpretação de línguas.
Mas essa classificação e outras similares são meramente didáticas. Parece haver
uma divisão funcional do próprio apóstolo, pois ele usa duas vezes o pronome
grego héteros, “outro”, mas de um tipo diferente, e isso mostra três categorias
de dons na sequência dois, cinco e dois que Stanley M. Horton, citando David
Lim, chama de dons de ensino (pregação), os dois primeiros; dons de ministério,
para a Igreja e para o mundo; e os últimos dois são os dons de adoração
(HORTON, 1996, pp. 472, 473). A Declaração de Fé, no capítulo XX, define e
esclarece a função de cada um desses dons.
Na outra lista dos
dons espirituais: “E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apóstolos, em
segundo lugar, profetas, em terceiro, doutores, depois, milagres, depois, dons
de curar, socorros, governos, variedades de línguas” (1 Co 12.28). Os primeiros
três são ministérios (Ef 4.11), e os demais são dons graciosos; alguns deles
são repetição da lista anterior, como “milagres”, que se referem aos dons de
operação de maravilhas, além dos “dons de curar” e do dom de “variedades de
línguas”.
O apóstolo Paulo apresenta ainda
outra lista dos dons espirituais: “De modo que, tendo diferentes dons, segundo
a graça que nos é
dada: se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em
ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse
dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com
cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria” (Rm 12.6-8). Aqui estão sete
dons: profecia, ministério, ensino, exortação, o dom de repartir
(contribuição), liderança (presidir) e misericórdia. O de profecia é comum às
listas anteriores. O de ensino parece ser o mesmo de “doutores” (1 Co 12.28) ou
“mestres” (ARA). Não existe no Novo Testamento uma lista completa ou exaustiva
dons espirituais. Eles são muitos e não há como delimitar seu número.
O apóstolo Paulo
inclui ainda entre os dons espirituais o celibato (1 Co 7.7) e os dons
ministeriais (Ef 4.11).
EXTRAÍDO DO LIVRO : A razão de nossa fé: assim cremos, assim vivemos / Esequias Soares.
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