quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

(Professor) mais sobre O Perigo das Obras da Carne

Inicie a aula explicando o conceito da palavra “concupiscência”. Segundo o Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento, a palavra significa expressamente “desejos físicos”. Por isso, deixe claro que o termo significa a expressão dos desejos lascivos que assediam a mente humana. É a velha natureza manifestando as ações do “velho homem”, suas piores ações e abominações. É uma tragédia quando as obras da carne dominam e tomam o lugar de toda a pureza, retidão e santidade.
Quem domina a mente humana?
Na luta entre quem dominará a mente humana, se o Espírito ou a Carne, se percebe a necessidade da mortificação da Carne. Algo que se torna possível somente por intermédio do Espírito Santo. Quando não há mais a comunhão com Deus, o compromisso de buscá-lo de todo o coração e mente, o ser humano se torna incontrolável, sem qualquer referência de santidade. Por isso, a Palavra de Deus nos diz que devemos levar “cativo todo entendimento à obediência de Cristo” (2 Co 10.5). Permitindo que Ele seja soberano em nosso pensamento, vontade e ação. Ora, Cristo é o Senhor em todas as áreas da nossa vida. Não há uma só área que não deva ser dirigida e dominada por Ele.
Preservando o Caráter
Não é fácil preservar o caráter íntegro em Deus. Os convites são muitos, as propostas são diversas e as tramas realizadas são inúmeras para nos afastar do propósito do Evangelho em desenvolver a vida segundo a perspectiva do Reino de Deus. Infelizmente, não por acaso, assistimos muitos ícones, pessoas anônimas também, degradarem o caráter que um dia foi forjado para glória de Deus. O apóstolo Pedro nos mostra como isso acontece: “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado. [...] O cão voltou ao seu próprio vômito; a porca lavada, ao espojadouro de lama” (2Pe 2.20-22). Esse processo não começa da noite para o dia. Ele se dá paulatinamente, aos poucos. Quando menos se percebe, “o cão voltou ao seu próprio vômito”.


(Subsídio Teológico Lição 3 / 1º Trim 2017) O Perigo das Obras da Carne

Paulo falou sobre a questão da carne apresentando-a como um inimigo que impede o homem a servir a Deus em Romanos 8.5-9 e destacou suas obras em Gálatas 5.19,20.
A palavra carne na Bíblia tem dois sentidos: corpo e natureza pecaminosa. O corpo foi formado por Deus, já a natureza pecaminosa o homem adquiriu logo após a queda.
 É preciso muito cuidado nessa questão, pois algumas vezes a palavra carne pode ser confundida por corpo, em vez da natureza pecaminosa. Jó e Paulo respectivamente em Jó 19.26 e 1 Coríntios 15.39 falam da carne no sentido corpo, já em Romanos 8.9 e Gálatas 2.20, Paulo fala de carne no sentido de natureza pecaminosa.
Pode-se dizer, teologicamente, que a carne na Bíblia não tem apenas o sentido de corpo, ela pode também referir-se ao espírito, pois comete pecado. Quando Deus criou o homem, Ele o fez sem pecado; ao pecar o homem herdou a natureza pecaminosa, por essa razão que o seu corpo precisa passar pela transformação gloriosa da qual Paulo fala (ICo 15. 53.54).
Já falamos que sarx é o termo usado no Novo Testamento para expressar a realidade da natureza pecaminosa do homem, ela destaca a personalidade humana separada de Deus, fora da influência do Espírito Santo, razão pela qual as obras maléficas da carne aparecem conforme descrito em Gálatas 5,19-21 e Colossenses 3.5-9.
Não é fácil entendermos no seu aspecto geral os diversos sentidos da expressão sárx. Como já mencionamos, ela está marcada de mistério, mas Agostinho procurou dividir as obras da carne em dois ramos: Ramo do Orgulho e Ramo da Sensualidade.
Esses dois ramos juntos produzem todo tipo de pecado, isto segundo Agostinho. Já Lutero dizia que a raiz da carne era a incredulidade, e não o orgulho; porém, a conclusão a que se chega é a seguinte: a carne age fora da esfera do Espírito Santo, ela tem seu próprio mundo, de modo que suas ações sempre se inclinam para coisas más, pois a carne está fora de Deus, antes deseja colocar o homem no lugar de Deus.
Paulo diz que quem vive dominado pela “carne” não pode agradar a Deus (Rm 8.8). “Carne” aqui pode ser uma referência à substância física, o corpo do homem, como também à natureza pecaminosa. E ela que pode levar o cristão a viver e apresentar aspectos negativos em sua vida.
O que se pode dizer em relação às obras da carne é que: por trás dela existe uma deserdação absoluta e irreconciliável, pois a carne é incrédula e independente de Deus, age no princípio do egoísmo, com base nas trevas, para que uma nova luz possa surgir é preciso que o Espírito Santo entre no coração do homem para conduzi-lo às verdades divinas.
Jesus é quem pode libertar todos quantos estão dominados pelo poder da carne (Jo 8.31,32), oferecer ao homem a libertação espiritual e conduzi-lo à comunhão com o Espírito Santo de Deus, de modo que ele não estará mais em trevas (Jo 1.5-7).
O Espírito Santo mostra ao pecador a necessidade de abandonar as obras da carne para ter o caráter de Cristo. Ademais, Ele aplica ao coração do homem os ensinamentos cristalinos das Sagradas Escrituras. Por meio deles é possível viver a verdadeira e dinâmica vida no Espírito.
Já dissemos também que a carne trabalha buscando independência, ela age fora de Deus. Os perigos da obra da carne são que, além de ser dominada completamente pela incredulidade, agindo na vida do homem, ela quer mostrar que o mesmo não precisa mais de Deus, pois já alcançou a maioridade e pode seguir seu caminho sem depender de qualquer divindade.
Paulo em sua segunda carta a Timóteo, capítulo 3, mostra uma sociedade dominada pela carne, que deixa Deus de fora, mas que adota uma piedade falsa (2 Tm 3.1-5), dessa maneira vive como se tudo estivesse normal, mas se esquece de que suas ações são obras puramente da carne.
Todos nós precisamos da presença do Espírito Santo de Deus para não sermos dominados pelas obras da carne, que pode resultar em religiosidade carnal, avivamento carnal, ou experiências puramente no campo carnal.


A Degradação do Caráter Cristão
A concupiscência da carne está ligada à natureza pecaminosa do homem, é claro já falamos que o termo concupiscência pode ter seu lado positivo e negativo. No sentido positivo, falando de desejo, a epithumía aparece em Lucas 22.15; 1 Tessalonicenses 2.17, porém, no Novo Testamento essa palavra recebe mais uma conceituação negativa, apontando para desejos impuros, como procediam os pagãos (Rm 1.24).
O que degrada o homem é a natureza pecaminosa, e quem não tem o Espírito Santo sempre irá desejar aquilo que contraria a vontade de Deus. Precisamos saber que são os desejos influenciados pela carne que produzem pecados mais grosseiros, levando pessoas a um estilo de vida aviltado, o que fere grandemente a santidade de Deus.
O cristão pode desejar algo, isso não é errado, mas desejos que vêm dominados pela concupiscência da carne devem ser evitados, porquanto eles causam grandes estragos. Jamais devemos agir como os estoicos, os quais procuravam fugir dos desejos, pelo contrário, os desejos que não ferem e o homem m nada a santidade de Deus podem ser cultivados, porém, aqueles que se comprazem na prática do mal, da prostituição, na corrupção, no sexo ilícito, prontamente devem ser rejeitados (2 Tm 2.22; Cl 3.5; 1 Pe 2.11; 2 Pe 1.4; 2.10).
Para o cristão não se deixar dominar pela concupiscência da carne precisa do Espírito Santo de Deus, caso contrário os desejos pecaminosos irão derrota-lo (Ef 5.5,6).
A concupiscência da carne no livro de João não tem o mesmo sentido do que Paulo escreveu em Romanos 8.8. Paulo fala da carne no sentido da natureza pecaminosa, já o apóstolo João descreve sárx como Jesus tornando-se pessoa humana (Jo 1.14; 1 Jo 4.2). Podemos dizer que a palavra concupiscência nos escritos de João fala de “desejos físicos”, e mencionamos anteriormente que ter desejos não é pecado.
A carne pode desejar comida, festa, passeio e coisas desta vida. O problema está quando tais desejos vêm influenciados pela natureza pecaminosa, porque desse modo pode levar o homem para uma degradação espiritual completa. Nosso corpo e olhos podem desejar o que é material, mas não podemos colocar nossos desejos e olhos apenas no que é deste mundo. Esse é o ensino que João nos dá quando faz uso da palavra sárx.
Ao pecar o homem tomou-se depravado, ficou desprovido da justiça original de Deus e do desejo pelas coisas santas, sua natureza ficou adulterada e cedendo fortemente para o mal, por isso a ênfase da Bíblia é que o homem possa nascer de novo (Jo 3.3).
Ao falarmos sobre a depravação do homem, não queremos dizer que nele não exista qualquer coisa boa, que todas as suas ações são pecaminosas e opostas a Deus, nada disso, na Bíblia o próprio Senhor Jesus destacou coisas importantes nos homens (Mt 23.23), e nas palavras de Paulo é destacado que certos gentios
agiam segundo a Lei (Rm 2.14).
A grande questão na depravação do homem, que o leva a ter um viver que não agrada a Deus, é que ele sempre vai preferir a si próprio (2 Tm 3.4), posto que está destituído do amor verdadeiro de Deus, para amá-lo de todo coração e com todas as suas forças, sempre desejando fazer a sua vontade (Dt 6.4,5; Mt 22.35-38).
Na degradação espiritual o homem procura colocar-se em primeiro lugar, e passa a ter aversão a Deus, isso porque todo o seu ser está corrompido pela natureza pecaminosa, quer seja coração, pensamentos, sentimentos e vontade (Ef 4.18), de modo que está em inimizade com o Senhor (Rm 7.18).
Vivendo em estado de depravação o homem não pode por si mesmo mudar seu caráter, ele não tem poder para conduzir sua vida segundo o desejo de Deus e não consegue adequar-se a sua Lei. O homem não pode dominar o seu eu para dirigir-se a Deus com prazer. Caso ele deseje realmente uma transformação, tem que depender da ajuda do Espírito Santo.
O homem pode, até certo momento, com a liberdade que tem de praticar certas coisas boas, escolher não cometer pecados contra Deus e resistir à tentação, mas tais ações são motivadas por seus próprios motivos, não por meio da ação direta do Espírito Santo de Deus.
Ao pecar, o homem não perdeu sua capacidade pensante nem sua livre agência, ele pode determinar seus atos e ter inclinação para o que é bom, contudo sua bondade não agrada a Deus, pois não é oriunda da ação direta do Espírito Santo. É tão somente por meio do Espírito Santo que o homem pode ter o seu coração transformado, ações adequadas e exercer verdadeira fé para com Deus.


A Vida que não Agrada a Deus
A carne é inimiga do Espírito Santo. Desse modo facilmente podemos concluir que ela jamais irá querer agradar a Deus, já que se opõe a Ele constantemente. Os que vivem na carne, diz Paulo, não têm uma vida que agrada a Deus, isso só é possível quando uma nova natureza é implantada dentro do homem.
A expressão agradar a Deus, segundo Paulo, na verdade é expressar um viver em plena harmonia com Deus, uma vida que de fato já foi transformada ou santificada pelo Espírito Santo.
O homem pode ter coisas boas em sua vida, mas caso não seja transformada pelo Espírito, tudo resultará em obras, e jamais chamará a atenção de Deus.
Deus tem prazer em tudo o que fazemos quando nascemos outra vez por meio do sacrifício do seu Filho Jesus Cristo.
Para Deus somente a obra não basta, muitas igrejas da Ásia tinham muitas obras, eram atuantes, como no caso da igreja de Éfeso, o apóstolo mostra que ela tinha muitas obras, mas Deus não aprovou completamente o seu trabalho, posto que estava faltando o primeiro amor (Ap 2.4).
Deus deseja da parte do homem ações, mas que elas brotem de uma vida transformada, aperfeiçoada em Cristo (2 Co 3.18).
É importante ressaltar aqui que, quando Paulo faz menção de agradar, deve estar ligado à santificação, que já está declarando a ação do Espírito Santo na vida do homem. O que agrada a Deus não é o que o homem faz, mas, sim, o que o Espírito Santo faz no homem. Desse modo, podemos dizer que os que estão na carne não têm nada para chamar a atenção de Deus, visto que o Espírito de Deus ainda não trabalhou em seu ser.
Deus sempre se agradou do seu Filho, porque o Espírito Santo estava nEle, e Ele procurava fazer sempre aquilo que agradava o Pai (Mt 3.17; Lc 4.18). E aquele que me enviou está comigo;
o Pai não me tem deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada. (Jo 8.29).
Não agradamos a Deus realizando grandes sacrifícios, não agradamos por meio de muitos trabalhos, nem por sermos religiosos, antes, agradamos a Deus quando correspondemos aos seus ideais, quando o seu Espírito atua em nossa vida, pois desse modo estamos participando de sua natureza divina.
A Bíblia mostra Caim querendo agradar a Deus, mas tudo foi em vão, porque ele andava dominado pela carne, quem mandava em sua vida era o Maligno, a natureza velha, de modo que suas ações eram motivadas com outras intenções. Não como Caim, que era do maligno, e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão, justas.
Coloque em sua mente que jamais podemos agradar a Deus apenas com o que fazemos; na verdade, o que agrada a Deus é um espírito contrito, arrependido, que se deixa moldar pelo Espírito Santo (Sl 51.17). Não pense que seus muitos sacrifícios e o cumprimento de regras tocam o coração de Deus, o que lhe agrada é quando o homem se volta para o seu filho Jesus Cristo (1 Jo 2.2). Os judeus pensavam que tão somente guardando a Lei iriam produzir um tipo de justiça que agradaria a Deus, mas Paulo fala que isso não causa prazer em Deus, somente a justiça de Cristo na vida do homem é o que agrada ao Senhor. No Antigo Testamento está claro que Abraão agradou a Deus porque creu plenamente nEle (Gn 15.6). O caminho para quem deseja agradar a Deus é deixar de ser carnal e seguir a Cristo Jesus (Jo 14.6), pois é seu sacrifício que dá prazer ao Pai.
Quem vive na carne não pode agradar a Deus, porque quem o domina é a natureza pecaminosa. Estava claro na Lei que todos deveriam amar a Deus e amar o próximo, mas o trabalho da carne é fazer do homem um ser egoísta que pensa apenas em si e prioriza suas vantagens.
Os homens do presente século tentam dissimular suas obras da carne por intermédio da cultura, tradição, arte e razão, porém de maneira oculta o que realmente domina é a carne. Para que se possa de fato agradar ao Pai é preciso que o homem renda-se ao Espírito Santo de Deus e seja educado pela graça de Deus (Tt 2.11).


Produzindo Frutos Diferentes
Em Mateus 7.17-20 Jesus disse: Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. (Mt 7.18-20)
O cristão precisa produzir frutos diferentes daqueles que vivem nos domínios da carne, isso porque sua vida já foi transformada e, agora, é dirigida pelo Espírito Santo. Os que vivem a nova vida são saudáveis e expressam que tem ligação com o que Jesus falou: “árvore boa”.
Os que são dominados pela natureza pecaminosa, conforme descrito na citação acima, são considerados por Jesus árvores más, que apontam para a podridão ou estrago, sendo assim jamais poderão produzir frutos de qualidade, tudo que fazem não tem utilidade para Deus, porquanto suas obras são ruins e inúteis (Mt 13.48).
Para se produzir fruto diferente é preciso que haja um tratamento, Jesus disse que a árvore que dá bom fruto deve ser bem tratada. Uma árvore má, no caso de uma videira que não é bem tratada, poderá dar frutos de péssima qualidade, como, por exemplo, uvas azedas demais.
Isso que aconteceu com Israel, Deus investiu grandemente nesse povo, esperando que desse uvas boas, mas, infelizmente, deu uvas bravas e inferiores (Is 5.1-4).
O fruto diferente fala de uma vida que tem a ação dinâmica do Espírito Santo, que se deixa dominar realmente por Ele. Com o Espírito Santo na vida o homem separa-se daquilo que não agrada a Deus. As Escrituras mostram que Deus é santo e deseja que todos quantos se aproximem dEle sejam santos também, essa exigência era direcionada até para os sacerdotes (Êx 19.22).
Aos que nasceram de novo o Espirito trabalha fazendo suas exigências, dizendo para se separarem daqueles que são injustos (2Co 6.17, 18), dos que ensinam falsas doutrinas (2Tm 2.21; 2 Jo 9.10), mas a nota forte soa para a natureza pecaminosa (Rm 6.11,12; 2 Co 7.1; lTs 4.3,7). O cristão tem que procurar ser diferente, pois já foi separado por Deus para viver uma nova vida em Cristo.
O cristão precisa produzir um estilo de vida distinto, que envolve o fruto do Espírito, porque seu alvo é ser como Jesus Cristo (Rm 8.29), desse modo deve viver em santificação constante, isto é, separando-se daquilo que Deus não aprova. A santificação é um processo em nossa vida que acontecer diariamente, até o dia em que Jesus se manifestar (Fp 1.6), e os que procedem segundo ela logo irão contemplar a Jesus e ser como Ele é (1ºjo 3.2).

Livro de apoio 1º Trimestre de 2017
 As Obras da Carne e o Fruto do Espírito
Escrito por: Osiel Gomes.
Osiel  Gomes é pastor, formado em Teologia, Filosofia, Direito, Pedagogia, Psicanálise e pós--graduado em Docência do Ensino Superior.
Preside a Igreja evangélica Assembleia de Deus - Campo Tirirical, em São Luis, Maranhão



domingo, 8 de janeiro de 2017

(Subsídio Teológico Lição 2 / 1º Trim 2017) O Propósito do Fruto do Espírito Santo

Entender bem o propósito do Espírito Santo de Deus em nossa vida é algo muito importante, pois se isso não for feito corremos o risco de beirarmos a diversos extremos, como aconteceu com a Igreja de Corinto, que valorizava mais os dons espirituais do que as virtudes do fruto do Espírito Santo.
Historicamente, sabemos que na promoção de muitos avivamentos alguns começaram a dar mais ênfase aos dons do que as virtudes, todavia, se cada cristão realmente seguir a Palavra de Deus, com certeza terá equilíbrio nesse ponto.

A Essência do Fruto do Espírito
Ao entrarmos em contato com Gálatas 5, falando a respeito do Fruto do Espírito, podemos logo dizer que o singular é usado tão somente pelo fato de todas as virtudes virem do Espírito Santo.
O propósito do Fruto do Espírito Santo é produzir no crente frutos, não obras, nem apenas qualidades morais. O Espírito trabalha na vida do cristão desejando que ele tenha qualidade de vida espiritual. As virtudes vêm do Espírito, com isso é possível entender que essa qualidade de vida espiritual não parte do próprio crente e não é resultado de seus meros esforços, antes essa produtividade acontece por causa da nova natureza que foi implantada no seu ser, de modo que agora o cristão sempre andará em novidade de vida (Rm 6.4; Ef 3.19). A qualidade de vida produzida pelo Espírito tem um nível que nenhum homem neste mundo pode conceder, que nenhuma Universidade ou Faculdade pode oferecer, antes tudo vem de cima, do alto (Tg 1.17). No momento em que o Espírito Santo passa a habitar no coração do crente, a colheita acontece de modo abundante.
O pastor Raimundo de Oliveira, em sua obra As Grandes Doutrinas da Bíblia, ao fazer uma definição lacônica sobre o fruto do Espírito, afirma que: Numa análise do fruto do Espírito, apontando o amor como o aspecto exaltado do mesmo fruto, escreve o Dr. Boyd: Gozo é o amor obedecendo. Paz é o amor repousando.
Longanimidade é o amor sofrendo. Benignidade é o amor mostrando compaixão. Bondade é o amor agindo. Fé é o amor confiando. Mansidão é o amor suportando. Temperança é o amor controlando. (OLIVEIRA, 1987, p. 140)
Essas virtudes dão uma qualidade de vida que não pode vir do nosso ambiente, da nossa cultura, nem podem ser produzidos por nós mesmo, antes é algo que vem do Espírito Santo de Deus. Nossa vida espiritual só tem qualidade quando na verdade é dominada pelo fruto do Espírito.

O Fruto do Espírito em Contraste com as Obras da Carne
Em se tratando do homem natural, veja o que Paulo diz:
Ora o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê--las, porque elas se discernem espiritualmente. (1 Co 2.14) O homem natural tem bondade no seu ser e pode produzir coisas boas, as quais podemos denominar de obras. As obras estão no nível da carne, algumas podem ser boas e outras más.  Paulo usa a expressão obras para denotar os esforços dos homens
na realização de algo dependente de seus esforços. A qualidade de vida exposta por aqueles que seguem o princípio natural não permanece para sempre, é momentânea, isso porque nada vem de cima, mas nasce do próprio homem. Ao contrário do cristão, existe algo transcendental em sua vida, seus atos são dominados pelo amor, de modo que o que o crente realiza é devido àquilo que o Espírito Santo implantou no seu ser.
O cristão vive sua vida espiritual dominada pelo Espírito Santo de Deus, a lei que age no seu interior é a do amor, por isso tem capacidade de cumprir com as exigências divinas.
Na expressão latina: “Fructus utern Spiritusest...* (Mas o fruto do Espírito é...), a palavra fruto fala de proveito, rendimento, lucro, gozo e delícias. No grego veja que a palavra fruto está no nominativo, isso quer dizer que é o sujeito da frase, e o mais interessante é o artigo genitivo: “Karpòs tou Pnéumatòsestín...” O karpós pode ser entendido de modo literal como fruto (Mt 12.33), e também como resultado, ato e produto (Mt 7.16; G15.22; Ef 5.9).
A origem do fruto produzido pelo cristão vem diretamente do Espírito Santo de Deus. O homem por si mesmo não tem como produzir o fruto descrito em Gálatas, antes, por meio de uma ação divina é que esse princípio maravilhoso se torna abundante em sua vida.

A Vida Controlada pelo Espírito
Vivendo no Espírito o cristão expressa uma nova vida, posto que o princípio da antiga lei já foi eliminado, agora o que lhe domina é a nova lei do Espírito (Rm 8.2). O importante de ser controlado pelo Espírito é porque Ele não é um código de lei para o crente, transformando-o em um legalista, porém as virtudes que se desenvolvem em sua vida vêm pela vida do Espírito.
Uma pessoa pode fazer o bem para alguém devido a um código ou uma lei; outros podem andar juntos apenas por questão de conveniência, mas quanto ao verdadeiro cristão, mascarar as coisas é impossível, pois no seu interior está implantada a nova lei do Espírito.
A vida no Espírito concede ao crente não somente transformação em suas ações, contudo pelo seu viver ele é capaz de conduzir outros a desejarem o que ele tem em sua vida (2Co3.18). Jesus disse que devemos brilhar neste mundo como luz.
O que torna os discípulos diferentes é o poder do ensino de Cristo em suas vidas, e também sua vocação espiritual (Ef 4.1), desse modo eles podem ser facilmente identificáveis. O sal torna-se diferente por causa do poder que impõe no meio dos alimentos.
O cristão é tão diferente no mundo, assim como o sal é diferente entre os demais alimentos. Sabemos que o sal tem um poder antisséptico, deste modo, quando posto nas carnes ou alimentos, ele os preserva dos microorganismos. Os discípulos de Cristo são purificadores morais em um mundo de baixa moral.
O cristão deve ter uma vida disciplinada e virtuosa que transmita qualidade moral, caso isso não ocorra poderá perder seu poder e a sua influência. O seu falar deve ser temperado com sal, para que os outros possam sempre querer ouvi-lo (Cl 4.6).
Um cristão que não tem salinidade em sua vida só serve para ser jogado fora e pisado pelos homens. Lucas diz que é até perca de tempo colocar sal sem qualquer poder em um campo, pois desse modo o que se gastará é energia (Lc 14.35).
O verdadeiro servo de Cristo procura viver o evangelho na prática e expressar uma vida de testemunho vivo, autêntico, resplandecendo como luz no mundo (Fp 2.15). O brilhar do cristão é resultado da sua comunhão com a luz maior, Jesus, porém, para brilhar nos lugares escuros, essa luz precisa estar em lugares estratégicos, sem qualquer interferência. Uma cidade sobre um monte é vista com maior facilidade por causa de sua posição de destaque. Jesus diz que é inapropriado colocar uma candeia debaixo da cama, logo ela serviria como um barril, mas a luz deve ser colocada no velador, pois somente assim brilhará de modo adequado.
O cristão deve fazer de tudo para que sua luz seja sentida no mundo (Pv 4.18; Fp 2.15; Ef 5.1), pois agindo dessa forma o mundo perceberá a presença da Verdadeira Luz em sua vida.
Ao procurar um meio para exercer sua influência, o cristão não busca sua autoglorificação, mas seu desejo é que todos possam ver as bênçãos recebidas por meio de Cristo Jesus.
O brilhar dessa luz pode ser expresso por meio de serviço e atos generosos que procurem em tudo honrar aquEle que lhe concedeu o brilho espiritual (IPe 2.12; Jo 15.8; ICo 14.25).
Uma coisa interessante no texto em relação à palavra fruto, Paulo fez questão de usá-la não apenas para contrastar com a palavra carne, antes, ele queria expor um aspecto pedagógico, pois obras não geram obras, mas fruto gera frutos; quer dizer, gera virtudes. Vemos, então, a dinâmica do Espírito Santo na vida do crente, seu trabalho é levá-lo a produzir o que Deus implantou em seu ser, isto é, corresponder ao que é divino, ao próprio Cristo.
Em comunhão com o Espírito Santo o cristão não produz um estilo de vida legalista, nem procura impor princípios morais à força, nem vive apenas falando de ética, antes, ele produzirá uma qualidade de vida que está acima de qualquer lei moral ou ética. Por vezes o crente ora, lê a Bíblia, participa de congressos e reuniões, tudo isso é importante, mas se a sua comunhão não brotar do Espírito Santo, tudo será em vão.
Dirigido pelo Espírito o cristão é obediente, submisso, tem desejo de orar, ler a Bíblia e frequentar a Casa de Deus. A sua vida torna-se frutífera em todos os aspectos, porque ele não está tentando ter uma vida de qualidade apenas por sua força mental e moral, mas a transformação real em sua vida é por meio do Espírito, de modo que essa qualidade é visível, como
disse o salmista, sempre dando fruto na estação própria (SI 1.3). Quando o cristão é dirigido pelo Espírito está participando da natureza de Deus (Rm 3.21), por isso deseja expressar no seu viver prático as qualidades desse Ser Supremo (Mt 5.48). O Espírito implanta o seu fruto, que é a expressão do caráter de Deus, para que todos nós sejamos como Jesus Cristo.

O Espírito Santo e o Caráter do Crente
Na teologia organizada por Stanley M. Horton, segundo as palavras de David Lim, em se tratando do fruto do Espírito Santo, ele é bem direto em afirmar categoricamente que tem relação com crescimento e caráter. Observe:
Qual é o relacionamento entre os dons e o fruto do Espírito?
O fruto tem a ver com o crescimento e o caráter; o modo de vida é o teste fundamental da autenticidade. O fruto em Gálatas 5.22,23, consiste nas “nove graças que perfazem o fruto do Espírito — o modo de vida dos que são revestidos pelo poder do Espírito Santo que neles habita”. Jesus disse: “Por seus frutos os conhecereis”. (Mt 7.16-20; [...] Lc 6.43-45) (HORTON, 1996, p. 488) A palavra caráter fala das qualidades inerentes de uma pessoa, essas qualidades determinam a conduta e a concepção moral. O fruto do Espírito, na vida do crente, trabalha para que o caráter de Cristo seja real, ou melhor, Ele deseja que a santidade que há em Deus brilhe em nosso ser.
Na terra o cristão precisa viver procurando expressar o caráter de Cristo, alcançando o nível de sua espiritualidade (Hb 4.13). Podemos admirar o caráter de muita gente neste mundo, mas para termos o caráter de Jesus Cristo precisamos ter um viver dominado pelo Espírito Santo, pois Ele produzirá em nós a qualidade de vida que Deus deseja. Ao usar a palavra fruto, o apóstolo Paulo está evidenciando o caráter que Deus espera de seus filhos, na distinção entre fruto e dons é importante saber que nem todos os crentes terão os mesmos dons, mas em relação ao fruto do Espírito Santo, todos os crentes precisam ter.
Ligados com o Espírito Santo de Deus todos os crentes são como uma grande árvore que produz o mesmo fruto. Os cristãos só podem ser como Jesus Cristo, mediante ao fruto do Espírito, quando Ele nos enche e nos domina, então, as virtudes cristãs aparecem (Cl 3.5,12).
Podemos dizer que o Espírito Santo é o vigia da vida do crente.
Ele passa a nos controlar de tal modo que não deixa entrar em nossa vida aquilo que contraria a vontade de Deus e age também para que não entre aquilo que não satisfaz a Deus.
Quem não vive dominado pelo Espírito Santo não pode crescer, visto que ainda está dominado pelos desejos pecaminosos, os quais produzem um estilo de vida baixo, comprometido e que foge dos padrões divinos. A produtividade na vida do crente e a formação do seu caráter vêm quando o Espírito Santo habita, o qual nos leva a ter prazer na Palavra de Deus e nos concede uma vida maravilhosa (SI 1.3; Jo 15.4,5).
Certa vez, Jesus deixou claro que o relacionamento com Ele é o que leva à produtividade espiritual acontecer, daí a importância de o cristão desejar sempre permanecer em Cristo. Com os dons posso até fazer coisas grandiosas, mas sem estar ligado em Cristo, fora de Cristo e sem o fruto do Espírito, não tem como o homem ser como Jesus Cristo é.
Uma vida nova e brilhante só é possível para quem está em Cristo (2Co 5.17), Ele coloca em nós o seu Espírito, que faz com que seus frutos apareçam, desse modo expressamos um estilo de vida que lhe agrada. Existem muitas árvores no meio dos salvos que precisam do machado divino, conforme falou João Batista.
Arvores boas não podem ser cortadas, pois serão reconhecidas pelos frutos que produzem (Mt 7.20). Não há como se cometer injustiça para com um crente que tem qualidade de vida, que se manifesta pelo Fruto do Espírito, antes eles devem ser bem cuidados, pois já estão limpos pela Palavra (Jo 15.3).
 Em relação ao nosso caráter, o Espírito Santo de Deus trabalha para que essa transformação seja constante (2 Co 3.18), se deixarmos que o Espírito plante em nós o seu fruto, então, o caráter de Cristo irá aparecer (G15.22,23).
Pelo nosso simples esforço podemos alcançar um caráter básico, isso de modo bem lento, mas quando deixamos que o Espírito Santo atue em nossa vida, a verdadeira transformação acontece. Precisamos entender que, mesmo o Espírito Santo habitando em nossa vida, a transformação do nosso caráter é paulatina, não de maneira abrupta.
No meio cristão percebe-se que no momento da conversão alguns crentes logo se tornam fortes e destemidos, mas outros vão lentamente caminhando em sua fé e no seu desenvolvimento espiritual. Para com estes, Paulo disse que os que são bem estruturados devem ajudá-los.
Existem irmãos que se convertem a Cristo de todo coração, mas ainda existem coisas em sua vida que o Espírito Santo precisa mudar, especialmente no seu caráter, é bom lembrar de que essa atividade não é nossa, os líderes podem ensinar a Palavra, mas a transformação só quem pode fazer é Jesus.
Pedro andava com Jesus, e pelo texto bíblico sabemos um pouco do seu caráter, em sua negação afirmando que não conhecia Jesus, ele até jurou. E ele negou outra vez com juramento: Não conheço tal homem. (Mt 26.72).
Observe que a palavra grega órkos fala de um juramento que é feito com promessa (Mt 5.33), Pedro queria se fechar para proteger sua vida e não a comprometer em nada. Jesus disse que quando ele realmente se convertesse, então poderia apascentar suas ovelhas (Lc 22.32).
Jesus não desprezou Pedro por sua fraqueza e mentira, mas procurou conduzir-lhe pela vereda da verdade, confrontando-o, sabendo que um dia esse homem iria avançar em sua vida espiritual.
Como espirituais que somos, devemos dar tempo para que as pessoas sejam transformadas e possam desenvolver o caráter de Cristo (Hb 12.14; iPe 4.6).
Jamais devemos nos esquecer de uma coisa: a formação do caráter de uma pessoa leva tempo, e Jesus esperou isso em muitos dos seus discípulos, amando-os até o fim (Jo 13.1). Jamais devemos nos afastar de alguém do nosso meio por alguma falha em seu caráter, antes, é primordial que primeiramente tratemos de dar tempo ao tempo, essa postura só adota quem tem o amor como fruto do Espírito em sua vida. Para que o caráter do cristão possa estar em desenvolvimento, ele precisa estar constantemente lendo e meditando na Palavra de Deus, pois ela dirá o que é melhor para sua vida; desenvolver o hábito de orar sempre (Lc 18.1), pois por meio da oração é que se tem comunhão com Deus; e expressar o amor, que é a grande prova da espiritualidade (1 Jo 4.7).

Testemunhando as Virtudes do Reino de Deus
Pedro faz uma distinção importante de como os cristãos são chamados no mundo, e como são vistos pela visão divina. Na visão do mundo, os cristãos são apenas estrangeiros e peregrinos. A palavra peregrino no grego éparaikos, significa uma pessoa que é tratada como estrangeiro, que não tem direito de cidadania e que vive na terra temporariamente. A palavra forasteiro do grego é parepidemos, que é uma pessoa que vem de outra região para viver com os nativos, seria na verdade um refugiado.
No aspecto espiritual, o povo de Deus é visto da seguinte maneira:
a) Raça eleita. A palavra raça em grego égénos, fala de parentes, pessoas de várias naturezas que são agregadas e passam a ser uma família. A palavra eleita, elektós fala de escolhidos, separados, escolhidos por Deus para obter a salvação;
b) Sacerdócio real. Hierateuma fala de um ofício de sacerdote, uma ordem, um corpo; real em grego é basileio, majestoso;
c) Nação Santa. Ethnos, multidão que vive em conjunto, da mesma natureza, família. Santa. Hagios fala algo muito santo;
d) Povo de propriedade de Deus. A palavra povo do grego é laós e significa tribo, nação, pessoas que são da mesma origem e língua. Na expressão “exclusiva”, temos a preposição grega eis que significa: dentro, em direção a, para.
Então entenda o seguinte: o cristão neste mundo é apenas um forasteiro, um peregrino, pois sua cidadania é celestial, ele pertence a outro mundo e tem outro Dono, por isso o seu estilo de vida é diferente, suas metas e seus planos são totalmente distintos dos habitantes deste mundo. Essa é a razão de o cristão não aceitar os modelos impostos pela sociedade deste século, pois tal já segue o modelo da Pedra Principal, por isso foge das paixões carnais e tem um viver exemplar entre os pagãos.
Todo cristão deve viver de modo exemplar por saber que a sua salvação custou um alto preço, sendo assim não pode se deixar dominar pelas tribulações, mas deve manter-se firme, uma vez que todos foram escolhidos por Deus por intermédio de Cristo para um propósito específico: ser propriedade exclusiva de Deus.
Jesus é o grande exemplo que o cristão tem, foi Ele quem conquistou a salvação para o homem, como também suportou todas as tribulações, provações, sem nunca murmurar, nem manifestou um sentimento de vingança, mesmo sendo acusado injustamente. Jesus foi tratado dessa forma porque não era deste mundo, suas leis eram outras, suas normas eram outras e sua vocação era outra (Jo 8.23).
Os cristãos são tratados de maneira diferente porque a sua vocação é totalmente espiritual, seus objetivos e alvos são distintos. Diante de tudo isso, Pedro aconselha os cristãos a terem suas mentes dominadas pelo sentimento de alegria em Cristo Jesus (IPe 1.13), rejeitar a vida velha definitivamente (lPe 1.14), procurar viver de modo santo em todos aspectos da vida (IPe 1.15), desenvolver na prática o amor fraternal
(IPe 1.22) rejeitar o procedimento incorreto para com os seus próprios irmãos (IPe 2.1) e ser um exemplo perante os pagãos.
Essas recomendações de Pedro na verdade são de Jesus Cristo para o seu povo; se não forem cumpridas o cristão jamais alcançará a coroa da vida. Por essa razão é fundamental que o cristão procure desenvolver uma vida de total submissão, tanto para com as autoridades estatais como também com os senhores, isto é, os patrões.
A submissão do crente às autoridades é uma prova de que no seu coração o orgulho e a anarquia não têm mais força.
Sujeição, no grego, é hipotasso, um termo militar que fala do agrupamento, ajuntamento de tropa, que se organiza sob o comando de um líder, mas fora do contexto militar. Fala de cooperar, assumir responsabilidade voluntariamente e é nesse sentido que o crente faz uso dessa palavra.
Todas as pessoas que não são dominadas pelo sentimento cristão, seja ela quem for, sempre manifesta o desejo de dominar e não de ser dominado, todavia, quando o cristão vive para Deus, procura viver em sujeição, isso para que o Senhor seja glorificado, como já dizia o apóstolo Paulo: fazei tudo para glória de Deus (1 Co 10. 31).
O cristão age de modo que seja um exemplo para os pagãos, a fim de que o evangelho não seja motivo de escândalo, nem para que a sua vida seja como sal sem sabor, como luz fora do velador, ou debaixo da cama, antes é uma luz no lugar certo para glória de Deus.
O procedimento sincero de um cristão nesse mundo reflete a sua íntima vida de comunhão com Deus, ou seja, o fruto do Espírito é manifesto pelo seu bom procedimento em sujeição total ao Espírito Santo de Deus (G1 5.22). Pedro diz que tem de anunciar as virtudes daquEle que o chamou das trevas para a luz.
A palavra virtude, no grego, é areté, fala de se expressar uma vida de excelência moral, é a manifestação do poder divino (Fp 4.8), quer dizer também a capacidade por meio da qual alguém se sobressai, quer seja pelo caráter, inteligência, poder, bondade ou valor.
Quando o cristão se apresenta de modo insubordinado, desrespeitando as leis, as autoridades, é sinal de que ele não tem uma vida dominada pelo Espírito Santo, a Bíblia mostra que Daniel e seus companheiros nunca desrespeitaram as autoridades de sua época, preferiram morrer na presença de Deus do que dar uma resposta de desrespeito a Nabucodonosor (Dn 3.16). Daniel preferiu orar a Deus em seu quarto a fazer motim e revoltas contra o rei, ele confiava plenamente em Deus e na sua vida de fidelidade com Deus (Dn 6.10).
Só mesmo um cristão transformado pode entender tudo isso e viver como Deus deseja, é isso o que Paulo fala em uma de suas cartas (Rm 13.1,2). A vida com Cristo destrona do coração do cristão o orgulho, a prepotência, a autossuficiência, o espírito de superioridade e suas próprias ideias, pois
a humildade passa a ser um marcò de destaque em sua vida, porque ele sabe quem realmente habita em seu ser (Gl. 2.20).
O Espírito Santo de Deus testemunhou sobre a Pessoa de Jesus Cristo (Jo 14.26; 15.26), Ele ainda continua, mas João diz que o Espírito Santo continua testemunhando ao coração do homem pecador, dando ênfase à obra realizada por Cristo no calvário e falando do valor das Escrituras.
Vivendo no Espírito, o cristão procura testemunhar as virtudes do Reino de Deus por meio de uma vida exemplar, visto que agora é salvo e esta em um relacionamento íntimo com o Pai, desse relacionamento é que vem o fruto do Espírito.



Livro de apoio 1º Trimestre de 2017
 As Obras da Carne e o Fruto do Espírito

Escrito por: Osiel Gomes.

Osiel Gomes é pastor, formado em Teologia, Filosofia, Direito, Pedagogia, Psicanálise e pós--graduado em Docência do Ensino Superior.

Preside a Igreja evangélica Assembleia de Deus - Campo Tirirical, em São Luis, Maranhão