segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Jesus e a solicitude pela vida

I. A SOLICITUDE QUANTO A TESOUROS PERECÍVEIS

1. Traça, ferrugem e ladrões (v.19). Jesus disse: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam”. Os “tesouros na terra” são as coisas consideradas pelos homens de valor absoluto, tomando o lugar das coisas que Deus tem para nós. Ler 2 Co 4.18. Os bens da terra estão sujeitos ao desgaste, à deterioração. Hoje, a traça e a ferrugem pode ser a desvalorização do dinheiro, seja pela inflação (aumento constante, geral e sistemático dos preços), seja pela desvalorização cambial, em relação a uma moeda forte estrangeira, como é o caso do Real perante o Dólar, ou um confisco monetário, como ocorreu no Brasil, num determinado “plano econômico”. Além disso, literalmente, os bens terrenos são cobiçados pelos ladrões e isso causa ansiedade.
2. O coração no tesouro (v.21). O Mestre disse: “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”. Há quem volte o seu coração totalmente para as coisas desta vida, ou seja, preocupa-se somente em conseguir e acumular muitos bens, principalmente dinheiro. A avareza é idolatria (Cl 3.5a). “...o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males” (1 Tm 6.10a). O coração no tesouro significa colocar pensamentos, emoções, sentimentos, energias e habilidades, voltados inteiramente para coisas desta vida. (Ler 2 Co 4.8).

II. TESOUROS NO CÉU

1. Nem ladrão, nem inflação. Jesus ensina como sermos verdadeiros milionários ou bilionários do céu, recomendando que devemos ajuntar “tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam”. Aquilo que mandamos para lá está seguro, imune a qualquer desgaste. A preocupação com a segurança, aqui, na terra, é geral. Contudo, no céu, a “Nova Jerusalém”, para onde vão os salvos, nem sequer há luz nem grades, porque “o Cordeiro é a sua lâmpada” (ver Ap 21.23,25,27). Os bens entesourados no céu estão seguros.

III. COMO NÃO VIVER ANSIOSO

1. Não servir a dois senhores (v.24). Jesus disse: “Ninguém pode servir a dois senhores”, sob pena de se dedicar a um e desprezar o outro, e aduziu: “Não podeis servir a Deus e a Mamom”. Tudo isso tem um sentido espiritual. Na verdade, Jesus queria dizer que se alguém queria segui-lo, não poderia voltar-se para outro deus. Mamom é palavra aramaica, que significa riquezas, as quais, para muitos, são um deus. Ou se confia em Deus, ou nas riquezas. Uma atitude exclui a outra. Tentar acomodar-se, numa vida dúbia, buscando servir ao Senhor e às riquezas desta vida, é um engano gerador de solicitude.
2. Não andar cuidadosos:
a) Quanto à vida (v.25). A vida é dom de Deus (1 Sm 2.6). É um milagre que se repete a cada nascimento de um novo ser. E na sucessão de seus momentos, com o passar dos anos, vão surgindo problemas, dificuldades e apreensões. Isso faz parte do viver na terra. Entretanto, a inquietação ou solicitude jamais resolverão os problemas. Pelo contrário, só os agravarão. Por isso, Jesus ensinou que não devemos andar ansiosos quanto à vida. É melhor viver como o salmista: “O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei?” (Sl 27.1b).
b) Quanto ao alimento. O Senhor exorta a não andarmos cuidadosos pelo que havemos de comer ou beber (v.25b) e indaga: “Não é a vida mais do que o mantimento...?”. Esse ensino é reconfortante. O alimento e a água são elementos essenciais, indispensáveis mesmo à sobrevivência do ser humano sobre o planeta. A falta de pão e de água causam desespero a populações inteiras, que vivem em regiões desérticas. A seca no Nordeste e em outras regiões do nosso País, causam muita preocupação, principalmente aos mais pobres. Mas o servo de Deus não precisa se desesperar, deixando-se dominar pela ansiedade.
Jesus disse: “Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta” (v.26). De fato, não se vê passarinhos mortos de fome por aí, quando eles estão em liberdade. Jesus, indagou se os homens não teriam muito mais valor que passarinhos? Com isso, quis estimular a fé em “Jeová Jiré”, o Senhor que provê todas as coisas. No mesmo texto, Ele diz: “Não andeis, pois, inquietos dizendo: Que comeremos ou que beberemos?” (v.31). Ler Sl 37.25; Mt 6.11; 1 Ts 2.9; 1 Co 4.12.
c) Quanto ao vestuário (v.28). Deus fez o homem, no Éden, sem vestimentas como conhecidas hoje. Entretanto, com o pecado, a natureza foi transtornada e Deus teve que cobrir a nudez dos pecantes. De lá até hoje, é necessário o uso do vestuário, seja por causa do clima, seja por causa do pudor, exigido por Deus. Mas o vestido é um bem de consumo, que custa dinheiro. E muitos passam a preocupar-se com isso, ficando ansiosos. Jesus chamou a atenção para os discípulos, e mandou que eles olhassem para “os lírios do campo” e observassem “como eles crescem”, sem trabalhar para isso.
Acrescentando que “nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles”. Concluindo, o Senhor assegurou que se Deus veste a erva, quanto mais haveria de vestir as pessoas!
3. Não andar inquietos (vv.31,32a). Jesus disse que a preocupação com a comida e o vestido é própria dos gentios (v.32a). E afirmou que o Pai celestial sabe que necessitamos de todas essas coisas, ou seja, da integridade do corpo, do alimento e do vestuário, símbolos dos bens de primeira necessidade. Para evitar a ansiedade, o ensino geral da Bíblia corrobora as orientações de Jesus, conforme Sl 55.22; Fp 4.6,7; 1 Pe 5.7. Nenhuma ansiedade resiste a uma campanha de oração e jejum, feita pelo crente fiel, em meio às lutas próprias da vida.
4. O Reino de Deus em primeiro lugar (v.33). É valorizar as coisas relativas a Deus, à Igreja, acima das coisas terrenas. É cuidar da evangelização, das missões, do discipulado, da ajuda aos necessitados, da libertação dos oprimidos pelo Diabo e tudo o mais que diz respeito ao domínio de Deus. Notemos que essa busca não deve ser irracional, a ponto de alguém deixar de cuidar da família, do cumprimento dos deveres, para só viver nas reuniões da igreja local. É antes de tudo, uma prioridade espiritual. Devemos lembrar que o Reino de Deus começa em nossa casa (ler 1 Tm 5.8).
5. A justiça de Deus em primeiro lugar (v.33). O Senhor não nos manda só trabalhar em prol do seu reino, mas, também, buscar a sua justiça. Jesus deu o exemplo, no cumprimento de “toda a justiça” (Mt 3.15), e ensinou que a nossa justiça deve exceder a dos escribas e fariseus (Mt 5.20). Assim, devemos viver em justiça e santidade, a começar pelo relacionamento com os familiares, com os amigos e irmãos, demonstrando que vivemos segundo a justiça de Deus perante os descrentes. Isso fala da integridade que deve marcar o testemunho cristão, não só diante dos líderes da igreja, mas diante do mundo (vide Fp 2.12,13).

CONCLUSÃO

A ansiedade tem causado muitos males espirituais, emocionais e físicos a milhões de pessoas no mundo. Mesmo entre os crentes em Jesus, há os que se deixam dominar por fatores que causam ansiedade, fazendo com que a fé fique sufocada e anulada em suas vidas. Como vimos, nosso Senhor Jesus Cristo, em seus ensinos indicou-nos o caminho para vencermos a ansiedade, demonstrando que o Deus que cuida das aves e dos “lírios do campo”, cuida de nós com seu amor e cuidado. Para tanto, basta que nEle confiemos e busquemos o seu Reino e sua justiça em primeiro lugar.



 Fonte Lições Bíblicas CPAD Ano 2000  2º Trimestre - Jovens e Adultos

Jesus e a humildade

I. REVELAÇÃO AOS PEQUENINOS

1. Coisas ocultas aos sábios e entendidos (v.25b). Jesus, elevando sua voz aos céus, dirigiu-se a Deus, e agradeceu-Lhe por haver ocultado “estas coisas aos sábios e instruídos”. “Estas coisas” a que se referia Jesus eram as profundas verdades, a “Palavra de Deus; o mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações e que, agora, foi manifesto aos seus santos”, “...são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória” (Cl 1.25-27). Quando Ele falou aquelas palavras, o mundo já tinha conhecido Sócrates, Platão, Sófocles, e tanto outros filósofos da antiguidade, sem contar os muitos sábios, ensinadores e mestres no reino de Herodes. Entretanto, desde o nascimento de Cristo na manjedoura, até à sublimidade de sua morte, nada foi revelado aos grandes daquele tempo. Da mesma forma, hoje, as verdades do evangelho estão ocultas àqueles que se consideram grandes, sábios e entendidos. A esses, falta a condição indispensável para ter acesso aos arquivos dos céus — a humildade.
2. A revelação aos pequeninos (v.25b). No momento em que agradecia ao Pai por haver ocultado as verdades dos céus aos “sábios e instruídos”, Jesus se alegrava por haver Deus as revelado “aos pequeninos”. Sem dúvida, naquele contexto, Ele se referia aos humildes, que se sentiam pequeninos diante de Deus. Os Evangelhos comprovam esse fato. Havia tantas virgens em Israel, mas só Maria recebeu o anúncio da encarnação de Jesus (Lc 1.28-35); havia muitos rapazes em Israel, mas só José foi escolhido para ouvir sobre a vinda do “Emanuel” (Mt 1.19-23); havia muitos pastores em Belém, mas somente alguns poucos tiveram a visão dos anjos, anunciando o sublime evento (Lc 2.10-14). Eles eram pequeninos. Agora, também, só os humildes, sejam eles pobres ou ricos; sábios ou ignorantes; só a eles, os que temem a Deus, o evangelho é revelado pelo Espírito Santo.

II. CONVITE GLOBAL

1. “Vinde a mim, todos...” (v.28a). O convite de Jesus aos homens não é excludente, mas é inclusivo, pois é feito a “todos” que estão “cansados e oprimidos”, ou seja, aos pecadores, sofridos e oprimidos, sob o fardo do pecado, que lhes é imposto pelo Diabo. Infelizmente, a maioria das pessoas encontra-se assim. Jesus, que não amou só a Israel, mas “...o mundo, de tal maneira... para que todo aquele que nele crê não pereça...” (Jo 3.16), mandou pregar o evangelho não só aos “eleitos”, mas “por todo o mundo”, “a toda criatura” (Mc 16.15). Podemos dizer que o evangelho, no plano de Deus, é globalizado. Aliás, os homens estão muito atrasados. Só agora falam de “globalização”. A globalização de Deus já foi prevista, antes mesmo da criação do mundo. Ainda assim, mesmo sendo um convite a “todos”, só têm condições de se beneficiar dele os que são “pequeninos”, os “pobres” ou “humildes de espírito” (vide Mt 5.3). Há muitos cansados do pecado, mas não têm condições de atender ao convite de Jesus, pelo fato de se considerarem “grandes” perante Deus. Há ricos humildes e pobres orgulhosos. Os primeiros tornam-se pequeninos e têm acesso às coisas reveladas por Deus. Os últimos, mesmo pobres, tornam-se grandes, distantes do evangelho.
2. Convite ao alívio divino (v.28b). Jesus convidou a todos os cansados e oprimidos, prometendo-lhes alívio para suas vidas. O cansaço e a opressão do pecado têm efeito terrível sobre as pessoas, a ponto de levar muitas à depressão, à angústia profunda e até ao suicídio. Os que se embriagam, os que usam drogas, os que se prostituem, os homossexuais, um dia acabam cansando. Muitos, porém, não têm forças para romper os grilhões do pecado. Falta-lhes a força da humildade para receberem o alívio prometido pelo Senhor. Quantos que enchem as salas dos psiquiatras, dos psicólogos e clínicas de repouso, buscando alívio para seus males espirituais e emocionais, pagando caro por tratamentos demorados, muitas vezes sem sucesso. Quantos gostariam que fosse anunciada a descoberta de um comprimido, uma pílula, que, tomada, propiciasse alívio para alma, dando-lhes paz. Mas, infelizmente, a paz não vem em comprimidos. Só Jesus, o “Príncipe da Paz” (Is 9.6) pode conceder a paz e o alívio aos corações. Para isso é necessário que atendam ao convite de Jesus. E só podem fazê-lo os “pequeninos” ou os humildes a quem o Senhor se referiu.

III. TOMANDO O JUGO DE JESUS

1. Conceito de jugo. A palavra jugo designa um antigo instrumento de trabalho que se colocava sobre uma junta de bois, para que os mesmos trabalhassem juntos; é equivalente à canga, representada por uma madeira curva, que se punha sobre o pescoço do boi, para mantê-lo preso ao carro ou ao arado (Aurélio); também significa, figuradamente, opressão, sujeição.
2. O jugo de Jesus. “Tomai sobre vós o meu jugo...” (v.29a). A palavra jugo dá ideia de algum tipo de peso, de instrumento de opressão. O jugo de Jesus, no entanto, é diferente. Não é pesado, nem opressor. Ele próprio afirmou: “Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (v.30). Contudo, uma pessoa só pode aceitar o jugo de Jesus se for humilde, após ter passado pelo teste da renúncia e de ter tomado a cruz de cada dia (Lc 9.23). Os pobres ou humildes de espírito (Mt 5.3) aceitam o jugo de Jesus, mesmo sabendo que isso implica ficar muitas vezes em desvantagem perante o mundo, pelas consequências da decisão, em seguir ao Senhor. Já vimos que podem perder pais, mães, irmãos, amigos e até bens, por causa do nome de Jesus. Contudo, a visão espiritual, resultante do quebrantamento diante de Deus e de sua palavra, os torna humildes o suficiente para aceitarem o jugo do Senhor.

IV. CONVITE AO APRENDIZADO

1. “Aprendei de mim...” (v.29). Existiram muitos mestres e ensinadores no passado e ainda hoje. Contudo, ninguém jamais se igualou ao Mestre Jesus. Os estranhos lhe reconheciam como mestre (Mt 9.11; 17.24); seus discípulos reconheciam sua maestria; Ele próprio se apresentou como Mestre (Mt 23.8; Jo 13.13). Em sua ressurreição, Maria lhe chamou de “Raboni”, que quer dizer Mestre! (Jo 20.16b).
2. “Que sou manso e humilde de coração” (v.29). Jesus demonstrou ser o Mestre por excelência. Quando convidou os discípulos para aprenderem com Ele, tinha autoridade para isto. Na noite que antecedeu sua morte, deu uma profunda lição de humildade. Assumindo a posição de um escravo, tomou uma bacia com água, e pôs-se a lavar os pés dos discípulos (Jo 13.5). Nenhum rabi (mestre) fizera aquilo antes. Jesus lhes indagou: “Entendeis o que eu vos tenho feito?”. E acrescentou: “Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu sou” (Jo 13.12b,13), e lhes disse que deveriam seguir o seu exemplo de humildade. Hoje, se alguém, na igreja, precisa aprender a ser humilde, basta matricular-se na escola de Jesus. Ele ensina, e não cobra nada, a não ser a obediência à sua Palavra. Suas aulas não são teóricas, mas práticas, ou seja, “espírito e vida” (Jo 6.63).
3. Os humilhados são exaltados. É um ensino revolucionário o de Jesus. Enquanto para os homens os exaltados são os grandes, os poderosos, o Mestre contrariou todos os conceitos, e afirmou que o maior entre seus seguidores é servo dos outros, e que “o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado” (Mt 23.11,12), constituindo-se um verdadeiro paradoxo para a mente humana.

CONCLUSÃO

Jesus em seu viver foi um exemplo em tudo. Diferente de muitos mestres, que ensinavam o que não faziam, e faziam o que não ensinavam, Ele provou ao mundo que seus ensinos e sua doutrina estavam muito acima das filosofias humanas, inspiradas no intelecto limitado e falho dos mortais. Seus ensinos sobre a humildade foram por Ele vividos a cada dia no seu ministério, quando “humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz”.


 Fonte Lições Bíblicas CPAD Ano 2000  2º Trimestre - Jovens e Adultos


Jesus e a renúncia

I. CONCEITUAÇÃO

Renúncia quer dizer “ato ou efeito de renunciar” e renunciar significa “não querer; rejeitar, recusar; deixar voluntariamente a posse de algum bem, de alguma coisa” (Aurélio). Nesta lição, entenderemos a renúncia, no sentido da pregação de Jesus, significando a voluntariedade em abrir mão dos próprios interesses, e da própria vida, a fim de segui-lo fielmente.
É preciso que tenhamos em mente que a renúncia do seguidor de Cristo não é um ato de alienação, inconsequente, gratuito e sem propósito. Pelo contrário, quando alguém abre mão de si próprio para entregar sua vida ao senhorio de Cristo, esse alguém foi conscientizado pelo Espírito Santo de que o faz porque sabe que terá algo infinitamente melhor para a sua vida.

II. CONDIÇÕES PARA SEGUIR A JESUS

1. Ter vontade. Jesus respeita a vontade da pessoa, e essa é uma das mais impressionantes características do seu relacionamento com o homem. Em sua pregação ele disse: “Se alguém quer vir após mim...” (Lc 9.23a). Ele não impôs sua vontade sobre os sentimentos dos pecadores. Nas Escrituras vemos esse traço da sua personalidade. Numa festa, em Jerusalém, dentro do templo, Ele disse: “Se alguém tem sede, que venha a mim e beba” (Jo 7.37). Na carta à igreja de Laodiceia, Jesus escreveu: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo” (Ap 3.20) [Grifo nosso]. Jesus não empurra portas, não força a vontade humana. É preciso segui-lo voluntariamente.
2. Renunciar a si mesmo. É o mesmo que negar-se a si mesmo. Jesus disse: “negue-se a si mesmo...” (Lc 9.23b). E isso não é fácil. A natureza humana, após a Queda, tornou-se egoísta, insensível, individualista, personalista. O “eu” tornou-se uma espécie de “deus”. Poucas pessoas conseguem romper com a natureza carnal, a fim de renunciar a si próprias e darem lugar a Deus. Na parábola do semeador (Lc 8.4-15), vemos que uma parte da semente caiu entre os espinhos, e Jesus explicou que são aqueles que recebem a Palavra com alegria, mas depois, “são sufocados com os cuidados, e riquezas, e deleites da vida, e não dão fruto com perfeição” (Lc 8.14). A natureza humana, mesmo a do cristão, tende a acomodar-se à velha vida, aos velhos costumes. Mas para ser discípulo de Jesus, é imprescindível renunciar às práticas antigas e más (vide 2 Co 5.17).
3. Renunciar bens, pai, mãe e amigos (Mc 10.28-30). Um jovem rico entristeceu-se por Jesus ter-lhe dito que deveria vender tudo o que tinha e segui-lo (Mc 10.17-23). Pedro, então, disse: “eis que nós tudo deixamos e te seguimos” (Mc 10.28). Jesus deu uma resposta de sublime sabedoria, dizendo que “ninguém há que, tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do evangelho, que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãos e mães, e filhos, e campos, com perseguições, e, no século futuro, a vida eterna” (Mc 10.29,30). Notemos que, aqui, não há um ensino impositivo, no sentido de sempre alguém ter que deixar bens, pais e parentes para seguir a Jesus. Mas Ele disse que não há ninguém que, fazendo isso, tenha prejuízo, mas que será recompensado, tanto nesta vida, quanto no porvir (ver Lc 14.33). Na realidade, o que Jesus não aceita é que alguém ame ao pai, à mãe ou a filhos mais do que a Ele.
4. Tomar cada dia a cruz. “...tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9.23c). Só toma a cruz quem já decidiu seguir a Cristo. Tomar a cruz significa renunciar ao seu próprio “eu” (o viver segundo a carne, fazendo a nossa própria vontade), e de bom grado sofrer por amor de Cristo. E isso acontece com todo o crente fiel, sincero, humilde e obediente. Jesus disse: “...no mundo tereis aflições...” (Jo 16.33; ver 2 Tm 3.12). A cruz inclui aflições, tribulações, perseguições, de modo claro e explícito. Há crentes, infelizmente, que, dominados pelo relativismo e pelo modernismo, entendem que a vida deve ser de tal forma que não tenha qualquer sofrimento. Muitos são adeptos da falsa Teologia da Prosperidade, que prega o paraíso na terra, sem pobreza, sem doença, sem aflições, contrariando a Palavra de Deus.

III. PERDENDO PARA GANHAR

1. Quem quer ganhar, perde (Lc 9.24). Jesus colocou diante dos discípulos uma crucial decisão a ser tomada. Ele afirmou que “qualquer que quiser salvar a sua vida perdê-la-á”. A vida humana, por melhor que seja, é efêmera, passageira. Muitas pessoas apegam-se a ela de tal forma, que rejeitam a Deus, a Cristo e a salvação. Há quem perca a salvação, mesmo tendo ouvido a Palavra, por causa dos cuidados deste mundo, da sedução das riquezas (Mt 13.22). Há os que não admitem de modo algum deixar de lado a vida social, com suas festas, encontros, reuniões de fim de semana; há os que não querem perder a condição financeira, pois, se tornando cristãos, terão que renunciar negócios escusos, sonegação de impostos, venda de produtos ilícitos (bebidas, fumo, jogos, loterias, etc); há os que não querem deixar a fornicação, o adultério, a prostituição, o homossexualismo, pois tudo isso é a vida que não querem perder. E, assim, “salvando” a vida, acabam por perdê-la eternamente, por rejeitarem a salvação em Cristo Jesus.
2. Quem perder, ganha (Lc 9.24b). Por outro lado, há pessoas que “perdem” a sua vida para salvá-la, pelo fato de renunciarem às coisas terrenas, e darem lugar às coisas de Deus, aceitando Cristo como Salvador, cumprindo o que ensinou o Senhor; “mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida a salvará”. Na vida espiritual, os que aceitam Jesus, sabem que estão renunciando a muitas coisas, conscientemente, entendendo que em Cristo têm muito mais a ganhar nesta vida e na eternidade (ver Mc 10.29,30). Paulo, divinamente inspirado, exclamou: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp 1.21).
3. O perdedor insensato (Lc 9.25). Neste ensino, Jesus fez uma indagação de profundo significado espiritual e filosófico, após dizer que quem quer ganhar a vida sem Ele, a perderá: “Porque que aproveita ao homem granjear o mundo todo, perdendo-se ou prejudicando-se a si mesmo?”. Ter bens, ganhar dinheiro, comprar objetos, possuir terras, casas, propriedades, e outras coisas mais, é o sonho da maioria das pessoas. De fato, há os que querem “granjear o mundo todo”. Daí, porque tantos estão buscando o enriquecimento ilícito, seja utilizando-se da jogatina, oficial ou não; seja através de negócios escusos, nas empresas ou nos órgãos públicos, gerando escândalos, que envergonham a nação. É a avareza, a ganância por dinheiro, que conduz muitos à perdição. Paulo diz que “o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males” (1 Tm 6.10), levando muitos a se desviarem da fé e se prejudicarem a si mesmos, como previu Jesus. Testemunho diferente teve o apóstolo Paulo, quando, em sua carta aos filipenses, escreveu: “Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri perda de todas estas coisas e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo” (Fp 3.7,8).

CONCLUSÃO

A renúncia para seguir a Cristo é passo importante na conversão. Para aceitar Jesus, o pecador é chamado a arrepender-se e crer no evangelho. Para ser discípulo, de modo consciente, ele descobre que precisa renunciar o mundo com seus prazeres, também à opinião dos pais e de amigos, e abrir mão de seus conceitos e preconceitos, dando a primazia ao senhorio de Cristo em sua vida. O ensino de Jesus é claro a esse respeito, requerendo do crente buscar o reino de Deus em primeiro lugar (vide Mt 6.33).




 Fonte Lições Bíblicas CPAD Ano 2000  2º Trimestre - Jovens e Adultos