I.
CONCEITUAÇÃO
Renúncia
quer dizer “ato ou efeito de renunciar” e renunciar significa “não querer;
rejeitar, recusar; deixar voluntariamente a posse de algum bem, de alguma
coisa” (Aurélio). Nesta lição, entenderemos a renúncia, no sentido da pregação
de Jesus, significando a voluntariedade em abrir mão dos próprios interesses, e
da própria vida, a fim de segui-lo fielmente.
É preciso
que tenhamos em mente que a renúncia do seguidor de Cristo não é um ato de alienação,
inconsequente, gratuito e sem propósito. Pelo contrário, quando alguém abre mão
de si próprio para entregar sua vida ao senhorio de Cristo, esse alguém foi
conscientizado pelo Espírito Santo de que o faz porque sabe que terá algo
infinitamente melhor para a sua vida.
II. CONDIÇÕES PARA SEGUIR A JESUS
1. Ter
vontade. Jesus
respeita a vontade da pessoa, e essa é uma das mais impressionantes
características do seu relacionamento com o homem. Em sua pregação ele disse: “Se
alguém quer vir após mim...”
(Lc 9.23a). Ele não impôs sua vontade sobre os sentimentos dos pecadores. Nas
Escrituras vemos esse traço da sua personalidade. Numa festa, em Jerusalém,
dentro do templo, Ele disse: “Se alguém tem sede, que venha a mim e beba” (Jo
7.37). Na carta à igreja de Laodiceia, Jesus escreveu: “Eis que estou à porta e
bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta,
entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo” (Ap 3.20) [Grifo nosso].
Jesus não empurra portas, não força a vontade humana. É preciso segui-lo
voluntariamente.
2.
Renunciar a si mesmo. É o mesmo
que negar-se a si mesmo. Jesus disse: “negue-se a si mesmo...” (Lc 9.23b). E
isso não é fácil. A natureza humana, após a Queda, tornou-se egoísta,
insensível, individualista, personalista. O “eu” tornou-se uma espécie de
“deus”. Poucas pessoas conseguem romper com a natureza carnal, a fim de
renunciar a si próprias e darem lugar a Deus. Na parábola do semeador (Lc
8.4-15), vemos que uma parte da semente caiu entre os espinhos, e Jesus
explicou que são aqueles que recebem a Palavra com alegria, mas depois, “são
sufocados com os cuidados, e riquezas, e deleites da vida, e não dão fruto com
perfeição” (Lc 8.14). A natureza humana, mesmo a do cristão, tende a
acomodar-se à velha vida, aos velhos costumes. Mas para ser discípulo de Jesus,
é imprescindível renunciar às práticas antigas e más (vide 2 Co 5.17).
3.
Renunciar bens, pai, mãe e amigos (Mc 10.28-30). Um jovem rico entristeceu-se por Jesus ter-lhe
dito que deveria vender tudo o que tinha e segui-lo (Mc 10.17-23). Pedro,
então, disse: “eis que nós tudo deixamos e te seguimos” (Mc 10.28). Jesus deu
uma resposta de sublime sabedoria, dizendo que “ninguém há que, tenha deixado
casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por
amor de mim e do evangelho, que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em
casas, e irmãos, e irmãos e mães, e filhos, e campos, com perseguições, e, no
século futuro, a vida eterna” (Mc 10.29,30). Notemos que, aqui, não há um
ensino impositivo, no sentido de sempre alguém ter que deixar bens, pais e
parentes para seguir a Jesus. Mas Ele disse que não há ninguém que, fazendo
isso, tenha prejuízo, mas que será recompensado, tanto nesta vida, quanto no
porvir (ver Lc 14.33). Na realidade, o que Jesus não aceita é que alguém ame ao
pai, à mãe ou a filhos mais do que a Ele.
4. Tomar
cada dia a cruz. “...tome
cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9.23c). Só toma a cruz quem já decidiu
seguir a Cristo. Tomar a cruz significa renunciar ao seu próprio “eu” (o viver
segundo a carne, fazendo a nossa própria vontade), e de bom grado sofrer por
amor de Cristo. E isso acontece com todo o crente fiel, sincero, humilde e
obediente. Jesus disse: “...no mundo tereis aflições...” (Jo 16.33; ver 2 Tm
3.12). A cruz inclui aflições, tribulações, perseguições, de modo claro e
explícito. Há crentes, infelizmente, que, dominados pelo relativismo e pelo
modernismo, entendem que a vida deve ser de tal forma que não tenha qualquer
sofrimento. Muitos são adeptos da falsa Teologia da Prosperidade, que prega o
paraíso na terra, sem pobreza, sem doença, sem aflições, contrariando a Palavra
de Deus.
III. PERDENDO PARA GANHAR
1. Quem
quer ganhar, perde (Lc 9.24). Jesus
colocou diante dos discípulos uma crucial decisão a ser tomada. Ele afirmou que
“qualquer que quiser salvar a sua vida perdê-la-á”. A vida humana, por melhor
que seja, é efêmera, passageira. Muitas pessoas apegam-se a ela de tal forma,
que rejeitam a Deus, a Cristo e a salvação. Há quem perca a salvação, mesmo
tendo ouvido a Palavra, por causa dos cuidados deste mundo, da sedução das
riquezas (Mt 13.22). Há os que não admitem de modo algum deixar de lado a vida
social, com suas festas, encontros, reuniões de fim de semana; há os que não
querem perder a condição financeira, pois, se tornando cristãos, terão que
renunciar negócios escusos, sonegação de impostos, venda de produtos ilícitos
(bebidas, fumo, jogos, loterias, etc); há os que não querem deixar a
fornicação, o adultério, a prostituição, o homossexualismo, pois tudo isso é a
vida que não querem perder. E, assim, “salvando” a vida, acabam por perdê-la
eternamente, por rejeitarem a salvação em Cristo Jesus.
2. Quem
perder, ganha (Lc 9.24b). Por outro
lado, há pessoas que “perdem” a sua vida para salvá-la, pelo fato de
renunciarem às coisas terrenas, e darem lugar às coisas de Deus, aceitando
Cristo como Salvador, cumprindo o que ensinou o Senhor; “mas qualquer que, por
amor de mim, perder a sua vida a salvará”. Na vida espiritual, os que aceitam
Jesus, sabem que estão renunciando a muitas coisas, conscientemente, entendendo
que em Cristo têm muito mais a ganhar nesta vida e na eternidade (ver Mc
10.29,30). Paulo, divinamente inspirado, exclamou: “Porque para mim o viver é
Cristo, e o morrer é ganho” (Fp 1.21).
3. O
perdedor insensato (Lc 9.25). Neste
ensino, Jesus fez uma indagação de profundo significado espiritual e
filosófico, após dizer que quem quer ganhar a vida sem Ele, a perderá: “Porque
que aproveita ao homem granjear o mundo todo, perdendo-se ou prejudicando-se a
si mesmo?”. Ter bens, ganhar dinheiro, comprar objetos, possuir terras, casas,
propriedades, e outras coisas mais, é o sonho da maioria das pessoas. De fato,
há os que querem “granjear o mundo todo”. Daí, porque tantos estão buscando o
enriquecimento ilícito, seja utilizando-se da jogatina, oficial ou não; seja
através de negócios escusos, nas empresas ou nos órgãos públicos, gerando
escândalos, que envergonham a nação. É a avareza, a ganância por dinheiro, que
conduz muitos à perdição. Paulo diz que “o amor ao dinheiro é a raiz de toda
espécie de males” (1 Tm 6.10), levando muitos a se desviarem da fé e se
prejudicarem a si mesmos, como previu Jesus. Testemunho diferente teve o
apóstolo Paulo, quando, em sua carta aos filipenses, escreveu: “Mas o que para
mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda
todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor;
pelo qual sofri perda de todas estas coisas e as considero como esterco, para
que possa ganhar a Cristo” (Fp 3.7,8).
CONCLUSÃO
A renúncia
para seguir a Cristo é passo importante na conversão. Para aceitar Jesus, o
pecador é chamado a arrepender-se e crer no evangelho. Para ser discípulo, de
modo consciente, ele descobre que precisa renunciar o mundo com seus prazeres,
também à opinião dos pais e de amigos, e abrir mão de seus conceitos e preconceitos,
dando a primazia ao senhorio de Cristo em sua vida. O ensino de Jesus é claro a
esse respeito, requerendo do crente buscar o reino de Deus em primeiro lugar
(vide Mt 6.33).
Fonte Lições
Bíblicas CPAD Ano 2000 2º Trimestre - Jovens e
Adultos
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