segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Jesus e as enfermidades


I. A TRÍPLICE MISSÃO DE JESUS

1. Ensinando o evangelho (v.23a). Nas sinagogas, normalmente aos sábados (Lc 4.16,17), Jesus ensinava aos que ali se reuniam. Sua mensagem, exposta de modo claro e simples, o fazia admirado por muitos, porém, irritava aos que não queriam ouvir a Palavra de Deus.
2. Pregando o evangelho (v.23b). A pregação do evangelho, ou das boas novas de salvação, era o ponto alto do ministério de Jesus. Ele pregava nas sinagogas (Mc 1.39), nas cidades (Mt 4.13,17) e de aldeia em aldeia (Lc 8.1).
3. Curando enfermidades (v.23c). A pregação de Jesus não era um evangelho só de palavras, como faziam os fariseus (Jo 7.46). Sua mensagem tornava-se eloquente por causa dos sinais e prodígios que operava (Jo 2.11). Ele próprio enfatizou este aspecto: “Se não virdes sinais e milagres, não crereis” (Jo 4.48). Muitos creram por causa dos sinais (Jo 2.23; 3.2). Dentre esses sinais, a cura das enfermidades teve lugar especial no ministério terreno do Senhor.

II. OS ENSINOS DE JESUS SOBRE AS ENFERMIDADES

1. Valorizava a visita ao enfermo (Mt 25.36). Ao final do sermão profético, Jesus revelou que, no final dos tempos, serão galardoados aqueles que, em sua missão, tiveram o cuidado de visitar os doentes: “adoeci, e visitastes-me”. Os justos indagarão sobre tal visita ao Senhor: “E, quando te vimos enfermo ou na prisão e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25.39,40).
2. Jesus não condena a Medicina. Criticado por entrar na casa de um publicano, Jesus disse aos escribas e fariseus: “Não necessitam de médico os que estão sãos, mas sim os que estão enfermos” (Lc 5.31). Lucas, discípulo de Jesus, era médico. Quando enfermo, o crente não peca se recorrer à Medicina, pois Deus pode usar os médicos e os remédios para conceder a cura desejada. No entanto, para o crente deve sempre prevalecer a vontade divina, pois, às vezes, a cura não é concedida.
3. Enfermidade para a glória de Deus. Num certo lugar, Jesus viu um homem cego de nascença. “E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?”. Ele respondeu, afirmando: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus” (Jo 9.1-3). É preciso evitar os erros e exageros das doutrinas extrabíblicas, muito em moda nestes dias.

III. ELE TOMOU SOBRE SI AS NOSSAS ENFERMIDADES

1. O cumprimento profético da cura divina. Em visita à casa de Pedro, Jesus “curou todos os que estavam enfermos, para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças” (Mt 8.16,17). Neste texto bíblico, está o cumprimento do que Isaías profetizou (Is 53.4) sete séculos antes de Jesus se manifestar ao mundo, curando os enfermos e doentes.
2. Salvação e cura. Jesus cumpriu a profecia sobre seu poder sanador, mesmo antes de morrer na cruz. Após o seu sacrifício expiatório, ele assegurou o direito aos seus servos de serem salvos e curados dos males do corpo físico. O comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD) diz: “A morte expiatória de Cristo foi um ato perfeito e suficiente para a redenção do ser humano total — espírito, alma e corpo. Assim como o pecado e a enfermidade são os gigantes gêmeos, destinados por Satanás para destruir o ser humano, assim também o perdão e a cura divina vem juntos como bênçãos irmanadas, destinadas por Deus para nos redimir e nos dar saúde (cf. Sl 103.3; Tg 5.14-16)”.
3. Exageros doutrinários. Com base no texto bíblico de Mt 8.17, que repete Is 53.4, os adeptos da chamada “Confissão Positiva” entendem que, como a salvação, a cura divina já foi realizada na cruz, não existindo mais doenças para os crentes. Segundo eles, se o crente apresenta algum problema de saúde, isto é apenas “sintoma”, que precisa ser expulso, pois é coisa de Satanás. Se um crente fica doente, dizem que é por “falta de fé” ou “por causa de pecado”. Isso é terrível, pois há homens e mulheres de Deus, fiéis, que ficam doentes e até passam para o Senhor. Será que eles são pessoas incrédulas ou cheias de pecado? Por outro lado, há quem diga que o texto refere-se unicamente ao pecado (enfermidade espiritual). Jesus, com seu sacrifício, veio nos dar vitória tanto sobre o pecado, quanto sobre suas consequências, incluindo as enfermidades. Entretanto, a vitória total, ou seja “a redenção do nosso corpo” (Rm 8.23) só ocorrerá por ocasião da ressurreição (1 Co 15.54), no arrebatamento (Fp 3.21).
4. O crente fiel pode adoecer. Timóteo, “filho na fé” de Paulo, tinha frequentes enfermidades (1 Tm 5.23); Trófimo ficou doente cm Mileto (2 Tm 4.20); Epafrodito esteve quase à morte (Fp 2.25-30). Isso sem falar de Jó, que “era homem sincero, reto e temente a Deus; e se desviava do mal” (Jó 1.1), e padeceu de uma doença que lhe acometeu desde a cabeça até a planta dos pés (Jó 2.7). Em Mc 16.18, Jesus não disse que os enfermos seriam apenas os descrentes.
5. As doenças são reais. Se podemos impor as mãos sobre “os enfermos”, é porque eles existem e suas enfermidades são reais e não virtuais. Não são “sintomas” apenas. São concretas. É para isso que o crente ora, impondo as mãos ou fazem a “oração da fé” (Tg 5.14,15), que levantará “o doente”, de verdade, e não o falso enfermo. O crente pode adoecer e ser curado imediatamente, ou progressivamente; e pode não ser curado, se assim Deus o quiser ou permitir. A Bíblia diz “Tudo sucede igualmente a todos: o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro...” (Ec 9.2). Somente na eternidade, o justo será completamente diferente do ímpio: “Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que não o serve” (Ml 3.18).

IV. JESUS DEU AUTORIDADE PARA CURAR

1. Poder para curar. Preparando os seus discípulos para a missão de evangelizar, Jesus “deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem e para curarem toda enfermidade e todo mal (Mt 10.1). Isso é maravilhoso. Os crentes em Jesus têm autoridade para orar pelos enfermos de todo o tipo, seja a enfermidade espiritual, emocional ou física. Na mesma ocasião, ele disse: “Curai os enfermos, limpai os leprosos, ...de graça recebestes, de graça dai” (Mt 10.8). No envio dos 70, ele mandou curar os enfermos (Lc 10.9). Em suas últimas palavras, antes de ser assunto aos céus, Jesus garantiu o seu poder, para que em seu nome os enfermos sejam curados (Mc 16.18).
2. A imposição das mãos. Jesus ensinou que os seus servos “imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão”. Trata-se de um ato de fé, numa demonstração de que o poder de Deus no crente envolve o seu interior e o exterior. Assim como do corpo de Jesus saiu virtude (Mc 5.30), esta pode, da parte de Deus, fluir do crente para o enfermo e este receber a cura, não por causa das mãos de quem ora, mas pelo poder no nome de Jesus. Além da imposição de mãos, o crente pode ser curado através da oração da fé com unção com óleo (Tg 5.14-16) ou através dos dons de curar (1 Co 12.9).

CONCLUSÃO

As doenças, no seu aspecto geral, são consequências da entrada do pecado no mundo. No aspecto específico, ou seja, a doença de determinada pessoa, no entanto, não se pode julgar que seja fruto de pecado, ou de falta de fé. O cristão pode adoecer e pode ser curado de imediato ou não. Depende não só de fé, mas, também, da vontade diretiva ou permissiva de Deus. Que o Senhor nos ajude no incremento do ministério de cura divina, não só como fator de alívio para os doentes, mas como meio de propagar o poder de Deus através do evangelho.




 Fonte Lições Bíblicas CPAD Ano 2000  2º Trimestre - Jovens e Adultos

Jesus e o amor

I. AMAR A DEUS E AO PRÓXIMO

1. O primeiro mandamento: amar a Deus (v.30). Um escriba aproximou-se de Jesus e perguntou-lhe qual seria o “primeiro de todos os mandamentos” (Mc 12.28). O Mestre, serenamente, respondeu, citando Dt 6.5, que diz: “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder”.
a) “De todo o teu coração”. No Antigo Testamento, Deus disse: “Não terás outros deuses diante de mim” (Ex 20.3). Era um preceito, uma determinação legal. Nosso Senhor Jesus Cristo, tomou esse preceito e o transportou para a esfera do amor. O Senhor não admitia nem admite que o crente tenha outro deus além dEle, em seu coração. Não se pode servir a Deus com coração dividido. O amor a Ele devotado deve ser total, incondicional e exclusivo, verdadeiro e santo. É condição indispensável, inclusive, para poder encontrar a Deus: “E buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jr 29.13).
b) “De toda a tua alma”. A alma é a sede das emoções, dos sentimentos. Podemos dizer que é o centro da personalidade humana. O amor a Deus deve preencher todas as emoções e sentimentos do cristão. Maria disse: “A minha alma engrandece ao Senhor” (Lc 1.46). O salmista adorou: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios” (Sl 103.1,2).
c) “De todo o teu entendimento”. Isso fala de compreensão, de conhecimento. Aquele que ama a Deus de verdade, tem consciência plena desse amor, sendo, por isso, grato ao Senhor. É o culto racional (Rm 12.1b).
d) “De todas as tuas forças”. Certamente, o Senhor Jesus referia-se aos esforços espiritual, pessoal, emocional, e, muitas vezes, até físico, voltados para a adoração a Deus.
2. O segundo mandamento: amar ao próximo (v.31). Jesus, complementando a resposta ao escriba, acrescentou que o segundo mandamento, semelhante ao primeiro, é: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, concluindo que “Não há outro mandamento maior do que estes”. Os judeus, a exemplo dos orientais em geral, não valorizavam muito o amor ao próximo. O evangelho de Cristo trouxe nova dimensão ao amor às pessoas. Paulo enfatiza isso, dizendo: “porque quem ama aos outros cumpriu a lei” (Rm 13.8b); “O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm 13.10).

II. CARACTERÍSTICA DO VERDADEIRO DISCÍPULO

Jesus, dirigindo-se aos discípulos, de modo paternal, disse: “Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco... Um novo mandamento vos dou”:
1. “Que vos ameis uns aos outros” (v.34). O discípulo de Jesus tem o dever de amar ao próximo, ou seja, a qualquer pessoa, independente de ter afinidade, amizade, ou não (Mc 12.31). Esse é um amor devido, que faz parte das obrigações dos que servem a Cristo. Contudo, o Senhor quer que amemos uns aos outros, como discípulos dEle, não apenas para cumprir um mandamento, mas por afeto, de modo carinhoso, mesmo. Paulo absorveu esse entendimento, e o retrata nas seguintes palavras: “Portanto, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões” (Fp 2.1). Com isso, ele enfatiza o amor que consola, e os “entranháveis afetos e compaixões”. Esse é o amor que deve haver entre os crentes, de coração, e não só por obrigação. Nada justifica o crente aborrecer a seu irmão. Isso é perigoso. Pode levar à condenação (vide 1 Jo 3.15).
2. “Como eu vos amei a vós” (v.34). O padrão do amor cristão é o exemplo de Cristo. É o amor ágape, que tem origem em Deus, o qual nos amou de modo tão grande (1 Jo 3.1). Cristo demonstrou seu amor para conosco, de modo sacrificial. “Conhecemos a caridade nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos” (1 Jo 3.16). Isto mostra que Jesus nos amou de verdade, de modo sublime. Por isso, precisamos expressar o amor pelos irmãos, não de modo teórico, porém prático: “Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade” (1 Jo 3.18). A prática do amor deve começar em casa, entre marido e mulher, pais e filhos e, na igreja, entre pastores e fiéis, membros do Corpo de Cristo.
3. “Nisto conhecerão que sois meus discípulos” (v.35). Aqui, encontramos o padrão do verdadeiro discípulo de Jesus: “...se vos amardes uns aos outros”. Este “se” é o grande desafio ao verdadeiro discipulado. É importante que haja discípulos que façam outros discípulos. Contudo, mais importante é que os cristãos amem uns aos outros, pois, assim, demonstram serem discípulos de Cristo, em condições de obedecer ao Evangelho e, desse modo, viverem aquilo que pregam. Notemos que o Mestre não indicou outra característica pelos quais seus seguidores seriam conhecidos de todos. Não sabemos o impacto total dessas solenes palavras de Jesus entre os seus discípulos, mas Pedro mudou de ideia rapidamente (ver Jo 13.36-38).

III. O AMOR CRISTÃO GENUÍNO

1. “Amai a vossos Inimigos” (v.44). No Antigo Testamento, a norma era aborrecer o inimigo e amar apenas ao próximo, de preferência o amigo. Jesus contrariou toda aquela maneira de pensar e mandou que os cristãos amassem os próprios inimigos. Ao proferir essas palavras, certamente, os olhos dos ouvintes se arregalaram, causando-lhes grande impacto em suas mentes.
2. “Bendizei o que vos maldizem” (v.44). Sem dúvida alguma, os que ouviam o sermão olharam uns para os outros, indagando: “Que ensino é esse? Isso contraria tudo o que nos foi ensinado até agora!”. Podemos ver, na Bíblia, homens piedosos, como Davi, expressar até ódio aos seus inimigos: “Não aborreço eu, ó SENHOR, aqueles que te aborrecem, e não me aflijo por causa dos que se levantam contra ti? Aborreço-os com ódio completo; tenho-os por inimigos” (Sl 139.22).
3. “Fazei bem aos que vos odeiam” (v.44). O espanto deve ter sido completo entre todos que ouviam o Mestre pregar. Na Lei de Moisés, a ordem era “olho por olho e dente por dente” (Mt 5.38). Jesus mudou todo esse ensino e disse: “Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra”, mandando que os seus seguidores façam bem aos que os odeiam! Se para os judeus, isso era terrível, não o é menos difícil para os crentes, hoje. Só um crente com “abundante graça” (At 4.33) e sob o controle do Espírito Santo (1 Pe 4.13,14) aceita e vive um ensino e uma prática como essa.
4. “Orai pelos que vos maltratam” (v.44). Jesus não disse em que termos se deve orar pelos que nos maltratam e nos perseguem. Mas, no contexto em análise, não deve ser com vingança e ódio. Certamente, devemos orar para que Deus mude seus pensamentos, as circunstâncias, e os salve, assim os nossos desafetos passem a agir de modo diferente.
5. “Para que sejais filhos do Pai que estás nos céus” (v.45). Aqui está todo o escopo do ensino de Jesus sobre o amor cristão. Não é amar por amar. Não é ingenuidade. É amor consequente, que tem um objetivo sublime a ser alcançado. Todo esse amor deve ser praticado, “para que sejais filhos do Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos”. Essa parte do sermão é concluída com a pergunta: “Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo?” (v.46).

CONCLUSÃO

Os ensinos de Jesus sobre o amor contrariam toda a lógica ou referencial humano a respeito do assunto. No Antigo Testamento, o comum era amar o amigo e aborrecer, e até odiar o inimigo. Jesus determina que o verdadeiro cristão deve amar o seu inimigo, orar por ele e abençoá-lo. É a superioridade da ética evangélica. Uma coisa é certa: muitos que se dizem cristãos não terão condições de ir ao encontro de Jesus, na sua vinda, pelo fato de aborrecerem a seu irmão (ler 1 Jo 3.15). Que Deus nos ajude a cumprir a doutrina cristã do amor.




 Fonte Lições Bíblicas CPAD Ano 2000  2º Trimestre - Jovens e Adultos

Jesus e a oração

I. O EXEMPLO DE JESUS NA ORAÇÃO

1. Na escolha dos apóstolos. Jesus precisava escolher seus discípulos e não fez isso de improviso, nem segundo critérios puramente humanos. Antes de fazer a difícil escolha, Ele “subiu ao monte a orar e passou a noite em oração a Deus”. Quando o dia raiou, Ele se levantou, “e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos” (Lc 6.12,13).
2. Antes de ir ao Calvário. Jesus orou a Deus, rogando por seus discípulos (Jo 17.1,9,20). Mais tarde, às vésperas de encarar o Gólgota, Jesus foi ao monte das Oliveiras, como era seu costume (Lc 22.39) e, ali, no Getsêmani, orou intensamente, submetendo-se à vontade de Deus (Lc 22.42). Do início ao fim do seu ministério, Jesus nos deu o exemplo de oração. Se quisermos vencer na vida cristã, teremos que nos dedicar à oração.
3. Em momentos difíceis. Diante do sepulcro de Lázaro, morto há quatro dias, Jesus orou ao Pai, agradecendo-Lhe, por sempre o haver ouvido (Jo 11.41,42).

II. OS PRECIOSOS ENSINOS SOBRE A ORAÇÃO

1. Não ser como os hipócritas (v.5). Jesus exortou que os discípulos não fossem como os hipócritas, que se compraziam em “orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens”. Os judeus cumpriam três obrigações muito importantes: dar esmolas, orar e jejuar. Normalmente, oravam às nove horas da manhã, ao meio-dia e às três horas da tarde, à “hora nona” (At 3.1). Ao que tudo indica, alguns escolhiam os horários de maior movimento, nas esquinas e nas sinagogas, para chamarem a atenção a si. Na verdade, não buscavam comunhão com Deus, mas queriam aparecer. Não devemos ser como eles.
2. “Entra no teu aposento” (v.5). Jesus ensinou aos discípulos a fazerem diferente dos hipócritas. Ao orar, deveriam entrar no seu aposento, fechar a porta e orar ao Pai, “que vê o que está oculto”, para serem recompensados por Ele. Extraordinária lição essa, que o Mestre da oração nos dá. Hoje, há muitos crentes que não sabem mais o que orar, estando a sós com Deus. Só oram na igreja, aproveitando curtos momentos de oração. Certamente, orar a Deus, em segredo, é muito valioso. Se não o fosse, Jesus não o teria ensinado.
3. “Não useis de vãs repetições” (v.7). Note-se o adjetivo “vãs”. Jesus advertiu que os discípulos não deveriam fazer como os gentios, os quais pensavam ser melhor atendidos por Deus se fizessem longas orações, repetindo certas palavras rotineiras. Aqui, não se deve entender que o crente não pode orar mais de uma vez por determinado problema. Neste caso, havendo necessidade, não se trata de vã repetição, mas de oração insistente, perseverante, ensinada por Jesus (Lc 18.1-8; Mt 7.7).
4. “Vosso Pai sabe o que vos é necessário” (v.8). Deus sabe o que necessitamos, mesmo antes que Lho peçamos. É o que Davi entendeu, séculos antes, ao dizer: “Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó Senhor, tudo conheces” (Sl 139.4). Parece uma contradição: Se Deus sabe tudo a nosso respeito, por que e para que orar? Acontece que, lá no Éden, o pecado cortou a ligação direta que o homem tinha com Deus. Desse modo, é necessário orar, para que tenhamos comunicação e comunhão com Deus, com a ajuda indispensável da intercessão de Jesus e do Espírito Santo (vide Rm 8.26,34).

III. A ORAÇÃO-MODELO

Na chamada Oração do Pai nosso, que Jesus ensinou, encontramos sete petições, sendo três, relativas a Deus, e quatro, relativas às necessidades humanas.
1. Primeira petição. “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome” (v.9). A base da oração é a ideia de que Deus é Pai de todos os que nEle creem. A súplica começa no plural, afastando a presunção de um Deus personalizado. Embora seja Deus onipresente, o fiel deve voltar seu olhar para cima, aos céus, vendo-o em posição elevada (2 Cr 20.6; Sl 34.3; 115.3). A primeira petição parece uma redundância: Sendo Deus santo, para que pedir que seu nome seja santificado? Jesus nos mostra que o nome de Deus deve ser honrado, venerado e santificado por nós, seja no falar, e no agir em seu nome.
2. Segunda petição. “Venha o teu reino” (v.10a). Aqui, há um sentido atual, que diz respeito à implantação do Reino de Deus no presente, com a presença de Cristo, o Emanuel; e também há o sentido escatológico, pelo qual desejamos a vinda de Cristo em glória para estabelecer o Reino eterno de Deus, no Milênio (Ap 20.11; 21.1; 22.20; 2 Pe 3.10-12). Na prática, o crente deve aceitar o domínio de Deus sobre todas as áreas de sua vida, tendo Deus, não só como Salvador, mas como seu Senhor.
3. Terceira petição. “Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu” (v. 10b). Temos aqui a oração típica de quem é servo, que não tem vontade própria, e submete-se incondicionalmente a seu Senhor. Querermos a vontade de Deus no céu, não nos implica em nada. A vontade dEle na terra, no entanto, nos compromete. Se não tivermos cuidado, ao expressar essa petição, poderemos incorrer no perigo da dubiedade do coração. Ou seja: a boca diz uma coisa e o coração não concorda com ela, quando, na prática, queremos fazer valer a nossa vontade e não a de Deus.
4. Quarta petição. “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (v.11). Segundo os estudiosos da Bíblia, a expressão “de cada dia” não se encontra em outra parte do Novo Testamento. Ela indica que devemos depender quotidianamente de Deus, para a satisfação de nossas necessidades físicas. Aqui, literalmente, o pão é um tipo de tudo que necessitamos, tais como alimento, roupa, calçado, saúde e bem-estar. Note-se que Jesus não nos ensinou a pedir a provisão de Deus para um mês ou um ano.
5. Quinta petição. “Perdoa-nos as nossas dívidas...” (v.12). A nossa sorte é que Deus se compraz em perdoar. Com Ele está o perdão (Sl 130.4; Dn 9.9) pois é perdoador (Ne 9.17; Sl 99.8). Jesus nos deu o exemplo (Lc 23.34). Devemos lembrar, porém, que essa quinta petição talvez seja a mais comprometedora para quem a profere. É que, além de pedirmos perdão, o condicionamos à maneira pela qual perdoamos aos nossos devedores. Assim, se alguém não perdoa de coração, pede a Deus que lhe faça o mesmo. Por isso, é preciso ter cuidado ao orar o Pai Nosso.
6. Sexta petição. “E não nos induzas à tentação” (v.13a). Esta tradução tem causado polêmica. Haveria possibilidade de Deus induzir à tentação? De modo algum, pois diz a Bíblia: “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta” (Tg 1.13). Parece-nos mais adequada a tradução que diz: “Não nos deixes cair em tentação...” É como pedir a Deus que não permita vir circunstâncias sobre o crente que este não possa resistir. (Ler 1 Co 10.13.)
7. Sétima petição. “Mas livra-nos do mal” (v.13b). É uma extensão da anterior. Mas entendemos que alguém pode ser livre do mal, sem que este seja somente uma tentação. Esta última petição é seguida de um louvor a Deus (doxologia): “porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém!”.

CONCLUSÃO

Orar é tarefa sublime. À oração opõe-se até o Inferno. No dizer de certo pregador, “o Diabo ri de nossa sabedoria, zomba de nossas pregações, mas treme diante de nossas orações”. Faz sentido. Quando o crente ora, descortina-se diante de si, um panorama espiritual, que lhe propicia o contato com os céus. Ele chega ao próprio trono de Deus, através de Jesus Cristo. Por isso, o Senhor nos ensinou preciosas lições acerca do valor da oração.



 Fonte Lições Bíblicas CPAD Ano 2000  2º Trimestre - Jovens e Adultos