I. AMAR A
DEUS E AO PRÓXIMO
1. O
primeiro mandamento: amar a Deus (v.30). Um escriba aproximou-se de Jesus e
perguntou-lhe qual seria o “primeiro de todos os mandamentos” (Mc 12.28). O
Mestre, serenamente, respondeu, citando Dt 6.5, que diz: “Amarás, pois, o
SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu
poder”.
a) “De
todo o teu coração”. No Antigo
Testamento, Deus disse: “Não terás outros deuses diante de mim” (Ex 20.3). Era
um preceito, uma determinação legal. Nosso Senhor Jesus Cristo, tomou esse
preceito e o transportou para a esfera do amor. O Senhor não admitia nem admite
que o crente tenha outro deus além dEle, em seu coração. Não se pode servir a
Deus com coração dividido. O amor a Ele devotado deve ser total, incondicional
e exclusivo, verdadeiro e santo. É condição indispensável, inclusive, para
poder encontrar a Deus: “E buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de
todo o vosso coração” (Jr 29.13).
b) “De
toda a tua alma”. A alma é a
sede das emoções, dos sentimentos. Podemos dizer que é o centro da
personalidade humana. O amor a Deus deve preencher todas as emoções e
sentimentos do cristão. Maria disse: “A minha alma engrandece ao Senhor” (Lc
1.46). O salmista adorou: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em
mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te
esqueças de nenhum de seus benefícios” (Sl 103.1,2).
c) “De
todo o teu entendimento”. Isso fala
de compreensão, de conhecimento. Aquele que ama a Deus de verdade, tem
consciência plena desse amor, sendo, por isso, grato ao Senhor. É o culto racional
(Rm 12.1b).
d) “De
todas as tuas forças”. Certamente,
o Senhor Jesus referia-se aos esforços espiritual, pessoal, emocional, e,
muitas vezes, até físico, voltados para a adoração a Deus.
2. O
segundo mandamento: amar ao próximo (v.31). Jesus, complementando a resposta ao escriba,
acrescentou que o segundo mandamento, semelhante ao primeiro, é: “Amarás o teu
próximo como a ti mesmo”, concluindo que “Não há outro mandamento maior do que
estes”. Os judeus, a exemplo dos orientais em geral, não valorizavam muito o
amor ao próximo. O evangelho de Cristo trouxe nova dimensão ao amor às pessoas.
Paulo enfatiza isso, dizendo: “porque quem ama aos outros cumpriu a lei” (Rm
13.8b); “O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o
amor” (Rm 13.10).
II. CARACTERÍSTICA DO
VERDADEIRO DISCÍPULO
Jesus,
dirigindo-se aos discípulos, de modo paternal, disse: “Filhinhos, ainda por um
pouco estou convosco... Um novo mandamento vos dou”:
1. “Que
vos ameis uns aos outros” (v.34). O
discípulo de Jesus tem o dever de amar ao próximo, ou seja, a qualquer pessoa,
independente de ter afinidade, amizade, ou não (Mc 12.31). Esse é um amor
devido, que faz parte das obrigações dos que servem a Cristo. Contudo, o Senhor
quer que amemos uns aos outros, como discípulos dEle, não apenas para cumprir
um mandamento, mas por afeto, de modo carinhoso, mesmo. Paulo absorveu esse
entendimento, e o retrata nas seguintes palavras: “Portanto, se há algum
conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no Espírito,
se alguns entranháveis afetos e compaixões” (Fp 2.1). Com isso, ele enfatiza o
amor que consola, e os “entranháveis afetos e compaixões”. Esse é o amor que
deve haver entre os crentes, de coração, e não só por obrigação. Nada justifica
o crente aborrecer a seu irmão. Isso é perigoso. Pode levar à condenação (vide
1 Jo 3.15).
2. “Como
eu vos amei a vós” (v.34). O padrão
do amor cristão é o exemplo de Cristo. É o amor ágape, que tem origem em Deus,
o qual nos amou de modo tão grande (1 Jo 3.1). Cristo demonstrou seu amor para
conosco, de modo sacrificial. “Conhecemos a caridade nisto: que ele deu a sua
vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos” (1 Jo 3.16). Isto mostra
que Jesus nos amou de verdade, de modo sublime. Por isso, precisamos expressar
o amor pelos irmãos, não de modo teórico, porém prático: “Meus filhinhos, não
amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade” (1 Jo 3.18). A
prática do amor deve começar em casa, entre marido e mulher, pais e filhos e,
na igreja, entre pastores e fiéis, membros do Corpo de Cristo.
3. “Nisto
conhecerão que sois meus discípulos” (v.35). Aqui, encontramos o padrão do verdadeiro
discípulo de Jesus: “...se vos amardes uns aos outros”. Este “se” é o grande
desafio ao verdadeiro discipulado. É importante que haja discípulos que façam
outros discípulos. Contudo, mais importante é que os cristãos amem uns aos
outros, pois, assim, demonstram serem discípulos de Cristo, em condições de
obedecer ao Evangelho e, desse modo, viverem aquilo que pregam. Notemos que o
Mestre não indicou outra característica pelos quais seus seguidores seriam
conhecidos de todos. Não sabemos o impacto total dessas solenes palavras de
Jesus entre os seus discípulos, mas Pedro mudou de ideia rapidamente (ver Jo
13.36-38).
III. O AMOR CRISTÃO GENUÍNO
1. “Amai a
vossos Inimigos” (v.44). No Antigo
Testamento, a norma era aborrecer o inimigo e amar apenas ao próximo, de
preferência o amigo. Jesus contrariou toda aquela maneira de pensar e mandou
que os cristãos amassem os próprios inimigos. Ao proferir essas palavras,
certamente, os olhos dos ouvintes se arregalaram, causando-lhes grande impacto
em suas mentes.
2.
“Bendizei o que vos maldizem” (v.44). Sem dúvida alguma, os que ouviam o sermão
olharam uns para os outros, indagando: “Que ensino é esse? Isso contraria tudo
o que nos foi ensinado até agora!”. Podemos ver, na Bíblia, homens piedosos,
como Davi, expressar até ódio aos seus inimigos: “Não aborreço eu, ó SENHOR,
aqueles que te aborrecem, e não me aflijo por causa dos que se levantam contra
ti? Aborreço-os com ódio completo; tenho-os por inimigos” (Sl 139.22).
3. “Fazei
bem aos que vos odeiam” (v.44). O espanto
deve ter sido completo entre todos que ouviam o Mestre pregar. Na Lei de
Moisés, a ordem era “olho por olho e dente por dente” (Mt 5.38). Jesus mudou
todo esse ensino e disse: “Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas,
se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra”, mandando que
os seus seguidores façam bem aos que os odeiam! Se para os judeus, isso era
terrível, não o é menos difícil para os crentes, hoje. Só um crente com
“abundante graça” (At 4.33) e sob o controle do Espírito Santo (1 Pe 4.13,14)
aceita e vive um ensino e uma prática como essa.
4. “Orai
pelos que vos maltratam” (v.44). Jesus não
disse em que termos se deve orar pelos que nos maltratam e nos perseguem. Mas,
no contexto em análise, não deve ser com vingança e ódio. Certamente, devemos
orar para que Deus mude seus pensamentos, as circunstâncias, e os salve, assim
os nossos desafetos passem a agir de modo diferente.
5. “Para
que sejais filhos do Pai que estás nos céus” (v.45). Aqui está todo o escopo do ensino de Jesus
sobre o amor cristão. Não é amar por amar. Não é ingenuidade. É amor
consequente, que tem um objetivo sublime a ser alcançado. Todo esse amor deve
ser praticado, “para que sejais filhos do Pai que está nos céus; porque faz que
o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e
injustos”. Essa parte do sermão é concluída com a pergunta: “Pois, se amardes
os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo?”
(v.46).
CONCLUSÃO
Os ensinos
de Jesus sobre o amor contrariam toda a lógica ou referencial humano a respeito
do assunto. No Antigo Testamento, o comum era amar o amigo e aborrecer, e até
odiar o inimigo. Jesus determina que o verdadeiro cristão deve amar o seu
inimigo, orar por ele e abençoá-lo. É a superioridade da ética evangélica. Uma
coisa é certa: muitos que se dizem cristãos não terão condições de ir ao encontro
de Jesus, na sua vinda, pelo fato de aborrecerem a seu irmão (ler 1 Jo 3.15).
Que Deus nos ajude a cumprir a doutrina cristã do amor.
Fonte Lições Bíblicas CPAD Ano 2000 2º Trimestre - Jovens e Adultos
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