I. O EXEMPLO
DE JESUS NA ORAÇÃO
1. Na
escolha dos apóstolos. Jesus
precisava escolher seus discípulos e não fez isso de improviso, nem segundo
critérios puramente humanos. Antes de fazer a difícil escolha, Ele “subiu ao monte
a orar e passou a noite em oração a Deus”. Quando o dia raiou, Ele se levantou,
“e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos” (Lc 6.12,13).
2. Antes
de ir ao Calvário. Jesus orou
a Deus, rogando por seus discípulos (Jo 17.1,9,20). Mais tarde, às vésperas de
encarar o Gólgota, Jesus foi ao monte das Oliveiras, como era seu costume (Lc
22.39) e, ali, no Getsêmani, orou intensamente, submetendo-se à vontade de Deus
(Lc 22.42). Do início ao fim do seu ministério, Jesus nos deu o exemplo de
oração. Se quisermos vencer na vida cristã, teremos que nos dedicar à oração.
3. Em
momentos difíceis. Diante do
sepulcro de Lázaro, morto há quatro dias, Jesus orou ao Pai, agradecendo-Lhe,
por sempre o haver ouvido (Jo 11.41,42).
II. OS PRECIOSOS ENSINOS SOBRE
A ORAÇÃO
1. Não ser
como os hipócritas (v.5). Jesus
exortou que os discípulos não fossem como os hipócritas, que se compraziam em
“orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos
homens”. Os judeus cumpriam três obrigações muito importantes: dar esmolas,
orar e jejuar. Normalmente, oravam às nove horas da manhã, ao meio-dia e às
três horas da tarde, à “hora nona” (At 3.1). Ao que tudo indica, alguns
escolhiam os horários de maior movimento, nas esquinas e nas sinagogas, para
chamarem a atenção a si. Na verdade, não buscavam comunhão com Deus, mas
queriam aparecer. Não devemos ser como eles.
2. “Entra
no teu aposento” (v.5). Jesus
ensinou aos discípulos a fazerem diferente dos hipócritas. Ao orar, deveriam
entrar no seu aposento, fechar a porta e orar ao Pai, “que vê o que está
oculto”, para serem recompensados por Ele. Extraordinária lição essa, que o
Mestre da oração nos dá. Hoje, há muitos crentes que não sabem mais o que orar,
estando a sós com Deus. Só oram na igreja, aproveitando curtos momentos de
oração. Certamente, orar a Deus, em segredo, é muito valioso. Se não o fosse,
Jesus não o teria ensinado.
3. “Não
useis de vãs repetições” (v.7). Note-se o
adjetivo “vãs”. Jesus advertiu que os discípulos não deveriam fazer como os
gentios, os quais pensavam ser melhor atendidos por Deus se fizessem longas
orações, repetindo certas palavras rotineiras. Aqui, não se deve entender que o
crente não pode orar mais de uma vez por determinado problema. Neste caso,
havendo necessidade, não se trata de vã repetição, mas de oração insistente,
perseverante, ensinada por Jesus (Lc 18.1-8; Mt 7.7).
4. “Vosso
Pai sabe o que vos é necessário” (v.8). Deus sabe o que necessitamos, mesmo antes que
Lho peçamos. É o que Davi entendeu, séculos antes, ao dizer: “Sem que haja uma
palavra na minha língua, eis que, ó Senhor, tudo conheces” (Sl 139.4). Parece
uma contradição: Se Deus sabe tudo a nosso respeito, por que e para que orar?
Acontece que, lá no Éden, o pecado cortou a ligação direta que o homem tinha
com Deus. Desse modo, é necessário orar, para que tenhamos comunicação e
comunhão com Deus, com a ajuda indispensável da intercessão de Jesus e do
Espírito Santo (vide Rm 8.26,34).
III. A ORAÇÃO-MODELO
Na chamada
Oração do Pai nosso, que Jesus ensinou, encontramos sete petições, sendo três,
relativas a Deus, e quatro, relativas às necessidades humanas.
1.
Primeira petição. “Pai
nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome” (v.9). A base da oração
é a ideia de que Deus é Pai de todos os que nEle creem. A súplica começa no
plural, afastando a presunção de um Deus personalizado. Embora seja Deus
onipresente, o fiel deve voltar seu olhar para cima, aos céus, vendo-o em
posição elevada (2 Cr 20.6; Sl 34.3; 115.3). A primeira petição parece uma
redundância: Sendo Deus santo, para que pedir que seu nome seja santificado?
Jesus nos mostra que o nome de Deus deve ser honrado, venerado e santificado
por nós, seja no falar, e no agir em seu nome.
2. Segunda
petição. “Venha o teu
reino” (v.10a). Aqui, há um sentido atual, que diz respeito à implantação do
Reino de Deus no presente, com a presença de Cristo, o Emanuel; e também há o
sentido escatológico, pelo qual desejamos a vinda de Cristo em glória para
estabelecer o Reino eterno de Deus, no Milênio (Ap 20.11; 21.1; 22.20; 2 Pe
3.10-12). Na prática, o crente deve aceitar o domínio de Deus sobre todas as
áreas de sua vida, tendo Deus, não só como Salvador, mas como seu Senhor.
3.
Terceira petição. “Seja
feita a tua vontade, tanto na terra como no céu” (v. 10b). Temos aqui a oração
típica de quem é servo, que não tem vontade própria, e submete-se
incondicionalmente a seu Senhor. Querermos a vontade de Deus no céu, não nos
implica em nada. A vontade dEle na terra, no entanto, nos compromete. Se não
tivermos cuidado, ao expressar essa petição, poderemos incorrer no perigo da
dubiedade do coração. Ou seja: a boca diz uma coisa e o coração não concorda
com ela, quando, na prática, queremos fazer valer a nossa vontade e não a de
Deus.
4. Quarta
petição. “O pão
nosso de cada dia dá-nos hoje” (v.11). Segundo os estudiosos da Bíblia, a
expressão “de cada dia” não se encontra em outra parte do Novo Testamento. Ela
indica que devemos depender quotidianamente de Deus, para a satisfação de
nossas necessidades físicas. Aqui, literalmente, o pão é um tipo de tudo que
necessitamos, tais como alimento, roupa, calçado, saúde e bem-estar. Note-se
que Jesus não nos ensinou a pedir a provisão de Deus para um mês ou um ano.
5. Quinta
petição. “Perdoa-nos
as nossas dívidas...” (v.12). A nossa sorte é que Deus se compraz em perdoar.
Com Ele está o perdão (Sl 130.4; Dn 9.9) pois é perdoador (Ne 9.17; Sl 99.8).
Jesus nos deu o exemplo (Lc 23.34). Devemos lembrar, porém, que essa quinta
petição talvez seja a mais comprometedora para quem a profere. É que, além de
pedirmos perdão, o condicionamos à maneira pela qual perdoamos aos nossos
devedores. Assim, se alguém não perdoa de coração, pede a Deus que lhe faça o
mesmo. Por isso, é preciso ter cuidado ao orar o Pai Nosso.
6. Sexta
petição. “E não nos
induzas à tentação” (v.13a). Esta tradução tem causado polêmica. Haveria
possibilidade de Deus induzir à tentação? De modo algum, pois diz a Bíblia:
“Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser
tentado pelo mal e a ninguém tenta” (Tg 1.13). Parece-nos mais adequada a
tradução que diz: “Não nos deixes cair em tentação...” É como pedir a Deus que
não permita vir circunstâncias sobre o crente que este não possa resistir. (Ler
1 Co 10.13.)
7. Sétima
petição. “Mas
livra-nos do mal” (v.13b). É uma extensão da anterior. Mas entendemos que
alguém pode ser livre do mal, sem que este seja somente uma tentação. Esta
última petição é seguida de um louvor a Deus (doxologia): “porque teu é o
Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém!”.
CONCLUSÃO
Orar é
tarefa sublime. À oração opõe-se até o Inferno. No dizer de certo pregador, “o
Diabo ri de nossa sabedoria, zomba de nossas pregações, mas treme diante de
nossas orações”. Faz sentido. Quando o crente ora, descortina-se diante de si,
um panorama espiritual, que lhe propicia o contato com os céus. Ele chega ao
próprio trono de Deus, através de Jesus Cristo. Por isso, o Senhor nos ensinou
preciosas lições acerca do valor da oração.
Fonte Lições Bíblicas CPAD Ano 2000 2º Trimestre - Jovens e Adultos
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