terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

O fracasso espiritual dos judeus

I. CONSIDERAÇÕES GERAIS

1. Os judeus. A conjunção “portanto”, no v.1, mostra a ligação com o texto anterior. O judeu é identificado, aqui, como aquele que condena pronta e energicamente os pecados dos gentios. Todavia, o apóstolo mostra que eles também são inescusáveis: embora acusem os gentios, praticam os mesmos pecados e iniquidades.
2. Judeus e gentios. A primeira parte do capítulo 2 (vv.1-16), diz respeito aos judeus como inescusáveis diante de Deus, transgressores da lei divina, tanto quanto aos gentios (ver os vv.9,10,11), já a segunda parte do mesmo capítulo (vv.17-29) diz respeito diretamente aos judeus como inescusáveis. Paulo evidencia a partir deste capítulo o modo de Deus lidar com a raça humana no seu todo. Ou seja: diante de Deus, seja gentio ou judeu, todo mundo é escravo do pecado.
3. Caráter universal da mensagem divina. Havia entre os pagãos muitos moralistas. Isso significa que tantos os devassos como os moralistas estão sob o pecado. Trazendo essa situação para a atualidade, vemos que tantos os iníquos, identificados em Romanos 1.18-32, como os pecadores “respeitáveis” — religiosos e moralistas, identificados em Romanos 2, precisam nascer de novo, necessitam de um encontro pessoal e transformador com Jesus (Jo 3.3).

II. O JUÍZO DE DEUS

1. Juízo segundo a verdade (vv.2,3). Deus é Deus de justiça e de verdade. É estultícia imaginar que é possível escapar do juízo divino por condenar os pecados dos outros. Infelizmente, há quem aponte os erros alheios como se isso viesse a resolver seus problemas (Mt 7.1-5). Paulo apresenta, aqui, dois grupos: os gregos e os judeus. Ambos mostram que Deus reprova as pessoas manifestamente iníquas. O primeiro por se considerar “melhor” ao pertencer a uma determinada raça, civilização, cultura ou educação considerada superior (2.1-16). O segundo por se escudar em sua religião (2.17-29). Saiba-se, porém, que o juízo de Deus independe de tudo isso, ele é “segundo a verdade” (v.2).
2. Juízo segundo a culpa acumulada (v.5). Os judeus achavam que, por conhecerem a misericórdia de Deus, não seriam julgados como os gentios. Não se deram conta de que a bondade de Deus era para levá-los ao arrependimento (v.4). Eles falharam em não aproveitar a benignidade divina e, com isso, acumularam, como tesouro, a ira de Deus. “Dia da ira e da manifestação do juízo de Deus” apresenta seus indícios na atualidade, conforme estudamos na lição passada (Sl 7.11), mas a manifestação plena do juízo está reservada para o dia da ira (Tg 5.3).
3. Conforme as obras (vv.6,7). E verdade que as obras não salvam, mas elas dão a evidência pública que servem como instrumento para Deus julgar (Pv 24.12). O juízo, segundo a obra de cada um, é um princípio divino baseado na justiça, e não podia ser diferente. É outra maneira da expressão da lei da sementeira (Gl 6.7).
Não confundir, portanto, a doutrina paulina da salvação pela fé. O apóstolo não está ensinando a salvação pelas obras, mas salientando a imparcialidade do julgamento divino sobre gentios e judeus. Caso contrário, o apóstolo estaria numa contradição insuperável (Rm 1.17; Gl 3.11; Ef 2.8,9; Tt 3.5). Devemos entender “vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção” (v.7) como resultado da vida cristã — fruto do Espírito (Gl 5.22).

III. O JUDEU

1. O que é um judeu? Responde o rabino Morris Kertzer: “É muito difícil encontrar uma simples definição do que é um judeu. Judeu é todo aquele que aceita a fé judaica. Esta é a definição religiosa. Judeu é aquele que, não tendo afiliação religiosa formal, considera os ensinamentos do Judaísmo — sua ética, seus costumes, sua literatura — como propriedade sua. Esta é a definição cultural. Judeu é aquele que se considera judeu ou que assim é considerado pela sua comunidade. Esta é a definição prática”.
No Novo Testamento, o termo “judeus” indica todo o povo de Israel que tem Abraão como pai (Jo 8.56,57).
2. Judaísmo. E uma religião que veio de Deus, através de Moisés no monte Sinai. Em nenhum momento Jesus e Paulo desrespeitaram essa religião. O conceito que os rabinos tinham do Judaísmo era calcado no Talmude, que era em si um fardo insuportável (Gl 1.13,14).
Paulo conhecia profundamente o Judaísmo. Jesus disse que não se pode costurar remendo novo em vestido velho, nem colocar vinho novo em odres velhos (Mt 9.16,17; Mc 2.21,22). Na visão do apóstolo, o judeu precisava despir-se do velho homem, e aceitar a justiça de Deus pela fé em Cristo. Os judeus rejeitaram essa provisão divina para a salvação, por isso Paulo critica a hipocrisia dos judeus.
3. O orgulho do judeu (vv.8-10). A responsabilidade dos judeus é maior do que a dos gentios por causa de seus pendores religiosos e das bênçãos espirituais que Deus lhes conferiu (Rm 9.4,5). Como as bênçãos divinas foram dirigidas primeiramente aos judeus, o julgamento há de vir na mesma proporção (vv.9,10).

IV. OS GENTIOS

1. O Juiz. Antes de tudo, convém salientar que o justo Juiz de toda a terra saberá fazer justiça (Gn 18.25). “Porque, para com Deus não há acepção de pessoas” (Rm 2.11; Dt 10.17; At 10.34). Seu juízo é segundo a verdade, e independe de condições externas como posição social, riqueza, nacionalidade, etc. Por isso, os judeus não devem esperar nenhum tratamento especial no dia do juízo. O apóstolo não está enfatizando a culpa do judeu, mas defendendo a equidade do juízo divino.
2. A obra de cada um (vv.12-14). Jesus disse: “Haverá menos rigor para os de Sodoma, no Dia do Juízo, do que para ti” (Mt 11.24). Isso mostra que há graus de castigo no juízo divino. Assim como há escalonamento no galardão dos salvos (Ap 22.12), da mesma forma haverá também graus de punição para os condenados.
Os judeus incrédulos serão condenados pela própria lei, pois foram agraciados por Deus pela lei escrita — a luz maior. Os gentios, por outro lado, terão um julgamento proporcional à luz natural — luz menor. Como não tiveram acesso à lei, serão julgados pela luz de sua consciência.
3. A consciência (vv.15,16). É a faculdade inata no ser humano capaz de discernir entre o bem e o mal. É a lei de Deus nos corações. Se nos incrédulos é o testemunho capaz de convencer o homem natural entre o certo e o errado, quanto mais nos crentes! Temos a consciência iluminada pelo Espírito Santo e gravada pela graça! (Jr 31.33). Todo o conteúdo a partir do v.6, é resumido no v.16. Jesus Cristo é o Juiz de todos os homens (At 17.31; 2Co 5.10) e conhece o mais profundo do coração dos homens.

CONCLUSÃO

Os judeus servem de aviso para todos nós. Muitas vezes nos orgulhamos por motivos infundados (por exemplo: orgulharmo-nos do pentecostalismo), quando deveríamos cuidar sempre da obra da evangelização e de buscarmos o poder do Espírito Santo, e, assim, não corremos o risco de perder as bênçãos de Deus.


Fonte: Lições Bíblicas CPAD 1998 2º Trimestre — Jovens e Adultos


A depravação dos gentios

I. A MANIFESTAÇÃO DA IRA DE DEUS

1. Ira. A palavra grega traduzida por “ira” é orge, e aparece 12 vezes em Romanos (1.18; 2.5,8; 3.5; 4.15; 5.9; 9.22; 12.19; 13.4,5). Convém que se saiba que a ira de Deus é a reação de Sua santidade diante da impiedade, muito diferente da ira dos homens, que é egocêntrica, carregada de ódio e paixão. Esse tipo de ira não é apropriada para a natureza divina.
2. A ira de Deus sobre o pecado. É a reação divina sobre o pecado. A Bíblia exemplifica a ira de Deus no passado: Dilúvio (Gn 6.17; Mt 24.37-39), Sodoma e Gomorra (Lc 17.28-30). Fala também da ira futura (1Ts 1.10) — julgamento das nações (Mt 25.32), Juízo Final (Ap 20.1-15), etc.
3. A ira de Deus na história. Como a graça salvadora não é manifestada na consumação dos séculos, mas na experiência humana, assim também a ira de que fala o apóstolo, não é a futura. E a ira manifesta na vida dos homens ao longo de sua história. Veja que três vezes o apóstolo Paulo diz que Deus “os entregou” (vv.24,26,28). Isso mostra a atuação da ira divina neste mundo. Como disse Friedrich Schiller: “A história do mundo é o juízo do mundo”.
4. Impiedade e injustiça. A impiedade, aqui, diz respeito ao descaso que o homem faz de Deus, e a injustiça fala da conduta pecaminosa humana. Dessa maneira, a raça humana, por rejeitar a Deus e viver na injustiça, detém a verdade. “Deter” significa “impedir”, e isso perverte a verdade, transformando-a em mentira.

II. A IDOLATRIA

1. Definição. A palavra “idolatria” vem de duas palavras gregas: eidolon, que significa “ídolo”, e latreuo, que significa “adorar, servir, prestar serviço sagrado”. A idolatria, portanto, consiste em cultuar ao ídolo, e é consequência da apostasia geral do ser humano. A avareza é uma forma de idolatria (Ef 5.5; Cl 3.5). Tudo aquilo que o homem ama mais do que a Deus, torna-se o seu deus (Fp 3.19).
2. Origem da idolatria. Essa prática era desconhecida no mundo pré-diluviano. A Bíblia fala de violência, maldade e corrupção (Gn 6.5,11,12). Não menciona a idolatria. Esta começou com Ninrode, o construtor da Torre de Babel (Gn 10.9-12). Foi o primeiro a ser adorado como deus. Sua mulher, Semíramis, é a mãe de Adônis, ou Tamuz, divindade de Babilônia (Ez 8.14).
As migrações humanas partiram de Babilônia para todos os quadrantes da terra, levando consigo suas crenças e divindades. Babilônia é, pois, o berço da idolatria.
3. Provas da existência de Deus (vv.19,20). O Salmo 19 apresenta os três livros que provam a existência de Deus: o universo que Deus criou (1-6), a Bíblia (7-10) e o testemunho do cristão (11-14). Como o apóstolo está falando dos gentios, que não têm lei, (Rm 2.14), ele apresenta, aqui, a lei natural ou teologia natural.
As coisas invisíveis de Deus são claramente vistas como recursos que Ele proveu para que o homem reconheça a existência do Criador: “para que eles fiquem inescusáveis” (v.20). Por isso, ninguém pode alegar ignorância. O mais obtuso dentre os homens é capaz de reconhecer a existência de Deus, considerando as coisas que Ele criou.
4. O homem rejeitou a Deus (v.21). Todos os homens vieram de um só casal. Adão e Eva tinham acesso a Deus e o conheciam. A luz de Gênesis 5 e 11, a vida de Metusalém coincidiu 243 anos com a de Adão, e 600 anos com a de Noé, e a vida de Sem coincidiu mais de 50 anos com a de Abraão. Assim, o conhecimento de Deus passou para toda a humanidade. Aos poucos, porém, os homens foram se fechando para Deus, e afastando-se cada vez mais dEle. Isso levou a raça humana à idolatria.
Sim, o homem caiu na idolatria ao recusar-se a tributar honra, glória e graças ao Criador.
A expressão seus discursos denota a alta confiança dos homens em seus raciocínios e argumentos artificiais, misturando discurso filosófico com iluminação espiritual, como o fazem hoje os adeptos da Nova Era e das demais seitas. Por causa desse orgulho, seu coração obscureceu-se, ficando destituído de entendimento espiritual e mergulhado em trevas medonhas.
5. Substituiu a criatura pelo Criador (vv.22,23). Os gentios recusaram-se a reconhecer a fonte de sabedoria, que é Deus. Os materialistas orgulham-se de seus conhecimentos, fazendo-se sábios a seus próprios olhos, mas a Bíblia diz que eles tornaram-se loucos, pois somente “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Jó 28.28; Sl 111.10; Pv 1.7; 9.10; 15.33).
Essa loucura levou-os à idolatria. O v.23 é uma citação do Salmo 106.20. Assim como os hebreus cultuaram a um bezerro em lugar de Deus, dando ao animal a glória que pertence exclusivamente a Deus, da mesma maneira fizeram os gentios.

III. A IMORALIDADE

1. Perversão sexual. A idolatria leva o homem à imoralidade. O que o apóstolo introduz no v.24, esclarece nos vv.26 e 27. Inclui como consequência dessa apostasia o homossexualismo, tanto masculino como feminino. Há sete passagens bíblicas que fazem menção do homossexualismo, e todas condenando ou mostrando tal prática como algo degradante e abominável (Gn 19.1-11; Lv 18.22; 20.13; Jz 19.22-25; Rm 1.25-27; 1Co 6.9,10; 1Tm 1.9,10).
2. A sociedade moderna. À medida que o tempo vai passando, a sociedade vai se tornando cada vez mais permissiva, e os homens vão se afastando cada vez mais de Deus. Para nossa perplexidade, há pseudocrístãos alegando tais práticas como coisa natural. O apóstolo Paulo declara que “Deus os entregou às paixões infames”, porque não reconheceram a Deus. Declara, ainda, tais práticas como “torpeza”..., uso desnatural, “contrário à natureza”. Diz em outro lugar que os tais não herdarão o reino de Deus (1Co 6.9; Gl 5.19-21).
3. Satanismo e perversão sexual. Satanás é o principal promotor da prostituição. Desde os tempos do Antigo Testamento que a sodomia e outras formas de prostituição estiveram ligadas ao culto pagão. Os pagãos praticavam, nesses rituais, o que se chama “prostituição sagrada”. Essas práticas são comuns nos cultos satânicos, pois o objetivo do Diabo é perverter a ordem das coisas. Tudo o que é perversão é uma afronta a Deus (Is 5.20,21).

IV. CATÁLOGO DE PECADOS

Nos vv.29-31, do capítulo 1, o apóstolo apresenta a mais longa lista de pecados encontrada em todas as suas epístolas. A depravação dos gentios é a fotografia da humanidade corrupta, sem Deus. Esses pecados são inerentes à natureza pecaminosa do homem (Mc 7.21-23). Nos versículos já citados (29-31) acha-se uma lista de 22 pecados, encabeçada pela palavra “iniquidade”, retratando a presente sociedade incrédula e distanciada de Deus.

CONCLUSÃO

O quadro funesto e aterrorizador em que se encontra o homem é mostrado nesta lição pelo apóstolo. Isso serve também para mostrar de onde viemos e, dessa forma, conscientizar cada crente da graça e da bondade de Deus. Sejamos agradecidos a Ele por sua provisão quanto à nossa completa e eterna redenção em Cristo Jesus.



Fonte: Lições Bíblicas CPAD 1998 2º Trimestre — Jovens e Adultos


A exposição magna da fé cristã

I. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE ROMANOS

1. Títulos. Nenhum livro da Bíblia tem tantos títulos como Romanos: Evangelho Segundo Paulo, Evangelho do Cristo Ressurreto, Tratado Teológico Paulino, Mais Puro Evangelho, Principal das Epístolas Paulinas, etc.
Desde que foi estabelecido o Corpus Paulinum, no final do primeiro século, Romanos vem ocupando o primeiro lugar entre as epístolas de Paulo, não pela ordem cronológica, mas por sua importância. Em relação ao Judaísmo, é uma epístola apologética; em relação ao Cristianismo, é a exposição magna da fé evangélica. Entender Romanos é entender o Cristianismo.
2. Local e data de Romanos. Com base em Romanos 16.1, sabemos que o apóstolo encontrava-se em Corinto, quando escreveu a epístola, pois Cencréia era a cidade portuária vizinha de Corinto. Paulo estava hospedado na casa de Gaio (Rm 16.23), amigo a quem ele batizou em Corinto (1Co 1.14). O apóstolo precisava ir a Jerusalém para levar os donativos levantados na Macedônia e na Acaia, para os irmãos pobres da Judeia. Pretendia depois ir para a Espanha, passando a Roma (Rm 15.22-30). À luz destes dados, os expositores do Novo Testamento são unânimes em afirmar que a epístola foi escrita em Corinto entre 57 e 58 d.C.
3. Destinatário de Romanos. O endereçamento da carta são os versículos 5 e 6. A palavra “gente”, ethne, no grego, significa também “gentio, nação”; é o correspondente goiym, em hebraico; mostra que a carta foi dirigida aos cristãos gentios.
É óbvio que a igreja em Roma era composta de judeus e gentios (Rm 2.17; 4.1; 7.1).
4. Roma (v.7). Roma era a capital do Império Romano. Até então Paulo ainda não havia visitado a metrópole (1.13; 15.23). A origem da igreja, nessa cidade, é desconhecida. Parece estar ligada à presença de “forasteiros romanos”, no dia de Pentecostes (At 2.10). Assim, podemos concluir que a igreja em Roma foi fundada por missionários anônimos. Há ainda quem afirme que o casal Áquila e Priscila, que morava em Roma (At 18.2; Rm 16.3), começou o trabalho nessa cidade. Mas acerca disso não há nada de concreto.
5. A influência de Romanos. Qualquer cristão que compreender Romanos jamais será a mesma pessoa. Leia o que alguns homens de destaque na história disseram a respeito da epístola.
a) João Wesley. Grande avivalista britânico do século XVIII, fundador da Igreja Metodista, afirma que tudo começou com Romanos.
b) Agostinho. Testemunhou, em 386 a.C. que Romanos 13.13 mudou sua vida.
c) Martinho Lutero. “Fundador da civilização protestante”. Fez uma exposição de Romanos aos seus alunos, de novembro de 1515 a setembro de 1516. É a epístola da Reforma Protestante. Disse que se apenas o Evangelho de João e a Epístola aos Romanos tivessem sobrevivido seriam o suficiente para preservar o Cristianismo. Na verdade, reconhecemos todos os 66 livros da Bíblia com a mesma autoridade e inspiração. A declaração de Lutero, porém, diz respeito meramente ao assunto de ambos os livros por ele citados.

II. O AUTOR DA EPÍSTOLA

1. O autor de Romanos. Seu nome hebraico é Shaul, o mesmo nome do primeiro rei de Israel, que significa “pedido”. Seu nome romano era Paulus, que significa “pequeno”. Ele mesmo afirma, no prefácio, ser o autor da epístola, sendo Tércio seu amanuense. O apóstolo, certamente, ditara e Tércio escreveu a epístola (Rm 16.22).
2. “Servo de Jesus Cristo” (1.1). Servo”, vem do grego doulos (pronuncia-se dulos), traduzido mormente por “escravo, servo”. O mesmo que avoda no Antigo Testamento hebraico. Com relação ao povo de Deus o sentido é de escravo voluntário. Nós, os crentes, somos servos de Jesus Cristo, isto é, escravos voluntários. Reconhecemos Jesus como nosso Dono, somos dEle e pertencemos a Ele. Pertencer a Deus é o que há de mais sublime na vida humana.
a) “Chamado”. Do grego kletos que aqui tem o sentido de vocacionado. Ele fora escolhido desde o ventre de sua mãe (Gl 1.15). O mesmo aconteceu com o profeta Jeremias (Jr 1.5). Paulo, portanto, foi constituído apóstolo por Deus, e não pelo homem (Gl 1.1).
b) “Apóstolo”. Vem de duas palavras gregas: da preposição apo, que significa “da parte de”, e do verbo grego stello, que significa “enviar”. A palavra “apóstolo” significa enviado com mensagem confidencial. Aqui significa um mensageiro extraordinário, alguém que o próprio Deus encarregou de levar a notícia mais importante da terra, que toda a humanidade precisa ouvir o Evangelho de Jesus Cristo. O Novo Testamento afirma que Paulo é embaixador do céu, apóstolo e doutor dos gentios (At 22.21).

III. O SENHOR JESUS CRISTO NO PRÓLOGO DE ROMANOS

1. “Santas Escrituras” (v.2). A vida de Jesus está registrada nos Evangelhos. Tudo o que Lhe aconteceu estava previsto na Lei de Moisés e nos profetas. Jesus tinha o testemunho da lei e dos profetas (Rm 3.21). E óbvio que o pensamento paulino sobre o Messias é o mesmo revelado na lei e nos profetas (At 26.22).
2. Acerca de seu Filho (vv.3,4). Convém tomar cuidado com essa passagem, pois o apóstolo não está dizendo que Jesus tornou-se Filho de Deus pela ressurreição. Ele foi o Filho de Deus em fraqueza e humildade, durante seu ministério terreno, e, pela ressurreição, tornou-se o Filho de Deus em poder (At 2.36). O apóstolo, assim, revela a origem humana e divina de Jesus, declarando a sua ressurreição dentre os mortos.

IV. O TEMA DA EPÍSTOLA

1. Evangelho, poder de Deus (v.16). A palavra “evangelho” vem de duas palavras gregas, “eu” que quer dizer “bem”, e de “angelia” que significa “mensagem, notícia, novas”. Assim, a palavra “euangelion” quer dizer “boas novas, notícias alvissareiras” “É o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crer” (1.16). A mensagem é que Cristo salva o mais vil pecador (Jo 3.16). A expressão “não me envergonho” é uma figura de linguagem chamada litotes, que significa afirmar pela negação do contrário.
2. A revelação da justiça de Deus (v.17). A “justiça de Deus” aqui não é a justiça pessoal nem legal, mas a justiça com que Deus justifica os pecadores pela fé (Rm 3.21,22). Esse plano de Deus para a salvação não é pelas obras, mas pela fé (Rm 3.24-26). “De fé em fé” significa sola fides — a fé somente. Não é de “fé em obras” ou “de obras em fé” nem tampouco “de obras em obras”.
3. A justificação pela fé. Toda a Epístola de Paulo aos Romanos gira em torno da “salvação pela fé”, pois “o justo viverá da fé” (1.17). Essa expressão significa que a salvação é pela fé (Ef 2.8,9; Tt 3.5). Esse é o tema da epístola.
4. A Reforma Protestante. Martinho Lutero nasceu em 1493, em Eisleben, Alemanha. Ingressou na Universidade de Erfurt em 1501 para estudar Direito. Em 1505, entrou num convento, onde tornou-se monge. Foi Romanos 1.17 (“O justo viverá da fé”) que “mudou toda a sua vida e todo o curso da história” (H. H. Halley).
Em 31 de outubro de 1517, Lutero fixou, na catedral de Wittemberg, as 95 teses, dando início à Reforma Protestante, e rompendo com a Igreja Católica. Traduziu a Bíblia para a língua alemã, e levou avante a obra da Reforma. É o autor do hino Castelo Forte, cantado hoje em muitas línguas em todo o mundo evangélico. Faleceu em 1546.

CONCLUSÃO

A justiça de Deus é a revelação fundamental do evangelho. Através de Romanos, o cristão pode compreender melhor o que Deus fez em seu favor mediante Jesus Cristo. Assim, você deve, em primeiro lugar, ler a referida epístola repetidas vezes, com oração e humildade, se possível até decorar para ruminar suas palavras no dia-a-dia. Deve procurar entender o que o apóstolo quer dizer com lei, graça, fé, justiça, carne, espírito, etc.




Fonte: Lições Bíblicas CPAD 1998 2º Trimestre — Jovens e Adultos