I. CONSIDERAÇÕES GERAIS
1. Os
judeus. A
conjunção “portanto”, no v.1, mostra a ligação com o texto anterior. O judeu é
identificado, aqui, como aquele que condena pronta e energicamente os pecados
dos gentios. Todavia, o apóstolo mostra que eles também são inescusáveis:
embora acusem os gentios, praticam os mesmos pecados e iniquidades.
2. Judeus
e gentios. A primeira
parte do capítulo 2 (vv.1-16), diz respeito aos judeus como inescusáveis diante
de Deus, transgressores da lei divina, tanto quanto aos gentios (ver os
vv.9,10,11), já a segunda parte do mesmo capítulo (vv.17-29) diz respeito
diretamente aos judeus como inescusáveis. Paulo evidencia a partir deste
capítulo o modo de Deus lidar com a raça humana no seu todo. Ou seja: diante de
Deus, seja gentio ou judeu, todo mundo é escravo do pecado.
3. Caráter
universal da mensagem divina. Havia
entre os pagãos muitos moralistas. Isso significa que tantos os devassos como
os moralistas estão sob o pecado. Trazendo essa situação para a atualidade,
vemos que tantos os iníquos, identificados em Romanos 1.18-32, como os
pecadores “respeitáveis” — religiosos e moralistas, identificados em Romanos 2,
precisam nascer de novo, necessitam de um encontro pessoal e transformador com
Jesus (Jo 3.3).
II. O JUÍZO
DE DEUS
1. Juízo
segundo a verdade (vv.2,3). Deus é
Deus de justiça e de verdade. É estultícia imaginar que é possível escapar do
juízo divino por condenar os pecados dos outros. Infelizmente, há quem aponte
os erros alheios como se isso viesse a resolver seus problemas (Mt 7.1-5).
Paulo apresenta, aqui, dois grupos: os gregos e os judeus. Ambos mostram que
Deus reprova as pessoas manifestamente iníquas. O primeiro por se considerar
“melhor” ao pertencer a uma determinada raça, civilização, cultura ou educação
considerada superior (2.1-16). O segundo por se escudar em sua religião
(2.17-29). Saiba-se, porém, que o juízo de Deus independe de tudo isso, ele é
“segundo a verdade” (v.2).
2. Juízo
segundo a culpa acumulada (v.5). Os judeus
achavam que, por conhecerem a misericórdia de Deus, não seriam julgados como os
gentios. Não se deram conta de que a bondade de Deus era para levá-los ao
arrependimento (v.4). Eles falharam em não aproveitar a benignidade divina e,
com isso, acumularam, como tesouro, a ira de Deus. “Dia da ira e da
manifestação do juízo de Deus” apresenta seus indícios na atualidade, conforme
estudamos na lição passada (Sl 7.11), mas a manifestação plena do juízo está
reservada para o dia da ira (Tg 5.3).
3.
Conforme as obras (vv.6,7). E verdade
que as obras não salvam, mas elas dão a evidência pública que servem como
instrumento para Deus julgar (Pv 24.12). O juízo, segundo a obra de cada um, é
um princípio divino baseado na justiça, e não podia ser diferente. É outra
maneira da expressão da lei da sementeira (Gl 6.7).
Não
confundir, portanto, a doutrina paulina da salvação pela fé. O apóstolo não
está ensinando a salvação pelas obras, mas salientando a imparcialidade do
julgamento divino sobre gentios e judeus. Caso contrário, o apóstolo estaria
numa contradição insuperável (Rm 1.17; Gl 3.11; Ef 2.8,9; Tt 3.5). Devemos
entender “vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória,
honra e incorrupção” (v.7) como resultado da vida cristã — fruto do Espírito
(Gl 5.22).
III. O JUDEU
1. O que é
um judeu? Responde o
rabino Morris Kertzer: “É muito difícil encontrar uma simples definição do que
é um judeu. Judeu é todo aquele que aceita a fé judaica. Esta é a definição
religiosa. Judeu é aquele que, não tendo afiliação religiosa formal, considera
os ensinamentos do Judaísmo — sua ética, seus costumes, sua literatura — como
propriedade sua. Esta é a definição cultural. Judeu é aquele que se considera
judeu ou que assim é considerado pela sua comunidade. Esta é a definição prática”.
No Novo
Testamento, o termo “judeus” indica todo o povo de Israel que tem Abraão como
pai (Jo 8.56,57).
2.
Judaísmo. E uma
religião que veio de Deus, através de Moisés no monte Sinai. Em nenhum momento
Jesus e Paulo desrespeitaram essa religião. O conceito que os rabinos tinham do
Judaísmo era calcado no Talmude, que era em si um fardo insuportável (Gl
1.13,14).
Paulo
conhecia profundamente o Judaísmo. Jesus disse que não se pode costurar remendo
novo em vestido velho, nem colocar vinho novo em odres velhos (Mt 9.16,17; Mc
2.21,22). Na visão do apóstolo, o judeu precisava despir-se do velho homem, e
aceitar a justiça de Deus pela fé em Cristo. Os judeus rejeitaram essa provisão
divina para a salvação, por isso Paulo critica a hipocrisia dos judeus.
3. O
orgulho do judeu (vv.8-10). A
responsabilidade dos judeus é maior do que a dos gentios por causa de seus
pendores religiosos e das bênçãos espirituais que Deus lhes conferiu (Rm
9.4,5). Como as bênçãos divinas foram dirigidas primeiramente aos judeus, o julgamento
há de vir na mesma proporção (vv.9,10).
IV. OS
GENTIOS
1. O Juiz. Antes de tudo, convém salientar que o justo
Juiz de toda a terra saberá fazer justiça (Gn 18.25). “Porque, para com Deus
não há acepção de pessoas” (Rm 2.11; Dt 10.17; At 10.34). Seu juízo é segundo a
verdade, e independe de condições externas como posição social, riqueza,
nacionalidade, etc. Por isso, os judeus não devem esperar nenhum tratamento
especial no dia do juízo. O apóstolo não está enfatizando a culpa do judeu, mas
defendendo a equidade do juízo divino.
2. A obra
de cada um (vv.12-14). Jesus
disse: “Haverá menos rigor para os de Sodoma, no Dia do Juízo, do que para ti”
(Mt 11.24). Isso mostra que há graus de castigo no juízo divino. Assim como há
escalonamento no galardão dos salvos (Ap 22.12), da mesma forma haverá também
graus de punição para os condenados.
Os judeus
incrédulos serão condenados pela própria lei, pois foram agraciados por Deus
pela lei escrita — a luz maior. Os gentios, por outro lado, terão um julgamento
proporcional à luz natural — luz menor. Como não tiveram acesso à lei, serão
julgados pela luz de sua consciência.
3. A
consciência (vv.15,16). É a
faculdade inata no ser humano capaz de discernir entre o bem e o mal. É a lei
de Deus nos corações. Se nos incrédulos é o testemunho capaz de convencer o
homem natural entre o certo e o errado, quanto mais nos crentes! Temos a
consciência iluminada pelo Espírito Santo e gravada pela graça! (Jr 31.33).
Todo o conteúdo a partir do v.6, é resumido no v.16. Jesus Cristo é o Juiz de
todos os homens (At 17.31; 2Co 5.10) e conhece o mais profundo do coração dos
homens.
CONCLUSÃO
Os judeus
servem de aviso para todos nós. Muitas vezes nos orgulhamos por motivos
infundados (por exemplo: orgulharmo-nos do pentecostalismo), quando deveríamos
cuidar sempre da obra da evangelização e de buscarmos o poder do Espírito
Santo, e, assim, não corremos o risco de perder as bênçãos de Deus.
Fonte: Lições Bíblicas CPAD 1998 2º Trimestre —
Jovens e Adultos
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