A exposição magna da fé cristã

I. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE ROMANOS

1. Títulos. Nenhum livro da Bíblia tem tantos títulos como Romanos: Evangelho Segundo Paulo, Evangelho do Cristo Ressurreto, Tratado Teológico Paulino, Mais Puro Evangelho, Principal das Epístolas Paulinas, etc.
Desde que foi estabelecido o Corpus Paulinum, no final do primeiro século, Romanos vem ocupando o primeiro lugar entre as epístolas de Paulo, não pela ordem cronológica, mas por sua importância. Em relação ao Judaísmo, é uma epístola apologética; em relação ao Cristianismo, é a exposição magna da fé evangélica. Entender Romanos é entender o Cristianismo.
2. Local e data de Romanos. Com base em Romanos 16.1, sabemos que o apóstolo encontrava-se em Corinto, quando escreveu a epístola, pois Cencréia era a cidade portuária vizinha de Corinto. Paulo estava hospedado na casa de Gaio (Rm 16.23), amigo a quem ele batizou em Corinto (1Co 1.14). O apóstolo precisava ir a Jerusalém para levar os donativos levantados na Macedônia e na Acaia, para os irmãos pobres da Judeia. Pretendia depois ir para a Espanha, passando a Roma (Rm 15.22-30). À luz destes dados, os expositores do Novo Testamento são unânimes em afirmar que a epístola foi escrita em Corinto entre 57 e 58 d.C.
3. Destinatário de Romanos. O endereçamento da carta são os versículos 5 e 6. A palavra “gente”, ethne, no grego, significa também “gentio, nação”; é o correspondente goiym, em hebraico; mostra que a carta foi dirigida aos cristãos gentios.
É óbvio que a igreja em Roma era composta de judeus e gentios (Rm 2.17; 4.1; 7.1).
4. Roma (v.7). Roma era a capital do Império Romano. Até então Paulo ainda não havia visitado a metrópole (1.13; 15.23). A origem da igreja, nessa cidade, é desconhecida. Parece estar ligada à presença de “forasteiros romanos”, no dia de Pentecostes (At 2.10). Assim, podemos concluir que a igreja em Roma foi fundada por missionários anônimos. Há ainda quem afirme que o casal Áquila e Priscila, que morava em Roma (At 18.2; Rm 16.3), começou o trabalho nessa cidade. Mas acerca disso não há nada de concreto.
5. A influência de Romanos. Qualquer cristão que compreender Romanos jamais será a mesma pessoa. Leia o que alguns homens de destaque na história disseram a respeito da epístola.
a) João Wesley. Grande avivalista britânico do século XVIII, fundador da Igreja Metodista, afirma que tudo começou com Romanos.
b) Agostinho. Testemunhou, em 386 a.C. que Romanos 13.13 mudou sua vida.
c) Martinho Lutero. “Fundador da civilização protestante”. Fez uma exposição de Romanos aos seus alunos, de novembro de 1515 a setembro de 1516. É a epístola da Reforma Protestante. Disse que se apenas o Evangelho de João e a Epístola aos Romanos tivessem sobrevivido seriam o suficiente para preservar o Cristianismo. Na verdade, reconhecemos todos os 66 livros da Bíblia com a mesma autoridade e inspiração. A declaração de Lutero, porém, diz respeito meramente ao assunto de ambos os livros por ele citados.

II. O AUTOR DA EPÍSTOLA

1. O autor de Romanos. Seu nome hebraico é Shaul, o mesmo nome do primeiro rei de Israel, que significa “pedido”. Seu nome romano era Paulus, que significa “pequeno”. Ele mesmo afirma, no prefácio, ser o autor da epístola, sendo Tércio seu amanuense. O apóstolo, certamente, ditara e Tércio escreveu a epístola (Rm 16.22).
2. “Servo de Jesus Cristo” (1.1). Servo”, vem do grego doulos (pronuncia-se dulos), traduzido mormente por “escravo, servo”. O mesmo que avoda no Antigo Testamento hebraico. Com relação ao povo de Deus o sentido é de escravo voluntário. Nós, os crentes, somos servos de Jesus Cristo, isto é, escravos voluntários. Reconhecemos Jesus como nosso Dono, somos dEle e pertencemos a Ele. Pertencer a Deus é o que há de mais sublime na vida humana.
a) “Chamado”. Do grego kletos que aqui tem o sentido de vocacionado. Ele fora escolhido desde o ventre de sua mãe (Gl 1.15). O mesmo aconteceu com o profeta Jeremias (Jr 1.5). Paulo, portanto, foi constituído apóstolo por Deus, e não pelo homem (Gl 1.1).
b) “Apóstolo”. Vem de duas palavras gregas: da preposição apo, que significa “da parte de”, e do verbo grego stello, que significa “enviar”. A palavra “apóstolo” significa enviado com mensagem confidencial. Aqui significa um mensageiro extraordinário, alguém que o próprio Deus encarregou de levar a notícia mais importante da terra, que toda a humanidade precisa ouvir o Evangelho de Jesus Cristo. O Novo Testamento afirma que Paulo é embaixador do céu, apóstolo e doutor dos gentios (At 22.21).

III. O SENHOR JESUS CRISTO NO PRÓLOGO DE ROMANOS

1. “Santas Escrituras” (v.2). A vida de Jesus está registrada nos Evangelhos. Tudo o que Lhe aconteceu estava previsto na Lei de Moisés e nos profetas. Jesus tinha o testemunho da lei e dos profetas (Rm 3.21). E óbvio que o pensamento paulino sobre o Messias é o mesmo revelado na lei e nos profetas (At 26.22).
2. Acerca de seu Filho (vv.3,4). Convém tomar cuidado com essa passagem, pois o apóstolo não está dizendo que Jesus tornou-se Filho de Deus pela ressurreição. Ele foi o Filho de Deus em fraqueza e humildade, durante seu ministério terreno, e, pela ressurreição, tornou-se o Filho de Deus em poder (At 2.36). O apóstolo, assim, revela a origem humana e divina de Jesus, declarando a sua ressurreição dentre os mortos.

IV. O TEMA DA EPÍSTOLA

1. Evangelho, poder de Deus (v.16). A palavra “evangelho” vem de duas palavras gregas, “eu” que quer dizer “bem”, e de “angelia” que significa “mensagem, notícia, novas”. Assim, a palavra “euangelion” quer dizer “boas novas, notícias alvissareiras” “É o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crer” (1.16). A mensagem é que Cristo salva o mais vil pecador (Jo 3.16). A expressão “não me envergonho” é uma figura de linguagem chamada litotes, que significa afirmar pela negação do contrário.
2. A revelação da justiça de Deus (v.17). A “justiça de Deus” aqui não é a justiça pessoal nem legal, mas a justiça com que Deus justifica os pecadores pela fé (Rm 3.21,22). Esse plano de Deus para a salvação não é pelas obras, mas pela fé (Rm 3.24-26). “De fé em fé” significa sola fides — a fé somente. Não é de “fé em obras” ou “de obras em fé” nem tampouco “de obras em obras”.
3. A justificação pela fé. Toda a Epístola de Paulo aos Romanos gira em torno da “salvação pela fé”, pois “o justo viverá da fé” (1.17). Essa expressão significa que a salvação é pela fé (Ef 2.8,9; Tt 3.5). Esse é o tema da epístola.
4. A Reforma Protestante. Martinho Lutero nasceu em 1493, em Eisleben, Alemanha. Ingressou na Universidade de Erfurt em 1501 para estudar Direito. Em 1505, entrou num convento, onde tornou-se monge. Foi Romanos 1.17 (“O justo viverá da fé”) que “mudou toda a sua vida e todo o curso da história” (H. H. Halley).
Em 31 de outubro de 1517, Lutero fixou, na catedral de Wittemberg, as 95 teses, dando início à Reforma Protestante, e rompendo com a Igreja Católica. Traduziu a Bíblia para a língua alemã, e levou avante a obra da Reforma. É o autor do hino Castelo Forte, cantado hoje em muitas línguas em todo o mundo evangélico. Faleceu em 1546.

CONCLUSÃO

A justiça de Deus é a revelação fundamental do evangelho. Através de Romanos, o cristão pode compreender melhor o que Deus fez em seu favor mediante Jesus Cristo. Assim, você deve, em primeiro lugar, ler a referida epístola repetidas vezes, com oração e humildade, se possível até decorar para ruminar suas palavras no dia-a-dia. Deve procurar entender o que o apóstolo quer dizer com lei, graça, fé, justiça, carne, espírito, etc.




Fonte: Lições Bíblicas CPAD 1998 2º Trimestre — Jovens e Adultos

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