terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Problema da rejeição de Israel

I. PROPÓSITOS DE DEUS COM ISRAEL

1. O tríplice propósito. Israel, em relação a Deus, enquadra-se biblicamente no contexto histórico, teológico e escatológico das Sagradas Escrituras. Deus escolheu o povo israelita com um tríplice propósito para a humanidade: revelar Seu poder, dar a Bíblia e enviar o Salvador ao mundo. Sem os três capítulos já mencionados, ficaríamos impossibilitados de entender os discursos dos profetas sobre o futuro de Israel, e o Cristianismo poderia correr o risco de ser interpretado como religião antissemita.
2. Revelar o poder de Deus. Deus mostrou ao mundo a sua grandeza, poder e glória através de Israel (Rm 9.17). Haja vista que Ele suscitou a Faraó para, através da intolerância deste com os israelitas, abater o monarca e dar liberdade ao povo da promessa, e assim mostrar ao mundo o seu grande e eterno poder.
3. Dar a Bíblia ao mundo. O segundo propósito de Deus para com o povo judeu foi trazer ao mundo os seus oráculos. Israel foi receptáculo dos arcanos divinos; a Bíblia foi dada às nações através de Israel.
O apóstolo Paulo pergunta aos irmãos de Roma: “Qual é logo a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, em toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhes foram confiadas” (Rm 3.1,2). Então, através de Israel, Deus entregou a Bíblia ao mundo.
4. Dar ao mundo o Salvador. A terceira razão da eleição de Israel por Deus foi para dar o Salvador ao mundo. Deus prometeu a Abraão: “... em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3). Jesus disse para a mulher samaritana: “... porque a salvação vem dos judeus” (Jo 4.22).

II. ANÁLISE HISTÓRICA DE ISRAEL

1. A ameaça da dispersão. A segurança do povo de Israel residia na sua obediência a Deus; uma vez rompida esta aliança, o povo estaria vulnerável diante das nações. A diáspora (ou dispersão) ser-lhe-ia uma ameaça constante (Lv 26.36-37; Dt 28.25,36,37).
A primeira diáspora ocorreu nos dias de Nabucodonosor, rei de Babilônia (2Rs 24.10-16). A segunda diáspora dos judeus, veio com a destruição de Jerusalém, em 70 d.C, e deu-se por causa de sua incredulidade — rejeitaram o seu Messias (Lc 21.24; 23.28-31).
2. A incredulidade de Israel. O apóstolo começa o capítulo 9 lamentando a incredulidade de seus compatriotas, e reconhece os privilégios que Deus conferira a Israel no passado (vv.1-5). Em seguida, mostra que o verdadeiro israelita é o que vive pela fé (9.6-8).
3. A soberania de Deus. A seguir, o apóstolo cita exemplos do Antigo Testamento para mostrar a soberania de Deus sobre suas criaturas, e o direito dEle escolher quem Ele quiser para ser o seu povo. Deste modo, Ele escolheu a Jacó e rejeitou a Esaú, antes mesmo do nascimento destes (9.10-16). A partir do v.23, Paulo mostra, citando os profetas Oséias e Isaías, que o plano de Deus, desde o princípio, era salvar os gentios.
4. Israel tropeçou. O apóstolo Paulo conclui dizendo que os gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram-na. Porém, a justiça “que é pela fé” (v.30). Israel, entretanto, que buscava a lei da justiça, não a conseguiu (v.31). Por quê? Porque Israel não seguiu o caminho da fé, mas o das obras, e por isso tropeçou (v.32). Israel tropeçou por haver rejeitado o seu Messias (v.33).

III. O VERDADEIRO ISRAEL

1. Deus não rejeitou o seu povo (11.1). Paulo argumenta que Deus não rejeitou o seu povo, cita como prova disso, os judeus cristãos. O exemplo de Elias, que ele apresenta, mostra que os sete mil que não dobraram os joelhos diante de Baal, eram os verdadeiros israelitas (11.2-4). Da mesma forma, a minoria de judeus, que creu em Jesus, são os israelitas de fato (11.5).
2. Os incrédulos. Como fica a situação dos rebeldes? Pode perguntar alguém. Em Roma, nos dias de Paulo, essa questão obrigou o apóstolo a deter-se um bom tempo sobre o assunto. O fato de Israel ter rejeitado o seu Messias não significa ser ele um povo proscrito por Deus. Isto faz parte do gigantesco plano que Deus traçou antes da fundação do mundo (11.7-12).
3. Devemos considerar a bondade de Deus. A triste experiência de Israel deve servir de exemplo para a Igreja. Os israelitas eram os filhos naturais de Deus e, não obstante, foram cortados da verdadeira oliveira por causa da incredulidade (11.17-20). Cada cristão, portanto, deve valorizar a sua posição diante de Deus. O que Deus fez conosco é de uma grandeza infinita. Quem vacilar pode ser cortado por Deus assim como aconteceu com Israel (11.21-24).
4. Israelita espiritual. É o verdadeiro israelita (Rm 4.11-16). O cristão é reconhecido, no Novo Testamento, como judeu, no sentido espiritual. Isto é: pela fé em Jesus, tornou-se ele filho de Abraão (Gl 3.7). “Nem todos que são de Israel são israelitas” (Rm 9.6).
5. O enxerto. É verdade que hoje a “menina dos olhos” de Deus é a Igreja. A nossa posição espiritual está acima da dos judeus. Os ramos foram quebrados, por culpa dos próprios judeus: “Não que a palavra de Deus haja faltado” (9.6).
A promessa de Deus não foi quebrada, mas os judeus é que recusaram a promessa. Somos como zambujeiros enxertados no lugar deles, e, assim, participamos da raiz e da seiva da oliveira (11.15-19).

IV. A SALVAÇÃO DE ISRAEL

1. Restauração nacional. A restauração nacional será seguida da restauração espiritual (Ez 36.24; 37.21). Ou seja: quando todos os ossos se juntarem e formarem os nervos, e as carnes recobrirem os ossos, estará pois o corpo pronto (Ez 36.24; 37,21).
2. Restauração espiritual. Depois, em 36.25 e 37.22 de Ezequiel, vemos a restauração espiritual dos judeus. Diz ainda o profeta depois de haver profetizado acerca da formação do corpo: “Mas não havia neles espírito” (Ez 37.8).
Quando o espírito de graça e de súplica vier sobre os judeus, aí ocorrerá a restauração espiritual (Zc 12.10; Ez 37.23-28). A partir de então os judeus não mais rejeitarão o seu Messias.
3. A salvação de todos os judeus (11.26,27). Quando a plenitude dos gentios se cumprir. Deus voltará a tratar com Israel. A rejeição de Israel é parcial e temporária. Por isso que afirmamos que Israel continua sendo povo de Deus. O apóstolo prevê a salvação em massa dos judeus (11.26,27), quando o Messias voltar (Ap 1.7), algo também previsto pelos profetas do Antigo Testamento (Is 59.20; Zc 12.10).

V. A ELEIÇÃO DE ISRAEL

1. Decreto divino. Os decretos, ou conselhos divinos, são imutáveis, irrevogáveis e incondicionais. São coisas que não dependem da vontade, ou da conduta, do homem, pois nasceram no coração e no propósito de Deus.
2. A promessa do Salvador. Deus prometeu dar à humanidade um Redentor, mas não estabeleceu condições (Gn 3.15). Qualquer que fosse a conduta do homem: crendo nesta promessa ou não; obedecendo a Deus ou não. Ou seja: independentemente de tudo isto, o Salvador viria da mesma forma. E foi o que realmente aconteceu! Este é o conselho divino.
3. A eleição de Israel é irrevogável (11.28-29). Paulo diz que a eleição de Israel é irrevogável porque é decreto divino. Mesmo sendo os judeus indiferentes ao evangelho, não importa, pois os conselhos divinos são incondicionais: “Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos por causa de vós; mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais. Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento” (11.28,29).
Então, por causa da promessa que Deus fez aos pais Abraão, Isaque e Jacó, Israel continuará sendo o povo escolhido (Hb 6.13-18).

CONCLUSÃO

Israel é o relógio de Deus na terra. Jesus disse: “Olhai para a figueira (Israel), e para todas as árvores; quando já têm rebentado, vós sabeis por vós mesmos, vendo-as, que perto está já o verão” (Lc 21.29-30).
A figueira é Israel. Pelas palavras de Jesus, conscientizamo-nos de quão próximo está “o verão”, pois a figueira está brotando. A restauração nacional já ocorreu, falta apenas chegar o verão para a restauração espiritual.





Fonte: Lições Bíblicas CPAD 1998 2º Trimestre — Jovens e Adultos

A liberdade sob a lei do Espírito

I. O CONFLITO DA LEI

1. Considerações preliminares. Observe que o texto em pauta começa com a conjunção “portanto” (v.1), que mostra sua ligação com o capítulo anterior. E necessário entender a parte final do referido capítulo (7.13-25). Pois só entenderemos o capítulo 8 de Romanos se compreendermos devidamente o conflito da lei.
2. Paulo como cristão. Há muitas discussões sobre este tema: “O conflito da lei” (7.13-25). O mais provável é que o homem do conflito, em questão, é o apóstolo Paulo, representando os cristãos na sua luta contra o pecado. E, para essa interpretação, há três argumentos:
a) A natureza pecaminosa do homem. Ninguém está totalmente isento do pecado: “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos” (1Jo 1.8).
b) O tempo verbal. Antes do v.12, o apóstolo usa o verbo no tempo presente, por exemplo: “...mas eu sou carnal” (v.14), “o que faço não aprovo... o pecado que habita em mim” (vv.15,17). O que não acontece antes do v.13: “... despertou em mim... reviveu o pecado e eu morri... me enganou, e me matou” (vv.8,9,11), que dá a ideia de passado.
c) Reconhecimento de suas fraquezas. O conflito espiritual abrange a confissão de alguém com elevado grau de maturidade cristã, pois reconhece suas debilidades diante da lei, algo que um não convertido dificilmente reconheceria.
3. Objetivo do texto de Rm 7.13-25. Paulo mostra a luta do homem religioso querendo obedecer à vontade de Deus, sem Jesus e sem o Espírito Santo. O propósito do apóstolo, nessa passagem, é mostrar que nada podemos fazer para obedecer a Deus sem a ajuda do Espírito Santo.
Somos absolutamente impotentes, e necessitamos da libertação do pecado e do “eu”. Mas isso só é possível em Jesus Cristo, nosso Senhor. Por isso, o Espírito Santo não aparece nessa passagem, e o nome de Jesus só aparece no v.25, que é o versículo de transição para o capítulo 8, e que inicia com “portanto”.

II. OS QUE ESTÃO EM CRISTO JESUS

1. A dupla bênção (vv.1,2). Jesus Cristo, em sua morte e ressurreição, nos salvou da condenação — “nenhuma condenação há” (v.1) e “a lei do Espírito de vida me livrou da lei do pecado e da morte” (v.2). Em Romanos, a palavra “lei” pode ser aplicada ao Pentateuco (3.21) e a todas as Escrituras (3.19), pois dos vv.10 a 18 há uma citação de Isaías e cinco dos Salmos. Aqui, no v.2, “lei do Espírito de vida” significa um princípio divino. Princípio esse que quebrou outro princípio maligno — a “lei do pecado e da morte”.
2. Carne (v.3). O conceito paulino de carne em Romanos pode aplicar-se à humanidade (Rm 3.20), à natureza humana (1.3), ao corpo (2.28), à descendência de um homem (4.1), à fragilidade humana (6.19), à velha natureza do crente (6.6; 7.18,25) e ao homem não regenerado (8.8). No v.3 diz respeito à natureza humana de Cristo (8.3). Ver 1Jo 3.5; 1Pe 2.22; 2Co 5.21.
3. Uma obra divina. Uma vez que a carne está debilitada e impotente para guardar a lei, acha-se esta impossibilitada de salvar. O problema, então, não era da lei, mas do homem sem qualquer poder para guardá-la.
A lei diz: “faça e viva”, entretanto, a graça diz: “viva e faça”. Fazemos a vontade de Deus com a ajuda e a direção do Espírito Santo para a nossa santificação.
4. A liberdade do Espírito (v.4). A liberdade em Cristo que gozamos advém do fato de não estarmos debaixo da lei, mas da graça (Rm 6.14). Uma vez debaixo da graça, “não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito”. É no capítulo 8 que a operação do Espírito Santo na vida do cristão é manifesta com mais clareza.

III. A INCLINAÇÃO DA CARNE E A INCLINAÇÃO DO ESPÍRITO

1. Carnais e espirituais (vv.5,6). O apóstolo fala de dois grupos de pessoas os carnais e os espirituais. Cabe a cada crente fazer uma análise introspectiva para verificar se suas inclinações são carnais ou espirituais.
O homem é aquilo que imagina a sua alma (Pv 23.7). E Jesus afirmou que o homem fala daquilo que o seu coração estiver cheio (Lc 6.45).
O pensamento do homem norteia o seu comportamento. Se a mente é carnal, seu comportamento é carnal, resultando em morte; se a mente é espiritual, seu comportamento é espiritual, resultando em vida e paz.
2. Inclinação da carne (v.7). Isso significa ter mente carnal, vida controlada pela carne. Tal pessoa não está sob o domínio do Espírito. Quem assim vive, não pode agradar a Deus (v.8). Só conseguiremos agradar a Deus fazendo-lhe a vontade. Mas só o conseguiremos se estivermos sob a direção do Espírito Santo.
3. Inclinação do Espírito. Os que são justificados pela fé em Cristo, nasceram de novo, e, portanto, são regenerados. São filhos de Deus. Eles ocupam-se inteiramente das coisas de Deus. Procuram conhecer cada vez mais a Cristo, inteirar-se da Palavra de Deus, dedicar-se à evangelização, à oração, ao jejum, ao louvor. Sua expectativa é a vinda de Jesus!

IV. O ESPÍRITO SANTO MORA EM NÓS

1. Mudança de homem religioso para homem espiritual. Interessante é observar o contraste entre os capítulos 7 e 8 de Romanos. No capítulo 7, o apóstolo afirma por duas vezes: “o pecado habita em mim” (Rm 7.17,20). No capítulo 8, é o Espírito Santo quem habita em nós (v.9).
Agora, somos devedores ao Espírito, que nos deu vida, e não à carne, que resulta em morte (vv.12,13).
2. O Espírito de Deus (v.9). O Espírito Santo é chamado “Espírito de Cristo” (At 16.7; Fp 1.19). São referências à deidade absoluta de Jesus (Jo 1.1; 9.5; Tt 2.13). Veja que o Espírito Santo, ou “Espírito de Cristo”, habita em nós (v.9). No versículo seguinte, lemos que Cristo habita em nós (v.10), e o v.11 diz que somos morada da Trindade.
3. Filhos de Deus (v.14). Somos filhos de Deus por adoção através do sacrifício de Jesus (vv.15-17; Gl 4.5,6). Como filhos, recebemos o Espírito Santo, e, por meio dEle, somos guiados (v.14). Eis porque o Espírito de Deus testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (v.16). O grande privilégio dos filhos de Deus é ser morada do Espírito Santo (1Co 3.16,17).

CONCLUSÃO

Os muçulmanos prostram-se diante de Alá (Deus em árabe) como escravos e não como filhos. Os judeus não ousam dirigir-se a Deus como Pai apesar de Deus chamar Israel de filho (Os 11.1). No entanto, podemos dirigir-nos a Deus, clamando: Aba Pai. Quão grande é o nosso privilégio!




Fonte: Lições Bíblicas CPAD 1998 2º Trimestre — Jovens e Adultos

A liberdade cristã

I. A LEI DE MOISÉS

1. Definição. A lei revelava a vontade de Deus quanto à conduta do seu povo; ela não foi dada como meio de salvação. Os judeus definem a Lei de Moisés como a expressão máxima da vontade de Deus. A lei foi abrogada por Cristo (Mt 5.17; Rm 10.4, Hb 7.12).
2. Especulações rabínicas. Os rabinos afirmavam que a Lei de Moisés consistia de 613 preceitos divididos em dois grupos. Os preceitos positivos (o que se deve fazer) são em número de 248. e representavam o número de órgãos do corpo humano segundo a medicina da época; os preceitos negativos (o que não é permitido fazer) são em número de 365, e representam os dias do ano.
3. Resumo da Lei de Moisés. Estes preceitos, segundo eles, foram reduzidos a 11, nos dias de Davi (Sl 15.2-5); a 6, nos dias do profeta Isaías (Is 33.15); depois a 3 (Mq 6.8); depois a 2 (Am 5.4); e, finalmente a 1: “O justo pela sua fé viverá” (Hc 2.4b). A doutrina da justificação tem base, portanto, na própria Escritura dos judeus: o Antigo Testamento.
4. Jesus e a Lei de Moisés (Mt 5.17,18). Havia muitas especulações sobre os preceitos da Lei de Moisés, principalmente nos dias de Herodes, o Grande.
Muitos rabinos resolveram buscar a perfeição na observância dos preceitos da lei. O mais excelente desses mestres só conseguiu observar 230 dos 248 preceitos positivos. Só Jesus cumpriu integral e perfeitamente a lei.
Como querem, pois, os judeus e outros como os adventistas do sétimo dia a justificação pelas obras da lei?

II. A LEI E A ANALOGIA DO CASAMENTO

1. O princípio (v.1). O princípio apresentado pelo apóstolo é que a lei tem domínio sobre o homem enquanto este viver. Estudamos, na lição passada, que a morte isenta o homem de suas obrigações. Esse princípio era bem conhecido de seus leitores, tanto judeus quanto romanos, pois era também comum à legislação romana.
2. A ilustração (vv.2,3). O apóstolo Paulo, para ilustrar essa doutrina, usa a regra geral e absoluta da indissolubilidade do casamento. Assim como a lei tem domínio sobre homem, da mesma forma a mulher está ligada à lei do marido.
Por essa razão, ela não poderá ser de outro homem enquanto o marido viver. Se isso vier a acontecer, ela tornar-se-á adúltera: “Será considerada adúltera se, vivendo o marido, unir-se com outro homem” (v.3). Morrendo o marido, contudo, ela estará livre para contrair novas núpcias.
3. A aplicação (vv.4-6). A ilustração mostra que os cristãos estão mortos para a lei. Ou seja: estão livres dela, pois a lei só tem domínio sobre o homem enquanto este vive (v.1).
Nós já morremos com Cristo, por isso estamos livres da lei (Gl 5.1). Na lição passada, estudamos que morremos com Cristo, sendo “sepultados com ele no batismo na morte” (Rm 6.4).
4. A união com Cristo. Com esses três passos: princípio, ilustração e aplicação, Paulo mostra-nos que, mortos para a lei somos servos voluntários de Jesus. Isso evidencia que não estamos mais sob o domínio da lei. Pois o Senhor Jesus cumpriu a lei (Mt 5.17,18), e morreu por nossos pecados (1Co 15.3).
Como Cristo já satisfez todas as exigências da lei, não estamos mais sob a tutela da lei, mas debaixo da graça (Rm 6.14).

III. A TRÍPLICE FUNÇÃO DA LEI

1. “É a lei pecado?” (v.7). Agora cantamos juntamente com o apóstolo Paulo e, com muita alegria, que estamos livres da lei.
Todavia, temos de perguntar: A lei não veio de Deus através de Moisés? (Jo 1.17) Ela não condena o pecado? Por que essa alegria?
Antes que se levante conceitos errôneos sobre a visão paulina da lei, o apóstolo pergunta: “É a lei pecado?”. A resposta é dada imediatamente: “De modo nenhum!”. Então, ele começa a segunda seção do capítulo 7, que vai até ao v.12, justificando a sua resposta.
2. A lei veio revelar o pecado (v.7). O apóstolo disse que não conheceu o pecado senão pela lei. Isso, aliás, ele já havia dito antes: “Pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm 3.20). O apóstolo afirma ainda que a lei serviu como um holofote para trazer à tona o pecado: “Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Rm 5.20).
Por conseguinte, Paulo atribui a lei uma função terapêutica. Ou seja: a lei serviu para mostrar a causa do pecado e o remédio para curá-lo. Esse remédio, logicamente, não é a lei, mas o sangue de Jesus (Rm 3.24-26).
3. A lei veio provocar o pecado (v.8). Paulo declara que a lei despertou nele toda a concupiscência: “Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda a concupiscência: porquanto, sem a lei, estava morto o pecado” (Rm 7.8).
a) Infância. No v.9, ele diz: “E eu, nalgum tempo, vivia sem lei”. É uma referência à sua infância.
b) O bar mitzvah. “Mas, vindo o mandamento”, uma referência ao bar mitzvah, expressão aramaica que significa “filho do mandamento”. É a maioridade espiritual do judeu, cerimônia religiosa em que o menino faz pela primeira vez a leitura pública da Torah — Lei de Moisés —, ao completar 13 anos. Os judeus dizem que, a partir daí, o menino passa a ser responsável diante de Deus. A passagem de Lucas 2.42 diz respeito ao bar mitzvah de Jesus.
c) O pecado foi ativado. Tendo passado por esse rito judaico, confessa o apóstolo: “Reviveu o pecado, e eu morri”. A lei provocou o pecado. Todos sabem que as proibições tendem a despertar o desejo (v.8).
4. A lei veio condenar o pecado (v.7). Dos dez mandamentos, o apóstolo tomou o último: “Não cobiçarás” (Êx 20.17). Esse mandamento era então o que mais incomodava Paulo, pois refletia algo interior; não era meramente uma ação exteriorizada. Ele estava mostrando que o pecado não consiste apenas em atos exteriores, mas no que se passa no interior do homem (Mt 5.27,28). Um exemplo é a cobiça.

IV. A SANTIDADE DA LEI

1. O problema é o pecado e não a lei (vv.10,11). O apóstolo viveu uma contradição tremenda quando professava o Judaísmo. O mandamento foi ordenado para a vida (Lv 18.5; Rm 10.5), porém, diz ele: “achei eu que me era para a morte” (v.10), por causa do pecado. Confessa Paulo “o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me enganou e, por ele, me matou” (v.11). Essa passagem faz-nos lembrar da queda de Adão: “A serpente me enganou” (Gn 3.13). Há uma ligação dessa experiência pessoal do apóstolo com o episódio do Éden. Isso, portanto, representa a experiência de todo o homem.
2. A lei é santa (v.12). Paulo responde a pergunta do v.7: “É a lei pecado?”. Depois dessa demonstração até ao v.11, ele conclui: “Assim, a lei é santa; e o mandamento, santo, justo e bom” (v.12).
Neste sentido comentou o Dr. F. F. Bruce: “O vilão da peça é o pecado. O pecado agarrou a oportunidade que teve quando a lei me mostrou o que era certo e o que era errado, sem me dar poder para fazer o primeiro e evitar o último”. A lei não proveu condições para o homem ser salvo.
3. A queixa dos judeus não é justa. O criminoso, no cárcere, pode culpar o sistema legal que o levou à prisão, mas o culpado de ele estar na cadeia são os seus próprios atos, e não a lei. Essa analogia se aplica com relação à lei e ao pecado. Isso é o que os judeus ainda não entenderam. Por essa razão os judeus não conseguem simpatizar-se com o apóstolo Paulo. Dizem eles que João Batista nasceu judeu e morreu judeu. Jesus nasceu judeu e morreu judeu. Paulo, porém, nasceu judeu e morreu cristão.

CONCLUSÃO

Estávamos casados com o nosso primeiro marido: a lei. O apóstolo, porém, trouxe-nos uma notícia do céu: o nosso contrato de casamento fora dissolvido, pois morremos com Cristo (v.4). A lei não tem mais domínio sobre nós. Estamos livres dela para servir, na liberdade do Espírito, a outro Senhor — aquEle que morreu por nós. Que cada crente reconheça essa liberdade a fim de produzir frutos para Deus!



Fonte: Lições Bíblicas CPAD 1998 2º Trimestre — Jovens e Adultos