I. PROPÓSITOS DE DEUS COM ISRAEL
1. O tríplice propósito. Israel, em relação a Deus, enquadra-se
biblicamente no contexto histórico, teológico e escatológico das Sagradas
Escrituras. Deus escolheu o povo israelita com um tríplice propósito para a
humanidade: revelar Seu poder, dar a Bíblia e enviar o Salvador ao mundo. Sem
os três capítulos já mencionados, ficaríamos impossibilitados de entender os
discursos dos profetas sobre o futuro de Israel, e o Cristianismo poderia
correr o risco de ser interpretado como religião antissemita.
2. Revelar o poder de Deus. Deus mostrou ao mundo a sua grandeza, poder e
glória através de Israel (Rm 9.17). Haja vista que Ele suscitou a Faraó para,
através da intolerância deste com os israelitas, abater o monarca e dar
liberdade ao povo da promessa, e assim mostrar ao mundo o seu grande e eterno
poder.
3. Dar a Bíblia ao mundo. O segundo propósito de Deus para com o povo
judeu foi trazer ao mundo os seus oráculos. Israel foi receptáculo dos arcanos
divinos; a Bíblia foi dada às nações através de Israel.
O apóstolo Paulo pergunta aos irmãos
de Roma: “Qual é logo a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão?
Muita, em toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhes foram
confiadas” (Rm 3.1,2). Então, através de Israel, Deus entregou a Bíblia ao
mundo.
4. Dar ao mundo o Salvador. A terceira razão da eleição de Israel por
Deus foi para dar o Salvador ao mundo. Deus prometeu a Abraão: “... em ti serão
benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3). Jesus disse para a mulher
samaritana: “... porque a salvação vem dos judeus” (Jo 4.22).
II. ANÁLISE HISTÓRICA DE ISRAEL
1. A ameaça da dispersão. A segurança do povo de Israel residia na sua
obediência a Deus; uma vez rompida esta aliança, o povo estaria vulnerável
diante das nações. A diáspora (ou dispersão) ser-lhe-ia uma ameaça constante
(Lv 26.36-37; Dt 28.25,36,37).
A primeira diáspora ocorreu nos dias
de Nabucodonosor, rei de Babilônia (2Rs 24.10-16). A segunda diáspora dos
judeus, veio com a destruição de Jerusalém, em 70 d.C, e deu-se por causa de
sua incredulidade — rejeitaram o seu Messias (Lc 21.24; 23.28-31).
2. A incredulidade de Israel. O apóstolo começa o capítulo 9 lamentando a
incredulidade de seus compatriotas, e reconhece os privilégios que Deus
conferira a Israel no passado (vv.1-5). Em seguida, mostra que o verdadeiro
israelita é o que vive pela fé (9.6-8).
3. A soberania de Deus. A seguir, o apóstolo cita exemplos do Antigo
Testamento para mostrar a soberania de Deus sobre suas criaturas, e o direito
dEle escolher quem Ele quiser para ser o seu povo. Deste modo, Ele escolheu a
Jacó e rejeitou a Esaú, antes mesmo do nascimento destes (9.10-16). A partir do
v.23, Paulo mostra, citando os profetas Oséias e Isaías, que o plano de Deus,
desde o princípio, era salvar os gentios.
4. Israel tropeçou. O apóstolo Paulo conclui dizendo que os
gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram-na. Porém, a justiça “que é
pela fé” (v.30). Israel, entretanto, que buscava a lei da justiça, não a
conseguiu (v.31). Por quê? Porque Israel não seguiu o caminho da fé, mas o das
obras, e por isso tropeçou (v.32). Israel tropeçou por haver rejeitado o seu Messias
(v.33).
III. O VERDADEIRO ISRAEL
1. Deus não rejeitou o seu povo
(11.1). Paulo argumenta que Deus não
rejeitou o seu povo, cita como prova disso, os judeus cristãos. O exemplo de
Elias, que ele apresenta, mostra que os sete mil que não dobraram os joelhos
diante de Baal, eram os verdadeiros israelitas (11.2-4). Da mesma forma, a
minoria de judeus, que creu em Jesus, são os israelitas de fato (11.5).
2. Os incrédulos. Como fica a situação dos rebeldes? Pode
perguntar alguém. Em Roma, nos dias de Paulo, essa questão obrigou o apóstolo a
deter-se um bom tempo sobre o assunto. O fato de Israel ter rejeitado o seu
Messias não significa ser ele um povo proscrito por Deus. Isto faz parte do
gigantesco plano que Deus traçou antes da fundação do mundo (11.7-12).
3. Devemos considerar a bondade de
Deus. A triste experiência de Israel
deve servir de exemplo para a Igreja. Os israelitas eram os filhos naturais de
Deus e, não obstante, foram cortados da verdadeira oliveira por causa da
incredulidade (11.17-20). Cada cristão, portanto, deve valorizar a sua posição
diante de Deus. O que Deus fez conosco é de uma grandeza infinita. Quem vacilar
pode ser cortado por Deus assim como aconteceu com Israel (11.21-24).
4. Israelita espiritual. É o verdadeiro israelita (Rm 4.11-16). O
cristão é reconhecido, no Novo Testamento, como judeu, no sentido espiritual.
Isto é: pela fé em Jesus, tornou-se ele filho de Abraão (Gl 3.7). “Nem todos
que são de Israel são israelitas” (Rm 9.6).
5. O enxerto. É verdade que hoje a “menina dos olhos” de
Deus é a Igreja. A nossa posição espiritual está acima da dos judeus. Os ramos
foram quebrados, por culpa dos próprios judeus: “Não que a palavra de Deus haja
faltado” (9.6).
A promessa de Deus não foi quebrada,
mas os judeus é que recusaram a promessa. Somos como zambujeiros enxertados no
lugar deles, e, assim, participamos da raiz e da seiva da oliveira (11.15-19).
IV. A SALVAÇÃO DE ISRAEL
1. Restauração nacional. A restauração nacional será seguida da
restauração espiritual (Ez 36.24; 37.21). Ou seja: quando todos os ossos se
juntarem e formarem os nervos, e as carnes recobrirem os ossos, estará pois o
corpo pronto (Ez 36.24; 37,21).
2. Restauração espiritual. Depois, em 36.25 e 37.22 de Ezequiel, vemos a
restauração espiritual dos judeus. Diz ainda o profeta depois de haver
profetizado acerca da formação do corpo: “Mas não havia neles espírito” (Ez
37.8).
Quando o espírito de graça e de
súplica vier sobre os judeus, aí ocorrerá a restauração espiritual (Zc 12.10;
Ez 37.23-28). A partir de então os judeus não mais rejeitarão o seu Messias.
3. A salvação de todos os judeus
(11.26,27). Quando a plenitude dos gentios
se cumprir. Deus voltará a tratar com Israel. A rejeição de Israel é parcial e
temporária. Por isso que afirmamos que Israel continua sendo povo de Deus. O
apóstolo prevê a salvação em massa dos judeus (11.26,27), quando o Messias
voltar (Ap 1.7), algo também previsto pelos profetas do Antigo Testamento (Is
59.20; Zc 12.10).
V. A ELEIÇÃO DE ISRAEL
1. Decreto divino. Os decretos, ou conselhos divinos, são
imutáveis, irrevogáveis e incondicionais. São coisas que não dependem da
vontade, ou da conduta, do homem, pois nasceram no coração e no propósito de
Deus.
2. A promessa do Salvador. Deus prometeu dar à humanidade um Redentor,
mas não estabeleceu condições (Gn 3.15). Qualquer que fosse a conduta do homem:
crendo nesta promessa ou não; obedecendo a Deus ou não. Ou seja:
independentemente de tudo isto, o Salvador viria da mesma forma. E foi o que
realmente aconteceu! Este é o conselho divino.
3. A eleição de Israel é irrevogável
(11.28-29). Paulo diz que a eleição de
Israel é irrevogável porque é decreto divino. Mesmo sendo os judeus
indiferentes ao evangelho, não importa, pois os conselhos divinos são
incondicionais: “Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos por causa de vós;
mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais. Porque os dons e a vocação de
Deus são sem arrependimento” (11.28,29).
Então, por causa da promessa que Deus
fez aos pais Abraão, Isaque e Jacó, Israel continuará sendo o povo escolhido
(Hb 6.13-18).
CONCLUSÃO
Israel é o relógio de Deus na terra.
Jesus disse: “Olhai para a figueira (Israel), e para todas as árvores; quando
já têm rebentado, vós sabeis por vós mesmos, vendo-as, que perto está já o
verão” (Lc 21.29-30).
A figueira é Israel. Pelas palavras
de Jesus, conscientizamo-nos de quão próximo está “o verão”, pois a figueira
está brotando. A restauração nacional já ocorreu, falta apenas chegar o verão
para a restauração espiritual.
Fonte: Lições Bíblicas CPAD 1998 2º Trimestre —
Jovens e Adultos
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