I. A LEI DE MOISÉS
1. Definição. A lei revelava a vontade de Deus quanto à
conduta do seu povo; ela não foi dada como meio de salvação. Os judeus definem
a Lei de Moisés como a expressão máxima da vontade de Deus. A lei foi abrogada
por Cristo (Mt 5.17; Rm 10.4, Hb 7.12).
2. Especulações rabínicas. Os rabinos afirmavam que a Lei de Moisés
consistia de 613 preceitos divididos em dois grupos. Os preceitos positivos (o
que se deve fazer) são em número de 248. e representavam o número de órgãos do
corpo humano segundo a medicina da época; os preceitos negativos (o que não é
permitido fazer) são em número de 365, e representam os dias do ano.
3. Resumo da Lei de Moisés. Estes preceitos, segundo eles, foram
reduzidos a 11, nos dias de Davi (Sl 15.2-5); a 6, nos dias do profeta Isaías
(Is 33.15); depois a 3 (Mq 6.8); depois a 2 (Am 5.4); e, finalmente a 1: “O
justo pela sua fé viverá” (Hc 2.4b). A doutrina da justificação tem base,
portanto, na própria Escritura dos judeus: o Antigo Testamento.
4. Jesus e a Lei de Moisés (Mt
5.17,18). Havia muitas especulações sobre
os preceitos da Lei de Moisés, principalmente nos dias de Herodes, o Grande.
Muitos rabinos resolveram buscar a
perfeição na observância dos preceitos da lei. O mais excelente desses mestres
só conseguiu observar 230 dos 248 preceitos positivos. Só Jesus cumpriu
integral e perfeitamente a lei.
Como querem, pois, os judeus e outros
como os adventistas do sétimo dia a justificação pelas obras da lei?
II. A LEI E A ANALOGIA DO CASAMENTO
1. O princípio (v.1). O princípio apresentado pelo apóstolo é que a
lei tem domínio sobre o homem enquanto este viver. Estudamos, na lição passada,
que a morte isenta o homem de suas obrigações. Esse princípio era bem conhecido
de seus leitores, tanto judeus quanto romanos, pois era também comum à
legislação romana.
2. A ilustração (vv.2,3). O apóstolo Paulo, para ilustrar essa
doutrina, usa a regra geral e absoluta da indissolubilidade do casamento. Assim
como a lei tem domínio sobre homem, da mesma forma a mulher está ligada à lei
do marido.
Por essa razão, ela não poderá ser de
outro homem enquanto o marido viver. Se isso vier a acontecer, ela tornar-se-á
adúltera: “Será considerada adúltera se, vivendo o marido, unir-se com outro
homem” (v.3). Morrendo o marido, contudo, ela estará livre para contrair novas
núpcias.
3. A aplicação (vv.4-6). A ilustração mostra que os cristãos estão
mortos para a lei. Ou seja: estão livres dela, pois a lei só tem domínio sobre
o homem enquanto este vive (v.1).
Nós já morremos com Cristo, por isso
estamos livres da lei (Gl 5.1). Na lição passada, estudamos que morremos com
Cristo, sendo “sepultados com ele no batismo na morte” (Rm 6.4).
4. A união com Cristo. Com esses três passos: princípio, ilustração
e aplicação, Paulo mostra-nos que, mortos para a lei somos servos voluntários
de Jesus. Isso evidencia que não estamos mais sob o domínio da lei. Pois o
Senhor Jesus cumpriu a lei (Mt 5.17,18), e morreu por nossos pecados (1Co
15.3).
Como Cristo já satisfez todas as
exigências da lei, não estamos mais sob a tutela da lei, mas debaixo da graça
(Rm 6.14).
III. A TRÍPLICE FUNÇÃO DA LEI
1. “É a lei pecado?” (v.7). Agora cantamos juntamente com o apóstolo
Paulo e, com muita alegria, que estamos livres da lei.
Todavia, temos de perguntar: A lei
não veio de Deus através de Moisés? (Jo 1.17) Ela não condena o pecado? Por que
essa alegria?
Antes que se levante conceitos
errôneos sobre a visão paulina da lei, o apóstolo pergunta: “É a lei pecado?”.
A resposta é dada imediatamente: “De modo nenhum!”. Então, ele começa a segunda
seção do capítulo 7, que vai até ao v.12, justificando a sua resposta.
2. A lei veio revelar o pecado (v.7). O apóstolo disse que não conheceu o pecado
senão pela lei. Isso, aliás, ele já havia dito antes: “Pela lei vem o
conhecimento do pecado” (Rm 3.20). O apóstolo afirma ainda que a lei serviu
como um holofote para trazer à tona o pecado: “Veio, porém, a lei para que a
ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Rm 5.20).
Por conseguinte, Paulo atribui a lei
uma função terapêutica. Ou seja: a lei serviu para mostrar a causa do pecado e
o remédio para curá-lo. Esse remédio, logicamente, não é a lei, mas o sangue de
Jesus (Rm 3.24-26).
3. A lei veio provocar o pecado
(v.8). Paulo declara que a lei
despertou nele toda a concupiscência: “Mas o pecado, tomando ocasião pelo
mandamento, despertou em mim toda a concupiscência: porquanto, sem a lei,
estava morto o pecado” (Rm 7.8).
a) Infância. No v.9, ele diz: “E eu, nalgum tempo, vivia
sem lei”. É uma referência à sua infância.
b) O bar mitzvah. “Mas,
vindo o mandamento”, uma referência ao bar
mitzvah, expressão aramaica que significa
“filho do mandamento”. É a maioridade espiritual do judeu, cerimônia religiosa
em que o menino faz pela primeira vez a leitura pública da Torah — Lei de
Moisés —, ao completar 13 anos. Os judeus dizem que, a partir daí, o menino
passa a ser responsável diante de Deus. A passagem de Lucas 2.42 diz respeito
ao bar mitzvah de Jesus.
c) O pecado foi ativado. Tendo passado por esse rito judaico, confessa
o apóstolo: “Reviveu o pecado, e eu morri”. A lei provocou o pecado. Todos
sabem que as proibições tendem a despertar o desejo (v.8).
4. A lei veio condenar o pecado (v.7). Dos dez mandamentos, o apóstolo tomou o
último: “Não cobiçarás” (Êx 20.17). Esse mandamento era então o que mais
incomodava Paulo, pois refletia algo interior; não era meramente uma ação
exteriorizada. Ele estava mostrando que o pecado não consiste apenas em atos
exteriores, mas no que se passa no interior do homem (Mt 5.27,28). Um exemplo é
a cobiça.
IV. A SANTIDADE DA LEI
1. O problema é o pecado e não a lei
(vv.10,11). O apóstolo viveu uma
contradição tremenda quando professava o Judaísmo. O mandamento foi ordenado
para a vida (Lv 18.5; Rm 10.5), porém, diz ele: “achei eu que me era para a
morte” (v.10), por causa do pecado. Confessa Paulo “o pecado, tomando ocasião
pelo mandamento, me enganou e, por ele, me matou” (v.11). Essa passagem faz-nos
lembrar da queda de Adão: “A serpente me enganou” (Gn 3.13). Há uma ligação
dessa experiência pessoal do apóstolo com o episódio do Éden. Isso, portanto,
representa a experiência de todo o homem.
2. A lei é santa (v.12). Paulo responde a pergunta do v.7: “É a lei
pecado?”. Depois dessa demonstração até ao v.11, ele conclui: “Assim, a lei é
santa; e o mandamento, santo, justo e bom” (v.12).
Neste sentido comentou o Dr. F. F.
Bruce: “O vilão da peça é o pecado. O pecado agarrou a oportunidade que teve
quando a lei me mostrou o que era certo e o que era errado, sem me dar poder
para fazer o primeiro e evitar o último”. A lei não proveu condições para o
homem ser salvo.
3. A queixa dos judeus não é justa. O criminoso, no cárcere, pode culpar o
sistema legal que o levou à prisão, mas o culpado de ele estar na cadeia são os
seus próprios atos, e não a lei. Essa analogia se aplica com relação à lei e ao
pecado. Isso é o que os judeus ainda não entenderam. Por essa razão os judeus
não conseguem simpatizar-se com o apóstolo Paulo. Dizem eles que João Batista
nasceu judeu e morreu judeu. Jesus nasceu judeu e morreu judeu. Paulo, porém,
nasceu judeu e morreu cristão.
CONCLUSÃO
Estávamos casados com o nosso
primeiro marido: a lei. O apóstolo, porém, trouxe-nos uma notícia do céu: o
nosso contrato de casamento fora dissolvido, pois morremos com Cristo (v.4). A
lei não tem mais domínio sobre nós. Estamos livres dela para servir, na
liberdade do Espírito, a outro Senhor — aquEle que morreu por nós. Que cada
crente reconheça essa liberdade a fim de produzir frutos para Deus!
Fonte: Lições Bíblicas CPAD 1998 2º Trimestre —
Jovens e Adultos
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