sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

O AMIGO LEAL- LIÇÃO-04 - AUXILIO ADOLESCENTES .

Lucas 10.38-42;
Uma Visita a Marta e Maria (10.38-42)
Ele entrou numa aldeia (38). Esta aldeia era Betânia, portanto era sobre a Marta e a Maria acerca das quais João escreveu (Jo 11.lss). As descrições das irmãs encontra­ das nos dois Evangelhos claramente apontam para as mesmas pessoas. Este incidente provavelmente ocorreu quando Jesus fez sua breve visita a Jerusalém para a celebração da Festa da Dedicação, no mês de dezembro que antecedeu a sua paixão.
Uma bela amizade existia entre Jesus e essas duas irmãs e o irmão delas, Lázaro. Na amizade do Senhor com eles, temos uma das melhores ilustrações do lado humano de Cristo, encontradas no Novo Testamento. Jesus deve tê-los conhecido bem no início de seu ministério. Ele pode tê-los encontrado em uma de suas muitas viagens a Jerusalém.
Em vista da óbvia cordialidade e proximidade dessa amizade, é um fato enigmático que nenhum dos Evangelhos Sinóticos mencione Lázaro, e que o único relato das irmãs, além do Evangelho de João, seja este que está sendo analisado. A melhor resposta dispo­ nível parece ser a de que a história não se ajustava ao propósito específico dos autores dos outros Evangelhos.
Muitas tentativas foram feitas para identificar Maria, Marta e Lázaro com outras pessoas conhecidas. Uma sugestão é que Marta era a esposa de Simão, o Leproso. Lázaro foi identificado com o rabi Eliezer (ou Lázaro) do Talmude. Mas esta e outras especulações não têm comprovação, e devem ser tratadas como meras conjecturas.
Marta é um nome aramaico e significa "senhora"; é o equivalente ao grego kyria. Foi sugerido que Marta era a "senhora eleita" a quem João escreveu a sua segunda Epístola. Ela o recebeu em sua casa. Há algumas possibilidades a considerar: Marta era casada ou viúva. Maria e Lázaro viviam com ela. Pode ser que ela fosse reconhecida como a senhora da casa por ser mais velha do que eles. Neste último caso, eles poderiam estar vivendo juntos como uma família desde a morte de seus pais.
Tinha esta uma irmã, chamada Maria (39). Maria é, obviamente, subordinada à sua irmã. Sua única relação com a casa ou com o evento social em curso é que ela é a irmã de Marta. A qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra -literalmente, "a qual tendo, também, se assentado aos pés de Jesus estava ouvindo (ou escutando) a sua palavra". Foi sugerido que a palavra também implica que ela inicial­ mente ajudou a servir; depois ela se sentou para ouvir as palavras de Jesus. A expressão assentando-se também aos pés de Jesus tem dois significados. Literalmente, sugeri­ ria que ela se sentou abaixo dele (em um assento mais baixo), mas tem, também, um sentido figurado ou metafórico, pelo qual ela o ouviu como um discípulo ouviria seu professor. A situação sugere uma relação professor-aluno. Os discípulos geralmente sentavam-se aos pés do rabi, como Paulo se sentava aos pés de Gamaliel (At 22.3).
Marta, porém, andava distraída em muitos serviços (40) é, literalmente, "Marta estava distraída com os afazeres domésticos". E aproximando-se... Os termos gregos desta frase indicam uma repentina suspensão de sua situação febril - de uma maneira desesperada ou exasperada. Senhor, não te importas que minha irmã me deixe servir só? Esta frase também carrega uma marca de exasperação e agitação. Uma tradução literal seria: "O Senhor não se importa que a minha irmã me deixe sozinha?" Ela não só culpou sua irmã, mas estava também agitada e um tanto impaciente com o Senhor por permitir que a sua irmã a desamparasse. De fato, ela parecia sugerir que o Senhor estava encorajando Maria a negligenciar o seu dever. A palavra traduzida como deixe, significa "dar as costas". Isto também sugere que Maria estava ajudando sua irmã, mas deve ter parado e ido ouvir Jesus.
Dize-lhe, pois, que me ajude - literalmente, "fale para ela". A palavra pois indica que Marta tem certeza de que suas afirmativas anteriores justificavam seu pleito por completo, e condenavam Maria. A implicação é: Já que meu pleito ficou irrefutavelmente demonstrado, dá-lhe a ordem. Marta estava, obviamente, confiante de que estava certa­ e que havia sido tratada injustamente.
Marta, Marta (41). Spence destaca que "há várias instâncias notáveis desta repetição do nome pelo Mestre na história do Novo Testamento e, em cada caso, aparente­ mente em amor compassivo". 9 Ele se refere a "Simão, Simão", em Lucas 22.31; "Saulo, Saulo" em Atos 9.4; etc. Estás ansiosa e afadigada com muitas coisas. A palavra grega traduzida como Estás ansiosa significa "preocupada" ou "atrapalhada com os cuidados". Jesus está dizendo que ela está muito preocupada com muitas coisas não tão importantes.
Uma só é necessária (42). Note o contraste entre as muitas coisas com as quais Marta se preocupava e a única coisa que era necessária. As "muitas coisas" de Marta eram materiais, físicas e sociais; a "única coisa" ("Uma só") de Maria era espiritual e de significado eterno. Marta não estava escolhendo o errado no lugar do certo, mas o incidental em lugar do mais importante, o temporal em lugar do eterno.
Jesus tinha vindo a esta casa como Convidado. Marta estava cuidando, febrilmente, de muitas coisas para ser agradável e entreter. Mas essas coisas não eram necessárias. O principal interesse dele não era ser recebido de braços abertos e nem com uma mesa farta, mas sim com corações abertos e uma oportunidade de servir o seu Alimento a eles. Este pleito podia ter uma implicação secundária. Marta estava preparando uma refeição suntuosa e o trabalho extra a estava prejudicando mais do que a comida adicional ajudaria o Mestre.
A boa parte era uma expressão comum, significando a parte honrada de uma festividade. Maria escolhera com sabedoria. Ela sabia qual parte era a mais desejável e a mais nobre, e a escolheu. Há uma finalidade sugerida em conexão com este pensamento. Jesus garante essa finalidade ao dar apoio à escolha dela: a qual não lhe será tirada. A figura que permeia toda a passagem é a da festividade, e o Mestre transmite a sua
mensagem ao colocar a festa espiritual acima da material.

João 11.1-45
Versículos 1-6. A enfermidade de Lázaro; 7-1O: Cristo retorna à
Judéia; 11-16. A morte de Lázaro; 17-32: Cristo chega a Betânia; 33-
46. Jesus ressuscita Lázaro.

Vv. 1-6.   Estarem enfermos não é nada novo para aqueles que são amados por Cristo. As enfermidades físicas podem corrigir a corrupção e provar a graça do povo de Deus. Ele não veio para livrar completamente ao seu povo de enfrentar estas aflições, mas os abençoa, e veio salvá-los dos pecados que cometeram, e da ira vindoura. Contudo, o nosso dever é apelarmos a Ele a favor de nossos amigos e parentes quando estão enfermos e aflitos. Que isto possa nos reconciliar com o lado da providência que para nós é o mais obscuro, que trata de que tudo seja para a glória de Deus. Assim acontece com as enfermidades, as perdas e as desilusões; e devemos nos sentir satisfeitos se Deus for glorificado. Jesus amava Marta, a sua irmã e a Lázaro. As famílias que têm abundância de amor e paz são grandemente favorecidas, mas aquelas a quem Jesus ama e aquelas pelas quais Ele é amado possuem a máxima felicidade possível. Acontece algumas vezes que este não seja o caso de todas as pessoas, mesmo em famílias pequenas.
Deus tem boas intenções mesmo quando parece demorar. Quando demora a ser realizada a obra da libertação temporal ou espiritual, pública ou pessoal, este fato se deve à espera do momento oportuno.
Vv. 7-10. Cristo jamais coloca o seu povo em perigo, porque está sempre com este. Temos a tendência de pensar que somos zelosos em relação ao Senhor, quando na realidade, somos zelosos somente por nossa riqueza, crédito, conforto e segurança. Portanto, precisamos examinar e provar os nossos princípios, o nosso dia será prolongado até que a nossa obra esteja realizada, e o nosso testemunho esteja finalizado. o homem terá consolo e satisfação enquanto andar pelo caminho de seu dever, conforme o que for estipulado pela Palavra de Deus, e esteja determinado pela providência de Deus. onde quer que Cristo tenha ido, andou de dia, e assim nós faremos se seguirmos os seus passos. Se um homem andar no caminho de seu coração, conforme o rumo deste mundo, considerará mais os seus argumentos carnais do que a vontade e a glória de Deus, e cairá em tentações e armadilhas. Tropeçará porque não haverá luz nele, porque a luz em nós são as nossas atitudes morais, assim como a luz ao nosso redor são as nossas atitudes naturais.
Vv. 11-16. Estamos seguros de ressuscitar ao final, por que a esperança que crê na ressurreição para a vida eterna não faz com que seja mais fácil para nós a ocasião de despirmo-nos do corpo, como se tirássemos a roupa e fôssemos dormir? Quando o cristão verdadeiro morre, não faz nada mais do que dormir; descansa das obras do dia que passou. Sim, neste caso, a morte é melhor do que o sono natural, porque dormir é somente um rápido descanso, e a morte é o final de todas as preocupações e esforços terrenos. os discípulos pensavam que agora não seria necessário que Cristo fosse onde Lázaro estava, expondo tanto a si mesmo quanto a eles. Assim, muitas vezes, esperamos que a boa obra que somos chamados a fazer seja feita por alguma outra mão, se for arriscado fazê-la. Quando Cristo ressuscitou a Lázaro dentre os mortos, muitos foram levados a crer nEle; e muito foi feito para aperfeiçoar a fé daqueles que creram. vamos a Ele. A morte não é capaz de separar-nos do amor de Cristo, nem de colocar-nos fora do alcance de sua chamada.
Como no caso em que Tomé foi incentivado, os cristãos devem incentivar-se uns aos outros em tempos difíceis. A morte do Senhor Jesus deve dar-nos a disposição de morrer quando Deus nos chamar.
Vv. 17-32. Aqui havia uma casa onde estava o temor a Deus, e sobre a qual repousava a sua bênção; porém, tomou-se por certo tempo uma casa enlutada. A graça evita que o coração sinta dores, mas pode não evitar que as dores venham sobre a família.
Quando Deus, por sua graça e providência, vem a nós por caminhos de misericórdia e consolo, como no caso de Marta, devemos sair a encontrá-lo por fé, esperança e oração. Quando Marta saiu ao encontro de Jesus, Maria ficou tranquila em casa; anteriormente, este temperamento fora vantajoso para ela, quando colocou-a aos pés de Cristo para que ouvisse a sua palavra. Porém, no dia da aflição, o mesmo temperamento a dispôs à melancolia. A nossa sabedoria consiste em vigiar contra a tentação, e utilizar as vantagens de nosso temperamento natural.
Quando não sabemos o que pedir ou esperar particularmente, encomendemo-nos a Deus. Deixemos que Ele faça aquilo que lhe agradar. Para aumentar as expectativas de Marta, o nosso Senhor declara que Ele mesmo é a Ressurreição e a Vida. Ele é a ressurreição em todos os sentidos: fonte, essência, primícias e causa da ressurreição. A alma redimida vive feliz após a morte e, após a ressurreição, o corpo e a alma são resguardados dos males para sempre.
Quando lermos ou ouvirmos a Palavra de Cristo sobre as grandes coisas do mundo porvir, devemos perguntar a nós mesmos: cremos nesta verdade? As cruzes e os consolos desta época não nos impressionariam tão profundamente como o fazem, se crêssemos da maneira que devemos crer nas coisas relacionadas com a eternidade.
Quando Cristo, o nosso Mestre, vem, nos chama. Ele vem em sua Palavra e em seus mandamentos, e nos chama a eles e por eles para si mesmo. Aqueles que, em um dia de paz, colocam-se aos pés de Cristo para que os ensine, podem, de modo consolador, permanecer aos seus pés para encontrarem o seu favor em um dia de inquietação.
Vv. 33-46. A tema simpatia de Cristo por estes amigos aflitos manifestou-se por meio da angústia de seu Espírito. Ele é afligido em todas as aflições dos crentes. A sua preocupação por eles é demonstrada por meio de sua bondosa pergunta quanto aos restos mortais de seu amigo falecido. Ele age da mesma forma e da mesma maneira que os filhos dos homens, ao ser encontrado em semelhança de homem; Ele o demonstrou por meio de suas lágrimas.
Era um homem de dores, experiente nas aflições. As lágrimas de compaixão parecem-se com as lágrimas de Cristo, mas Ele jamais aprovou esta sensibilidade da qual tantos se ensoberbecem, dentre aqueles que choram por causa de simples relatos de problemas, e se endurecem diante dos "ais" da verdade. Dá-nos o exemplo ao apartar-se das frívolas cenas hilariantes, para que consolemos ao aflito. Não temos um Sumo Sacerdote que não possa compadecer-se de nossas fraquezas. Um bom passo para elevar uma alma à vida espiritual é tirarmos a pedra, eliminarmos e superarmos os preconceitos, dando lugar para que a Palavra entre no coração. Se recebermos a Palavra de Cristo e confiarmos em seu poder e fidelidade, veremos a glória de Deus e nos alegraremos ao vê-la. O Senhor Jesus Cristo nos ensina, através de seu exemplo, a chamarmos a Deus de Pai em nossas orações, e a aproximarmo-nos dEle assim como o filho se aproxima de seu pai, com humilde reverência, e santa ousadia.
Falou diretamente a Deus com os olhos fitos no céu e em alta voz, para que eles se convencessem de que o Pai o havia enviado ao mundo como o seu Filho amado.
Ele poderia ressuscitar Lázaro pelo exercício silencioso de seu poder e vontade, e pela obra invisível do Espírito de Vida; porém, o fez em voz alta. Esta atitude tipificava a proclamação do Evangelho e a sua chamada, por meio do qual tiram-se as almas mortas da sepultura do pecado: tipificava o som da trombeta do arcanjo do último dia, com que serão despertados todos aqueles que dormem no pó, e que serão convocados a comparecer perante o grande tribunal. A sepultura do pecado e este mundo não são um lugar adequado para aqueles que Cristo fez reviver; eles devem sair. Lázaro foi completamente ressuscitado e regressou não somente à vida, mas também ao gozo de perfeita saúde. o pecador não é capaz de ressuscitar-se a si mesmo, mas deve utilizar os meios da graça; o crente não pode santificar a si mesmo, e tem a responsabilidade de deixar de lado todo o embaraço e tudo aquilo que não lhe convém. Não podemos converter os nossos parentes e amigos, mas devemos instruí-los, precavê-los e convidá-los.


Estes comentários foram extraídos dos livros: Comentário bíblico Mathew Henry e Beacom.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

AUXILIO JOVENS 4ª LIÇÃO - A TENTAÇÃO DE JESUS.

TEXTO DO DIA
(Mt 4.11)  “Então, o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos e o serviram.”

4.11 Como Jesus era superior a Satanás, Satanás tinha que fazer o que Jesus lhe ordenara. Portanto, o diabo o deixou, Esse era apenas o primeiro dos muitos encontros que Jesus teria com o poder de Satanás. O fato de os anjos terem vindo e servido a Jesus não diminui a intensidade das tentações por que passou. Os anjos podem ter-lhe servido alimento (chegaram os anjos e o serviram), mas também atenderam às suas necessidades espirituais.

TEXTO BÍBLICO- Mateus 4.1-11.
SATANÁSTENTAJESUS NO DESERTO/ 4.1-11 /
Com a tentação de Jesus aprendemos que obedecer ao Senhor pode causar intensas e perigosas batalhas espirituais. Muitas vezes, nossas vitórias espirituais são invisíveis para o mundo que nos cerca. Devemos usar o poder de Deus para enfrentar a tentação, e evitar resistir a ela com nossas próprias forças.

4.1 O mesmo Espírito Santo que havia enviado Jesus para ser batizado o conduziu ao deserto, para ser tentado pelo diabo. Jesus tomou a ofensiva contra o inimigo, Satanás, dirigindo­ se ao deserto para enfrentar a tentação. Em grego, a palavra "diabo" significa "acusador" e em hebraico a palavra "Satanás" tem o mesmo sentido (4.10). Satanás é um arcanjo caído, é um ser realmente criado, ele não é um símbolo, e está lutando constantemente contra aqueles que seguem e obedecem a Deus.
A palavra "tentar" significa "colocar em teste para ver o que de bom e de mau, de força e de fraqueza" existem em uma pessoa. As tentações do diabo estavam focalizadas em três áreas essenciais: (1) desejos e necessidades físicos, (2) possessões e poder, e (3) orgulho (veja 1 João 2.15 para uma relação semelhante). Essa tentação do diabo nos mostra que Jesus era humano e lhe deu a oportunidade de reafirmar o plano de Deus para o seu ministério. Também nos dá um exemplo a seguir quando somos tentados.
4.2       E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome. O hábito de jejuar era usado como disciplina espiritual para a oração e um tempo de preparação para as grandes tarefas futuras. Ao final do jejum de quarenta dias, era óbvio que Jesus estivesse faminto. Sua condição de Filho de Deus não tornava essa tarefa menos difícil e a falta de sustento levou seu corpo físico a sofrer de terrível fome e sofrimento. As três tentações mencionadas acima ocorreram quando Jesus estava com seu estado físico mais debilitado.

4.3   O tentador expressou sua tentação dizendo: Se tu és o Filho de Deus. A partícula "se" não implicava uma dúvida, pois tanto Satanás como Jesus conheciam a verdade. Satanás tentou Jesus com seu próprio poder. Como Jesus era o Filho de Deus, então Ele certamente podia transformar pedras em pães a fim de satisfazer sua fome. "O Filho de Deus não tem razão para ter fome", Satanás sugeriu. Ele queria que Jesus usasse seu poder e condição para atender suas próprias necessidades.

4.4    Fle [Jesus], porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. Jesus respondeu com as palavras de Deuteronômio 8.3. Em todas as três citações de Deuteronômio (Mt 4.4,7, 1O), o contexto mostra que Israel falhou todas as vezes em cada teste. Jesus transmitiu a Satanás que embora o teste pudesse ter levado Israel a errar, isso não aconteceria com Jesus. Para verdadeiramente cumprir sua missão, Jesus precisava ser completamente humilhado. Se fizesse seu próprio pão, Ele teria mostrado que não havia desistido de todos os seus poderes, não teria se humilhado, e não teria se identificado totalmente com a raça humana. Mas Jesus se recusou, mostrando que só usaria os seus poderes em submissão ao plano de Deus.

4.5  ,6 A tentação seguinte foi realizada em Jerusalém, a sede política e religiosa da Palestina. O Templo era o centro religioso da nação judaica e o lugar onde o povo aguardava a chegada do Messias (MI 3.1). O Templo era o edifício mais elevado da área e esse pináculo era provavelmente a parede lateral que se projetava para fora da colina. Dessa vez, Satanás usou a escritura para tentar convencer Jesus a pecar. Ele citou as palavras do Salmo91.l l,12:"SetuésoFilhodeDeus,lança­ te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra''. Satanás queria testar o relacionamento de Jesus com Deus Pai para ver se a promessa de proteção divina era verdadeira. Satanás estava citando a escritura fora do seu contexto, fazendo parecer que Deus protegeria qualquer um, mesmo se essa pessoa tentasse desafiar as leis naturais. Segundo o contexto, o Salmo promete a proteção de Deus para aqueles que, embora permanecendo na vontade do Senhor, e servindo a Ele, se encontrarem em perigo. Ele não promete proteção para crises criadas artificialmente, nas quais os cristãos clamam a Deus a fim de testar o seu amor e o seu cuidado.

4.7 Jesus respondeu usando Deuteronômio 6.16: "Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus". Nessa passagem, Moisés estava se referindo a um incidente ocorrido durante a passagem de Israel pelo deserto, registrada em Êx 17.1-7. O povo estava sedento e pronto para se rebelar contra Moisés e voltar para o Egito se ele não lhes fornecesse água. Deus forneceu a água, mas só depois que o povo tinha tentado ao Senhor dizendo: "Está o Senhor no meio de nós, ou não?"
Jesus podia ter saltado do Templo. Deus teria enviado anjos para conduzi-lo ao solo com segurança. Mas teria sido um ridículo teste do poder de Deus e contra a sua vontade. Jesus sabia que seu Pai podia protegê-lo e também entendia que todos os seus atos estavam dirigidos à realização da missão que seu Pai lhe havia destinado, mesmo se isso quisesse dizer sofrimento e morte (o que realmente aconteceu).

4.8,9 Novamente, o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles. E disse­ lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Essa experiência era provavelmente uma visão. Os reinos do mundo estão sob o domínio de Satanás Jo 12.31). Ele sabia que um dia Jesus iria reinar sobre a terra (veja Fp 2.9-11). Sua tentação era, basicamente: "Por que esperar? Posso te dar tudo isso agora!" Satanás tentou Jesus a receber o reino da terra naquele exato momento, antes de executar seu plano de salvar o mundo do pecado. Para Jesus, isso significava alcançar o prometido domínio sobre o mundo sem passar pelo sofrimento e pela morte na cruz. Satanás estava oferecendo um atalho indolor. Mas ele não entendia que o sofrimento e a morte faziam parte do plano de Deus que Jesus havia decidido obedecer.

4.10 Jesus expulsou Satanás com as palavras: "Vai-te Satanás". Se Jesus considerasse o atalho como um objetivo - reinar sobre o mundo, mas adorando Satanás - (4.9) - Ele teria transgredido o primeiro mandamento: "Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás" (cf. Dt 6.4,5). Jesus preferiu tomar o caminho de obedecer a Deus, pois somente assim seria capaz de cumprir sua missão, que
era trazer a salvação ao mundo.

Extraído do livro: comentário bíblico pentecostal.

4ª LIÇÃO AUXILIO ADULTO -Jesus É Superior a Josué: O Meio de entrar no Repouso de Deus·

Comentário de Hebreus 4.1-16
 RETIRADO DO LIVRO:  A supremacia de Cristo.
O autor já havia feito uma serie de exortações, tomando a rota do Êxodo sob a liderança de Moisés como ponto de partida. Tendo o grande legislador hebreu morrido, coube a Josué, um dos seus auxiliares mais próximos, a missão de levar o povo a entrar na Terra Prometida (Js 1.1). Para o antigo povo de Deus, a entrada em Canaã significava o descanso da jornada e o cumprimento da promessa de Deus, só que o autor de Hebreus destaca que esse descanso, de fato, nunca ocorreu em sua plenitude. E não ocorreu porque assim teria de ser, mas, sim, porque a incredulidade e a rebeldia não permitiram. Deus não decretara nada daquilo que negativamente marcara seu antigo povo. Da mesma forma, os destinatários da carta aos Hebreus não podiam responsabilizá-lo pelo fracasso daqueles que ficariam para trás. O autor alerta que a coisa parecia repetir-se, não mais rumo à conquista da terra, mas, agora, na trajetória rumo ao Céu.
Esse descanso é entendido pelos intérpretes como a entrada na nova aliança. Nesse aspecto, o autor mostra que alguns se excluíram dele porque não receberam com fé a mensagem do evangelho (4.1.2). Essa falta de compromisso com a mensagem da cruz colocava-os numa posição de perigo. George Howard Guthrie (nascido em 1959) observa que é um descanso no qual todos devem esforçar-se para entrar (4.11)
- já que a entrada na nova aliança exige um posicionamento corajoso ao lado de Cristo e de sua Igreja - mas, por outro lado, implica no descanso das próprias obras (4.10). Guthrie ainda destaca que a carta aos hebreus deixa claro que isso exige uma fé obediente que está disposta a afastar-se do erro para abraçar a Palavra de Deus. Esse descanso possui uma dimensão presente, no qual se participa agora pela fé (4.3) e que terá sua consumação no fim dos tempos.
"Temamos, pois, que, por ventura, deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós fique para trás" (v. 1). De uma forma recorrente, como o faz em vários pontos dessa carta, o autor usa outra vez de um contundente tom exortativo. Temamos é a tradução do grego phobethomen, derivado de phobeomai, que ocorre 95 vezes no Novo Testamento. Joseph Henry Thayer (1828-1901) traduz como: temor, medo, ser atingido pelo medo, ficar alarmado.2 Nessa carta, esse termo aparece novamente nos capítulos 11.23,27 e 13.6. O sentido é
de alguém que sente receio, temor ou medo diante de alguma situação que inspira cuidados. Dessa forma, é traduzido para descrever o temor que o apóstolo Paulo demonstrou diante de uma real possibilidade de dano que Satanás poderia causar aos crentes de Corinto. "Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há em Cristo" (2 Co 11.3). F. F. Bruce destaca que a intenção do autor é mostrar que os crentes

"farão bem em temer a possibilidade de perder a grande bênção que nos está prometida, da mesma maneira que a geração de israelitas que morreu no deserto perdeu a Canaã terrestre, embora fosse o objetivo que tinham diante de si quando saíram do Egito".

Esse sentido é obtido a partir da expressão "pareça que algum de vós fique para trás". Guthrie destaca que o que suscitava temor no autor é que alguns dos membros da comunidade pareciam não ter alcançado o prometido descanso. Guthrie observa que o autor não está afirmando categoricamente que alguns deles deixaram de alcançar o prometido descanso, mas que é necessário exercer a prudência já que essa possibilidade é real.
"Porque também a nós foram pregadas as boas-novas, como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram" (v. 2). Ao referir-se à "palavra da pregação", o autor destaca o modo como Deus comunicou-se e revelou-se a seu povo no antigo pacto, e não exatamente ao conteúdo da mensagem pregada, que, evidentemente, era diferente das Boas-Novas anunciadas no Novo Testamento.  Ali, a revelação era parcial; aqui, total. Deus revelara-se aos antigos hebreus, mas eles não quiseram escutar. Da mesma forma, os novos hebreus, que receberam uma revelação em tudo superior, não estavam também atentando ao que fora dito. A razão foi a incredulidade que não permitiu a palavra produzir efeitos naqueles que a ouviram.
"Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso, tal como disse: Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso" (v. 3). A expressão "os que temos crido" é um particípio aoristo e tem o sentido de "nós que nos tomamos crentes". Os cristãos que perseveram e não recuam ganham o direito de entrar no descanso de Deus. A. T. Robertson destaca que o verbo "entramos" está no presente futurista e, nesse texto, tem o sentido de "nós temos a segurança de entrar [no descanso], os que cremos". O descanso de Deus é uma realidade já presente, mas a sua plenitude só terá efeito no futuro. Deus proveu um descanso para seu povo, mas esse repouso não é para os indolentes, negligentes e descrentes, e sim para os que fazem a jornada até o fim. Richard S. Taylor (1912-2006) destaca acertadamente que esse descanso provido por Deus não deve ser interpretado como garantia de que "não importa o que façamos, Ele vai dar um jeito de levar-nos até lá". Pelo contrário, essa evidência da grandeza de Deus deixa-nos completamente indesculpáveis em nossa descrença temerosa. Esses parágrafos intensos são uma forte tentativa de chacoalhar os cristãos hebreus em sua falsa segurança, ao mostrar-lhes que não possuem imunidade contra os perigos da cerca espiritual.
Neste capítulo, observamos que o autor refere-se a três tipos de descansos: (1) A entrada do povo de Deus na Terra Prometida sob a liderança de Josué; (2) O descanso sabático - quando Deus acabou a obra da Criação; e
O descanso trazido por Cristo. A patrística também via a obra de Cristo como o ponto culminante desse descanso. Dessa forma, João Crisóstomo (347-407 d.C) destacava que havia três descansos: um do sábado, em que Deus descansou de suas obras; um segundo, da Palestina, quando entraram os judeus nela e descansaram das muitas triangulações e fadigas; e o terceiro, que é o verdadeiro descanso: o Reino dos céus, onde quem o obtiver descansará realmente das fadigas e dos sofrimentos. Aqui, ele faz menção aos três. E por que ao falar de um rememora os três? Para mostrar que o profeta fala deste último. Ele não se referia ao primeiro, pois diz: não sucedeu isso nos tempos antigos? Nem tampouco ao segundo, o que teve lugar na Palestina; como iria referir-se a este se já houvesse tido lugar também? Só resta o que se refere ao terceiro.
Wesley Adams resume o pensamento do autor sobre a tipificação desse descanso:

1- O descanso em Canaã é um tipo ou símbolo do repouso espiritual que Deus promete a seu povo, em Cristo;
2- Esse repouso espiritual é prefigurado pelo descanso sabático de Deus;
3- Esse descanso espiritual- como outros aspectos do Reino de Deus - envolve tanto a realidade presente quanto a esperança futura do povo de fé.

"Porque, em certo lugar, disse assim do dia sétimo: E repousou Deus de todas as suas obras no sétimo dia" (v. 4). Recorrendo ao método judaico de fazer hermenêutica, o autor remete a Gênesis 2.2. Já vimos que essa forma de citar as Escrituras não demonstra imprecisão por parte do autor; apenas expõe o seu estilo literário. Os intérpretes destacam que o "repouso" de Deus não significa ociosidade da parte dEle, mas, sim, que não há nada mais a acrescentar àquilo que Ele fez. Após concluir sua obra no sétimo dia da criação, Deus descansou de sua obra e continua ainda nesse descanso.

"E outra vez neste lugar: Não entrarão no meu repouso"
(v. 5). Mesmo estando esse descanso disponível para todos os homens, o autor mostra que alguns se excluíram dele. A razão foi a dureza de coração, a desobediência e a incredulidade. Todavia, esse descanso continua acessível para aqueles que creem.
"Visto, pois, que resta que alguns entrem nele e que aqueles a quem primeiro foram pregadas as boas-novas não entraram por causa da desobediência" (v. 6). Aqui, o autor explica o versículo anterior. Age­ ração do êxodo não pode entrar no descanso de Deus, mas a promessa do descanso continua de pé. Cabe aos crentes da nova aliança entrar nessa promessa.
"Determina, outra vez, um certo dia, Hoje, dizendo por Davi, muito tempo depois, como está dito: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração" (v. 7). O versículo 7 volta à citação do Salmo 95. Para o autor, a promessa do descanso divino não havia cessado com a entrada do povo na Terra Santa, visto que, aproximadamente 500 anos depois, Davi faz uma atualização dessa promessa no Salmo 95. Se não mais houvesse a promessa de um descanso para o povo de Deus ao longo de sua história, o Espírito Santo não teria inspirado o rei-poeta a fazer a atualização dessa mesma promessa.
Os profetas da Antiga Aliança mantinham a expectativa de dias de paz e descanso para o povo de Deus, que ocorreria com a vinda do Messias. O autor de Hebreus já havia lembrado que, antigamente, Deus falara aos pais pelos profetas e que, naqueles dias, Ele falava pelo Filho. A chegada da nova aliança significava a entrada nesse descanso. Para o autor, a expressão "um certo dia, Hoje...", dita por Davi de forma profética, não se restringia aos dias daquele monarca, mas, sobretudo, à chegada da Nova Aliança. Nem Josué - nem tampouco nenhum outro líder hebreu - foi capaz de conduzir o povo de Deus a um descanso pleno.
"Porque, se Josué lhes houvesse dado repouso, não falaria, depois disso, de outro dia" (v. 8). O livro de Josué mostra as grandes conquistas efetuadas por ele, mas destaca que "ainda muitíssima terra ficou para possuir" (Js 13.1). Josué, sem dúvida, proveu uma forma de "descanso" físico, político e social, mas o verdadeiro descanso era uma promessa para o povo da nova aliança.
"Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus" (v. 9). Aqui no versículo 9, o autor usa a palavra sabbatismos, derivada de sabbath (Sábado) para referir-se ao descanso ou repouso em vez de katapausis, usada nos demais versículos desse capítulo, que mantém o mesmo significado.12 Fica evidente que o autor não se refere ao repouso sabátko semanal, o que contrariaria todo o seu argumento nessa carta, que é um alerta aos seus leitores a não retomarem às práticas judaizantH (Cl 2.16). Por outro lado, se o autor estivesse se referindo ao descanso sabático semanal, não haveria necessidade alguma de dizer que esse descanso era algo ainda a ser alcançado (resta um repouso (sabbatismos) para o povo de Deus), visto que o Sábado era uma prática rigorosamente observada no judaísmo dos dias de Jesus.
"Porque aquele que entrou no seu repouso, ele próprio repousou de suas obras, como Deus das suas" (v. 10). Esse repouso é uma referência ao dia anelado pelos profetas e que agora se cumpria com a vinda do Filho de Deus. Da mesma forma que Deus descansou de suas obras, não tendo mais necessidade de acrescentar nada às coisas que Ele criara, os crentes que entraram na nova aliança também não precisam mais de mérito pessoal ou humano para entrar no descanso provido por Jesus Cristo, o Filho de Deus. O versículo 11 é encerrado com uma advertência.
"Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência" (v. 11). Adam Clarke comenta in loco: "A palavra indica todo esforço físico e mental com referência ao assunto. Para que não caia da graça de Deus, do evangelho e suas bênçãos e pereça para sempre".
"Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração" (v. 12). Na sua exposição, o autor faz uma das maiores declarações sobre a palavra de Deus. Alguns comentaristas não conseguiram ver o elo existente entre o versículo 12 e os demais versículos deste capítulo, mas o melhor entendimento desse texto é aquele que encontramos nas notas de John Wesley sobre a carta aos Hebreus. Wesley observa que a palavra de Deus pregada no versículo 2 e reforçada com advertências no versículo 3 é viva e eficaz; é acompanhada pelo poder do Deus vivente e comunica vida ou morte àqueles que a ouvem; é mais cortante do que espada de dois gumes e penetra o coração mais do que a espada pode penetrar o corpo; que penetra totalmente e deixa aberto; a alma e o espírito, as juntas e medulas - os lugares mais escondidos da mente. Nada pode ficar fora do alcance da Palavra de Deus.
"E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar" (v. 13). O autor usa três termos gregos para mostrar o poder revelador da palavra de Deus: aphanes (oculto, não manifesto, escondido); gymnós (nu, aberto, às claras) e trachelizo (expor, descobrir). Aqui, o sentido é de deixar algo totalmente exposto, sem nada a esconder. Para o expositor bíblico A. T. Robertson, significa que o microscópio de Deus pode pôr em evidência o mais diminuto micróbio de dúvida e pecado. Tendo em vista que a palavra trachelos significa "pescoço" e é usada, nesse contexto, como algo que está desnudo, descoberto, a metáfora pode
referir-se a um animal que tinha seu pescoço exposto para o sacrifício ou a um lutador que era dominado pelo pescoço.16 Em ambos os casos, a metáfora expõe o domínio e o poder revelador da Palavra de Deus. "Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão" (v. 14). O versículo 14 introduz o assunto sobre o qual o autor devotará maior atenção: a doutrina do sacerdócio de Cristo. Essa seção inicia-se aqui e estende-se até o capítulo 10 e versículo 18. O descanso do qual o autor acabara de falar e do qual todos os cristãos participam por direito da aliança só se tomou possível porque Jesus, como sumo sacerdote, adentrou os céus. O termo grego dielelythota, derivado de dierxomai, ocorre 42 vezes no Novo Testamento Grego .  Esse termo verbal é usado para retratar um fato que ocorreu no passado, mas que tem seus efeitos no presente. Aqui, o sentido é que Jesus penetrou os céus, por ocasião de sua morte e ressurreição, e ainda está lá. No passado, Jesus levou vicariamente a pena de nossos pecados; no presente, Ele é o nosso grande sumo sacerdote que continua a interceder por nós. Esse sumo sacerdote está nos céus, porém não distante do povo. Os cristãos são exortados a manterem-se firme na sua confissão, que aqui mantém o sentido de profissão de fé.
"Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado" (v. 15). O autor reconhece a fragilidade humana e sua vulnerabilidade diante das tentações. Aqui, o verbo grego peirazo, traduzido como "testar", "tentar", deve manter esse último sentido por estar associado à hamartia (pecado) no final do versículo. O autor faz referência a Jesus nos dias de sua humilhação e também às tentações as quais esteve sujeito. Tendo Ele sido tentado em tudo, pode socorrer os que também são tentados. A imagem aqui é extraída do sistema sacerdotal no qual o sacerdote intercedia pelas fraquezas do povo. Richard S. Taylor observa oportunamente que Jesus não foi tentado em todas as particularidades ou em cada situação possível. Por exemplo, Ele não foi tentado como marido, ou pai, ou dono de uma propriedade, ou empregador, ou soldado porque não exerceu nenhuma dessas funções. Taylor observa que Jesus foi tentado nas três áreas básicas da suscetibilidade humana: corpo, alma e espírito. Dessa forma, Jesus conhecia a tentação no campo do apetite do corpo, no campo dos relacionamentos humanos e no campo dos relacionamentos espirituais. Eu - os outros - Deus: Ele foi tentado nesses três pontos. O que deveria governá-lo? Seu desejo por pão? Seu desejo por aceitação? Seu desejo por poder? Ou a sua lealdade a Deus?19 É exatamente nessas áreas onde ocorre o campo de batalha de todo cristão. Como nós, Jesus foi tentado, porém não sucumbiu à tentação!
"Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno"
(v. 16). Tendo, pois, Jesus como esse grande Sumo Sacerdote misericordioso, o cristão é convidado para que, com ousadia, chegue-se ao trono da graça. A palavra "cheguemos" traduz o termo grego proserxhometha, derivado de proserchomai, que ocorre 87 vezes no Novo Testamento grego, sendo sete vezes em Hebreus. É usado em Mateus 9.20 para descrever a ação da mulher hemorrágica quando se aproximou de Jesus: "E eis que uma mulher que havia já doze anos padecia de um fluxo de sangue, chegando por detrás dele, tocou a orla da sua veste". Na Septuaginta, é usado para descrever a aproximação que o sacerdote mantinha com Deus durante o culto. Da mesma forma que o sacerdote levita adentrava no santuário para ministrar a Deus e da mesma forma que a mulher hemorrágica demonstrou coragem, ousadia e fé para aproximar-se do trono da graça, o cristão também deve aproximar-se de Deus através da mediação de Jesus Cristo.

RETIRADO DO LIVRO:  A supremacia de Cristo.
Fé, esperança e ânimo na carta aos Hebreus.
José Gonçalves