Lucas
10.38-42;
Uma Visita a Marta e
Maria (10.38-42)
Ele entrou numa
aldeia (38). Esta aldeia era Betânia, portanto era sobre a Marta e a Maria
acerca das quais João escreveu (Jo 11.lss). As descrições das irmãs encontra
das nos dois Evangelhos claramente apontam para as mesmas pessoas. Este
incidente provavelmente ocorreu quando Jesus fez sua breve visita a Jerusalém
para a celebração da Festa da Dedicação, no mês de dezembro que antecedeu a sua
paixão.
Uma bela amizade
existia entre Jesus e essas duas irmãs e o irmão delas, Lázaro. Na amizade do
Senhor com eles, temos uma das melhores ilustrações do lado humano de Cristo,
encontradas no Novo Testamento. Jesus deve tê-los conhecido bem no início de
seu ministério. Ele pode tê-los encontrado em uma de suas muitas viagens a
Jerusalém.
Em vista da óbvia cordialidade e
proximidade dessa amizade, é um fato enigmático que nenhum dos Evangelhos
Sinóticos mencione Lázaro, e que o único relato das irmãs, além do Evangelho de
João, seja este que está sendo analisado. A melhor resposta dispo nível parece
ser a de que a história não se ajustava ao propósito específico dos autores dos
outros Evangelhos.
Muitas tentativas foram feitas para
identificar Maria, Marta e Lázaro com outras pessoas conhecidas. Uma sugestão é
que Marta era a esposa de Simão, o Leproso. Lázaro foi identificado com o rabi
Eliezer (ou Lázaro) do Talmude. Mas esta e outras especulações não têm
comprovação, e devem ser tratadas como meras conjecturas.
Marta é um nome aramaico e significa "senhora"; é o
equivalente ao grego kyria. Foi
sugerido que Marta era a "senhora eleita" a quem João escreveu a sua
segunda Epístola. Ela o recebeu em sua casa. Há algumas possibilidades a
considerar: Marta era casada ou viúva. Maria e Lázaro viviam com ela. Pode ser
que ela fosse reconhecida como a senhora da casa por ser mais velha do que
eles. Neste último caso, eles poderiam estar vivendo juntos como uma família
desde a morte de seus pais.
Tinha esta uma
irmã, chamada Maria (39). Maria é,
obviamente, subordinada à sua irmã. Sua única relação com a casa ou com o evento
social em curso é que ela é a irmã de Marta. A qual, assentando-se também
aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra -literalmente, "a qual tendo,
também, se assentado aos pés de Jesus estava ouvindo (ou escutando) a sua
palavra". Foi sugerido que a palavra também implica que ela
inicial mente ajudou a servir; depois ela se sentou para ouvir as palavras de
Jesus. A expressão assentando-se também aos pés de Jesus tem dois
significados. Literalmente, sugeri ria que ela se sentou abaixo dele (em um
assento mais baixo), mas tem, também, um sentido figurado ou metafórico, pelo
qual ela o ouviu como um discípulo ouviria seu professor. A situação sugere uma
relação professor-aluno. Os discípulos geralmente sentavam-se aos pés do rabi,
como Paulo se sentava aos pés de Gamaliel (At 22.3).
Marta, porém,
andava distraída em muitos serviços (40) é,
literalmente, "Marta estava distraída com os afazeres domésticos". E
aproximando-se... Os termos gregos desta frase indicam uma repentina
suspensão de sua situação febril - de uma maneira desesperada ou exasperada. Senhor,
não te importas que minha irmã me deixe servir só? Esta frase também
carrega uma marca de exasperação e agitação. Uma tradução literal seria: "O Senhor não se
importa que a minha irmã me deixe sozinha?" Ela não só culpou sua irmã,
mas estava também agitada e um tanto impaciente com o Senhor por permitir que a
sua irmã a desamparasse. De fato, ela parecia sugerir que o Senhor estava
encorajando Maria a negligenciar o seu dever. A palavra traduzida como deixe,
significa "dar as costas". Isto também sugere que Maria estava
ajudando sua irmã, mas deve ter parado e ido ouvir Jesus.
Dize-lhe, pois, que
me ajude - literalmente,
"fale para ela". A palavra pois indica que Marta tem certeza
de que suas afirmativas anteriores justificavam seu pleito por completo, e
condenavam Maria. A implicação é: Já que meu pleito ficou irrefutavelmente
demonstrado, dá-lhe a ordem. Marta estava, obviamente, confiante de que estava
certa e que havia sido tratada injustamente.
Marta, Marta (41). Spence destaca que "há várias instâncias
notáveis desta repetição do nome pelo Mestre na história do Novo Testamento e,
em cada caso, aparente mente em amor compassivo". 9 Ele se refere a "Simão, Simão", em Lucas 22.31;
"Saulo, Saulo" em Atos 9.4; etc. Estás ansiosa e afadigada com
muitas coisas. A palavra grega traduzida como Estás ansiosa significa
"preocupada" ou "atrapalhada com os cuidados". Jesus está
dizendo que ela está muito preocupada com muitas coisas não tão importantes.
Uma só é necessária (42).
Note o contraste entre as muitas coisas com as quais Marta se preocupava
e a única coisa que era necessária. As "muitas coisas" de Marta eram
materiais, físicas e sociais; a "única coisa" ("Uma só")
de Maria era espiritual e de significado eterno. Marta não estava
escolhendo o errado no lugar do certo, mas o incidental em lugar do mais
importante, o temporal em lugar do eterno.
Jesus tinha vindo a
esta casa como Convidado. Marta estava cuidando, febrilmente, de muitas coisas
para ser agradável e entreter. Mas essas coisas não eram necessárias. O principal interesse
dele não era ser recebido de braços abertos e nem com uma mesa farta, mas sim
com corações abertos e uma oportunidade de servir o seu Alimento a eles. Este
pleito podia ter uma implicação secundária. Marta estava preparando uma
refeição suntuosa e o trabalho extra a estava prejudicando mais do que a comida
adicional ajudaria o Mestre.
A boa parte era uma expressão comum, significando a parte honrada de
uma festividade. Maria escolhera com sabedoria. Ela sabia qual parte era a mais
desejável e a mais nobre, e a escolheu. Há uma finalidade sugerida em conexão
com este pensamento. Jesus garante essa finalidade ao dar apoio à escolha dela: a
qual não lhe será tirada. A figura que permeia toda a passagem é a da
festividade, e o Mestre transmite a sua
mensagem ao colocar a festa espiritual acima da material.
João 11.1-45
Judéia; 11-16. A morte de Lázaro;
17-32: Cristo chega a Betânia; 33-
46. Jesus ressuscita Lázaro.
Vv.
1-6. Estarem enfermos
não é nada novo para aqueles que são amados por Cristo. As enfermidades físicas
podem corrigir a corrupção e provar a graça do povo de Deus. Ele não veio para
livrar completamente ao seu povo de enfrentar estas aflições, mas os abençoa, e
veio salvá-los dos pecados que cometeram, e da ira vindoura. Contudo, o nosso
dever é apelarmos a Ele a favor
de nossos amigos e parentes quando
estão enfermos e aflitos. Que isto possa nos reconciliar com o lado da
providência que para nós é o mais
obscuro, que trata de que tudo seja para a glória de Deus. Assim acontece com
as enfermidades, as perdas e as desilusões;
e devemos nos sentir satisfeitos se Deus for glorificado. Jesus amava
Marta, a sua irmã e a Lázaro. As famílias que têm abundância de amor e paz são grandemente favorecidas,
mas aquelas a quem Jesus ama e aquelas pelas quais Ele é amado possuem a máxima
felicidade possível. Acontece algumas vezes que este não seja o caso de todas
as pessoas, mesmo em famílias pequenas.
Deus tem boas
intenções mesmo quando parece demorar. Quando demora a ser realizada a obra da
libertação temporal ou espiritual, pública ou pessoal, este fato se deve à espera do momento
oportuno.
Vv. 7-10. Cristo jamais coloca o seu povo em perigo, porque está
sempre com este. Temos a tendência de pensar que somos zelosos em relação ao Senhor, quando na realidade, somos zelosos somente por nossa riqueza, crédito,
conforto e segurança. Portanto, precisamos examinar e provar os nossos princípios, o nosso dia
será prolongado até que a nossa obra esteja realizada, e o nosso testemunho
esteja finalizado. o homem terá consolo e satisfação enquanto andar pelo
caminho de seu dever, conforme o que for estipulado pela Palavra de Deus, e esteja
determinado pela providência de Deus. onde quer que Cristo tenha ido, andou de
dia, e assim nós faremos se seguirmos os seus passos. Se um homem andar no
caminho de seu coração, conforme o rumo deste mundo, considerará mais os seus
argumentos carnais do que a vontade e a glória de Deus, e cairá em tentações e
armadilhas. Tropeçará porque não haverá luz nele, porque a luz
em nós são as nossas atitudes morais, assim como a luz ao nosso redor são as
nossas atitudes naturais.
Vv. 11-16. Estamos seguros de ressuscitar ao final, por que a
esperança que crê na ressurreição para a vida eterna não faz com que seja mais
fácil para nós a ocasião de despirmo-nos do corpo, como se tirássemos a roupa e fôssemos dormir? Quando o cristão verdadeiro morre, não faz nada
mais do que dormir; descansa das obras do dia que passou. Sim, neste caso, a
morte é melhor do que o sono natural, porque dormir é somente um rápido
descanso, e a morte é o final de todas as preocupações e esforços terrenos. os
discípulos pensavam que agora não seria necessário que Cristo fosse onde Lázaro
estava, expondo tanto a si mesmo quanto
a eles. Assim, muitas vezes, esperamos que
a boa obra que somos chamados
a fazer seja feita por alguma
outra mão, se for arriscado fazê-la. Quando Cristo
ressuscitou a Lázaro dentre os mortos, muitos foram levados a crer nEle; e
muito foi feito para aperfeiçoar a fé daqueles que creram. vamos a Ele. A morte
não é capaz de separar-nos do amor de Cristo, nem de colocar-nos fora do
alcance de sua chamada.
Como no caso em que
Tomé foi incentivado, os cristãos devem incentivar-se uns aos outros em tempos
difíceis. A morte do Senhor Jesus deve dar-nos a disposição de morrer quando
Deus nos chamar.
Vv. 17-32. Aqui havia uma casa onde estava o temor a Deus, e sobre a
qual repousava a sua bênção; porém, tomou-se por certo tempo uma casa enlutada.
A graça evita que o coração sinta dores, mas pode não evitar que as dores
venham sobre a família.
Quando Deus, por
sua graça e providência, vem a nós por caminhos de misericórdia e consolo, como
no caso de Marta, devemos sair a encontrá-lo por fé, esperança e oração. Quando
Marta saiu ao encontro de Jesus, Maria ficou tranquila em casa; anteriormente, este temperamento fora vantajoso para
ela, quando colocou-a aos pés de Cristo para que ouvisse a sua palavra. Porém,
no dia da aflição, o mesmo temperamento a dispôs à melancolia. A nossa
sabedoria consiste em vigiar contra a tentação, e utilizar as vantagens de
nosso temperamento natural.
Quando não sabemos
o que pedir ou esperar particularmente, encomendemo-nos a Deus. Deixemos que
Ele faça aquilo que lhe agradar. Para aumentar as expectativas de Marta, o
nosso Senhor declara que Ele mesmo é a Ressurreição e a Vida. Ele é a
ressurreição em todos os sentidos: fonte, essência, primícias e causa da
ressurreição. A alma redimida vive feliz após a morte e, após a ressurreição, o
corpo e a alma são resguardados dos males para sempre.
Quando lermos ou
ouvirmos a Palavra de Cristo sobre as grandes coisas do mundo porvir, devemos
perguntar a nós mesmos: cremos nesta verdade? As cruzes e os consolos desta
época não nos impressionariam tão profundamente como o fazem, se crêssemos da
maneira que devemos crer nas coisas relacionadas com a eternidade.
Quando Cristo, o
nosso Mestre, vem, nos chama. Ele vem em sua Palavra e em seus mandamentos, e nos chama a eles e por eles para si
mesmo. Aqueles que, em um dia de paz, colocam-se aos pés de Cristo para que os ensine, podem, de modo consolador, permanecer aos seus pés para encontrarem o seu favor em um dia de
inquietação.
Vv. 33-46. A tema simpatia
de Cristo por estes amigos aflitos
manifestou-se por meio da angústia de seu Espírito. Ele é afligido em todas as aflições dos crentes. A sua preocupação
por eles é demonstrada por meio de sua bondosa pergunta quanto aos restos
mortais de seu amigo falecido. Ele age da mesma
forma e da mesma maneira que os filhos dos homens, ao ser encontrado em
semelhança de homem; Ele o demonstrou por meio de suas lágrimas.
Era um homem de dores, experiente nas aflições. As
lágrimas de compaixão parecem-se com as lágrimas de Cristo, mas Ele jamais
aprovou esta sensibilidade da qual tantos se ensoberbecem, dentre aqueles que
choram por causa de simples relatos de problemas, e se endurecem diante dos
"ais" da verdade. Dá-nos o exemplo ao apartar-se das frívolas cenas
hilariantes, para que consolemos ao aflito. Não temos um Sumo Sacerdote que não
possa compadecer-se de nossas fraquezas. Um bom passo para elevar uma alma à vida espiritual é
tirarmos a pedra, eliminarmos e superarmos os preconceitos, dando lugar para
que a Palavra entre no coração. Se recebermos a Palavra de Cristo e confiarmos
em seu poder e fidelidade, veremos a glória de Deus e nos alegraremos ao vê-la.
O Senhor Jesus Cristo nos ensina, através de seu exemplo, a chamarmos a Deus de
Pai em nossas orações, e a aproximarmo-nos dEle assim como o filho se aproxima
de seu pai, com humilde reverência, e santa ousadia.
Falou diretamente a
Deus com os olhos fitos no céu e em alta voz, para que eles se convencessem de
que o Pai o havia enviado ao mundo como o seu Filho amado.
Ele poderia
ressuscitar Lázaro pelo exercício silencioso de seu poder e vontade, e pela
obra invisível do Espírito de Vida; porém, o fez em voz alta. Esta atitude
tipificava a proclamação do Evangelho e a sua chamada, por meio do qual
tiram-se as almas mortas da sepultura do pecado: tipificava o som da trombeta do arcanjo do último
dia, com que serão despertados todos
aqueles que dormem no pó, e que serão convocados a comparecer perante o grande tribunal. A sepultura do pecado e este mundo não são um lugar adequado para
aqueles que Cristo fez reviver; eles
devem sair. Lázaro foi completamente ressuscitado e regressou não somente à vida, mas também ao
gozo de perfeita saúde. o pecador não é capaz de ressuscitar-se a si mesmo, mas
deve utilizar os meios da graça; o crente não pode santificar a si mesmo, e tem a responsabilidade de deixar
de lado todo o embaraço e tudo aquilo que não lhe convém. Não podemos converter os nossos parentes e amigos, mas
devemos instruí-los, precavê-los e convidá-los.
Estes comentários foram
extraídos dos livros: Comentário bíblico Mathew Henry e Beacom.
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