(SUBSÍDIO TEOLÓGICO LIÇÃO 10-4TR 2016) JOSAFÁ E A ADORAÇÃO A DEUS EM MEIO AO CAOS

Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.
— Isaías 55.6

Josafá foi o quarto rei de Judá depois de Asa, seu pai, o qual reinou por quarenta e um anos tendo iniciado seu reinado em 911 a.C. Foi um rei exemplar e, nos primeiros dez anos, Asa fez prosperar o reino expandindo seu domínio. Edificou cidades e as fortificou com muralhas, torres e portas pesadas (2 Cr 14.6,7), de tal modo que não era fácil a entrada de gente estranha ao reino. Depois de alguns anos de paz, Asa deixou de buscar a Deus e tomou decisões que trouxeram guerra e problemas políticos para o seu reino. Dois anos antes de sua morte, Asa ficou doente nos pés, vindo a falecer. Foi sucedido no trono por seu filho Josafá, em 873 a.C.
A história de Josafá ganha importância pelo cuidado inicial que ele teve em dar continuidade a algumas obras iniciadas por seu pai. Josafá foi um rei enérgico e muito hábil em seus dias. Sua aprendizagem inicial foi como corregente por três anos junto ao seu pai. Josafá procurou desenvolver uma relação de paz com Israel, uma vez que eram irmãos. Porém, essa aliança feita com reis de Israel lhe trouxe problemas no seu reino. Sua história nos traz lições preciosas que nos mostram uma liderança espiritual, sujeita a falhas como qualquer outra liderança, mas alicerçada em princípios de temor a Deus. As lições dessa liderança são úteis para a igreja de Cristo nos tempos atuais, quando lutamos contra potestades espirituais que procuram desestabilizar a igreja na sua relação com o Senhor. Por outro lado, aprendemos com Josafá, princípios com os quais podemos fazer a igreja crescer.

OS ANTECEDENTES DO REINO DE JOSAFÁ A Divisão do Reino de Israel
É sempre difícil entender por que Deus permitiu essa divisão do seu povo em dois reinos, o de Israel e o de Judá. Mas os livros dos reis e das crónicas do Antigo Testamento entraram no cânon das Escrituras, porque Deus não vê no sentido horizontal, mas no sentido vertical, de cima para baixo. Ele conhece todas as coisas e seu cetro de poder sobre o seu povo está em suas mãos. Quando lemos sobre os dois reinos, Israel e Judá, entendemos o paralelo histórico que existe entre os fatos registrados nos livros dos reis e nos livros das crónicas. Todos os fatos registrados nesses livros apresentam a história das divisões entre os povos do norte e do sul do povo de Israel, identificados como “o Reino do Norte, Israel” e o “Reino do Sul, Judá”. O Reino do Norte ficou com dez tribos, e o Reino do Sul com duas tribos. Essa divisão do povo de Israel aconteceu nos dias de Roboão (924 -908 a.C.), filho de Salomão que deixou de buscar a Deus e seguiu os passos de seu pai quando se envolveu com a idolatria pagã. Ele se casou com Naamá, mulher amonita, que fora uma das muitas mulheres de Salomão, e esta muito o influenciou em decisões importantes do reino. O reino enfraqueceu economicamente, e muito mais espiritualmente. Com o enfraquecimento econômico do reino, Roboão resolveu aumentar a carga tributária que já era pesada desde os tempos de Salomão sobre o povo. Por causa dessa carga tributária, Roboão não se dispôs a aliviar os impostos sobre o povo. Pelo contrário, endureceu ainda mais sem usar de bom senso e respeito pelo povo. As tribos que viviam no norte de Israel romperam com as tribos do sul (2 Cr 10.1-15), e assim aconteceu a separação do norte e do sul.

Os Dois Reinos e seus Reis, Jeroboão e Roboão
As dez tribos formaram outro reino, sobre o qual reinou Jeroboão, e o chamaram Israel; as duas tribos, Judá e Benjamim, com a capital Jerusalém, formaram o Reino de Judá, e Roboão foi o seu rei. Jeroboão, fazendo-se rei do Norte (Israel), foi um mau rei voltado para a idolatria. Ele desafiou a religiosidade do seu povo e construiu um santuário para um Bezerro de Ouro, abrindo espaço para dois centros de adoração entre as tribos do norte. Por outro lado, assumiu o reino de Judá o jovem Roboão, que foi um mau rei (2 Cr 12.14,15). Seu fracasso começou, sem dúvida, quando seguiu o mau exemplo de seu pai, Salomão, tendo uma vida polígama com muitas mulheres e concubinas. Asa era neto de Roboão e Maaca, e, quando feito rei, restaurou o culto a Deus e fez um excelente governo em Judá nos anos (905-865 a.C.). Seu filho Josafá, foi corregente com o pai, e depois da morte de Asa, reinou sobre o reino de Judá.

0 REINO DE JOSAFÁ Quem Era Josafá
Josafá foi o quarto rei de Judá (870- 848 a.C.) e adquiriu experiência no reino sendo corregente com seu pai, Asa, por aproximadamente três anos (1 Rs 22.41-50). Josafá, tendo o pai como referencial de governo e espiritualidade, exerceu um governo de grande prosperidade. Diz o texto que ele “andou nos primeiros caminhos de Davi, seu pai” (2 Cr 17.3). Sua mãe chamava-se Azuba e não parece que tenha exercido qualquer influência sobre ele. Enquanto o outro reino, o reino de Israel, permitiu que a idolatria dos dias de Acabe e Jezabel dominasse o reino, o rei de Judá, Josafá, ao contrário, desfez e mandou quebrar os altares construídos nos montes aos deuses pagãos. Ele entendeu de início que o seu reino prosperaria se voltasse a servir a Deus. Então ele enviou seus príncipes por todas as terras do reino de Judá para ensinarem ao povo acerca do Deus de Israel mediante a obediência e o respeito à Lei e aos mandamentos do Senhor. Para tirar o povo da crise econômica e espiritual, Josafá cria fortemente que só haveria uma reforma verdadeira e segura se o povo voltasse a reconhecer a soberania de Deus. Seus príncipes, sacerdotes e levitas se dedicaram a visitar todos os lugares do reino ensinando a Palavra de Deus.

Prosperidade de Josafá no Reino de Judá
No terceiro ano de seu reinado, Josafá estabeleceu um sistema para administrar a justiça em todos os lugares de Judá. Para tal empreendimento, visando estabelecer ordem no reino, ele nomeou juízes capazes para julgar as causas do povo em todo o reino. Eram pessoas de confiança do rei, as quais deveriam administrar a justiça sem temor, sem favores nem suborno.
Josafá levou o avivamento ao coração do povo por meio do ensino do “livro da Lei”. Principalmente, os levitas e sacerdotes de Jerusalém deveriam cumprir essa missão. De cidade em cidade, aos sábados, especialmente, eles reuniam o povo nas praças. Como não havia sinagogas nem templos fora de Jerusalém, esses comissionados do rei iam às praças e ensinavam ao povo acerca dos seus deveres para com Deus, com o próximo e com o reino, com a garantia da bênção de Deus. Essa ação promoveu um grande avivamento espiritual no coração do povo. Deus honrou a Josafá, e um grande exército — com aproximadamente 700 mil homens valentes — estava à disposição para defender a sua terra e o reino. Temos a tendência de diminuir nossa devoção ao Senhor quando gozamos de prosperidade, quando não falta dinheiro no bolso, quando temos saúde abundante, quando tudo está aparentemente em paz. Muitos líderes em seus sucessos se esquecem de buscar ao Senhor e passam a agir por conta própria, sem consultar nem depender de Deus. Josafá começou a agir com atitude independente e começou a errar.

AMEAÇAS ENFRENTADAS POR JOSAFÁ A Perigosa Aliança Feita com Acabe
Ainda nos dias de Acabe, rei de Israel — um rei que trouxe desgraça para o povo de Deus porque não temia ao Senhor —, o rei Josafá, desejando que houvesse paz entre os dois reinos, faz uma aliança com a casa de Acabe. Josafá e Acabe negociam o casamento de Jorão, filho de Josafá, com a filha de Acabe e Jezabel, chamada Atalia. Jezabel tinha uma forte influência sobre seu marido, Acabe, e, naturalmente, sobre seus filhos. Não foi diferente com Atalia, que preferia os deuses fenícios ao Deus de Israel. Nessa aliança, Acabe e Josafá entraram em guerra contra os tiros a fim de tomar a Ramote-Gileade. Acabe tramou um plano pernicioso para que Josafá fosse morto e ele levasse a fama da guerra. Nesse tempo, enquanto estão na guerra, Atalia, mulher de Jorão, toma posse do trono de Judá, levando Israel à apostasia por seis anos. Quando Josafá volta ao seu lugar no reino de Judá, entendeu o perigo do jugo desigual com os incrédulos.
Josafá deixou de buscar ao Senhor e passou a agir por si mesmo, confiado apenas na sua capacidade de governante. Por outros interesses, fez aliança com Acabe, que era um rei perverso e sem o menor temor de Deus no seu coração. Essa aliança não agradou ao Senhor porque punha o seu povo em perigo. Essa aliança foi selada com o casamento com a filha de Acabe, um parentesco que lhe traria derrota moral, física e espiritual.

Repreensão de Deus por meio do Profeta Jeú
Josafá, sem consultar a Deus, fez uma aliança com Acabe, rei de Israel. Foi uma aliança militar que produziu uma derrota para ambos os reinos. Deus levantou ao profeta Jeú, que condenou a aliança com Acabe, um rei inimigo de Deus e do povo de Israel. Mas Deus conhecia o coração de Josafá e sabia que havia temor, a despeito da atitude precipitada que havia tomado na aliança que fez com Acabe. Por isso, a ira de Deus foi desviada de Josafá, porque este havia resgatado o verdadeiro culto a Jeová. Josafá resgatou a ordem de justiça na terra de Judá, e um novo sentimento de segurança nas famílias, de justiça, de prosperidade material e espiritual passou a dominar o coração do povo. Depois da repreensão, Josafá humilha-se perante o Senhor e, além das reformas estruturais no governo das cidades de Judá, restabelece o lugar de Deus na vida do povo.

Josafá Enfrenta Ameaças contra o seu Reino
Em meio às mudanças positivas que Josafá realizou em seu reino, surge uma crise política externa provocada pelos moabitas, que declararam guerra contra Judá. A informação chegou a Jerusalém de que um forte exército estava marchando para a cidade santa. Foi uma terrível

notícia, e, então, Josafá convoca o povo para um jejum nacional com oração a Deus para o Senhor interferisse naquele ataque de Moabe.
Um pouco antes desse ataque dos moabitas contra Judá, conforme está descrito no capítulo 18, Acabe e Josafá firmam uma aliança contra os moabitas e amonitas. Eles partiram para a guerra contra esses povos, e a batalha foi trágica em Ramote-Gileade da Síria. Nessa batalha, Acabe foi ferido (2 Cr 18.33,34). Acabe tramou uma situação em que Josafá viesse a ser morto, mas os amonitas e moabitas viram que Josafá não era Acabe, por isso, não o mataram (1 Rs 22.1-38; 2 Cr 18.28-32). Sem dúvida, o Senhor o protegeu. Por essa razão, Josafá foi repreendido pelo profeta Jeú, principalmente pelo fato de ter-se aliado com Acabe (2 Cr 19.1,2).
Visto que estava seguro de que suas fronteiras eram bem protegidas e não corriam o risco de serem ultrapassadas, Josafá se descuidou. Os amonitas, os edomitas e os moabitas uniram forças para invadir Judá cruzando o Mar Morto em direção a En-Gedi com muitos soldados, cavalos e armas de guerra. Então, Josafá, consciente do erro que havia cometido na sua aliança com Acabe, entendeu que Jeová, o Senhor Todo-Poderoso, o Deus de seu povo, poderia salvá-lo, bem como ao povo de Judá, de serem destruídos pelo inimigo.

ATITUDES VITORIOSAS PARA ENFRENTAR AS AMEAÇAS
Josafá precisou agir rápido, com atitudes que fossem capazes de mudar o estado de espírito do povo, que estava assustado com a aproximação de um grande exército formado com aliados inimigos do reino de Judá. Essas atitudes requeriam a união de todo povo, e todas as famílias responderam positivamente ao apelo do rei.

Josafá Propõe ao Povo Invocar o Nome do Senhor
Josafá, mediante a ameaça dos moabitas, convocou o povo em jejum e oração juntamente com ele. Na sua oração, Josafá reconhece a soberania de Deus sobre todas as coisas e como sendo o único que poderia intervir naquela situação (2 Cr 20.6-12). Jejum e oração são dois ingredientes eficazes para solucionar o problema. Todo o povo de Judá sabia e, reunido numa demonstração de fé e confiança em Deus, aceitou o pedido do rei Josafá de clamar pelo Senhor em seu socorro. Era uma nação inteira buscando a Deus. Nossa nação brasileira está vivendo uma de suas maiores crises, que abrange a todos econômica e moralmente, porque a mentira, o engano e a incredulidade campeiam as mentes. É tempo de as igrejas se unirem para orar e jejuar pedindo a intervenção divina. A prática do jejum e da oração quase não mais existe, e os cristãos estão à mercê dessa tragédia moral e espiritual na nossa nação. Nenhum cristão verdadeiro duvida do poder da oração. Aquela atitude do rei Josafá significa um ato de humilhação nacional em total dependência de Deus. Era a admissão de culpa e a intenção de alcançar a misericórdia e o socorro divino para aquela situação inevitável. O povo atendeu ao apelo do rei Josafá, começando ali um grande avivamento espiritual na vida de todos. Não há crise que não possa ser vencida quando confiamos no Senhor. Davi, em um dos seus cânticos disse: “Uns confiam em carros, e outros, em cavalos, mas nós faremos menção do nome do Senhor, nosso Deus” (SI 20.7).
Nos grandes desafios da igreja atual, quando ameaçada por circunstâncias materiais, morais e espirituais, as soluções espirituais têm sido menosprezadas por soluções meramente humanas. E tempo de restaurar a invocação ao nome do Senhor! Jejum e oração são práticas raras nos tempos modernos, mas sempre estiveram na experiência dos grandes servos de Deus (2 Co 6.5). Jesus declarou que aquela casta de demônios que dominava um pobre homem só seria expelida “pela oração e pelo jejum” (Mt 17.21).

Deus Fez o Povo Ouvir a Voz Profética de Jaaziel
Mesmo em meio à crise, Deus sempre tem alguém que ouve a sua voz e se torna voz profética para o seu povo. Foi o que Deus fez em Judá. No meio do povo de Deus sempre haverá espaço para ouvir a palavra do Senhor por meio de seus profetas. O Senhor não falava só nos tempos históricos, mas ainda fala pelo “dom da profecia” na sua igreja, porque cremos na atualidade dos dons espirituais. Deus levantou Jaaziel, que profetizou para o povo e levantou o ânimo de todos. Na palavra profética, Deus disse que o seu povo não entraria em guerra, com estas palavras: “Nesta peleja, não tereis de pelejar; parai, estai em pé e vede a salvação do Senhor para convosco, ó Judá e Jerusalém; não temais, nem vos assusteis; amanhã, saí-lhes ao encontro, porque o Senhor será convosco” (2 Cr 20.17). Na peleja contra o inimigo de nossas almas precisamos confiar no Senhor. Temos dois modos de ouvirmos a voz profética em nossos dias. Aquele que profetiza mediante a inspiração da palavra pregada e ensinada, bem como mediante o dom do Espírito, quando o profeta ouve de Deus e transmite à igreja a mensagem divina (Ef 4.11; 1 Co 12.10). Precisamos de um avivamento capaz de reativar os dons espirituais na igreja.

0 Povo Foi Estimulado a Louvar e Adorar ao Senhor
O rei Josafá não teve dúvida da voz profética de Jaaziel (2 Cr 20.15). Desde o rei até ao mais simples súdito do reino, todos aceitaram a mensagem de Deus e começaram a adorar e a louvar ao Senhor (2 Cr 20.18,19). Os levitas, não só os que serviam nos sacrifícios, mas aqueles que tinham a missão da adoração e do louvor, começaram a louvar ao Senhor pela sua majestade santa, pela sua benignidade eterna. Houve grande júbilo e a certeza da vitória que o Senhor daria ao seu povo. O louvor, quando ministrado de forma a reconhecer a soberania divina, tem o poder de abrir portas na presença de Deus. Quando o povo começou a adorar a Deus, Josafá acalmou seu coração porque entendeu que o Senhor cumpriria a sua palavra e nenhuma família se perderia. Quando os exércitos inimigos se aproximaram de Jerusalém e ouviram o som dos louvores, diz a bíblia que começaram a cair em emboscadas e se destruírem uns aos outros, sem que ninguém do povo judeu precisasse fazer qualquer coisa. Os exércitos inimigos foram desbaratados porque Deus os confundiu (2 Cr 20.24).
Josafá e todo o povo de Israel descobriram que as nossas batalhas sem o Senhor na direção significam tragédia. Quando reconheceram a soberania de Deus para fazer o impossível, não tiveram mais dúvidas: só o Senhor é capaz de nos dar vitória para fazer valer sua palavra sobre nós. O povo de Judá e o seu rei aprenderam a colocar Deus no seu verdadeiro lugar como Senhor e Rei soberano, e o fizeram mediante o louvor e a adoração. Deus impediu que os inimigos entrassem em

Jerusalém confundindo-os e, por isso, o povo de Judá demonstrou gratidão a Deus pela vitória que o Senhor lhes concedeu.
CONCLUSÃO

A história de Josafá é uma história de proezas políticas, econômicas e espirituais porque tinha como referencial o seu pai Asa. Como homem, teve suas falhas, mas seu coração ainda estava com o temor a Deus. Soube pedir perdão ao Senhor e arrepender-se quando errava, e Deus se agrada de um coração contrito. Os fatos da história de Josafá se constituem modelo para quem quer superar crises. Ele buscou ao Senhor e reconheceu a soberania divina para solução de seus problemas, louvando e adorando ao Senhor.

A oração e o louvor a Deus constituem a arma secreta do crente na luta contra o Inimigo.



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