Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o
enquanto está perto.
— Isaías 55.6
Josafá foi o quarto rei de Judá depois de Asa, seu
pai, o qual reinou por quarenta e um anos tendo iniciado seu reinado em 911
a.C. Foi um rei exemplar e, nos primeiros dez anos, Asa fez prosperar o reino
expandindo seu domínio. Edificou cidades e as fortificou com muralhas, torres e
portas pesadas (2 Cr 14.6,7), de tal modo que não era fácil a entrada de gente
estranha ao reino. Depois de alguns anos de paz, Asa deixou de buscar a Deus e
tomou decisões que trouxeram guerra e problemas políticos para o seu reino.
Dois anos antes de sua morte, Asa ficou doente nos pés, vindo a falecer. Foi
sucedido no trono por seu filho Josafá, em 873 a.C.
A história de Josafá ganha importância pelo cuidado
inicial que ele teve em dar continuidade a algumas obras iniciadas por seu pai.
Josafá foi um rei enérgico e muito hábil em seus dias. Sua aprendizagem inicial
foi como corregente por três anos junto ao seu pai. Josafá procurou desenvolver
uma relação de paz com Israel, uma vez que eram irmãos. Porém, essa aliança
feita com reis de Israel lhe trouxe problemas no seu reino. Sua história nos
traz lições preciosas que nos mostram uma liderança espiritual, sujeita a
falhas como qualquer outra liderança, mas alicerçada em princípios de temor a
Deus. As lições dessa liderança são úteis para a igreja de Cristo nos tempos
atuais, quando
lutamos contra potestades espirituais que procuram desestabilizar a igreja na
sua relação com o Senhor. Por outro lado, aprendemos com Josafá, princípios com
os quais podemos fazer a igreja crescer.
OS
ANTECEDENTES DO REINO DE JOSAFÁ A Divisão do Reino de Israel
É sempre difícil
entender por que Deus permitiu essa divisão do seu povo em dois reinos, o de
Israel e o de Judá. Mas os livros dos reis e das crónicas do Antigo Testamento
entraram no cânon das Escrituras, porque Deus não vê no sentido horizontal, mas
no sentido vertical, de cima para baixo. Ele conhece todas as coisas e seu
cetro de poder sobre o seu povo está em suas mãos. Quando lemos sobre os dois
reinos, Israel e Judá, entendemos o paralelo histórico que existe entre os
fatos registrados nos livros dos reis e nos livros das crónicas. Todos os fatos
registrados nesses livros apresentam a história das divisões entre os povos do
norte e do sul do povo de Israel, identificados como “o Reino do Norte, Israel”
e o “Reino do Sul, Judá”. O Reino do Norte ficou com dez tribos, e o Reino do
Sul com duas tribos. Essa divisão do povo de Israel aconteceu nos dias de
Roboão (924 -908 a.C.), filho de Salomão que deixou de buscar a Deus e seguiu
os passos de seu pai quando se envolveu com a idolatria pagã. Ele se casou com
Naamá, mulher amonita, que fora uma das muitas mulheres de Salomão, e esta
muito o influenciou em decisões importantes do reino. O reino enfraqueceu
economicamente, e muito mais espiritualmente. Com o enfraquecimento econômico do reino, Roboão resolveu aumentar a carga tributária que já era pesada desde
os tempos de Salomão sobre o povo. Por causa dessa carga tributária, Roboão não
se dispôs a aliviar os impostos sobre o povo. Pelo contrário, endureceu ainda
mais sem usar de bom senso e respeito pelo povo. As tribos que viviam no norte
de Israel romperam com as tribos do sul (2 Cr 10.1-15), e assim aconteceu a
separação do norte e do sul.
Os Dois
Reinos e seus Reis, Jeroboão e Roboão
As dez tribos formaram outro reino, sobre o qual reinou Jeroboão, e o
chamaram Israel; as duas tribos, Judá e Benjamim, com a capital Jerusalém, formaram o Reino de
Judá, e Roboão foi o seu rei. Jeroboão, fazendo-se rei do Norte (Israel), foi
um mau rei voltado para a idolatria. Ele desafiou a religiosidade do seu povo e
construiu um santuário para um Bezerro de Ouro, abrindo espaço para dois
centros de adoração entre as tribos do norte. Por outro lado, assumiu o reino
de Judá o jovem Roboão, que foi um mau rei (2 Cr 12.14,15). Seu fracasso
começou, sem dúvida, quando seguiu o mau exemplo de seu pai, Salomão, tendo uma
vida polígama com muitas mulheres e concubinas. Asa era neto de Roboão e Maaca,
e, quando feito rei, restaurou o culto a Deus e fez um excelente governo em
Judá nos anos (905-865 a.C.). Seu filho Josafá, foi corregente com o pai, e
depois da morte de Asa, reinou sobre o reino de Judá.
0 REINO
DE JOSAFÁ Quem Era Josafá
Josafá foi o quarto rei de Judá (870-
848 a.C.) e adquiriu experiência no reino sendo corregente com seu pai, Asa,
por aproximadamente três anos (1 Rs 22.41-50). Josafá, tendo o pai como
referencial de governo e espiritualidade, exerceu um governo de grande
prosperidade. Diz o texto que ele “andou nos primeiros caminhos de Davi, seu
pai” (2 Cr 17.3). Sua mãe chamava-se Azuba e não parece que tenha exercido
qualquer influência sobre ele. Enquanto o outro reino, o reino de Israel,
permitiu que a idolatria dos dias de Acabe e Jezabel dominasse o reino, o rei
de Judá, Josafá, ao contrário, desfez e mandou quebrar os altares construídos
nos montes aos deuses pagãos. Ele entendeu de início que o seu reino
prosperaria se voltasse a servir a Deus. Então ele enviou seus príncipes por
todas as terras do reino de Judá para ensinarem ao povo acerca do Deus de
Israel mediante a obediência e o respeito à Lei e aos mandamentos do Senhor.
Para tirar o povo da crise econômica e espiritual, Josafá cria fortemente que
só haveria uma reforma verdadeira e segura se o povo voltasse a reconhecer a
soberania de Deus. Seus príncipes, sacerdotes e levitas se dedicaram a visitar
todos os lugares do reino ensinando a Palavra de Deus.
Prosperidade
de Josafá no Reino de Judá
No terceiro ano de seu reinado, Josafá estabeleceu um
sistema para administrar a justiça em todos os lugares de Judá. Para tal
empreendimento, visando estabelecer ordem no reino, ele nomeou juízes capazes
para julgar as causas do povo em todo o reino. Eram pessoas de confiança do
rei, as quais deveriam administrar a justiça sem temor, sem favores nem
suborno.
Josafá levou o avivamento ao coração do povo por meio
do ensino do “livro da Lei”. Principalmente, os levitas e sacerdotes de
Jerusalém deveriam cumprir essa missão. De cidade em cidade, aos sábados,
especialmente, eles reuniam o povo nas praças. Como não havia sinagogas nem
templos fora de Jerusalém, esses comissionados do rei iam às praças e ensinavam
ao povo acerca dos seus deveres para com Deus, com o próximo e com o reino, com
a garantia da bênção de Deus. Essa ação promoveu um grande avivamento
espiritual no coração do povo. Deus honrou a Josafá, e um grande exército — com
aproximadamente 700 mil homens valentes — estava à disposição para defender a
sua terra e o reino. Temos a tendência de diminuir nossa devoção ao Senhor
quando gozamos de prosperidade, quando não falta dinheiro no bolso, quando
temos saúde abundante, quando tudo está aparentemente em paz. Muitos líderes em
seus sucessos se esquecem de buscar ao Senhor e passam a agir por conta
própria, sem consultar nem depender de Deus. Josafá começou a agir com atitude
independente e começou a errar.
AMEAÇAS
ENFRENTADAS POR JOSAFÁ A Perigosa Aliança Feita com Acabe
Ainda nos dias de Acabe, rei de Israel — um rei que
trouxe desgraça para o povo de Deus porque não temia ao Senhor —, o rei Josafá,
desejando que houvesse paz entre os dois reinos, faz uma aliança com a casa de
Acabe. Josafá e Acabe negociam o casamento de Jorão, filho de Josafá, com a
filha de Acabe e Jezabel, chamada Atalia. Jezabel tinha uma forte influência
sobre seu marido, Acabe, e, naturalmente, sobre seus filhos. Não foi diferente
com Atalia, que preferia os deuses fenícios ao Deus de Israel. Nessa aliança,
Acabe e Josafá entraram em guerra contra os tiros a fim de tomar a Ramote-Gileade. Acabe
tramou um plano pernicioso para que Josafá fosse morto e ele levasse a fama da
guerra. Nesse tempo, enquanto estão na guerra, Atalia, mulher de Jorão, toma
posse do trono de Judá, levando Israel à apostasia por seis anos. Quando Josafá
volta ao seu lugar no reino de Judá, entendeu o perigo do jugo desigual com os
incrédulos.
Josafá deixou de buscar ao Senhor e passou a
agir por si mesmo, confiado apenas na sua capacidade de governante. Por outros
interesses, fez aliança com Acabe, que era um rei perverso e sem o menor temor
de Deus no seu coração. Essa aliança não agradou ao Senhor porque punha o seu
povo em perigo. Essa aliança foi selada com o casamento com a filha de Acabe,
um parentesco que lhe traria derrota moral, física e espiritual.
Repreensão
de Deus por meio do Profeta Jeú
Josafá, sem
consultar a Deus, fez uma aliança com Acabe, rei de Israel. Foi uma aliança
militar que produziu uma derrota para ambos os reinos. Deus levantou ao profeta
Jeú, que condenou a aliança com Acabe, um rei inimigo de Deus e do povo de
Israel. Mas Deus conhecia o coração de Josafá e sabia que havia temor, a
despeito da atitude precipitada que havia tomado na aliança que fez com Acabe.
Por isso, a ira de Deus foi desviada de Josafá, porque este havia resgatado o
verdadeiro culto a Jeová. Josafá resgatou a ordem de justiça na terra de Judá,
e um novo sentimento de segurança nas famílias, de justiça, de prosperidade
material e espiritual passou a dominar o coração do povo. Depois da repreensão,
Josafá humilha-se perante o Senhor e, além das reformas estruturais no governo
das cidades de Judá, restabelece o lugar de Deus na vida do povo.
Josafá
Enfrenta Ameaças contra o seu Reino
Em meio às mudanças positivas que Josafá realizou em seu reino, surge
uma crise política externa provocada pelos moabitas, que declararam guerra
contra Judá. A informação chegou a Jerusalém de que um forte exército estava
marchando para a cidade santa. Foi uma terrível
notícia, e, então, Josafá convoca o povo para
um jejum nacional com oração a Deus para o Senhor interferisse naquele ataque
de Moabe.
Um pouco antes desse ataque dos moabitas
contra Judá, conforme está descrito no capítulo 18, Acabe e Josafá firmam uma
aliança contra os moabitas e amonitas. Eles partiram para a guerra contra esses
povos, e a batalha foi trágica em Ramote-Gileade da Síria. Nessa batalha, Acabe
foi ferido (2 Cr 18.33,34). Acabe tramou uma situação em que Josafá viesse a
ser morto, mas os amonitas e moabitas viram que Josafá não era Acabe, por isso,
não o mataram (1 Rs 22.1-38; 2 Cr 18.28-32). Sem dúvida, o Senhor o protegeu.
Por essa razão, Josafá foi repreendido pelo profeta Jeú, principalmente pelo
fato de ter-se aliado com Acabe (2 Cr 19.1,2).
Visto que estava seguro de que suas
fronteiras eram bem protegidas e não corriam o risco de serem ultrapassadas,
Josafá se descuidou. Os amonitas, os edomitas e os moabitas uniram forças para
invadir Judá cruzando o Mar Morto em direção a En-Gedi com muitos soldados,
cavalos e armas de guerra. Então, Josafá, consciente do erro que havia cometido
na sua aliança com Acabe, entendeu que Jeová, o Senhor Todo-Poderoso, o Deus de
seu povo, poderia salvá-lo, bem como ao povo de Judá, de serem destruídos pelo
inimigo.
ATITUDES
VITORIOSAS PARA ENFRENTAR AS AMEAÇAS
Josafá precisou
agir rápido, com atitudes que fossem capazes de mudar o estado de espírito do
povo, que estava assustado com a aproximação de um grande exército formado com
aliados inimigos do reino de Judá. Essas atitudes requeriam a união de todo
povo, e todas as famílias responderam positivamente ao apelo do rei.
Josafá
Propõe ao Povo Invocar o Nome do Senhor
Josafá, mediante a ameaça dos moabitas, convocou o povo em jejum e
oração juntamente com ele. Na sua oração, Josafá reconhece a soberania de Deus
sobre todas as coisas e como sendo o único que poderia intervir naquela
situação (2 Cr 20.6-12). Jejum e oração são dois ingredientes eficazes para
solucionar o problema. Todo o povo de Judá sabia e, reunido numa demonstração de fé e confiança em Deus,
aceitou o pedido do rei Josafá de clamar pelo Senhor em seu socorro. Era uma
nação inteira buscando a Deus. Nossa nação brasileira está vivendo uma de suas
maiores crises, que abrange a todos econômica e moralmente, porque a mentira, o
engano e a incredulidade campeiam as mentes. É tempo de as igrejas se unirem para
orar e jejuar pedindo a intervenção divina. A prática do jejum e da oração
quase não mais existe, e os cristãos estão à mercê dessa tragédia moral e
espiritual na nossa nação. Nenhum cristão verdadeiro duvida do poder da oração.
Aquela atitude do rei Josafá significa um ato de humilhação nacional em total
dependência de Deus. Era a admissão de culpa e a intenção de alcançar a
misericórdia e o socorro divino para aquela situação inevitável. O povo atendeu
ao apelo do rei Josafá, começando ali um grande avivamento espiritual na vida
de todos. Não há crise que não possa ser vencida quando confiamos no Senhor.
Davi, em um dos seus cânticos disse: “Uns confiam em carros, e outros, em
cavalos, mas nós faremos menção do nome do Senhor, nosso Deus” (SI 20.7).
Nos grandes desafios da igreja atual, quando
ameaçada por circunstâncias materiais, morais e espirituais, as soluções
espirituais têm sido menosprezadas por soluções meramente humanas. E tempo de
restaurar a invocação ao nome do Senhor! Jejum e oração são práticas raras nos
tempos modernos, mas sempre estiveram na experiência dos grandes servos de Deus
(2 Co 6.5). Jesus declarou que aquela casta de demônios que dominava um pobre
homem só seria expelida “pela oração e pelo jejum” (Mt 17.21).
Deus Fez
o Povo Ouvir a Voz Profética de Jaaziel
Mesmo em meio à crise, Deus sempre tem alguém que ouve a sua voz e se
torna voz profética para o seu povo. Foi o que Deus fez em Judá. No meio do
povo de Deus sempre haverá espaço para ouvir a palavra do Senhor por meio de
seus profetas. O Senhor não falava só nos tempos históricos, mas ainda fala
pelo “dom da profecia” na sua igreja, porque cremos na atualidade dos dons
espirituais. Deus levantou Jaaziel, que profetizou para o povo e levantou o
ânimo de todos. Na palavra profética, Deus disse que o seu povo não entraria em
guerra, com estas palavras:
“Nesta peleja, não tereis de pelejar; parai, estai em pé e vede a salvação do
Senhor para convosco, ó Judá e Jerusalém; não temais, nem vos assusteis;
amanhã, saí-lhes ao encontro, porque o Senhor será convosco” (2 Cr 20.17). Na
peleja contra o inimigo de nossas almas precisamos confiar no Senhor. Temos
dois modos de ouvirmos a voz profética em nossos dias. Aquele que profetiza
mediante a inspiração da palavra pregada e ensinada, bem como mediante o dom do
Espírito, quando o profeta ouve de Deus e transmite à igreja a mensagem divina
(Ef 4.11; 1 Co 12.10). Precisamos de um avivamento capaz de reativar os dons
espirituais na igreja.
0 Povo
Foi Estimulado a Louvar e Adorar ao Senhor
O rei Josafá não
teve dúvida da voz profética de Jaaziel (2 Cr 20.15). Desde o rei até ao mais
simples súdito do reino, todos aceitaram a mensagem de Deus e começaram a
adorar e a louvar ao Senhor (2 Cr 20.18,19). Os levitas, não só os que serviam
nos sacrifícios, mas aqueles que tinham a missão da adoração e do louvor,
começaram a louvar ao Senhor pela sua majestade santa, pela sua benignidade
eterna. Houve grande júbilo e a certeza da vitória que o Senhor daria ao seu
povo. O louvor, quando ministrado de forma a reconhecer a soberania divina, tem
o poder de abrir portas na presença de Deus. Quando o povo começou a adorar a
Deus, Josafá acalmou seu coração porque entendeu que o Senhor cumpriria a sua
palavra e nenhuma família se perderia. Quando os exércitos inimigos se
aproximaram de Jerusalém e ouviram o som dos louvores, diz a bíblia que
começaram a cair em emboscadas e se destruírem uns aos outros, sem que ninguém
do povo judeu precisasse fazer qualquer coisa. Os exércitos inimigos foram
desbaratados porque Deus os confundiu (2 Cr 20.24).
Josafá e todo o povo de Israel descobriram que as nossas batalhas sem
o Senhor na direção significam tragédia. Quando reconheceram a soberania de
Deus para fazer o impossível, não tiveram mais dúvidas: só o Senhor é capaz de
nos dar vitória para fazer valer sua palavra sobre nós. O povo de Judá e o seu
rei aprenderam a colocar Deus no seu verdadeiro lugar como Senhor e Rei
soberano, e o fizeram mediante o louvor e a adoração. Deus impediu que os
inimigos entrassem em
Jerusalém confundindo-os e, por isso, o povo
de Judá demonstrou gratidão a Deus pela vitória que o Senhor lhes concedeu.
CONCLUSÃO
A história de
Josafá é uma história de proezas políticas, econômicas e espirituais porque
tinha como referencial o seu pai Asa. Como homem, teve suas falhas, mas seu
coração ainda estava com o temor a Deus. Soube pedir perdão ao Senhor e
arrepender-se quando errava, e Deus se agrada de um coração contrito. Os fatos
da história de Josafá se constituem modelo para quem quer superar crises. Ele
buscou ao Senhor e reconheceu a soberania divina para solução de seus
problemas, louvando e adorando ao Senhor.
A oração e o
louvor a Deus constituem a arma secreta do crente na luta contra o Inimigo.
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