O temor do Senhor é o princípio
da sabedoria; bom entendimento têm todos os que lhe obedecem; o seu louvor
permanece para sempre.
— Salmos 111.10
A história de Salomão começa com
uma crise de sucessão no trono de Israel. Davi, obteve grandes sucessos como
guerreiro de grandes batalhas e de ter expandido as fronteiras da nação
israelita. Ao longo do seu reinado, Davi acumulou muitas riquezas, visando ao
sonho maior de sua vida que era a construção do Templo em Jerusalém, mas não
soube administrar bem sua família. Ao chegar à velhice, o reino estava sem o
governo pessoal, motivando a luta pelo trono. Já havia perdido alguns filhos, e
entre os que restaram estava Adonias, que era o quarto mais velho dos filhos
vivos (2 Sm 3.2,3). Ao inteirar-se de que Salomão era o preferido de Davi para
assumir o trono, Adonias não acatou a decisão do pai sobre Salomão.
A diferença entre Adonias e
Salomão era o fato de que Adonias era vaidoso, ambicioso e gostava de ostentar
pompa, sempre acompanhado de uma escolta de soldados do exército israelita
montados em cavalos pomposos. Não tinha sensibilidade espiritual, por isso,
resolveu aproveitar-se da enfermidade do seu pai para apoderar-se do trono.
Pior ainda foi a atitude de um dos mais fiéis aliados de Davi, o comandante
Joabe, que juntamente com Abiatar, que era um dos principais sacerdotes no reino,
com medo de perder sua posição de comando, apoiou Adonias na sua intenção. Os
dois, Joabe e Abiatar, que tiveram uma vida de lealdade para com o rei Davi,
deixaram-se persuadir de que Adonias assumiria o trono e eles estariam bem.
Traíram a confiança do velho rei. Davi, então, tomou uma atitude e empossou
Salomão no seu trono na presença de todo o povo e dos homens leais da corte do
reino. Davi reinou sobre Israel por quarenta anos (1025-985 a.C.). O sonho
maior da sua vida desde que assumiu o trono de Israel era de estabelecer um
lugar fixo para adorar a Deus e construir uma casa de adoração, um grande
Templo. Ao chegar aos 70 anos de idade, Davi ficou enfermo. Essa situação criou
algumas dificuldades no seu reino, com familiares e com homens da corte. Em
meio ao estado de saúde frágil, Davi foi informado de acontecimentos
desagradáveis que estavam produzindo um estado de insegurança no trono de
Israel. Então ele entendeu que estava chegando a hora da sucessão, e resolveu
indicar o seu sucessor. Contrariando a prática comum da sucessão pelos mais
velhos nos reinos do mundo, nenhuma lei impedia que Davi fizesse diferente.
Desde Absalão, por não ter a atenção do pai, e depois Adonias, ambos tiveram
problemas de relacionamento com o pai e criaram situações de conflito
achando-se aptos para assumir o trono, mas Deus mostrou a Davi que ele tinha
que tomar uma atitude firme para preservar o seu trono até a sucessão daquele
que Deus o havia declarado para sucedê-lo. O profeta Natã, que foi orientador
espiritual do reino de Davi, procurou a Bate-Seba orientando-a para que
lembrasse a Davi, seu marido, que o homem para sucedê-lo era o seu filho
Salomão, e assim o fez (1 Rs 1.11-18).
SALOMÃO É EMPOSSADO REI EM MEIO A CRISES
O personagem dessa história é Salomão. Por isso,
é ele que destacamos neste capítulo. A atitude de Salomão, nessa primeira fase
de sua vida, agradava ao Senhor, porque parecia ser a pessoa certa para
administrar a crise do reino de modo temente a Deus. Era uma crise que atingia
não só a corte do reino, mas todo o povo estava afetado pela insegurança
daquele momento. Em quem confiar? Como fazer para administrar aquela situação
para promover a paz no coração do rei e do povo? No caso de Adonias, sua
mente estava voltada para si mesmo e como tirar proveito daquela situação para
promover-se com traição e egoísmo. Mas Deus, o Senhor de Israel, estava com o
cetro de governo na mão. Davi, seu servo, apesar dos erros cometidos, era
alguém segundo o seu coração; por isso, Deus não permitiria que houvesse
divisão no reino. Davi sabia que seu sucessor seria alguém capaz de manter o
reino e glorificar o nome de Jeová.
0 Declínio do Reinado de Davi
A primeira grande crise enfrentada por Salomão
foi o declínio da saúde de Davi e tornar-se incapaz de resolver os problemas
internos do reino naqueles dias. Davi parecia ter perdido o vigor para
continuar a reinar sobre Israel. Um pouco antes de Salomão assumir o trono de
Israel, o reino parecia dividido quanto ao sucessor para o trono porque o rei
Davi estava fragilizado por lutas internas no reino. O velho rei ficou
fragilizado pela enfermidade e pela vulnerabilidade do seu reino, caindo em
situação insustentável na corte e com seus próprios filhos.
A Trama de Adonias, Joabe e Abiatar contra
Davi e Salomão
Adonias era, naquele contexto, o filho mais velho
da casa de Davi e, aproveitando-se da enfermidade do pai, começou a tramar a
sucessão sem consultar o pai, atraindo pessoas da corte para apoiá-lo. Se
trouxermos essa experiência do reino de Israel e a situação do rei Davi,
enfermo e enfraquecido no seu reino, para o contexto da igreja de Cristo hoje,
ficaremos assustados com o que acontece. Líderes que envelhecem e perdem a
força de governo na igreja acabam criando situações de conflito para a sucessão
pastoral. Nossos líderes, às vezes, perdem a noção do seu papel na igreja, e
pessoas com intenção egoísticas formam grupos que traem a confiança pastoral
gerando mal-estar no seio da igreja. Que o Senhor nos guarde dessas atitudes e
que nossos líderes saibam o tempo de passar o bastão para outro pastor.
No declínio momentâneo da realeza, o rei se
tornou alvo de traição, mentira e ambição. Adonias sentia-se com direito ao
trono e entendeu que o mesmo pertencia a ele por direito. Uma vez que seu pai,
o rei Davi,
estava enfermo e sem condições de tomar decisões sobre o reino, Adonias achava
que deveria assumir de imediato. O problema não era, apenas, a sucessão, mas o
oportunismo de um momento frágil do governo do seu pai, em que Adonias
imaginava que o grande guerreiro não estivesse lúcido o suficiente para decidir
a sucessão. Ele, então, tomaria a iniciativa, independentemente do conhecimento
do pai, e assumiria o trono. Era, na verdade, a tentativa de um golpe político
que ele armou, procurando conquistar a confiança de líderes do povo, para
assumir o trono. Na mente de Deus, o seu desígnio estava estabelecido, e nada mudaria
o plano para o futuro de Israel. Mesmo que não entendamos, às vezes, a lógica
divina nessas situações, devemos saber e reconhecer que Deus é perfeito em seus
pensamentos e o que pensa está acima dos nossos pensamentos e julgamentos.
Davi Entendeu a Vontade de Deus para a
Sucessão do seu Trono
Ao ser alertado sobre a trama que estava sendo
feita por Adonias, o rei Davi levantou-se do leito de enfermidade e começou a
agir. Bom é quando um servo de Deus na liderança se conscientiza do tempo do
seu trabalho. Lamentavelmente, muitos líderes se assenhoram do poder e perdem a
noção do tempo de Deus em suas vidas e ministérios. De pé e disposto a fazer o
que não poderia deixar para depois, Davi chegou à compreensão de que o seu
tempo havia chegado ao fim e que era o momento de outro líder assumir o trono.
Davi, certamente, teve tempo para refletir sobre tudo o que estava acontecendo
e, por isso, tão logo teve conhecimento dos problemas que estavam acontecendo,
tomou a iniciativa para entronizar seu filho Salomão no trono de Israel. Davi
estava consciente de que não construiria o Templo, mas o seu filho haveria de
construí-lo. Durante anos Davi fez tudo quanto pôde para realizar o sonho maior
do seu reino, e juntou muito material de construção para a realização do sonho
(1 Cr 22.1-5). Davi sabia que Deus não permitiu que Ele realizasse a obra da
construção do Templo em Jerusalém porque durante toda a sua vida ele fora um
homem de guerra (1 Cr 22.8), mas Deus lhe garantiu que o seu filho Salomão
haveria de construir o grande Templo.
Salomão tinha uma índole diferente e não seria
homem de guerra, mas seria um homem pacífico, inteligente e conciliador, sendo
fiel aos conselhos
do pai e com a consciência de ser o homem designado por Deus para construir o
grande Templo (1 Cr 22.9,10).
Salomão Foi Conduzido ao Trono de Israel
O rei Davi, confiante na direção de Deus, não
titubeou na ação de conduzir Salomão a assentar-se no trono de Israel e
proclamá-lo rei de Israel. Diz o relato histórico dessa posse que “Salomão se assentou
no trono de Davi, seu pai, e o seu reino se fortificou sobremaneira” (1 Rs
2.12). Davi ainda estava vivo quando deu posse ao trono para Salomão, mas
Adonias, ainda insatisfeito, esqueceu-se da salvação que recebera um pouco
antes, e tramou algumas situações para tomar o trono de Salomão, porque se
achava com direito ao trono e sentia-se traído por seu pai. Então ele aliciou
pessoas em todo o reino para o seguirem e fazerem frente a Davi e Salomão.
Adonias tramou algumas situações para ganhar o coração e o apoio do povo,
aproveitando-se da fragilidade do pai doente. Com astúcia, Adonias conseguiu o
apoio de Joabe, o grande general dos exércitos de Israel, e de Abiatar, que era
o sumo sacerdote, bem como de Simei, os quais se uniram em apoio à conspiração
de Adonias. Em sua cruzada contra Davi e Salomão, Adonias organizou uma grande
festa, típica para uma coroação, e fez um grande banquete fora dos muros da
cidade para não chamar a atenção. Mas a tentativa de golpe de Adonias foi
fracassada e os seus seguidores espalharam-se. Adonias teve que reconhecer que
Salomão era o rei e ele deveria submeter-se ao seu reinado. Com medo de ser
morto, Adonias, para salvar-se, segurou-se nas pontas do altar da Arca do
Concerto (1 Rs 1.49-53). Salomão, que não era sanguinário, ordenou que tirassem
a Adonias do lugar onde estava o altar e ordenou que não tocassem em nenhum fim
de cabelo de seu irmão.
Adonias Agarrou-se às Pontas do Altar para
não Ser Morto
Quando Salomão assumiu o trono, seu pai ainda
estava vivo. Adonias, sentindo-se rejeitado e sem entender a direção de Deus,
continuou a conspirar contra Salomão. Por causa da sua traição, ele poderia ser
morto. Mas, apavorado com a possibilidade de morrer, correu para o Santuário
e, chegando lá, “agarrou-se às pontas do altar”, lugar dos sacrifícios a Deus.
Era um lugar em que ninguém ousaria cometer uma violência. Por isso, Adonias
“pegou das pontas do altar”.
Mas
que altar era esse? No Tabernáculo de Israel, havia dois altares apenas. O
primeiro ficava no pátio do Tabernáculo, entre a porta de entrada e a porta do
Tabernáculo. O primeiro era o altar de sacrifícios e o segundo era o altar de
incenso, que ficava no Lugar Santo, espaço para o candelabro (candeeiro, castiçal)
e a mesa dos pães da proposição. O altar, que tinha quatro pontas (ou chifres)
e era feito com madeira de cetim e coberto com cobre, ficava no pátio onde eram
feitos os sacrifícios. Foi nas pontas desse altar que Adonias, no desespero
para não morrer, agarrou-se. A simbologia desse altar é a misericórdia e a
justiça de Deus. O texto da Bíblia na versão Almeida Revista e Corrigida diz
que Adonias foi “e pegou das pontas do altar” (1 Rs 1.50) e assim sua vida foi
salva da morte. Adonias tornou-se reincidente na sua ambição pelo trono, mesmo
tendo sido liberto da morte ao “agarrar-se nas pontas do altar”. Logo em
seguida, continuou conspirando contra Salomão e acabou sendo morto (1 Rs 2.25)
e não escapou da traição que fizera Joabe (1 Rs 2.31).
SALOMÃO SUBMETE-SE A DEUS PARA REINAR
Dos quatro filhos que Davi teve em Jerusalém,
Salomão foi o quarto filho. Do primeiro filho de Bate-Seba, o rei pagou um
preço caríssimo pelo seu pecado, mas Deus o perdoou, mesmo que aquele filho não
tenha sobrevivido. Quando nasceu esse segundo filho de Bate-Seba, Davi o chamou
Salomão, e diz o texto que “O Senhor o amou” (2 Sm 5.14). Porém, Natã, o
profeta, o chamou Jedidias, cujo significado era “amado do Senhor”. Prevaleceu
o nome que Davi lhe dera: Salomão (2 Sm 12.24,25).
Nos desígnios divinos, Salomão se tornou o homem
que Deus elegeu para ser o futuro rei no lugar de Davi, seu pai. Quando Salomão
foi empossado no trono, o reino era grande e forte, porque Davi fez prosperar o
reino, ainda que o estilo de governo tenha sido um tanto doméstico, porque ele
manteve o modelo patriarcal da vida do povo. Porém, quando Salomão assumiu o
reino, estabeleceu um modelo de estado, que passou a ser respeitado pelas
nações ao seu redor. Ao assumir o reino,
Salomão teve a humildade de respeitar a liderança de Davi, ouvindo-lhe sobre o
modo de administrar a nação e manter-se fiel ao Senhor de Israel.
Salomão Recebe Conselhos de seu Pai
Antes de sua morte, o velho rei Davi convocou seu
filho Salomão para aconselhá-lo e orientá-lo sobre o reino. Não queria que seu
filho cometesse os mesmos erros cometidos durante seu reinado. Apesar de
algumas fraquezas , Davi não deixou de ser “o homem segundo o coração de Deus”.
Ele estava seguro da vontade soberana de Deus naquela transição e sucessão para
seu filho Salomão. Por isso, seus últimos conselhos foram fortes, quando instou
com Salomão para que fosse fiel e obediente a Deus para dirigir os destinos do
seu reinado com prudência e sabedoria. Logo a seguir, Davi morre depois de 40
anos de um reinado de grandes conquistas para Israel, e Salomão dá continuidade
a um reinado de prosperidade e bênçãos de Deus.
Salomão Aprendeu a Amar a Deus e Depender
dEle
Depois do sepultamento do pai, Salomão buscou ao
Senhor para reinar em Israel. O texto bíblico diz que Salomão amava a Deus e,
por isso, consciente de sua inexperiência, foi a um dos montes altos chamado
Gibeão, onde ficava, também, a Arca da Aliança, para oferecer holocaustos a
Deus e receber dEle a sabedoria de que precisava (1 Rs 3.4). Foi no monte Gibeão,
numa das noites de preocupação com o reino e como administrá-lo, que Deus falou
com Salomão em sonhos. Foi um verdadeiro encontro com Deus. Nesse sonho,
Salomão ouviu tudo o que precisava saber, porque o sonho foi um modo especial
de Deus falar ele e o novo rei abriu o coração para Deus em oração. Em sua
oração, Salomão pediu a Deus sabedoria para poder reinar sobre o povo de
Israel. Essa atitude humilde de Salomão agradou a Deus, que se dispôs a fazer
muito mais do que o rei estava pedindo. Deus lhe disse: “Pede o que quiseres
que te dê” (1 Rs 3.5). O jovem rei, obediente aos conselhos do pai, entendeu
que não conseguiria reinar com segurança sem obter sabedoria para saber reinar.
Salomão Teve o Cuidado Inicial de Honrar o Desejo
do Rei Davi
O seu pedido por sabedoria para
saber reinar sobre o povo de Israel agradou a Deus, e Salomão partiu não
somente para administrar os assuntos da corte, mas para realizar o sonho de seu
pai. Uma das primeiras ações de Salomão foi a de absorver o sonho de Davi, seu
pai, que era a construção do grande Templo em Jerusalém (1 Rs 3.2-4).
O desejo de Davi era juntar o
povo de Israel num só lugar para adorar a Deus. Davi não somente juntou os
materiais de construção do grande Templo de Deus, mas visualizou o futuro planejando
toda a liturgia que seria realizada no grande Templo. Essa liturgia envolvia o
trabalho sacerdotal, o serviço diário dos levitas, as bandas e corais de música
e cada coisa própria do Tabernáculo. Portanto, toda a liturgia da vida
religiosa de Israel foi organizada e os planos foram entregues a Salomão. A
necessidade de congregar o povo num só lugar e a dificuldade do povo e do
próprio rei para subir para os montes, especialmente em Gibeão, para sacrificar
ao Senhor (1 Rs 3.3,4) fez com que Salomão partisse para a ação. Essa
dificuldade vinha desde os tempos anárquicos dos juízes. Por isso, construir
uma casa para Deus em lugar fixo era uma necessidade de todo o povo, além de
manter a união das famílias e fortalecer o reino de Israel. Esse sonho planejado
por Davi foi confiado a Salomão para a sua realização.
Salomão Foi
Humilde ao Pedir a Deus Sabedoria para Saber Governar
Todo e qualquer líder da obra de
Deus precisa sempre reconhecer que os assuntos cotidianos da vida do povo de
Deus precisam ser tratados com graça e sabedoria. Ao assumir o trono de Davi, o
jovem rei Salomão sentiu o peso da responsabilidade e, por isso, ao orar a
Deus, não pediu riquezas materiais, ou qualquer outra coisa que lhe trouxesse
apenas vantagens pessoais. Ele foi humilde diante de Deus e “se considerou
menino” para tão grande responsabilidade. Ele pediu sabedoria para saber
discernir as várias situações sociais, políticas e espirituais que estariam
presentes no seu reino. Ele tinha um espírito reto e, por isso, queria agir com
justiça em todas as causas. Em vez da espada, o diálogo e o bom senso. Essa
atitude sincera agradou a Deus, confirmada pelo texto bíblico que diz: “E esta palavra
pareceu boa aos olhos do Senhor, que Salomáo pedisse esta coisa” (1 Rs 3.10).
Aprendemos que é bom obter sabedoria e ciência, mas todo conhecimento que
pudermos obter no mundo dos homens não é superior à “sabedoria do alto”, porque
a sabedoria do alto implica um fluir do Espírito na mente daquele que a usa
para glória de Deus.
SALOMÃO DEMONSTRA SUA SABEDORIA PARA
EDIFICAR 0 TEMPLO
Israel era, até então, uma nação isolada que
pouco se comunicava com as nações próximas. A ideia de ser um povo exclusivo de
Deus também desenvolveu uma cultura de exclusivismo, para não correr o risco de
influências pagãs no seio do povo de Deus. Mas Salomão, diferentemente do seu
pai, entendeu que Israel poderia ser uma nação líder no Médio Oriente, mantendo
uma relação amistosa de política e comércio com as mesmas. Naturalmente, ele,
com inteligência, fortaleceu seus exércitos e fez das cidades de Israel
verdadeiras fortalezas. Todas as rotas de comércio eram bem protegidas e as
fronteiras muito bem guarnecidas pelos seus exércitos.
Salomão Usa sua Sabedoria no Trato com as
Nações Adjacentes
Em vez de fazer guerras com as nações adjacentes
a Israel para conquistar espaço e riqueza como fazia seu pai Davi, Salomão usou
de sua sabedoria para abrir o espaço ao diálogo com as nações vizinhas. Como
ele precisava de materiais para construir o grande Templo de Jeová, fez acordos
políticos de comércio com vários reis das nações adjacentes a Israel. Fez isso
com o rei Flirão, na Fenícia, para obter deles a cooperação de matéria-prima,
como cedro e pedra especial. A proposta de cooperação entre Salomão e Hirão
teria a reciprocidade comercial. O cedro do Líbano era madeira cobiçada pelos
reis de todas as nações, e Salomão conseguiu convencer essas nações e seus reis
a manter uma relação de paz entre os reinos. Salomão negociou com Hirão uma
forma de pagamento justo. As madeiras desejadas eram cedro e faia, ou seja, provavelmente significa cipreste (1 Rs 5.6,8)- Os dois reis,
Salomão e Hirão, puseram trabalhadores profissionais em corte de madeira e de
pedras para os trabalhos artísticos. Essa relação foi positiva para ambos e
demonstra o dedo de Deus orientando a preparação para a grande construção.
Precisamos, em nossos tempos modernos, de homens tementes a Deus que saibam
defender os interesses do Senhor na vida política, na igreja.
0 Legado Material de Davi para a Construção
do Templo
Durante muitos anos, o rei Davi teve o cuidado de
acumular muitas riquezas com o objetivo de construir o grande Templo. Nas suas
guerras, Davi, pelos direitos internacionais, tomava os despojos das guerras em
ouro, prata, cobre, bronze e pedras preciosas e os trazia para Jerusalém (1 Cr
22.14). Essa riqueza acumulada por Davi chegou a totalizar 3.400 toneladas de
ouro, 34.000 toneladas de prata e uma grande quantidade de bronze, ferro,
madeira e pedras. Juntou muitas pedras preciosas.
Antes de morrer, ao passar o trono para Salomão,
Davi entregou toda essa riqueza acumulada de forma pública a Salomão. Davi fez
mais, acrescentou seu tesouro pessoal aos materiais acumulados e estimulou os
líderes de Israel a contribuírem para o mesmo propósito (1 Cr 29.1-10).
Salomão Construiu o Templo de Deus em
Jerusalém
Com as plantas arquitetônicas do Templo entregues
por Davi a Salomão, do modo como o Senhor lhe dera (1 Cr 28), Salomão partiu
para a ação. Fez a requisição de trabalhadores para a obra da construção e todo
o Israel se dispôs a fazer o melhor, porque estava feliz com o reino de
Salomão. O que é mais importante acerca de um Templo para servir a Deus é o
encontro do povo num lugar fixo para adorá-lo e ter a certeza de que Ele estará
presente. Salomão escolheu um lugar que ficava localizado no monte Moriá, que
era um lugar onde Davi havia erigido um altar ao Senhor para que cessassem as
pragas sobre a terra (2 Sm 24.16-25; 1 Cr 21.15-25). Esse lugar no monte Moriá
é, possivelmente, o mesmo lugar onde Abraão tinha oferecido seu filho Isaque em
sacrifício (2 Cr 3.1; Gn 22.2). Durante sete anos, com os materiais existentes, Salomão
construiu o Templo. O projeto arquitetônico do santuário obedeceu ao princípio
e modelo que Deus dera a Moisés para o Tabernáculo. A partir da existência do
Templo, o centro da adoração ao Senhor seria fixado em Jerusalém e todas as 12
tribos de Israel viriam a Jerusalém para adorar ao Senhor e oferecer seus
sacrifícios.
0 Poder da Presença da Arca do Concerto na
Vida de Israel
Salomão sabia, por experiência, que a coisa mais
importante no Templo seria a presença da Arca da Aliança, aquela Arca feita no
tempo de Moisés, que estava no monte Gibão e deveria ser trazida para Jerusalém
e ser colocada no Santuário construído, o Lugar Santíssimo. Salomão sabia que a
presença da Arca produzia grande gozo no coração do povo. Era o símbolo seguro
da presença de Deus. A ausência da Arca significaria derrota espiritual e a não
presença de Deus no meio do povo. Em experiência ruim no passado, os filisteus
levaram a Arca do Senhor para o templo de Dagon (1 Sm 4.17). A mulher de
Fineias, sacerdote em Israel e filho de Eli, estava grávida de um filho e ao
ter noticias da morte de seu marido e de terem os filisteus levado a Arca para
Asdode, cidade dos filisteus, a mulher de Finéias encurvou-se e deu a luz o
filho, o qual chamou-lhe: ICABO, que significa em hebraico: “Foi-se a glória de
Deus” (1 Sm 4.19-22). Isto aconteceu, aproximadamente, em 1094 a.C. Entretanto,
em 982 a.C., mais de cem anos depois, a situação é outra. A Arca da Aliança
havia voltado para o povo de Israel e, com o lugar fixo em Jerusalém, não
ficaria mais em lugares provisórios, como em Tabernáculos, mas ficaria no
templo construído ao Senhor em Jerusalém, trazendo muita alegria para todos. Na
igreja não precisamos de uma Arca, nem de qualquer objeto material para
sinalizar a presença de Deus. O Espirito Santo preenche plenamente com sua
presença na igreja.
0 Grande Templo É Inaugurado com a
Presença da Glória de Deus
Salomão convocou todos os chefes das tribos de
Israel e todos os homens e mulheres da corte para o ato inaugural do grande
Templo. Todos os utensílios da Casa do Senhor foram trazidos para os devidos
locais no Templo, inclusive a Arca da Aliança. Depois de colocada no Lugar Santíssimo, os
sacerdotes ofereciam no altar de sacrifícios no pátio do Templo cordeiros e
bezerros como oferta de holocausto a Deus em gratidão à grande bênção do
Templo.
O
Templo não seria apenas um grande edifício, mas seria a Casa de Deus, onde a
sua presença seria marcada pela simbologia da Arca da Aliança. Ao ministrarem
diante da Arca da Aliança, a glória de Deus desceu sobre aquele lugar na forma
de uma nuvem especial que fez todos tremerem mediante a presença inequívoca de
Deus. Antes, um pouco, da manifestação gloriosa de Jeová sobre aquele lugar,
Salomão trouxe à lembrança toda a história do sonho de seu pai, o rei Davi. O
Senhor confirmou sua presença com a glória da nuvem que encheu toda a Casa do
Senhor (1 Rs 8.10) e os sacerdotes não podiam manter-se em pé para ministrar
por causa da glória de Deus naquele lugar (1 Rs 8.20). Salomão orou a Deus
diante do altar do Senhor e intercedeu pelo povo e pela paz e justiça. Depois
abençoou o povo, que ofereceu sacrifícios perante a face do Senhor (1 Rs
8.62-64).
SALOMÃO, VENCIDO PELA ARROGÂNCIA
Salomão começou com humildade e dependência de
Deus, mas o sucesso de seu reino e a admiração dos reinos adjacentes o fez
perder a visão de Deus e a autodepender de sua inteligência. O cuidado que
deveria ter em não fazer alianças que trouxessem maus costumes e idolatria para
o meio do povo foi abandonado por Salomão. Para obter lucro com as outras
nações, ele começou a fazer alianças e trazer para o seu harém muitas mulheres
estrangeiras. No capítulo 9 (1 Reis), Deus fez várias advertências quanto à
obediência à sua Palavra, tanto para o povo quanto para o rei. Salomão se
deixou influenciar por pessoas nas alianças políticas que fez com várias
nações. Para tanto, fez do casamento com mulheres desses reinos a ferramenta
diplomática para obter concessões. Naquele tempo, os povos de cidades-estado,
tribos ou nações faziam alianças e selavam essas alianças políticas dando em
casamento uma filha, ou um filho para efetivarem alguma aliança. Salomão perdeu
o senso de servo de Deus para os interesses do seu povo e teve muitos
casamentos (1 Rs 11.2). Esses casamentos mistos trouxeram para dentro do palácio
de Salomão muitos costumes estranhos aos
princípios morais e éticos do povo de Israel, além de induzirem Salomão à
idolatria e à libertinagem.
Dominado
pelo espírito sensual, as muitas esposas e concubinas em seu harém perverteram
o seu coração, e Salomão passou a fazer tudo o que elas desejavam. Porém, o
pior de tudo isso foi a perversão do seu coração para outros deuses, que o
levaram a oferecer sacrifícios e cultos a deuses como Moloque, Milcom e
Astarote, permitindo que se fizessem altares a esses deuses (1 Rs 11.5-7).
Quando o homem perde o domínio do Espírito na sua vida, torna-se presa fácil do
pecado. A apostasia de Salomão o fez se esquecer da fidelidade de seu pai ao
Deus de Israel. Mesmo tendo conhecido a misericórdia divina para com a sua vida
e ter sido abençoado em seu reino, Salomão perdeu-se ao final de sua vida. Ele
não soube se manter fiel ao Senhor. Mas a ira de Deus contra Salomão foi o seu
esquecimento das vezes que em que se revelara a ele de modo especial. Por causa
do seu pecado de abandono ao Senhor, seu reino, depois de 40 anos, começaria a
ruir. Seus filhos o sucederam e não foram melhores que ele. Os adversários
perceberam o enfraquecimento do reino de Salomão, e não demorou muito tempo
para que invadissem a terra de Deus e fizessem de Israel escravo de outros
reis. Logo depois da morte de Salomão, o reino foi invadido e saqueado de suas
riquezas. Em 1 Reis 11.41-43 temos o relato da morte de Salomão, que acabou
vencido por sua displicência espiritual.
CONCLUSÃO
A lição maior que aprendemos com Salomão é o fato
de que não basta começarmos bem, mas precisamos terminar bem. Salomão ignorou
as advertências de Deus e não soube guardar a palavra de Deus em seu coração,
antes se deixou perverter por uma vida libertina. As consequências seriam
inevitáveis. Salomão não soube, ao final de sua vida, manter sua fidelidade aos
ditames de Deus. Por isso, para que a glória de Deus seja mantida na nossa
vida, devemos corresponder à expectativa divina, sendo fiéis ao Senhor. A
superação de crises morais e espirituais é efetivada quando mantemos nossa
adoração e fidelidade ao Senhor.
O sábio não é aquele que sabe mais do que os outros; é aquele que
descobre em Deus a fonte da sabedoria.
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