Quando João
Batista apareceu pregando (3.1) o povo ficou entusiasmado. Eles consideravam
João um grande profeta, e estavam certos de que a tão esperada era do Messias
havia chegado. João falava como os profetas de antigamente, dizendo que o povo devia
abandonar o pecado, evitar o castigo e voltar-se para Deus a fim de experimentar
sua misericórdia e aprovação. Essa é uma mensagem que serve para todos os
tempos e lugares, entretanto, estava sendo transmitida com uma urgência
particular porque João estava preparando o caminho para o Messias e o seu
Reino. Você tem um senso de urgência em relação àqueles que ainda precisam
ouvir a mensagem?
3.1 E, naqueles dias, apareceu João Batista pregando
no deserto da Judéia. Nessas poucas palavras Mateus faz um resumo da história
que Lucas, por sua vez, iria registrar com muitos detalhes (veja Lc 1.5-25; 39-45,57-80).
João apareceu pregando uma mensagem de
arrependimento. A palavra traduzida como “pregar” vem de uma palavra grega que
significa “ser um mensageiro, proclamar”. Mateus descreveu João como um mensageiro
que proclamava notícias sobre o futuro Rei, o Messias. O título “Batista” servia
para diferenciar esse João de muitos outros homens que tinham o mesmo nome, e o
batismo era uma parte importante do seu ministério (3.6).
A mãe de João,
Izabel, era prima de Maria, mãe de Jesus, portanto Jesus e João Batista eram
primos distantes. E possível que se conhecessem, mas provavelmente João não sabia
que Jesus era o Messias até o momento de batizá-lo (veja 3.16,17).
3.2 Arrependei-vos, porque é chegado o Reino
dos céus. A pregação de João Batista estava dirigida principalmente a essa
mensagem - preparar os corações para a vinda do Messias. Mas essa preparação só
aconteceria através do arrependimento. João exortou o povo a arrepender-se dos
seus pecados e se voltar para Deus. Para alcançar o verdadeiro arrependimento,
as pessoas precisavam fazer as duas coisas. João pregava que as pessoas não
podiam afirmar que criam para depois viverem da maneira que desejassem (veja 3.7,8). O pecado é errado, e
as pessoas precisavam mudar a sua atitude e também a sua conduta.
Por que precisavam
dessa mudança tão radical? Porque é chegado o Reino dos céus.
Essa frase indica
uma realidade presente e uma esperança para o futuro. Atualmente, Jesus Cristo
reina no coração dos crentes, mas o Reino do Céu não se realizará plenamente até
que todo o mal do mundo seja castigado e eliminado. Cristo veio à terra,
primeiro como um Servo Sofredor, mas virá novamente como Rei e Juiz para reinar
vitoriosamente sobre toda a terra.
3.3 Isaías mencionou João quando disse que
ele era a Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.
Isaías foi um dos maiores profetas do Antigo Testamento e um dos que mais foram
citados no Novo. Isaías registrou a promessa de Deus de trazer de volta os
exilados na Babilônia. Ele também escreveu sobre a vinda do Messias e a pessoa que
iria anunciar essa vinda, João Batista (Is 40.3). Como Isaias, João era um
profeta que exortava as pessoas a confessar seus pecados e viver para Deus. A
palavra preparai refere-se a aprontar alguma coisa, e a palavra caminho também pode
ser traduzida como estrada. Esse quadro pode ter sua origem num antigo costume
do oriente médio de enviar primeiro os servos de um rei para
nivelar e limpar as estradas e deixá-las prontas para serem percorridas por ele
na sua viagem. O povo de Israel precisava preparar sua mente para,
ansiosamente, aguardar seu Rei, o Messias.
3.4 João tinha a sua veste de pêlos de camelo
e um cinto de couro em tomo de seus lombos. Sua roupa era
parecida com a do profeta Elias (2 Rs 1.8), também considerado um mensageiro que
ia preparar o caminho para Deus (veja Ml 3.1; 4.5). A notável semelhança de
João com o profeta Elias reforçava sua surpreendente mensagem e servia para
diferenciá-lo dos líderes religiosos cujas vestes esvoaçantes refletiam o grande
orgulho que sentiam pela sua posição (12.38,39). Tendo se afastado do mal e da hipocrisia
dos seus dias, João vivia de forma diferente das outras pessoas para mostrar
que a sua mensagem era nova. Seus alimentos, gafanhotos e mel silvestre eram
muito comuns para a sobrevivência nas regiões do deserto.
3.5 Então, ia ter com ele Jerusalém, e toda a
Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão. João atraía tantas pessoas
porque era o primeiro
profeta verdadeiro depois de quatrocentos anos. Sua explosão contra Herodes e
os líderes religiosos era um ato de coragem que fascinava muitos dentre o povo.
Mas João também
tinha palavras fortes para outras pessoas da sua audiência, pois também eram
pecadores e precisavam se arrepender. Sua mensagem era poderosa e verdadeira.
3.6 Confessando os seus pecados. A confissão é
mais que um simples reconhecimento dos próprios pecados; ela representa uma
aceitação do veredicto de Deus sobre o pecado, e é a expressão do desejo de se
livrar deles e viver para Deus. Confessar significa mais que uma resposta
verbal, uma afirmação ou louvor.
Significa
concordar em mudar para passar a viver uma vida de obediência e serviço. Depois
disso, eram por João batizados no rio Jordão. Quando você lava as mãos sujas, o
resultado pode ser visto imediatamente. Mas o arrependimento acontece no
interior da pessoa, com uma purificação que não pode ser vista naquele momento.
Portanto, João usou um ato simbólico que as pessoas podiam ver: o batismo. Para
batizar, João precisava de água e ele usou a água do rio Jordão.
3.7 João batizava alegremente todas as
pessoas arrependidas que o procuravam, confessando seus pecados e desejando
viver para Deus. Mas quando João viu muitos fariseus e saduceus ele teve uma
explosão de ira por causa da hipocrisia desses líderes religiosos. Os fariseus haviam
se afastado de tudo que fosse não judeu e obedeciam cuidadosamente as leis do
Antigo Testamento e as tradições orais transmitidas através dos séculos. Os
saduceus acreditavam que somente o Pentateuco (Gênesis - Deuteronômio)
representava a palavra de Deus. Mas João os denunciou exclamando: Raça de
víboras. João havia criticado os fariseus dizendo que eram legalistas e
hipócritas por obedecerem minuciosamente à lei, mas ignorando o seu verdadeiro
propósito.
Ele havia
criticado os saduceus por usarem a religião para melhorar sua situação
política.
Obviamente, ele
duvidava da sinceridade do seu desejo de serem batizados. João os chamou de
raça de víboras (Jesus também usou esse termo - ver 12.34; 23.33), denunciou
que eram perigosos e astutos e sugeriu que eram filhos de Satanás (veja Gênesis
3; João 8.44).
Sua pergunta tinha
um sarcasmo agudo: Quem vos ensinou a fugir da ira futura? Os líderes religiosos
sempre haviam considerado a ira futura como um castigo para os gentios. João aplicou
o mesmo procedimento aos líderes religiosos e a razão da sua rispidez está
revelada nas suas palavras seguintes.
3.8 O verdadeiro arrependimento é visto através
dos atos e do caráter que ele produz. Os fariseus e saduceus acreditavam que monopolizaram a
justiça. Mas a maneira como viviam revelava o seu verdadeiro caráter. Portanto,
João disse: Produzi, pois, frutos dignos de
arrependimento. João Batista exortava as pessoas a praticar mais que palavras
ou rituais; ele pedia que mudassem seu comportamento. Se realmente abandonamos o
pecado e nos voltamos para Deus, nossas palavras e atividades devem refletir
aquilo que dizemos. Deus julga as nossas palavras pelos atos que as acompanham.
Será que os seus atos combinam com as suas palavras?
3.9 João continuou: E não presumais de vós mesmos,
dizendo: Temos por pai a Abraão.
Isso não prova
nada. Com o passar dos anos, os judeus haviam erroneamente decidido que a promessa
feita aos patriarcas era uma garantia a todos os seus descendentes, não
importava a maneira como agiam ou aquilo em que acreditavam. João explicou,
entretanto, que o fato de confiar em Abraão como ancestral não qualificava
ninguém para o Reino de Deus.
Provavelmente,
João apontou as pedras no leito do rio e disse: Mesmo destas pedras Deus pode
suscitar filhos a Abraão. Mais tarde, o apóstolo Paulo iria explicar isso aos
romanos: “Nem todos os que são de Israel são israelitas; nem por serem
descendência de Abraão são todos filhos... mas os filhos da promessa são contados
como descendentes” (Rm 9.6-8).
3.10 E também, agora, está posto o machado à
raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e
lançada no fogo. A mensagem de Deus não mudou desde o Antigo Testamento. As pessoas
continuarão a ser julgadas pelas suas vidas improdutivas. Assim como a árvore frutífera
deve produzir frutos, o povo de Deus deve produzir uma colheita de boas ações
(3.8). João comparou as pessoas que afirmam crer em Deus, mas não vivem para Ele,
a árvores improdutivas que deverão ser cortadas. O machado está à raiz das
árvores, a postos e pronto para cortar essas árvores que não produzem bons
frutos. Elas não serão somente cortadas, mas lançadas no fogo, o que significa
uma completa destruição. As pessoas que se intitulam cristãs, mas que nada fazem
a esse respeito, deixam de desfrutar a preciosa comunhão com Deus.
3.11 Eu vos batizo com água para o arrependimento.
João explicou que o batismo demonstrava arrependimento. Esse era o começo de um
processo espiritual. O batismo era um sinal “exterior” de comprometimento.
Para ser
eficiente, devia ser acompanhado de uma mudança “interior” de atitude que levasse
a uma mudança de vida. O batismo de João não trazia a salvação, mas preparava a
pessoa para receber a vinda do Messias, a sua mensagem e o seu batismo.
João sabia que o
Messias iria chegar depois dele. Embora João Batista fosse o primeiro profeta
genuíno depois de quatrocentos anos, Jesus Cristo, o Messias, seria
infinitamente maior do que ele - “não sou digno de levar as suas sandálias”.
João estava mostrando como era insignificante comparado Àquele que estava prestes
a se manifestar, e disse: “E necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo
3.30). Aquilo que João começou, Jesus terminou. O que João preparou, Jesus
realizou.
A afirmação de
João: “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” revelava a identidade
daquele que é mais poderoso do que o próprio João. Todos os crentes, aqueles
que mais tarde irão a Jesus para a salvação, receberão o batismo com o Espírito
Santo e o fogo da purificação (um artigo precede estas palavras, indicando que
não se tratava de dois batismos separados, ‘ mas do mesmo e único batismo).
A experiência não
era exatamente a mesma registrada em Atos 2, mas o resultado seria o mesmo.
Esse batismo iria purificar a aperfeiçoar cada crente.
3.12 Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira,
e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará. Debulhar
era o processo de separar os grãos de trigo da sua casca exterior chamada joio.
Isso era feito normalmente numa grande área chamada eira, muitas vezes sobre
uma colina onde o vento podia soprar o joio mais leve para longe quando o
agricultor sacudisse o trigo no ar. A pá era um forcado usado para lançar o
trigo ao ar a fim de separá-lo do joio.
O trigo era
recolhido e o joio era queimado.
João falava sobre
o arrependimento, mas também falava sobre o castigo para aqueles que se
recusavam a arrepender-se.
Este material foi extraído deste livro abaixo👇.
Todos os direitos reservados. Copyright © 2009 para a língua
portuguesa da Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Aprovado pelo
Conselho de Doutrina.
Título do original em inglês: Life Application New Testament Commentary
Editora: Tyndale House Publishers
Primeira edição em inglês: 2001
Tradução: Degmar Ribas
Preparação dos originais: Anderson Grangeão e Miriam Liborio
Revisão: César Moisés e Zenira Curty
Capa: Josias Finamore
Projeto gráfico e Editoração: Natan Tomé
CDD: 220 — Comentário Bíblico
ISBN: 978-85-263-0978-4
Nenhum comentário:
Postar um comentário