Nessa seção, Mateus conta a história que antecede o nascimento de
Jesus.
Embora os atos de Deus estivessem além da sua compreensão, e tivessem
que enfrentar olhares questionadores e mal entendidos dos que os cercavam,
Maria e José estavam dispostos a seguir a orientação divina. Será que também
estamos dispostos a fazer o que Deus mandar, seja qual for a sua vontade? Será
que podemos obedecer à orientação de Deus sem questionar?
1.18 Ora o nascimento de Jesus Cristo
foi assim... Em 1.16 Mateus havia afirmado que Maria era a
mãe de Jesus, mas não mencionou o
nome de José como seu pai. Este fato exigia uma explicação, afim de não parecer
uma situação imoral. Maria, sua mãe... estava desposada com José, antes de se
ajuntarem...
Os leitores modernos precisam entender as tradições envolvidas nos
antigos casamentos judeus. Primeiro, as duas famílias precisavam concordar com
a união e negociar o dote.
Depois, era feita uma proclamação pública e o casal ficava
“comprometido”. Embora o casal não estivesse oficialmente casado, seu relacionamento
só poderia ser quebrado com a morte ou o divórcio. As relações sexuais ainda
não eram permitidas. Esse segundo estágio durava um ano, e durante esse período
o casal vivia separadamente, junto aos seus respectivos pais. Esse período de
espera tinha o propósito de demonstrar a pureza da noiva, pois se fosse
demonstrado que ela estivesse grávida, o casamento poderia ser anulado.
Como Maria e José
estavam comprometidos, eles ainda não tinham tido relações sexuais.
Mas, antes de se ajuntarem, [Maria] achou-se ter concebido do Espírito
Santo. Maria estava comprometida e grávida, e José sabia que o filho não era
seu. A aparente infidelidade de Maria acarretava um rigoroso estigma social.
De acordo com a lei civil judaica, José tinha o direito de se
divorciar dela. A lei também explicava que o castigo para a infidelidade era a morte
por apedrejamento (Dt 22.23,24), embora isso fosse raramente praticado na época.
Para eliminar qualquer dúvida sobre a pureza de Maria, Mateus explicou que Maria
concebeu do Espírito Santo. Durante a época do Antigo Testamento, o Espírito agia sob a iniciativa de Deus
(por exemplo, Gênesis 1.2). Desse modo, ficou esclarecida a iniciativa divina
na concepção de Jesus. Lucas 1.26-38 registra esta parte da história.
1.19 Então, José, seu marido, como era justo
e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. Sendo um homem justo, José
não queria agir contra as leis de Deus.
Casar com Maria teria sido uma confissão de culpa, quando ele não era
culpado. Um divórcio público iria desgraçar Maria e, aparentemente, a compaixão
que sentia não iria permitir que fizesse isso. Portanto, José escolheu a opção,
também legítima, de ter um divórcio particular perante duas testemunhas (Nm
5.11-31), rompendo secretamente o noivado.
1.20 Eis que, em sonho, lhe apareceu um
anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua
mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo. Quando José decidiu ir adiante em seu plano, Deus interveio. A
concepção de Jesus Cristo foi um acontecimento sobrenatural, portanto Deus
enviou anjos para ajudar certas pessoas a compreenderem o significado do que estava
acontecendo (veja 2.13, 19; Lc 1.11,26;
2.9). Nesse caso, em sonho... apareceu um anjo do Senhor a José. Na
Bíblia, os sonhos funcionam como uma forma de transmitir a mensagem de Deus ao
povo.
Os anjos são seres espirituais, criados por Deus, que ajudam a
executar a sua obra na terra. Eles levam a mensagem de Deus ao povo (Lc 1.26),
protegem o povo de Deus (Dn 6.22), oferecem encorajamento (Gn 16.7), dão
orientação (Ex 14.19), executam os castigos (2 Sm 24.16), patrulham a terra (Zc
1.9-14), e combatem as forças do mal (2 Rs 6.16-18; Ap 20.1,2). O anjo que
apareceu a José era um dos mensageiros de Deus, e a finalidade de sua visita
era ajudar José a resolver a sua questão com Maria.
O anjo chamou José de filho de Davi, e isto significava que José tinha
um papel especial em um evento especial. O anjo explicou que José deveria
receber Maria como sua esposa, pois a criança deveria pertencer à linhagem real
de Davi. José não precisaria temer receber Maria como sua esposa - a
despeito das repercussões sociais que isso poderia provocar. Maria não tinha
cometido nenhum pecado. O próprio Deus havia preparado essa gravidez, e este
filho seria muito especial - Ele seria o Filho de Deus.
1.21 E ela dará à luz um filho, e lhe
porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. O nome Jesus corresponde à forma grega de “Josué” e significa
“o Senhor salva”. O infante Jesus iria nascer para salvar o seu povo dos seus
pecados. Desde o início o livro explica que Jesus não iria salvar o povo do
jugo de Roma, ou da tirania, nem iria estabelecer um reino na terra. Ao invés
disto, Jesus iria salvar o povo do pecado.
1.22,23 Tudo isso
aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta. Através do seu Evangelho, Mateus fez citações ou alusões às
Escrituras do Antigo Testamento para mostrar que Jesus veio para cumpri-las.
Ele deveria se chamar Emanuel (que traduzido é: Deus conosco), segundo a
previsão de Isaías 7.14. Jesus era o Deus encarnado; portanto, Ele estava literalmente
“conosco”. A questão não era Jesus trazer o nome “Emanuel”, mas o Seu Nome
deveria descrever o Seu papel – trazer a presença de Deus ao povo. Jesus
Cristo, que é Deus (Jo 1.1), trouxe Deus à terra através do seu corpo humano -
vivendo, comendo, ensinando, curando, morrendo e ressuscitando.
1.24 E José, despertando do sono, fez
como o anjo do Senhor lhe ordenara. Embora soubesse
que tomar Maria como esposa podia ser humilhante, José preferiu obedecer à ordem
do anjo, casando-se com ela. Ele não hesitou. A decisão deixara de ser difícil,
pois ele simplesmente fez o que sabia ser a vontade de Deus.
Aparentemente, José estava quebrando a tradição quando recebeu M aria
como sua mulher, pois o habitual período de um ano de espera ainda não tinha se
passado.
Entretanto, ele fez o que Deus mandou e “concluiu” o trâmite do
casamento, levando Maria para viver consigo. Não importava o estigma social,
não importava o que as más línguas locais dissessem ou pensassem sobre sua
atitude, José sabia que estava obedecendo à ordem de Deus ao se casar e cuidar
de Maria durante a sua gravidez.
1.25 E [José] não a conheceu até que
deu à luz seu filho. Para terminar com quaisquer dúvidas sobre a
concepção e o nascimento de Jesus enquanto Maria ainda era virgem, Mateus explicou que ela permaneceu virgem até
que deu à luz seu filho. Essas palavras também deixam de lado a noção de que
Maria viveu a vida toda como virgem: depois do nascimento de Jesus, José e
Maria consumaram seu casamento e Jesus teve vários meio-irmãos (12.46). Dois dos seus meio-irmãoS foram mencionados na igreja
primitiva - Tiago, como líder da igreja de Jerusalém, e Judas, autor do livro
que leva o seu nome.
Tradicionalmente, os meninos recém-nascidos eram circuncidados e
recebiam seu nome oito dias após o nascimento.
Lucas registra que “quando os oito dias foram cumpridos para
circuncidar o menino, foi-lhe dado o nome de Jesus” (Lc 2.21). José fez tudo
que Deus havia lhe dito através do anjo (1.21), dando ao bebê o nome que foi escolhido
por Deus - Jesus.
Fonte:
Comentário o novo testamento
Aplicação Pessoal
Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Aprovado pelo Conselho
de Doutrina.
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