Quem nunca passou por uma experiência
de medo tão forte, que dizê-lo em palavras seria quase impossível? Já passei
por medos inexistentes, ou seja, medo ilusório, como também já passei por situações
vexatórias em que tive que gritar a Palavra de Deus como Davi, pois o medo
tomou conta de mim e senti-me paralisada e impotente. Disse: “Deus a tua
palavra me diz que no dia em que temer eu hei de confiar em Ti” (Salmo 56.3).
Quando citei esse versículo, algo inédito aconteceu! Aquilo que estava me
causando medo desapareceu até hoje, e naquele momento senti como que o Senhor
chegando junto a mim e me envolvendo em seus braços, como um pai segura uma
criança quando passa por um grande susto ou um grande medo e diz: “calma,
filho, papai está aqui. Não tenha medo”.
Quero falar um pouco sobre o medo – o
grande desencadeador de problemas psicossomáticos ao redor do mundo. O
patriarca Jó, no momento de sua crise existencial, chegou a dizer: “Exatamente
aquilo que mais eu temia desabou sobre minha cabeça, e o que me dava medo veio
me assombrar” (Jó 3.25; Bíblia King James, atualizada). Será que há saída para
o medo?
A mulher é um ser que facilmente é
dominada pelo medo. O medo de não ser amada, medo do abandono, medo de tomar
decisões erradas, medo da dependência, medo da independência, medo do fracasso,
medo do sucesso. Medo de não conseguir dar conta das atividades, medo de ser
muito proficiente no que faz, medo de ter ou não ter filhos, medo de não atender
às expectativas dos que nos cercam, medo, medo, medo… São esses medos que nos
paralisam e fazem com que muitas mulheres se comportem de maneiras que são
contra sua natureza.
Medo é uma emoção desencadeada por uma
estimulação que tem o equivale para o organismo ao perigo. Manifesta-se em
animais e nos homens através de diversas reações como eriçamento dos pelos,
abaixamento das pálpebras, tremores e dependendo da intensidade, pode haver
mudança de conduta ou de sintomas e varia de indivíduo a individuo. O medo não
deixa de ser uma reação, que é ativada diante de um perigo real. Sua
intensidade depende do risco que esse perigo nos cause. Diante de uma serpente,
por exemplo, você terá uma destas atitudes: ou você se adapta à situação, recua
lentamente antes mesmo da serpente dar o bote, ou fica paralisado(a) gritando.
Ou ainda, pode haver uma terceira reação que é sair correndo.
Há também o medo do nada, que a
princípio, seus sintomas podem ser controlados. O medo regulado é saudável e se
desfaz rapidamente, logo que o perigo passa, principalmente quando percebemos
que o nosso medo não se tratava de algo ameaçador. Todos nós passamos por esse
tipo de medo. Veja um exemplo corriqueiro: às vezes estamos em casa sozinho(a)
e escutamos um barulho forte dentro de casa ou sentimos que a porta se abriu.
Dependendo do seu estresse do dia, vem à sua mente alguns pensamentos: “será
que entrou alguém?”, “será que fechei a porta?”, ou “alguém está rondando a
casa?”, “Alguém entrou no apartamento pela escada”… e assim surgem os
pensamentos que podem levar a uma reação de paralisação ou de tomada de atitude
– se você é daqueles que checa as coisas, logo verá que foi um medo infundado.
Se você é daqueles que paralisa, como eu, o medo continua até chegar alguém
para nos provar que nosso medo foi sem fundamento, mas, para nós, com motivos
pertinentes.
Certo dia, estava muito cansada e não
fui com meu marido ao culto. Fiquei vendo o repórter, sentada no sofá, e sem
perceber, ali mesmo dormi um sono profundo. Lá pras oito e meia, despertei-me e
vi um clarão dentro de casa. Todas as lâmpadas do apartamento estavam acessas,
desde a varanda até o ultimo banheiro da área de serviço. Imagine o medo que me
tomou! Comecei a tremer e a checar os cômodos da casa. Quando chego na cozinha,
para aumentar meu medo, a porta estava escancarada. Entro em um dos quartos e
vejo uma cadeira fora do lugar e a porta do guarda-roupa semi-aberta. Em
seguida, vieram pensamentos automáticos: “o ladrão entrou, me viu deitada e se
escondeu para depois que Ailton chegar, nos assaltar”. Qual foi minha reação?
Fechei a porta e fui para o banheiro. Tranquei a porta e fiquei orando,
tremendo completamente. Quando meu marido chegou, gritou: “Judite, cadê você?”.
Eu saí do banheiro e fiz sinal com o dedo para que ficasse calado, e disse-lhe
que havia um ladrão dentro do quarto. Ele, como sempre sem medo e destemido,
perguntou-me: “como você sabe disso?”. Eu contei o ocorrido, e ele prontamente
foi ao quarto, olhou debaixo da cama, dentro do guarda-roupa e concluiu: “foi
tu, mulher, que esqueceste de fechar a porta, e deixaste a luz acessa!”.
Respirei aliviada, mas ainda assim me custou pegar no sono.
Creio que com você já deve ter
acontecido algo semelhante. O circuito biológico do medo pode se instaurar por
motivos reais ou fortuitos. O pânico pode se instalar depois de uma experiência
como a citada ou por outra qualquer, deixando-a acuada, ou fazendo-a correr
diante até mesmo de um inofensivo galho de árvore. O medo quando não
controlado, pode trazer a lume outras fobias, como a angústia e a ansiedade,
que são medos “sem objeto”. O perigo ainda não está presente, mas já se sente o
pavor. Por esse motivo o salmista disse: “não temerás o pavor noturno” (Sl
91.5). Geralmente, o ansioso tem medo do passado que não pode fazer mais nada
por ele, e do futuro, por não saber como será. Por isso, o apóstolo Pedro
disse: “Lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de
vós” (1 Pe 5.7).
O maior problema acontece quando
deixamo-nos guiar pelo medo. Quantas mulheres são impulsionadas pelos temores
de sua vida? São pessoas que precisam estar constantemente com o sentimento de
que algo ruim irá acontecer, para que assim, possam sentir-se motivadas. Mas há
um custo elevado e Deus não nos chamou para isso. Pelo contrário, em Sua
Palavra diz que “No amor não há medo; pelo contrário o perfeito amor expulsa o
medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no
amor” (1 Jo 4.18). Veja que o medo é sinal de imaturidade espiritual. Quanto
mais nos aproximamos de Deus e temos experiências com Ele, mas descansaremos no
Seu amor. O apóstolo Paulo escreveu: “Porque Deus não nos deu um espírito de
temor [medo], mas um espírito de amor e de auto-disciplina” (2 Tim. 1:7, NVI).
Somos livres em Cristo, e o medo não nos pode dominar.
Infelizmente, homens e mulheres que
alimentam a sua alma com os manjares do mundo, atraem para si o medo. E esse
estilo de vida traz graves consequências, pois o medo desativa; o medo encurta
a vida. O medo paralisa nossas relações com os outros e bloqueia a nossa
relação com Deus. O medo torna a vida uma tarefa árdua.
Claro, o medo pode servir a um
propósito positivo, como falamos, pois foi projetado por Deus para dar aos
nossos corpos os sinais que precisamos em situações de emergência e risco. Mas
quando o medo se torna uma condição permanente, um companheiro aliado, podemos
ter o nosso espírito paralisado, impedindo-nos de assumir os riscos da vida
abundante que Deus preparou para nós. Deixamos de ser generosos, amorosos e autênticos,
porque tememos a reação dos outros. Mas o verdadeiro crente precisa andar neste
mundo como andou o Seu Mestre, sabendo que estamos aqui para glorificar o Seu
nome e para cumprir o propósito daquEle que nos fez e que tem em Suas mãos o
controle da nossa vida.
Sempre que o medo lhe assaltar,
lembre-se que as Palavras do Senhor podem lhe consolar e acalmar. Leia a sua
Bíblia. Nela há Palavras de Vida Eterna que podem aquietar nosso espírito. Lá,
você verá que o medo existe, sim, e que é uma experiência muito comum. Mas
veremos também, que é possível viver no meio de uma devastação, e ainda sim,
estar tranquilo. Aleluia! Eu mesma já experimentei grandes provas e ainda sim,
meu coração não temeu. É algo como o que o profeta Habacuque falou: “Ouvi isso,
e o meu íntimo estremeceu, meus lábios tremeram; os meus ossos desfaleceram;
minhas pernas vacilavam. Tranqüilo esperarei o dia da desgraça que virá sobre o
povo que nos ataca” (Hc 3.16). Veja que contradições! O íntimo treme diante dos
maus prognósticos, pois somos humanos. Mas, “tranquilo” esperou pelo dia do
descanso. Essa segunda parte do versículo só experimenta quem tem o Deus Jeová
como Senhor sobre sua vida. A bendita fé e esperança divinas nos fazem passar
pelo “vale da sombra da morte” sem temer mal algum, pois sentimos que o Grande
está conosco. Sim, podemos ter uma mente tranquila e um coração feliz, com a
ajuda de Deus.
Considere os seus medos à luz das
Escrituras. Nela, você descobre o valor que tem para Deus. Nela, ganhamos nova
dignidade de vida. Nela, descobrimos que o Senhor, o Criador do Universo, nos
ama e nos conhece pelo nome (Ex 33.17) e que ainda que alguém nos rejeite (e a
Bíblia coloca o último grau de rejeição – o abandono pela própria mãe – para
nos mostrar o tamanho do amor de Deus), Ele, todavia, não se esquece de nós.
“Será que uma mãe pode esquecer do seu bebê que ainda mama e não ter compaixão
do filho que gerou? Embora ela possa se esquecer, eu não me esquecerei de
você!” (Is 49.15). Somos suas ovelhas, e Ele conhece a cada uma de nós pelo
nome (Jo 10.14-15).
Construa uma sólida base espiritual e
torne-se consciente dos recursos que Deus lhe deu para enfrentar os desafios
desta vida. Ele não nos deixou a sós neste mundo. Ele prometeu que estaria
conosco todos os dias. Não se apresse para eliminar seus medos. Caminhe um
pouco a cada dia, cresça um pouco a cada dia no conhecimento de Deus e de si
própria pela Palavra e oração. Um boa construção leva tempo. Não tenha pressa.
Seja humilde e aceite a ajuda de outros. Seja autêntica. Seja generosa. Ame,
acima de tudo.
Faça como o salmista, no Salmo
27:8-14:
“A
teu respeito [Senhor] diz o meu coração: “Busque a minha face! ”
A tua face, Senhor, buscarei. Não escondas de mim a tua face,
não rejeites com ira o teu servo; tu tens sido o meu ajudador.
Não me desampares nem me abandones, ó Deus, meu salvador!
Ainda que me abandonem pai e mãe, o Senhor me acolherá.
Ensina-me o teu caminho, Senhor; conduze-me por uma vereda segura por causa dos meus inimigos.
…esta certeza eu tenho: viverei até ver a bondade do Senhor na terra.
Espere no Senhor. Seja forte! Coragem! Espere no Senhor”.
A tua face, Senhor, buscarei. Não escondas de mim a tua face,
não rejeites com ira o teu servo; tu tens sido o meu ajudador.
Não me desampares nem me abandones, ó Deus, meu salvador!
Ainda que me abandonem pai e mãe, o Senhor me acolherá.
Ensina-me o teu caminho, Senhor; conduze-me por uma vereda segura por causa dos meus inimigos.
…esta certeza eu tenho: viverei até ver a bondade do Senhor na terra.
Espere no Senhor. Seja forte! Coragem! Espere no Senhor”.
Espere no Senhor, amada, e seja forte!
Este lugar é de luta. A eternidade nos espera. Lá, descansaremos de todos os
temores daqui.
Uma boa semana!
http://blogs.rbc1.com.br/b/amulhereseusdesafios/
Nenhum comentário:
Postar um comentário