Mateus 8.34 relata: “Então, a cidade toda saiu para encontrar-se
com Jesus; e, vendo-o, lhe rogaram que se retirasse da terra deles”. Por outro
lado, Lucas 24.28-29 descreve uma reação totalmente oposta: “Quando se
aproximavam da aldeia para onde iam, fez ele menção de passar adiante. Mas eles
o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque é tarde, e o dia declina. E
entrou para ficar com eles”.
Esses dois textos estão registrados na Bíblia, completamente independentes
um do outro. Vemos uma cidade inteira dizendo “não” a Jesus e mandando-O
embora. E vemos dois caminhantes solitários tentando fazer com que Ele ficasse
em sua companhia. Perguntemo-nos em que circunstâncias uma cidade quer Jesus
longe de seus domínios e o que levou dois homens a rogarem por Sua presença.
Vejamos o que os diferenciou tão fortemente:
A cidade mandou Jesus embora logo depois de um grande milagre
que Ele fez: “Tendo ele chegado à outra margem, à terra dos gadarenos,
vieram-lhe ao encontro dois endemoninhados, saindo dentre os sepulcros, e a tal
ponto furiosos, que ninguém podia passar por aquele caminho. E eis que
gritaram: Que temos nós contigo, ó Filho de Deus! Vieste aqui atormentar-nos
antes do tempo? Então, os demônios lhe rogavam: Se nos expeles, manda-nos para
a manada de porcos. Pois, ide, ordenou-lhes Jesus. E eles, saindo, passaram
para os porcos; e eis que toda a manada se precipitou, despenhadeiro abaixo,
para dentro do mar, e nas águas pereceram. Fugiram os porqueiros e, chegando à
cidade, contaram todas estas coisas e o que acontecera aos endemoninhados.
Então, a cidade toda saiu para encontrar-se com Jesus; e, vendo-o, lhe rogaram
que se retirasse da terra deles” (Mt 8.28-34).
Já os dois caminhantes queriam segurar o Senhor Jesus depois que
Ele lhes dissera: “Então, lhes disse Jesus: Ó néscios e tardos de coração para
crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo
padecesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, discorrendo por
todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as
Escrituras. Quando se aproximavam da aldeia para onde iam, fez ele menção de
passar adiante. Mas eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque é
tarde, e o dia já declina. E entrou para ficar com eles” (Lc 24.25-29).
Milagres ou a Palavra?
Esses dois acontecimentos explicitam uma grande verdade da vida
espiritual: jamais os milagres ou quaisquer grandes eventos podem impressionar
as pessoas de forma duradoura. Mas a Palavra de Deus pode! A Bíblia tem a força
de nos deixar admirados de maneira sempre renovada, de fazer nossos corações arder
e de nos fascinar com suas palavras. Por isso, deveríamos parar de buscar
momentos de forte emoção, deveríamos deixar de lado a procura por fortes
experiências, mesmo que em roupagem piedosa e espiritual. O que precisamos
sempre, repetidamente, é nos voltar para a Palavra de Deus revelada e para a
sua luz infalível. Só à luz da Bíblia nossos corações arderão, e nós sempre nos
quedaremos admirados e surpresos diante da presença do Senhor, que nos fala
pelo Seu Espírito Santo. Isso é verdadeira experiência espiritual. No Salmo
119.130 está escrito: “A revelação das tuas palavras esclarece...”
O grandioso milagre que Jesus fez não iluminou os gadarenos para
que reconhecessem quem Ele era; ao contrário, seus corações ficaram ainda mais
em trevas. Mas a Palavra falada trouxe grande luz aos corações dos caminhantes
solitários, muito tristes e desanimados. A luz irradiada pela Palavra que Jesus
lhes expôs foi tão intensa e brilhante que mais tarde disseram um ao outro:
“Porventura, não nos ardia o coração, quando ele, pelo caminho, nos falava,
quando nos expunha as Escrituras?” (Lc 24.32).
Como seria bom se todos compreendêssemos, de uma vez por todas,
que só a Palavra de Deus pode nos fascinar de forma permanente! Todo o resto é
passageiro e efêmero! Jamais coloque alguma coisa acima das Escrituras – mesmo
que sejam grandiosas experiências espirituais.
| Autor: Marcel Malgo | Divulgação: EstudosGospel.Com.BR |
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